segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

TE CONTEI? CRYPTOMOEDA EM PLANOS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR CORPORATIVOS E INDIVIDUAIS? YUP! DESDE 2021, MAS NOS EUA, NÃO AQUI.

 



De São Paulo, SP.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

No segundo semestre do ano passado a ForUsAll Inc., uma operadora americana de planos de previdência complementar corporativos fundada em 2012, que tem hoje mais de 400 empresas como cliente, fez uma parceria com a Coinbase Global Inc. - uma das maiores CEX do mundo (corretora centralizada de cryptomoedas) e passou a oferecer planos de contribuição definida corporativos conhecidos nos EUA pela sigla 401(k), nos quais o empregado pode aplicar até 5% do patrimônio em bitcoin (BTC), ether, litecoin e outras cryptomoedas.

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

O produto da ForUsALL, que tem incentivo fiscal como qualquer outro plano de previdência complementar, foi pioneiro, mas não é o único. Hoje existe também o Gemini 401(k), o Bitwage 401(k), o Coinbase IRA account e vários outros. Da mesma forma que aqui no Brasil, nos EUA você pode portar para um plano de previdência complementar individual chamado IRA – Individual Retirement Account, o saldo (total ou parcial) de conta de previdência acumulado no plano de um antigo empregador, administrado por um fundo de pensão. Só que lá existe um tipo de plano individual específico, o SDIRA ou "Self-Direct IRA”, no qual cabe a você como participante decidir onde investir o dinheiro, daí o nome “self-directed” ou (investimento) autodirigido. A vantagem desse tipo de plano é que o individuo passa a ter uma liberdade enorme de escolha de investimentos que vão muito além das classes de ativos convencionais dos demais planos corporativos e individuais existentes no mercado. E olha que interessante, a receita federal americana reconheceu através da IRS Notice 2014-21 que moedas digitais como BTC são uma propriedade pessoal que pode ser mantida isenta de tributação e só pagam imposto quando vendidas. A coisa fica melhor ainda, pois existe uma enorme vantagem fiscal se você compra bitcoin para seu plano de previdência individual (SDIRA) e vende posteriormente, mas mantem os recursos no mesmo fundo, ou seja, o dinheiro fica todo no mesmo plano individual. Nesse cenário, você pode reinvestir seu capital em qualquer ativo disponível no seu plano (ações, fundos mútuos, ETFs, metais preciosos tipo ouro e prata, private equity, certos tipos de imóveis etc.) e ainda assim diferir a tributação para quando for receber os benefícios do plano. O vídeo acima explica isso, esse artigo aqui, também (ambos em inglês): 

CONCLUSÃO: 

A PREVIC poderia estudar os inúmeros tipos de plano existentes nos EUA, como o Self-Directed IRA, o Roth IRA, o 403(b), o 457 e o Thrift Savings Plan (TSP) e fomentar a inovação através de regulamentação aqui no Brasil. Fica a dica.


Grande abraço,

Eder.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

TE CONTEI? CONVERSEI COM UM INTÉRPRETE DO FUTURO E ELE ME DISSE COISAS INTERESSANTES SOBRE O QUE VEM PELA FRENTE PARA OS FUNDOS DE PENSÃO

 



 De São Paulo, SP.


O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

A GenZ é a mais nova geração a entrar no mercado de trabalho. Esses jovens nascidos entre 1996 e 2010 começaram a trabalhar num momento conturbado da história e isso está mudando a forma que as pessoas enxergam o que significa “trabalho”. A GenZ terá entre 20 e 30 anos em 2030 e representará ao menos 1/3 da população economicamente ativa, se quisermos saber como será moldado o futuro do trabalho e por extensão dos fundos de pensão, basta olhar para eles hoje.  


POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

A GenZ é muito mais propensa ao “job-hopping” – ficar saltando de um emprego para o outro – do que as gerações anteriores. Quanto mais propensa? Dados do LinkedIn mostram que em 2021 eles mudaram de emprego numa taxa 134% maior do que em 2019, enquanto os Millenials mudaram 24% a mais e os Boomers mudaram 4% “a menos”. Olhando pra frente, 25% da GenZ esperam mudar de emprego nos próximos 6 meses, comparados a 23% dos Millenials, 18% da Gen X e 12% dos Boomers. Ah, mas jovens mudam muito de emprego mesmo! Verdade, mas eles não apenas mudam de emprego, 75% disseram estar dispostos a mudar inteiramente a trajetória profissional, procurando oportunidades fora de seu setor de atuação, isso acontece com menos da metade dos mais velhos. A GenZ é 77% mais propensa a se engajar com um anúncio de emprego que mencione “flexibilidade” do que com um que não mencione (o mesmo com 30% dos Millenials). A GenZ aceitou uma oferta de trabalho e foi admitida virtualmente durante a pandemia, sem nenhum contato pessoal com colegas de trabalho, para eles, cultura, propósito da empresa e identificação com a marca se tornaram as coisas mais importantes para decisão, diferente da minha geração, eles não trabalham em empresas com as quais não se identifiquem.  


CONCLUSÃO: 

Aqui é a hora que eu pergunto: os desenhos de planos de previdência e a forma que as patrocinadoras e seus fundos de pensão pensam hoje sobre segurança financeira futura, estão alinhados com essa galera? Sabe a Resolução CNPC nº 50 que mencionei num post ontem? Pois é ...


Grande abraço,

Eder

.


