Uma onda de pedidos de demissão em universidades vem se juntando ao movimento que começou com empregados do setor privado. Aparentemente, vários cientistas e pesquisadores já vinham insatisfeitos com baixos salários, altas cargas de trabalho, longas jornadas e poucas perspectivas de melhorar na carreira.
Parece que a pandemia também está chacoalhando a visão de futuro de professores universitários e pesquisadores, muitos dos quais vem anunciando o abandono da vida acadêmica com o hashtag #leavingacademia
Sempre que olhamos para alguém numa boa posição, nos perguntamos como se faz para chegar lá. Talento e inteligência podem ser um ponto de partida, mas dedicação, trabalho árduo e resiliência é que nos levam aos grandes feitos. Evoluir profissionalmente é muito mais do que ser bom naquilo que se faz. Todos nós oscilamos entre a segurança de uma boa posição e a insegurança de trocar de lugar, entre uma mentalidade de estabilidade e outra de evolução. Erra quem pensa que tem sempre mentalidade de evoluir, na verdade, oscilamos entre um extremo e outro. Evoluir é algo que buscamos deliberadamente, mas as circunstâncias da vida muitas vezes nos fazem buscar, inconscientemente, o porto seguro da estabilidade.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
Certa vez me vi diante da oportunidade de ser diretor comercial de previdência de um grande banco francês, com carro, bônus e todas as regalias de posições executivas, que teria pela primeira vez na vida. Lembro de uma voz na minha cabeça dizendo: “você é atuário, nunca vendeu picolé pra criança, você não está preparado para isso” e essa voz pipocou na minha cabeça inúmeras vezes ao longo da carreira: na 1ª vez que falei p/ 600 pessoas num congresso da ABRAPP em Salvador, na minha 1ª apresentação de venda pro conselho de administração de uma gigante multinacional portuguesa, na 1ª reunião em inglês ... onde eu estaria hoje se tivesse sucumbido aos meus medos ao invés de seguir adiante em todas essas situações, ao invés de ter enfrentado os desafios com a cara e a coragem? Essa é a 1ª lição para ser inovador: esticar seus limites, empurrar o seu “eu” para fora da zona de conforto. A 2ª lição é resiliência: tentar sonhar grande é algo que, quando você está se afogando, parece impossível, por isso precisamos mudar constantemente do modo "segurança" para o modo "evolução". Em 2012 meu sogro faleceu, em 2019 perdi o emprego, em 2020 veio a pandemia, em 2021 perdi meu pai, a vida real vai bater na sua porta e te derrubar. Aquilo que você diz e faz para se levantar nos momentos mais sombrios, vai te projetar nos 6 a 12 meses seguintes. Às vezes é preciso sair do modo “pobre de mim” e voltar ao mundo real. A 3ª lição é usar a visão periférica: preste atenção onde você está, mas também para onde você quer ir, não foque no que ficou para trás.
CONCLUSÃO:
Há inúmeras lições a seguir no caminho da inovação e da realização, mas se você ainda não está lá, pense apenas que “ainda” não está, mas pode chegar lá, continue na sua jornada. Agora com licença que vou sair “A Francesa”, curte aí o clip da Marina (acima) porque inovar, essa é a 4ª lição, é sair do lugar comum para enxergar além, ser meio doido mesmo...
Outro dia li um artigo no Substack intitulado “A Program that Lasts”, em tradução livre seria algo como “Um Programa que perdure”. Era uma homenagem a Tony Bennett, técnico do time de basquete da Universidade de Virginia (UVA), nos EUA. Quando perguntado por um repórter: “o que vai ser preciso para formar um time duradouro?”, Bennett respondeu: “preciso poder recrutar jovens com os quais eu possa perder”. Resposta simples, mas impactante. Quando as coisas complicam, as pessoas nas posições de liderança querem entender quem está tentando acertar de verdade, para “segurar a barra”. Uma organização (fundo de pensão) sem um bom mentor (conselho deliberativo) é como um time sem técnico, uma equipe sem capitão.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
O nascente mercado de cryptoativos sofreu um baque nas últimas semanas (quem não sofreu?) e muitas críticas vem sendo vociferadas aqui e ali, algumas procedentes, outras reativas a uma tecnologia que ainda não foi bem compreendida. Aqui no LinkedIn mesmo já li posts de gente graúda, do setor acadêmico e do mercado, desdenhando das cryptos. Fato é que toda inovação passa por um período de experimentação, ajustes e aprimoramento, algo percebido por players pequenos, como a Pizzaria Moraes, do bairro da Bela Vista em São Paulo, que em parceria com a Foxbit Pay passou a aceitar cryptomoedas como o bitcoin para pagamento (mais: aqui) e também por players grandes, como a Gafisa, que passou a aceitar 16 diferentes cryptomoedas como Cardano (ADA), Ethereum (ETH), XRP e Solana (SOL) - na compra de imóveis, detalhe: 1 em cada 130 brasileiros mora hoje em um imóvel vendido pela Gafisa (mais: aqui). Como dizia Fernando António Nogueira Pessoa, “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
CONCLUSÃO:
É em tempos difíceis que grandes líderes | mentores brilham e que os profissionais sob sua liderança aprendem por quê. Revolucione o conselho deliberativo do seu fundo de pensão ... e seja feliz :)
Grande abraço,
Eder.
