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domingo, 3 de fevereiro de 2019

O que os Investimentos Responsáveis, a integração dos riscos “ESG” nas estratégias dos fundos de pensão e a terrível tragédia de Brumadinho têm em comum?




De São Paulo, SP.

A maior transferência de riqueza da história está acontecendo nesse momento!

Na medida em que a geração do pós-guerra – os chamados “baby boomers” – vão saindo de cena, eles vão deixando cerca de US$ 30 trilhões em ativos para seus descendentes.

Essa transferência de riqueza sem precedentes na história está acontecendo ao mesmo tempo em que a geração conhecida por Geração Z (pessoas nascidas entre 1996 e 2010) bate às portas do mercado de trabalho e a Geração do Milênio ou Geração Y (pessoas nascidas entre 1981 e 1996) começa a ocupar posições de liderança nas organizações.

Essas novas gerações, filhos e netos, herdeiros dessa incrível montanha de patrimônio, possuem fortíssimos valores ambientais e sociais e estão moldando a forma como os investidores institucionais operam.

Uma indiscutível mudança no comportamento dos gestores profissionais de investimentos está acontecendo. Cerca de 75% dos milênios estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços sustentáveis, requerendo um reposicionamento das empresas e gestores de ativos, se quiserem atrair a confiança de uma geração socialmente e ambientalmente consciente.

Não é à toa que hoje, de acordo com o “Report on US Sustainable, Responsible and Impact Investing Trends 2018”, cerca de 25% - ou um em cada quatro dólares - dos US$ 46,6 trilhões sob gestão profissional, são investidos nos EUA levando em consideração estratégias de sustentabilidade, responsabilidade social e governança.

O aumento de 136% entre 2012 e 2016 e outro salto de 38% de 2016 a 2018 nos Investimentos Responsáveis (RI ou “Responsible Investments”, em inglês) mostram que eles chegaram para ficar, incorporando no processo de investimentos, análises de questões ambientais, sociais e de governança ou simplesmente ESG que em inglês quer dizer “Environmental, Social and Governance”.


O que são Investimentos Responsáveis (Responsible Investments)?

Durante anos os Investimentos Responsáveis - RI, Social Responsible Investments - SRI ou ESG, nas várias formas como têm sido chamados, foram relegados à periferia do sistema financeiro.

Os Investimentos Responsáveis são definidos como uma abordagem que leva em consideração fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) em cada decisão de investimentos.

Por exemplo, se um fundo de pensão está avaliando a compra de ações de determinada empresa, o processo decisório analisa como essa empresa trata, em sua gestão, as questões ambientais, sociais e de governança. Dependendo da maneira como a empresa incorpora tais questões em suas operações, esse investimento pode representar no longo prazo um risco maior ou menor.

A importância dos Investimentos Responsáveis não se resume ao interesse social por trás da alocação de ativos, mas considera principalmente o risco de se perder valor quando se investe em empresas que se furtam em levar em consideração nas suas operações, o bem comum e o interesse da sociedade como um todo.

Com certa frequência os Investimentos Responsáveis são confundidos e incorretamente circunscritos aos “Investimentos Éticos” ou “Investimentos de Impacto”, que são estratégias focadas historicamente em evitar investimentos em setores específicos como os de óleo & gás, tabaco, bebidas e armas.

Os Investimentos Responsáveis são muito mais amplos, centrados simultaneamente na criação de valor para a sociedade, mitigação dos riscos de longo prazo para os investimentos e entrega de retornos saudáveis para os investidores.

Ainda são considerados uma abordagem holística e há muita incerteza sobre como devem ser definidos, quantificados e reportados.

Existem métricas diferentes para mensurar os riscos ESG e cada empresa ou gestor acaba determinado o que Investimentos Responsáveis representa para eles, adotando visões próprias desse conceito.

Apesar da necessidade de se estabelecer padrões concretos e definições que venham a ser adotadas de modo uniforme por toda a indústria de investimentos, os Investimentos Responsáveis e os riscos ESG vem sendo amplamente abraçados pelo mercado, com um montante substancial de recursos aplicados sob essa abordagem nos EUA e Europa.

