De São Paulo, SP.
terça-feira, 13 de fevereiro de 2018
Porque é tão difícil admitir quando você está errado e passar a poupar para previdência
De São Paulo, SP.
Apesar de suas melhores intenções e de todos
seus esforços, é inevitável: em algum momento da sua vida, você vai cometer um
erro.
Erros podem ser difíceis de digerir, então, na
maioria das vezes você insiste que está certo ao invés de encarar o erro e
reconhecer que está errado. Nosso viés de
confirmação entra em cena, nos levando a buscar evidências que provem
aquilo em que queremos muito acreditar.
O carro que você cortou tem um pequeno
amassado no para-choque, portanto, é óbvio que a culpa da fechada é do outro
motorista e não sua.
Os Psicólogos chamam isso de “dissonância
cognitiva” — o stress que experimentamos quando nos vemos diante de dois
pensamentos, opiniões, atitudes ou crenças que temos e que se contradizem. Ou
seja, quando a pessoa tem uma opinião sobre algo e age de outra forma.
Por exemplo, você acredita que é uma pessoa
gentil e justa, então quando corta alguém de forma rude no trânsito, você experimenta
uma dissonância. Para lidar com isso, você nega seu erro e insiste que o outro
motorista deveria ter visto seu carro ou então que você tinha a preferência de
passagem, mesmo que isso não seja verdade.
“Dissonância cognitiva é aquilo que você sente
quando o conceito que você tem de si próprio — sou inteligente, sou educado,
estou convencido de que minha opinião está certa — é ameaçado por uma evidência
de que fizemos algo que não é inteligente, fomos rudes com alguém ou nossa
opinião está errada”, ensina Carol Tavris, coautora do livro Mistakes Were Made - But Not by Me (em tradução livre: Erros Foram Cometidos -
Mas não por Mim).
“Para reduzir a dissonância, temos que
modificar o bom conceito que temos de nós mesmos ou então, rejeitar a evidência. Advinha
qual das duas opções as pessoas escolhem?”, completa a Sra. Travis. Ou talvez
você lide com situações assim procurando justificar o seu erro.
O Psicólogo Leon Festinger foi quem formulou a
Teoria da Dissonância Cognitiva nos
anos 50 ao estudar um pequeno grupo religioso que acreditava que seus membros
seriam salvos do apocalipse por um disco voador no dia 20 de dezembro de 1954.
Festinger publicou seus achados no livro
“Quando a profecia falha”. Ele escreveu que o grupo reforçou a crença que tinha
dizendo que Deus havia simplesmente decidido se livrar dos membros do grupo ao
não enviar o disco voador para resgatá-los, lidando assim com sua própria
dissonância cognitiva ao buscar uma justificativa.
“A dissonância é desconfortável, então, somos
incentivados a reduzi-la,” diz a Sra. Tavris.
Quando nos desculpamos por nosso erro, temos
que reconhecer essa dissonância e isso é desagradável. Por outro lado, as pesquisas
mostram que experimentamos uma boa sensação ao nos apegarmos a nossas convicções.
Um estudo publicado pelo Jornal Europeu de Psicologia Social descobriu que
pessoas que se recusaram a se desculpar depois de cometer um erro possuíam mais
autoconfiança e se sentiam mais poderosas e no controle das situações do que
aquelas que não se recusaram.
“De certo modo, desculpas dão poder ao outro”,
diz Tyler Okimoto, um dos autores do estudo. “Por exemplo, pedir desculpas para
minha esposa dá a ela o poder dela escolher se quer aliviar minha vergonha
através do perdão ou aumentar meu embaraço ressaltando meu erro. Nossa pesquisa
descobriu que as pessoas sentem um aumento do sentimento de poder pessoal no
curto prazo quando se recusam a perdoar”.
Sentir-se poderoso pode ser um beneficio
atrativo no curto prazo, mas existem consequências no longo prazo. Recusar-se a pedir desculpas tem o potencial de prejudicar “a confiança na qual uma
relação é baseada” ensina o Sr. Okamoto, acrescentando que pode prolongar o
conflito e encorajar a discórdia ou a retaliação.
Quando você se nega a admitir seus erros, você
fica menos aberto às criticas construtivas, dizem os especialistas, algo que
aprimora suas competências, corrige maus hábitos e de modo geral, faz de você
alguém melhor.
“Ficamos agarrados ao velho modo de fazer as
coisas, mesmo quando novas maneiras são melhores, mais saudáveis e mais
inteligentes. Nós nos penduramos em maneiras de pensar contraproducentes, que
já perderam a validade”, diz a Sra. Tavris. “… deixamos nossos cônjuges,
colegas de trabalho, parentes e filhos muito, muito bravos conosco”.
Outro estudo,
da Universidade de Stanford, conduzido
pelas pesquisadoras Carol Dweck e Karina Schumann, descobriu que as pessoas são
mais sujeitas a assumir a responsabilidade pelos seus erros quando acreditam
ter força de vontade para mudar seus comportamentos. No entanto, isso é mais fácil
de falar do que de fazer, então, como exatamente você muda seu comportamento e
aprende a reconhecer seus erros?
O primeiro passo é reconhecer a dissonância
cognitiva quando ela está em ação. Sua mente vai fazer de tudo para preservar
seu senso de identidade, portanto, fique alerta e tente detectar quando a
dissonância atacar. Tipicamente, ela se manifesta fazendo você se sentir confuso,
estressado, embaraçado ou culpado. Esses sentimentos não significam necessariamente
que você esteja errado, mas você pode ao menos ficar atento quando eles se
manifestarem e explorar a situação sob uma perspectiva imparcial, se questionando
objetivamente se é você que está errado.
Da mesma forma, aprenda a identificar suas
desculpas, justificativas e racionalizações usuais. Procure recordar de uma
situação em que você estava errado, sabia que estava errado, mas tentou se
justificar ao invés de reconhecer seu erro. Lembre com se sentiu ao
racionalizar seu comportamento e carimbe aquela sensação como uma dissonância cognitiva
assim saberá da próxima vez que ela se manifestar.
O Sr. Okimoto diz que também ajuda lembrar que
as pessoas são mais misericordiosas do que imaginamos. Características como
honestidade e humildade nos tornam mais humanos, portanto, mais fácil de nos
relacionarmos com o próximo. Além disso, quando estiver cristalino que você
está errado e você se recusar a pedir desculpas, você vai revelar que tem baixa
autoconfiança.
“Se estiver claro para todo mundo que você
cometeu um erro, bater o pé simplesmente vai mostrar para as pessoas sua
fraqueza de personalidade ao invés de força”, completa o Sr. Okimoto.
Então, se você não acompanha periodicamente o
saldo de conta do plano de previdência complementar da sua empresa, do qual você
participa, nem faz projeções do beneficio que receberá no futuro para identificar
se precisas fazer mais contribuições voluntárias no presente, evite dar de
ombros quando for alertado pelo seu consultor. Não adianta você procurar
justificativas injustificáveis para afastar sua dissonância cognitiva.
Ao invés disso, vá atrás de mais informações
sobre o assunto porque seu consultor em previdência quer apenas fazer com que
você tenha um futuro melhor, afastando sua
dissonância financeira.
Grande abraço,
Eder.
Fonte: Adaptado do
artigo “Why It’s So Hard to Admit You’re Wrong”, escrito por Kristin Wongmay e publicado
no New York Times.
Crédito de Imagem: www.sol.pt/fotos
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