Fonte: "Pizzaria em São Paulo passa a aceitar bitcoin e criptoativos", publicado pela InvestNews e "Crypto Is Now Accepted By One Of Brazil’s Leading Real Estate Companies", escrito por Jet Encila
A "ficha ainda não caiu" pra muita gente, mas chegamos ao fim de uma era. Todos, absolutamente todos, os seguimentos de negócio enfrentarão disruptura, uns serão varridos do mapa, outros transformados, nenhum continuará igual é hoje.
👉Nos telefones públicos de Nova York, no Brasil carinhosamente chamados de "orelhões", as fichas e moedas pararam de cair no ultimo dia 23 de maio de 2022, com a retirada da última cabine perto da esquina da 7th com a 50th Ave, em Manhatam (video acima).
👉Vagarosamente vamos dando adeus a uma época em que andávamos no bolso com fichas que eram engolidas por maquinas - nos EUA eram moedas, as próximas a sumir do mapa. Ironicamente, o Brasil está saindo na frente dos EUA dessa vez, já que o real digital começa a ser testado no 2º Sem/2022 e ainda falta consenso sobre a criação do dólar digital.
👉Os telefones públicos de NY foram suplantados por quiosques da LinkNYC que oferecem WiFi de alta velocidade, tomadas para carregamento de dispositivos moveis e um tablet para acessar mapas e serviços da cidade.
👉Precisamos de novos fundos de pensão, para atender uma geração que acha que sua reputação no mundo digital é mais importante do que sua reputação no mundo real (62% dos Millenials e 60% da Genz, contra 38% da GenX e 29% dos Boomers, acham isso).
O que vem depois? Me diz aí você! Vou sentir saudade dos orelhões, porque era o meio de comunicação que eu usava para falar com minha namorada todo dia (hoje, minha esposa), nem por isso deixo de olhar pra frente e tentar vislumbrar o que vem depois dos celulares. Os fundos de pensão deveriam fazer o mesmo :)
Grande abraço,
Eder.
Fonte: Hanging up New York's last pay phones, escrito por Jennifer A. Kingson, Joann Muller and Alex Fitzpatrick
No gráfico acima o nível de poupança, em percentual da renda disponível, das famílias americanas entre janeiro de 2005 e abril de 2022.
O pico do inicio de 2020 é bem fácil de explicar. Com todos mundo preso em casa devido ao Covid-19, comercio fechado, sem ter onde gastar, as pessoas simplesmente pouparam mais.
Mas e o número de abril de 2022? Um dos menores níveis de poupança desde 2005. Seria a inflação corroendo o poder de compra? Salários estagnados? Volta do consumo forte depois da abertura do comercio?
E no Brasil? Estaria acontecendo algo parecido? Caso positivo qual a implicação para a previdencia complementar?
Em 2018 uma empresa chamada Terraform Labs levantou US$ 200 milhões de fundos de VC e desenvolveu uma cryptomoeda criada para ter um preço estável, no caso atrelado ao dólar americano - daí o nome "stablecoin" ou "moeda estável", diferente do Bitcoin por exemplo, que é super volátil e sujeito a grandes variações de preço - cuja oferta (quantidade) e demanda eram reguladas por um algoritmo.
Entenda o que aconteceu com o protocolo que funcionava com a arbitragem de um par de cyptomoedas / tokens: a UST, US Terra ou simplesmente Terra e a Luna levando ao colapso de ambas.