Procurando tornar o conceito mais claro e guiar os investidores institucionais ao longo de todo o ciclo de investimentos a ONU estabeleceu, em 2006, seis princípios denominados de “Princípios para Investimentos Responsáveis” (em inglês, PRI – Principles for Responsible Investiments).  A iniciativa é de adesão totalmente voluntária e a ONU não avalia se os signatários estão ou não seguindo os princípios na prática. A grande virtude do PRI foi disseminar a importância desse conceito apoiado no “peso” que a ONU possui.

O Morgan Stanley registrou em um relatório de 2018, que o conceito de “Investimentos Responsáveis tem permitido aos investidores pensar, mais sistematicamente, sobre os riscos que surgem inesperadamente, causados por fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) que podem prejudicar os retornos de longo prazo de suas aplicações”.


O futuro dos Investimentos Responsáveis

Existe para muitos uma suspeita, amplamente disseminada, de que focar os aspectos ambientais, sociais e de governança nos investimentos (ESG) significa sacrificar os lucros e reduzir os retornos dos investimentos.

Porém, estudos recentes revelam a falta de fundamento dessas preocupações dos investidores com os retornos gerados pelos Investimentos Responsáveis / ESG.

O índice “FTSE4Good” cujas aplicações seguem os princípios de Investimentos Responsáveis no Reino Unido, rendeu 60,31% nos últimos cinco anos, comparados com um retorno de 50,85% do tradicional índice FTSE100 da bolsa inglesa.

Da mesma forma, nos EUA, o principal benchmark de investimentos éticos, o índice KLD400, entregou retornos de 109,19% ao longo dos últimos 10 anos, comparado com um retorno de 107,65% das 500 maiores empresas americanas, no mesmo período, medido pelo principal índice da bolsa, o S&P 500.

Na medida em que crescem os investimentos em empresas que focam nas questões ESG, atrair investidores vai requerer que as empresas incorporem em suas operações todos os cuidados com esses aspectos, se quiserem ser incluídas nos índices ESG.

Somente assim os investidores serão capazes de salvar o mundo e ao mesmo tempo, obter altos retornos.


Brumadinho e os princípios ESG

Apenas três dias após a tragédia de Brumadinho os impactos iniciais na Vale foram:
  •  Perda de R$ 71 bilhões no valor de mercado da companhia ou 24% de seu valor;
  • Impacto negativo com redução de R$ 16 bilhões no patrimônio de 4 fundos de pensão - PREVI, FUNCEF, PETROS e FUNCESP - que juntos possuem 21% do controle da empresa;
  • Suspensão do pagamento de dividendos para seus 200 mil investidores individuais e outros tantos investidores institucionais;
  • Redução da nota de crédito de BBB+ para BBB- pela agência de classificação de risco Fitch e ameaça da S&P de rebaixar sua avaliação de risco em vários degraus, em razão das implicações financeiras decorrentes do desastre;
  • Pedidos de bloqueio de R$ 11 bilhões de valores nas contas da empresa feitos pela Justiça, Ministério Público e Advocacia Geral de Minas Gerais;
  • Aplicação de multa de R$ 250 milhões pelo IBAMA;
Nas palavras de Cesar Caselani – Professsor de Finanças da FGV: “Ficou escancarada uma negligência, uma total falta de controle, processos ruins. Qual é a confiabilidade de uma declaração da Vale de que as barragens estão seguras depois desses dois eventos?”

Não por acaso os analistas estimam que o desastre afeta mais a imagem do que as finanças da Vale, uma empresa avaliada em R$ 300 bilhões.

Esse exemplo recente fala por si e mostra a razão de CEOS (Presidentes) e CIO (Diretores de Investimentos), não apenas na Europa e EUA, mas também em países como China, estarem aderindo ao PRI da ONU e integrando os riscos ESG em suas estratégias de investimentos.

Em resumo, muitos investidores institucionais, gerentes de carteira e analistas de renda fixa e renda variável, estão levando em consideração os riscos ESG em suas decisões de investimentos.

Em um mundo onde o crescente poder de processamento e interpretação de dados não tem limite, a oportunidade para se mensurar e avaliar os riscos ESG são vastas!

Quer saber mais?

Ligue pra mim!


