sábado, 25 de agosto de 2018

Longevidade, Supremo Tribunal e os Problemas com o Atual Sistema de Nomeação dos Juízes.





De São Paulo, SP.

Com a aposentadoria dos ministros Celso de Melo em 2020 e Marco Aurélio em 2021, o próximo presidente da república terá o privilégio de nomear em seu primeiro mandato, dois ministros para o STF - Supremo Tribunal Federal.

Reeleito, poderá nomear mais dois em 2023 quando Rosa Weber e Ricardo Lewandowski atingirão a idade limite de 75 anos conhecida por “expulsória”.

Esse privilégio, porém, tenderá a ficar cada vez mais raro conforme o tempo for passando, já que os ministros, assim como o resto da população, estão vivendo cada vez mais.

Os ministros do STF, indicados pelo presidente da República e aprovados pelo Senado, possuem cargo vitalício e se aposentam compulsoriamente ao completar 75 anos (salvo casos de morte, impeachment ou se quiserem deixar o cargo).

Em 1900, a expectativa de vida dos brasileiros era de 33,7 anos, mas deu um salto significativo e hoje gira em torno de 76 anos de acordo com o IBGE. O fato da expectativa de vida ter aumentado mais de 40 anos nas últimas 11 décadas significa que mais pessoas atingirão os 75 anos de idade e que os mandatos dos ministros da suprema corte tenderão a ser mais longos.

Entre 1891 e 1917 - um período inferior a 30 anos que começa no ano em que o Visconde de Sabará (o ministro Sayão Lobato) instalou a primeira sessão do STF e termina no epílogo da I Guerra Mundial - foram 27 os ministros que tiveram o mandato interrompido por causa da morte.

Isso contrasta com os 14 ministros que morreram durante o curso do mandato nos últimos 100 anos, ou seja, entre 1918 e 2018, incluindo Teori Zavacki que não morreu de causas naturais.

Foi uma queda de 27 para 14! Sem falar na diferença de quase quatro vezes no número de anos entre os períodos analisados.

Com mandatos mais cumpridos, ao longo desse século, será nomeada uma quantidade menor de ministros para a suprema corte do que no último século.

Isso fica evidente analisando a quantidade de ministros indicada nos mesmos períodos acima. Os presidentes do período que vai de 1891 a 1917 indicaram ao todo 61 ministros, o que resulta em uma média de 9 ministros a cada quatro anos, enquanto os presidentes do período de 1918 a 2018 indicaram 107 ministros, uma média de apenas 4 ministros a cada 4 anos.

Replicando esse ritmo de redução, nos próximos 100 anos começando em 2018, a partir do mandato do próximo presidente, apenas cerca de 50 ministros serão nomeados e estes, permanecerão por mais tempo em suas confortáveis poltronas do STF.

O ministro Dias Tofolli, nomeado ainda jovem, aos 42 anos de idade, poderá ficar na corte por mais de oito mandatos presidenciais, já que se pode esperar que ele viva mais 33 anos após sua nomeação, conforme indicam as projeções atuariais do IBGE.

De forma semelhante, o ministro Alexandre de Moraes, nomeado aos 49 anos deverá permanecer ativo por mais 26 anos, o que equivale a quase sete mandatos presidenciais.

Esse declínio nas nomeações para a suprema corte deve ser visto com preocupação pelos partidos políticos e por toda a sociedade. Com ministros servindo, daqui para frente, por mandatos que durarão em média 30 anos, o processo de escolha de um novo membro da suprema corte vai se transformar numa verdadeira batalha.

Presidentes que não controlarem o senado, muito provavelmente não conseguirão nomear ninguém deixando cadeiras vagas no tribunal e afetando o equilíbrio do colegiado. Por outro lado, presidentes que puderem fazer múltiplas nomeações terão influência desproporcional sobre as interpretações das leis e da própria constituição, como já podemos perceber no conjunto atual.

Essas interpretações poderão perdurar por anos, indo muito além do tempo em que os ministros ocuparam suas cadeiras.

O momento é oportuno, portanto, para a sociedade discutir propostas para lidar com a longevidade dos ministros do STF. Chegar numa solução para o problema não é tarefa fácil e muitos anos terão se passado até que uma mudança finalmente venha a ocorrer.

Uma proposta seria limitar os mandatos a 18 anos, o que mitigaria os desafios que a longevidade está criando. Porém, um olhar mais atento perceberá que uma limitação simples desse tipo criaria outro problema.

Aumentaria a chance de um presidente poder apontar a maioria dos ministros da corte. Instituir um limite de 18 anos faz surgir 43% de chance de um presidente que venha a ser reeleito possa nomear a maioria dos ministros.

Na era republicana, além do Marechal Deodoro da Fonseca que nomeou os 15 primeiros ministros da suprema corte, somente oito dos trinta e três presidentes puderam até hoje apontar mais de 5 ministros. O último presidente a conseguir isso foi Lula.