O video, produzido por Dror Poleg que escreve sobre o mercado de cryptos é todo em inglês e não tem legenda ...
Link para o video, aqui: https://vimeo.com/714050764/40c2d28bdb
Com tanta inovação rolando por aí o maior desafio para apontar a proa dos fundos de pensão em direção ao futuro é saber onde focar e qual problema atacar primeiro. Isso vai depender do modelo de negócios de cada um, de onde vem a receita, qual o setor de atuação – empresas privadas? famílias? setor publico? A maioria dos modelos de negócio dos fundos de pensão está construída hoje em torno da escala, em alavancar retornos de um pool de recursos, baseado em decisões centralizadas. Abstraindo a contrapartida de contribuições das patrocinadoras, os indivíduos recorrem aos fundos de pensão para intermediar seus investimentos de longo prazo porque, em tese, a escala lhes é benéfica, também porque regras impedem a tentação de acessar o $$$ no curto prazo. E se começássemos a vislumbrar uma mudança nesse modelo onde o produto é um conjunto de regras de acesso ao $$$ e investimentos centralizados (o plano), para outro no qual o objetivo é facilitar os investimentos individuais e customizar as regras de acesso?
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
Com todos presos em casa diante das telas, acesso fácil a informação via chats, grupos de discussão e comercio fechado deixando $$$ extra no bolso, o Covid-19 causou a entrada de uma enxurrada de investidores amadores no mercado, tipo Reddit-GameStop-RobinHood, a maioria jovens investidores que só viu uma bizarra subida do mercado em 2020 e 2021 - cryptos, commodities, ações, petróleo - e investiu com visão de ganhos imediatos, aproveitando a volatilidade. Isso criou uma tempestade perfeita, cujos efeitos vemos agora em 2022 com mercados desabando, guerra e recessão no horizonte. Assim que a poeira dos altos ganhos imediatos baixar nos próximos anos, teremos a oportunidade de direcionar esses investimentos de varejo para o longo prazo, mas para isso os fundos de pensão terão que usar muita tecnologia, oferecer a hiper-personalização dos investimentos e engajar os participantes diretamente na escolha de suas alocações, quem sabe, através de “pensionfluencers” da mesma forma que já existem hoje os stockfluencers no TikTok.
CONCLUSÃO:
Em 2025, graças às transferências de herança entre gerações, 60% da riqueza no Reino Unido estará na mão de mulheres que tradicionalmente não se preparam para cuidar do $$$ da família. Essa transferencia ocorrera lá, aqui e no mundo todo. Por que os fundos de pensão (do futuro) não poderiam oferecer apoio na gestão individualizada e (des)investimento desses e de outros recursos?
AgeTech pode ser definido como: “qualquer tecnologia desenhada para atender as necessidades e desejos de adultos mais velhos, levando-os em consideração no processo de desenvolvimento das soluções, produtos e serviços”. A maioria das pessoas acha que depois dos 65 anos, tudo se resume a questões de saúde e acessibilidade, porém, as necessidades são bem mais amplas do que isso e abrangem também o bem-estar, assegurar que as pessoas não se sintam socialmente isoladas, aprendizado contínuo, começar uma nova atividade depois da aposentadoria ou até se “desaponsentar”. Por isso surgiu nos últimos anos um ecossistema de empresas, fundos de VC e PE, aceleradoras, startups e negócios voltados para os desafios do envelhecimento. Junta-se a isso a falta de cuidadores: em 2040 os países da OCDE precisarão de 13,5 milhões de novos cuidadores e nos EUA a escassez aumentará 235%. A “economia dos cuidadores de idosos e crianças” - em inglês: care economy - representava em 2019 algo como US$ 648 bilhões (mais aqui: https://www.investin.care).
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
As oportunidades são tão grandes, que gigantes da tecnologia como Amazon, Apple, Google, Facebook e Microsoft entraram de cabeça nesse segmento. Veja duas soluções de agetech lançadas em 2021: 1) Alexa Together (https://youtu.be/WlJ2Pfvk0as) – serviço por assinatura que dá acesso a um “hub” de soluções, por apenas US$ 19,99 por mês. O dispositivo emite lembretes de medicação, inclui o monitoramento 24 x 7 conectado a serviços de emergência, sensores de movimento avisam sobre quedas, emite alertas e notificações para os parentes; e 2) Bright’s Lamp (https://youtu.be/M9bHu4MIudc) através da terapia cientifica da luz, o dispositivo ajuda a diminuir os sintomas e reduzir a progressão do Alzheimer.