Grande abraço,
Eder.



Fonte: Adaptado dos artigos “Investing in The Future“ e do “Special Report – ESG Takes room”, escrito por Liam Kennedy
Crédito de Imagem: Chudomir Tsankov 


terça-feira, 8 de maio de 2018

Se você não passar no menor teste de QI do mundo – com apenas três perguntas – faça contribuição para um plano de previdência complementar, combinado? Se passar, provavelmente já fez!



De São Paulo, SP.


Fazer um Teste de QI não precisa ser igual a enfrentar a maratona de perguntas que é passar por um exame de vestibular. O teste considerado o menor Teste de QI do mundo tem ao todo três perguntas. Sim, você pode fazer esse teste agora mesmo e já ir se gabar com seus amigos em menos de 30 minutos.


Perguntas Que Pregam Peça 

O Teste de QI com três perguntas é baseado no Teste de Reflexo Cognitivo - TRC (The Cognitive Reflection Test - CRT) e foi desenvolvido nos EUA pelo psicólogo Shane Frederick em 2005.

Em um trabalho publicado no “The Journal of Economic Perspectives”, Frederick nos explica que selecionou as três perguntas para desenvolver o TRC porque descobriu que todas elas induziam as pessoas a responderem impulsivamente e de forma errada.

Ou seja, as perguntas tornavam mais fácil para as pessoas tirarem conclusões rápidas ao invés de analisarem mais detidamente as questões, aparentemente simples de um mini-teste.

Essa espécie de armadilha mental por trás do TRC faz com que poucas pessoas consigam acertar na mosca cada uma das três perguntas.

Em janeiro de 2003 o TRC foi aplicado em 3.428 pessoas, em 35 sessões distintas, ao longo de um período de 26 meses. Durante o experimento, somente 17% dos estudantes das melhores universidades do mundo (como Yale e Harvard) conseguiram “gabaritar”, ou seja, acertar todas as questões do TRC.

Tendo por base àquela experiência de 26 meses, Frederick apresentou o TRC para o mundo em 2005. Esse pequeno teste foi desenhado para aferir a capacidade das pessoas ignorarem seus próprios instintos, que as induz a responderem impulsivamente, para pensarem e responderem mais racionalmente. 

Aqui estão todas as três questões do teste de QI

1. O problema da bola e do taco 
Um taco e uma bola custam juntos R$ 1,10. O taco custa R$1,00 a mais que a bola. Quanto custa a bola? 

2. O problema da máquina que faz ferramentas 
Se 5 máquinas levam 5 minutos para fazer 5 ferramentas, quanto tempo levam 100 máquinas para fazer 100 ferramentas? 

3. O problema das Vitórias-Régias 
Um lago tem uma parte coberta por Vitórias-Régias. A cada dia as Vitórias-Régias dobram de tamanho. Se demora 48 dias para elas cobrirem o lago inteiro, quanto tempo levaria para cobrirem a metade do lago?

Para saber as respostas corretas desse pequeno teste em que 50% dos estudantes de Harvard não respondem corretamente ... aguarde o próximo post no qual publicarei o gabarito.

Lembre-se do nosso acordo: se não acertar todas as três questões, você fará uma contribuição adicional para o plano de previdência complementar da sua empresa ou para seu plano individual.

Grande abraço. 
Eder.


Fonte: Adaptado do artigo “The World’s Shortest   IQ Test is Only Three Questions”, escrito por Joanie Faletto
Crédito de Imagem:   https://cdn-images-1.medium.com

quinta-feira, 8 de março de 2018

Veja como é viver nos EUA sem poupança para a aposentadoria. Imagina no Brasil!


De São Paulo, SP.