Desatrelar o limite da figura pessoal dos ministros e associá-lo às cadeiras que ocupam seria uma forma mais eficiente de assegurar rotatividade no STF e ao mesmo tempo evitar que qualquer presidente tenha influência excessiva sobre o tribunal.

Isso faria surgir uma nomeação a cada quatro anos, sempre no segundo ano do mandato presidencial, fazendo com que 41 ministros ao invés de 50 sejam nomeados no próximo século. Além disso, haveria uma probabilidade de apenas 12% de que um presidente reeleito pudesse nomear a maioria dos ministros do supremo.

Esse sistema também asseguraria que cada presidente possa, ao longo de um mandato de quatro anos, indicar pelo menos um ministro.

Seja qual for a solução que vier a ser adotada, está claro para todo mundo que chegou a hora de lidarmos com a questão dos mandatos do STF.

O que talvez não estivesse claro até agora é o impacto da longevidade sobre o sistema atual. Sendo assim, essa é uma singela contribuição dos atuários para assegurar que o saudável equilíbrio entre os poderes continue existindo, algo que um supremo tribunal estático certamente colocará em risco.

Grande abraço,
Eder.


Fonte: Adaptado do artigo “The Supreme Court Has a Longevity Problem, but Term Limits on Justices Won’t Solve It“, escrito por David Fishbaum.

Crédito de Imagem: https://comparativeproject.com

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Caminhe na contramão da raça humana e mostre que seu QI está aumentando - poupe para a aposentadoria


De São Paulo, SP.


Quociente de Inteligência é um valor obtido por meio de testes desenvolvidos para avaliar as capacidades cognitivas (inteligência) de um sujeito. É a expressão do nível de habilidade de um indivíduo num determinado momento em relação ao padrão ou normas, comum à sua faixa etária, considerando que a inteligência de um indivíduo, em qualquer momento, é o ‘produto’ final de uma complexa sequência de interações entre fatores ambientais e hereditários”.

Essa é a definição de QI na Wikipédia.

Os testes de QI das últimas três décadas revelam uma tendência preocupante. Novas pesquisas concluíram que o QI médio dos humanos vem caindo.

Os potenciais culpados são a piora na nossa alimentação - particularmente, menor consumo de peixes – baixa educação e o surgimento de novas tecnologias.

A tendência surpreende porque nos primeiros anos do século 20, as pessoas estavam ficando mais inteligentes.

A melhora no QI que o ser humano experimentou anteriormente foi chamada de “Efeito Flynn” ou Flynn effect, em homenagem ao Psicólogo americano responsável pelas pesquisas do assunto.

Acontece que aquela tendência de aumento do QI no século passado foi interrompida e está caminhando na direção contrária. 

Ao longo dos últimos vinte ou trinta anos, os humanos começaram a ficar mais tapados, sugerem pesquisadores da Noruega.

Os dados nos quais eles se baseiam são provenientes de testes compulsórios de QI aplicados nos jovens que entraram para o serviço militar na Noruega entre os anos de 1970 e 2009.

Os 730.000 resultados dos testes indicam uma queda média de 07 pontos no QI a cada geração, sendo cada geração composta por cerca de 25 anos.

Esse não é o primeiro estudo apontando que o QI médio está caindo. 

Dados do Reino Unido e dos países Escandinavos, incluindo a Finlândia, Noruega e Dinamarca, também sugerem estar havendo uma redução no QI.

Mas porque o QI está caindo?

O Efeito Flynn foi explicado como resultado do aumento na nutrição, de uma melhor educação, de melhora no ambiente social e por aí vai.

Resumindo em uma única palavra: progresso. Então, como explicar agora que os scores de QI estejam caindo?

O estudo foi procurar a causa em fatores genéticos, mas não encontrou evidências de que essa fosse a explicação. Escreveram os autores da pesquisa: 

“…mostramos que o aumento, o ponto de inflexão e o declínio no efeito Flynn podem ter resultado de variações nos scores de inteligência dentro de uma mesma família. As grandes mudanças nos pontos médios das diversas faixas de inteligência são um reflexo de fatores ambientais...”.

Isso nos deixa com a possibilidade de que após progredir até os anos 1970, a sociedade começou a regredir.

Nutrição ruim, piora na educação, novas tecnologias e ampliação das mídias, são fatores que podem ser culpados, escrevem os autores:

“… nossos resultados são consistentes com as diversas hipóteses propostas para explicar a redução do QI: alterações na qualidade ou na exposição à educação, mudanças na exposição à mídia, piora na nutrição ou na saúde.”

Em outras palavras, a raça humana pode estar tornando a si mesma mais estúpida com seu próprio estilo de vida.

Se você está poupando para a aposentadoria, pode se considerar na contra mão da humanidade, você está ficando mais inteligente!

Grande abraço,

Eder.



Fonte: Adaptado do artigo “These Huge Changes In Human IQ Are Frightening” publicado no PSYBLOG.
Crédito de Imagem: http://www.guaranoticias.com.br/noticias/ler/id/27792

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