CONCLUSÃO:
Estamos nos aproximando de um mundo em que o Metaverso permitirá que parentes mais velhos, morando em geografias diferentes, se sentem todo dia à mesa de jantar e interajam virtualmente, em tempo real, com filhos, netos e bisnetos, diminuindo o isolamento social. Um mundo no qual idosos que não podem mais dirigir com segurança, reganharão mobilidade com carros autônomos - quem tem pais na faixa de 80 anos sabe a luta para tirar a carteira de motorista deles. Um mundo em que a robótica e automação permitirão aos idosos envelhecer em suas próprias casas. Tudo isso requer $$$ e os fundos de pensão deveriam ser atores naturais nesses investimentos, mas parece que abarrotar a carteira de títulos públicos é mais fácil .... que venha uma nova previdencia complementar, com nova mentalidade e novos propósitos!
Em 2013 Marc Andreessen - fundador do 16z um dos principais fundos de VC dos EUA – escreveu num ensaio que “os softwares estão engolindo o mundo”. De lá pra cá, nenhum segmento da economia escapou das transformações. O frenesi que a partir de 2000-2010 trouxe as fintechs e a digitalização para o sistema financeiro, melhorou nos fundos de pensão o atendimento de front-end, otimizou processos de on-boarding e disponibilizou informações na palma da mão dos participantes, com um simples click. No entanto, 30 anos adentro da revolução dos softwares, as operações e processos internos dos fundos de pensão permanecem lentas e inchadas, configurando um sistema que requer semanas para encerrar o mês, fecha nos fins de semana, cobra taxas de intermediação altíssimas e demanda alto grau de intervenção humana. Os “incumbentes” (atuais players) continuam fingindo que a vida do participante está materialmente melhor como resultado de seus esforços de “transformação digital” e essa fachada vai prolongando o uso de uma montanha de tecnologias, produtos e soluções ultrapassadas. Isso também acontece no segmento dos bancos, basta assistir a mensagem que o vídeo acima procura transmitir.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
Já estão entre nós as inovações que levarão à segurança financeira futura, mas a revolução é invisível aos olhos do publico. Trazidas por um sistema financeiro descentralizado (DeFI), novas formas de alocação de capital, transferência de valores e classes de investimentos, rodando em redes digitais descentralizadas e cryptograficamente seguras. São elas que farão descarrilhar os fundos de pensão que continuarem rodando na infraestrutura de um sistema financeiro analógico. A mudança não é visível a olho nú, não pode ser antecipada, é como substituir o motor de um carro, o impacto só pode ser percebido depois que a mudança ocorreu. Quando a economia finalmente se estabilizar, os ventos de cauda que sopram mais fortes do que nos anos 90, quando surgiu a Internet, farão crescer e se distanciar dos demais numa velocidade muito mais rápida, os fundos de pensão que foram capazes de entender isso e mudar.
CONCLUSÃO:
A única forma de não ficar preso no lado errado da disruptura causada pela economia digital, sem conseguir atuar novamente com previdência complementar, é através do aprendizado e busca (humilde) e permanente por conhecimento.
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Mestre em Administração Profissional pela EAESP/FGV, Bacharel em Ciências Atuariais pela UFRJ,com especialização em Propaganda & Marketing pela ESPM-RJ e em Governança Corporativa pelo IBGC. Mais de 25 anos de atuação no mercado de previdência complementar, Membro nº 641 e ex-Diretor do Instituto Brasileiro de Atuária e ex-Professor do MBA de Gestão de Riscos Financeiros e Atuariais da USP/FIPECAFI. Gerenciou inúmeros projetos internacionais e regionais na área de benefícios, tendo morado em Jacksonville, FLA-EUA e em Lincolnshire, CH-EUA. Ocupou cargos de alta gerência e direção nas maiores empresas globais de benefícios, em fundos de pensão, em seguradoras e em bancos.
Desenvolve Pesquisas, Projetos e Palestras sobre Previdência, Seguros (RE), Benefícios a Empregados, Programas de Saúde, Economia Comportamental, Neuromarketing e Investimentos Responsáveis.