Muitos idosos estão presos numa vida de trabalho sem fim, um destino que pode assolar milhões de americanos nas próximas décadas.
Roberta Gordon nunca imaginou que chegaria viva aos 76 anos e muito menos que ainda estaria trabalhando com essa idade. Mas todo sábado ela distribui amostras de frutas para os clientes de um pequeno mercado para ganhar cerca de R$ 160 por dia, porque ela precisa do dinheiro.
Roberta, que vive hoje no interior da Califórnia, fez dezenas de bicos e teve inúmeros empregos temporários ao longo da vida – foi faxineira, cuidadora de idosos, operadora de telemarketing e recepcionista de biblioteca – em muitas dessas ocasiões seus empregos informais não recolhiam contribuições para a previdência social e nos temporários ela simplesmente não ganhava o suficiente para poupar para a aposentadoria.
Agora com 76 anos de idade ela recebe da previdência social uns R$ 2.900 por mês, mas desde agosto passado quando morreu seu companheiro, tem que pagar sozinha um aluguel mensal de R$ 3.300. Para cobrir a diferença e ainda pagar as contas de agua e luz, comprar artigos de necessidade básica e alimentos, ela está se endividando no cartão de crédito. Frequentemente ela vai a uma igreja do bairro onde vive para receber alimentos como parte de um programa social.
Na medida em que as gerações mais velhas chegam à aposentadoria sem poupança suficiente e que aumentam os preços de moradia e os custos de assistência médica, mais e mais idosos estão se encontrando na mesma situação que a Roberta.
“Será a primeira vez que veremos uma porção de pessoas ganhando rendas descendentes enquanto suas idades vão progredindo”, disse Diane Oakley – Diretora Executiva do National Institute on Retirement Security (Instituto Nacional para Segurança na Aposentadoria). “Elas vão evoluir de quase pobres para pobres”, completa ela.
De acordo com Kevin Prindiville - Diretora Executiva da “Justice in Aging” (Justiça no Envelhecimento), uma ONG que procura soluções para o empobrecimento dos idosos, entre 8.000 e 10.000 americanos completam 65 anos de idade todos os dias. A única faixa etária que viu aumentar, significativamente, as taxas de pobreza entre 2015 e 2016, de acordo com dados do Censo, foi a dos idosos.
Enquanto caíram os níveis de pobreza das pessoas com idades inferiores a 18 anos e também da faixa etária entre 18 e 64 anos, houve um aumento de 14,5% nos níveis de pobreza das pessoas com idades superiores a 65 anos.
“Há algumas décadas, quando começamos nosso trabalho, ajudávamos jovens comunidades que eram pobres. Atualmente, estamos ajudando pessoas que estão entrando pela primeira vez na linha de pobreza ao atingirem a terceira idade”, completou Kevin.
Isso é muito preocupante porque pode atingir milhões de trabalhadores que se aposentarão nas próximas décadas.  
Se as pessoas idosas já estão tendo dificuldade com baixas rendas na aposentadoria, imagina o que acontecerá com as pessoas que hoje possuem empregos precários, recebem rendas fragmentadas e não conseguem poupar para a aposentadoria?
A atual onda de pobreza dos idosos pode ser apenas o começo. Dois terços dos Americanos não possuem planos de previdência complementar nem poupam para a aposentadoria, de acordo com pesquisadores do Censo. Isso poderá ter grandes implicações para a economia. Se a classe media de hoje reduzir os gastos quando se aposentar, toda a economia será afetada.
Para muitos idosos a única saída para a falta de poupança para a aposentadoria tem sido continuar trabalhando e trabalhando, como faz a Roberta Gordon. Hoje, 12,4% das pessoas com idade de 65 anos ou mais ainda faz parte da população economicamente ativa, no ano 2.000 eram apenas 3%, de acordo com Diane.
Conheci uma mulher chamada Deborah Belleau que tem 67 anos e trabalha como gerente num estacionamento de mobile-home, em Palm Springs na Califórnia. Mãe solteira, ela trabalhou como garçonete durante 30 anos e frequentemente dependia de ajuda assistencial do governo para criar os dois filhos. “Você simplesmente não pensa no amanhã” quando está mais preocupada em colocar comida na mesa hoje, disse ela. O resultado é que, atualmente, apesar de receber dinheiro da previdência social, ela não pode se dar ao luxo de ter um celular ou uma televisão. Seu aluguel custa R$ 1.900 por mês. Ela trabalha em tempo integral no estacionamento de mobile-home, apesar de sentir dores nas costas e nos pés. Algumas vezes, quando se levanta ela não consegue nem andar. Mas diz para si mesma: “Não posso parar. Não tenho como viver com R$2.500 por mês” valor que recebe da previdência social.
Essa situação pode ser particularmente dura para as mulheres que recebem, tipicamente, benefícios menores do que os homens. Em 2014, as mulheres idosas recebiam da previdência social nos EUA, em media, US$4.500 a menos por ano do que os homens. Salários menores durante a carreira das mulheres acabam levando a benefícios menores na aposentadoria. Além disso, as mulheres costumam interromper suas carreiras para cuidar dos filhos ou de parentes idosos, fazendo com que contribuam por menos tempo para a previdência social, portanto, recebendo benefícios menores.
Deborah Belleau e outros, pelo menos, ainda possuem condição física para trabalhar. Alguns que não tem a mesma sorte, sem capacidade de gerar renda, tem se tornado sem-teto. 
Cerca de metade dos adultos, solteiros, sem-teto, tinham nos EUA em 2016, idade igual ou superior a 50 anos, comparado a 11% em 1990. O que pode ser feito para ajudar os idosos de hoje e as futuras gerações?
Há duas abordagens possíveis, segundo Kevin:
A primeira seria tornar os planos de previdência mais acessíveis. Uma iniciativa federal vem tentando estabelecer programas que ajudem as pessoas a pouparem para a aposentadoria através de deduções feitas diretamente nas suas folhas de salários, mesmo que seus empregadores não ofereçam nenhum plano de previdência complementar.

Infelizmente, o governo Trump rejeitou em maio de 2017 uma regulamentação do Ministério do Trabalho da era Obama que permitia que os Estados Americanos tornassem mais fácil a implantação de programas desse tipo. Além disso, o governo federal está descontinuando um programa chamado “myRA”, que procurava encorajar pessoas de renda média e baixa a pouparem para a aposentadoria. “Não há novas iniciativas ou estratégias vindas do governo federal numa época em que está aumentando a necessidade de iniciativas desse tipo”, desabafa Kevin.

A segunda abordagem seria tornar as moradias mais acessíveis, criar programas para ajudar os idosos a cobrir suas despesas com saúde e reformar os programas de assistência social de modo a fornecer benefícios maiores aos idosos.
Não parece haver apetite em Washington, nesse momento, por nenhuma das ideias acima. A administração de Trump propôs cortes no programa e complementação de renda dos idosos e também no programa de renda por invalidez da previdência social americana.
Iniciativas como as sugeridas acima podem ser a diferença entre ter ou não ter uma casa — e alguma aparência de estabilidade.
A Roberta Gordon, do interior a Califórnia, mal conseguia se manter quando foi entrevistada. Alguns meses mais tarde, ela estava muito mais estável. Por quê? Ela saiu da lista de espera e foi aceita em um programa conhecido como Seção 8 (Section 8) que ajuda a pagar parte do aluguel de pessoas idosas. Ela ainda tem que trabalhar aos 76 anos de idade, mas se sente um pouco mais segura agora que conta com mais ajuda financeira.
Pelo menos, ela sabe que é uma pessoas de sorte — ainda consegue colocar comida na mesa e ter um teto sobre a cabeça.
 
* * * * *

Eu me sinto melhor, enquanto profissional de previdência complementar, relatando histórias positivas, mostrando o lado bom das pessoas terem poupado para a aposentadoria.
Contudo, não podemos apagar os efeitos negativos da ausência de preparação financeira para a fase de aposentadoria.
Não consigo nem imaginar quantas Robetas e Deborahs devem existir no Brasil! Vale a reflexão.
E você, o que acha?
 
Grande abraço,
Eder.

Fonte: Adaptado do artigo “This Is What Life Without Retirement Savings Looks Like”, escrito por Alana Semuels e publicado no The Atlantic Daily.
Crédito de Imagem: Howard McWilliam

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Quando a Intuição se vinga dos Algoritmos na Gestão de Investimentos


De São Paulo, SP.

Os economistas defendem a hipótese do mercado eficiente e argumentam que os traders (operadores de mercado) não são capazes de vencê-lo. Mais recentemente, os economistas comportamentais proclamaram que um viés cognitivo faz dos humanos péssimos tomadores de risco.

No entanto, novas evidências descobertas em estudos de neurociência podem sair, afinal, em defesa dos operadores de mercado.

Uma pesquisa conduzida por John Coates - um ex-operador de derivativos que se transformou em neurocientista - alega que os humanos, quem diria, podem ser bons tomadores de risco.

Coates diz ter encontrado evidencia sugerindo que a preparação física de uma pessoa fornece uma medida precisa sobre risco-retorno, que pode não estar sujeita aos vieses de comportamento mencionados na economia comportamental.

Em determinadas condições de estímulo fisiológico, os traders que possuem sensibilidade aos sinais dados por seus corpos, são capazes de maximizar risco e retorno. Enquanto traders cronicamente estressados, operando num mercado em condições extremas, podem ter prejudicada sua capacidade de julgar risco.

Essa dinâmica de stress contribui fortemente para as bolhas e quebras das bolsas de valores, segundo Coates. A ideia básica é que quando os traders conseguem explorar a preparação física na tomada de risco – gerenciando sua intuição – eles conseguem ganhar de algoritmos embutidos nos sistemas automatizados de negociação.

Coates trabalhou por mais de uma década em Wall Street operando mesas de derivativos do Goldman Sachs e do Deutsche Bank, antes de abraçar a neurociência e a fisiologia aplicada.

Então, ele começou a fazer experimentos no seu antigo ambiente de trabalho. Ao longo dos últimos 10 anos ele conduziu estudos na vida real, em mesas de operação.

“Conectamos os traders com sensores da cabeça aos pés, 24 horas por dia, durante uma semana de cada vez e correlacionamos a alta frequência de dados fisiológicos com as perdas e ganhos de suas contas e com os dados de value-at-risk (nº que representa a pior perda esperada de uma carteira/produto de investimentos num determinado dia). Obtivemos resultados que saltam aos olhos indicando que o estado fisiológico deles é provavelmente o maior determinante dos retornos”, falou Coates.

Em um dos experimentos Coates descobriu ao longo de duas semanas uma correlação surpreendente entre os níveis de cortisol (um hormônio liberado pelo corpo em resposta ao stress) e a volatilidade no preço de títulos da dívida pública alemã (Bunds).

Os humanos não processam informações de mercado desapaixonadamente, como faz um computador, argumenta Coates, nós reagimos a elas fisicamente e nossa preparação física é uma medida precisa de oportunidades e ameaças.

“Humanos são robôs de última geração e não computadores de segunda classe. O cérebro humano é um sistema incrivelmente poderoso que controla movimentos extremamente complexos. Se alimenta de informações para produzir movimento”, explica Coates.

Nesse sentido, um trader pode ser comparado a um animal em alerta, agindo em resposta a determinado ambiente. A resposta ao stress, que não é nada mais do que a preparação metabólica para o movimento, é, portanto, um componente essencial da ação.

Coates prossegue com o argumento, amparado nos resultados científicos que publicou, de que os traders tomam as melhores decisões envolvendo riscos, em níveis ótimos de stress.

Entretanto, a maior descoberta de suas pesquisas é que o apetite de risco dos traders muda com seus corpos. Quando os níveis de stress estão elevados, por exemplo, após o estouro de uma bolha no mercado, os traders se tornam mais avessos ao risco. Em contrapartida, o contrário ocorre quando os mercados estão subindo e os níveis de testosterona dos jovens machos estão altos, levando a um maior apetite ao risco.  Isso pode explicar porque comportamentos impulsivos ou excessivamente defensivos emergem.

As pesquisas de Coates chamam a atenção para três aspectos chave: primeiro, as preferências de riscos mudam, contrariando uma premissa que sustenta toda a teoria econômica e financeira. Segundo, elas mudam de forma pró-cíclica, significando que sob certas condições os humanos regularmente fazem escolhas contra produtivas. Terceiro, as mudanças nas preferencias de risco são causadas por mudanças no nosso corpo.

Coates comenta: “A maioria dos modelos econômicos e financeiros,  clássicos ou comportamentais, é baseada na premissa de que as preferências de risco não se alteram. Essa premissa era necessária para construção de modelos baseados numa arquitetura de escolha racional, que cai por terra se você admitir que as preferencias de risco mudam.Até agora essa premissa fundamental nunca foi testada em grande escala. O que descobrimos empiricamente nesses estudos é que as preferencias de risco de fato se alteram. Elas se alteram dramaticamente, de forma muito rápida e podem desestabilizar seriamente os retornos. Mudanças pró-cíclicas nas preferencias de risco podem transformar um mercado em alta numa bolha e um mercado em baixa numa quebra. “Eu acho um escândalo que essa premissa nunca tenha sido apropriadamente testada”.
 
Reação Hostil
 
Os economistas, diz Coates, não aceitaram seus estudos de forma pacífica. “Encontramos muita resistência para publicar nossos estudos em jornais de economia e finanças, apesar dos estudos terem embasamento científico. A Ciência tem que ser anárquica e disruptiva e não deveria importar quem você é ou qual paradigma está testando”.”A reação da comunidade médica foi muito melhor”, acrescenta ele, que publicou seu trabalho em jornais científicos altamente renomados como o Royal Society do Reino Unido e o National Academy of Sciences dos EUA.
 







Essa relutância dos economistas em aceitar as pesquisas de Coates não é surpreendente se consideramos as críticas que ele faz aos fundamentos da Ciência Econômica. Coates, porém, não apenas critica a incapacidade dos economistas teóricos em testar uma hipótese tão fundamental. Ao voltar sua atenção à psicologia e ao corpo, ele vai mais fundo questionando a obsessão dos economistas pelo pensamento consciente e se apoiando num princípio da filosofia ocidental que remonta a Platão: a separação do corpo e mente.
Coates não está advogando uma espécie de determinismo biológico nem dizendo que a racionalidade não conta. Ele só está argumentando que, acaso a mudança nas preferencias de risco tivesse sido levada em conta quando se analisou a origem da bolha imobiliária e a crise de crédito nos EUA, a explicação teria sido bem diferente. De fato, é difícil argumentar contra o fato das preferencias de risco terem mudado depois da crise financeira.   

Aplicação Prática

Coates diz que o resultado de suas pesquisas gerou grande interesse dos gestores de ativos. As empresas de investimentos estão correndo para entender as implicações disso para seus modelos de negócio e transformando esse novo conhecimento em aplicações práticas.

Ele explica: “… no último ano as firmas de gestão de ativos mostraram-se realmente interessadas porque seus modelos de negócio estão sob ameaça. Recebemos diferentes questionamentos, dependendo de qual departamento nos contata. Diretores de Assistência Médica, RH e Departamentos de Gestão de Risco, nos perguntam sobre como melhorar seus processos baseados nos nossos estudos”.

No entanto, as mesas de gestão de carteira é que mostram particular entusiasmo, comenta Coates. “Eles perguntam como podem fazer para ter melhores gestores de investimentos. Vamos ensiná-los como usar tecnologia vestível, que monitora respostas fisiológicas, quais sistemas deveriam estar monitorando, como se correlacionam com performance e como devem se engajar intervindo nos padrões de sono, nutrição e condicionamento físico. Essas intervenções ajudarão os traders a se prepararem para ter uma performance melhor.
 
"Coates diz que essa filosofia também se aplica a investimentos de longo prazo. Se essa abordagem se disseminar mais, a gestão ativa poderá reivindicar a volta de seu status original. “Um ambiente como o atual com uma volatilidade tão baixa, talvez seja o mais hostil possível para atuação de gestores discricionários. Mas a volatilidade vai voltar e quando isso acontecer, os humanos serão capazes de mostrar suas habilidades em tratar risco-retorno. Humanos bem treinados podem se sair extremamente bem comparados aos algoritmos”, diz ele.
Para terminar, tendo por base os estudos de Coates, eu queria dizer que os consultores de investimentos da Mercer são muito preocupados com o condicionamento físico e a maioria é “sarada”, está em perfeita forma física e com a intuição afiada para a tomada de decisão sobre investimentos.
Entre em contato com eles sempre que precisar de aconselhamento sobre os investimentos do fundo de pensão da sua empresa.

 
Grande abraço.
Eder.
 
Fonte: Adaptado do artigo “Neuroscience: The revenge of the ‘gut feeling’” escrito por Carlo Svaluto Moreolo para a IPE

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