Fonte: "1 big thing: The Great Resignation generation", escrito por Erica Pandey para o Axios What's Next


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

TE CONTEI? A RESOLUÇÃO CNPC Nº 50 TRÁS AVANÇOS PARA A PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR, MAS COMO DIRIA ARNALDO JABOR: “TEM SEMPRE UM MAS ...”

 




De São Paulo, SP.



O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

As Leis 108 e 109 que regulam a previdência complementar completarão 21 anos em maio próximo e muita coisa mudou desde 2001, quando foram aprovadas. Através de um remendo aqui, outro ali, vamos procurando adaptar as regras da previdência a um mundo que insiste em mudar mais rápido do que nossa capacidade de acompanhá-lo. A resolução incorporou avanços muito bem-vindos nas regras legais que tratam do resgate, da possibilidade de transferir $$$ acumulado num plano para outro, de permanecer no plano de uma empresa tendo terminado o vínculo de emprego com ela e de poder postergar o pedido de um benefício de aposentadoria quando se desliga do plano. Porém, foram avanços incrementais e o que precisamos mesmo é de uma nova lei de previdência complementar, uma disruptura com o passado, que permita uma mudança radical no modelo atual que será incapaz de nos levar ao futuro dos fundos de pensão.

 

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

Onde ficou faltando disruptura: (i) os institutos são inacessíveis p/ participantes recebendo benefícios de prestação continuada, mas a aposentadoria é hoje um conceito ultrapassado e não existirá mais interrupção abrupta do trabalho, as pessoas não vão mais se “aposentar” o que implica em trabalhar e receber benefício da empresa ao mesmo tempo, como forma de complementação da renda, portanto, é preciso permitir contribuição de aposentado para o mesmo plano que lhe paga renda, com direito a resgate e portabilidade; (ii) a portabilidade do saldo acumulado pela patrocinadora em planos patrocinados continua vinculada ao término do vínculo empregatício e assistidos não podem portar suas reservas para outro fundo de pensão ou entidade aberta, ou seja, ficam presos eternamente ao atual administrador mesmo que não estejam satisfeitos, isso inibe a competição e vai empurrando para o "dia de São Nunca" a criação de um mercado de anuidades no Brasil; (iii) o resgate de cada contribuição da empresa fica retido no plano por 3 anos e apenas depois de 5 anos da adesão o participante pode resgatar no máximo 20% do saldo de suas contribuições, além de ter que esperar mais 3 anos desde o resgate anterior se quiser fazer novo resgate: resgates em caso de urgências (acidentes) e emergências (saúde) poderiam ter sido regulados e junto com a falta de uma flexibilidade especifica para resgates, impede principalmente o desenvolvimento de desenhos conjugando gastos com saúde e previdência.

 

CONCLUSÃO: 

Talvez o mais importante de tudo, falta no Brasil um banco de dados centralizado onde os trabalhadores possam saber facilmente quais saldos em planos de previdência eles foram deixando para trás quando mudaram de emprego. Como consequência, uma montanha de dinheiro vai se perdendo, consumida por taxas de administração cobradas dos saldos pendente. Estima-se que os americanos esqueceram US$ 2 trilhões quando mudaram de emprego (veja nesse artigo aqui). Abordei isso como parte desse artigo: aqui. Sabe aquele app que o BACEN colocou no ar recentemente para acharmos saldos perdidos em contas bancarias? Pois é, falta um para achar saldos perdidos em contas de previdência complementar ....


Grande abraço,

Eder.



terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

FUNDOS DE PENSÃO E O MERCADO DE ARTE

 



De São Paulo, SP.


"Arte" é uma classe de ativos como qualquer outra e há várias análises mostrando que é um ótimo investimento.


O Citi GPS - Global Perspectives & Solutions elaborou um relatório mostrando que nos sete primeiros meses de 2020, ano em que a pandemia do Covid-19 trouxe turbulência para os mercados financeiros, o investimento em arte contemporânea entregou fortes retornos superando a maioria das demais classes de ativos.


O relatório, intitulado "The Global Art Market and Covid-19, Innovating and Adapting" é uma leitura interessante e vale a pena conferir, link aqui: https://lnkd.in/dsdKhzsZ


Investidores institucionais como fundos de pensão são muuuito conservadores e até onde a vista alcança, não investem em arte.


Não existe restrição legal para investimento por fundos de pensão no mercado de arte, então vale a pena perguntar: por que não (investir)?


Alem de fornecer retornos financeiros, eu diria que o investimento em arte traria uma enorme satisfação para os participantes dos planos de previdencia, porque os fundos de pensão poderiam organizar amostras e exposições das obras de arte, encantando seu publico e brindando as pessoas com cultura e conhecimento num mundo que anda tão chato ultimamente.


Que legal um investimento que além de entregar resultados financeiros tornaria a vida mais interessante para todos ... fica a dica!


Grande abraço,

Eder


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

TE CONTEI? A DIFERENÇA RAIZ ENTRE O ATUAL SISTEMA FINANCEIRO CENTRALIZADO E AS NOVAS FINANÇAS DESCENTRALIZADAS (DEFI) ESTÁ MESMO É NO “CONTROLE”

 



De SãoPaulo,SP.


 

O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

As notícias estampadas ontem nas principais mídias de notícias financeiras é mais uma prova de que toda a parafernália de controle das autoridades bancárias mundo afora é absolutamente ineficaz para controlar malfeitos. Entre os anos de 1940 e 2010 um banco suíço, o Credit Suisse, abriu pelo menos 18.000 contas bancárias e movimentou ao menos US$ 100 bilhões para toda sorte de corruptos e criminosos cuja atuação seria obvia para qualquer um que submetesse os nomes dos titulares das contas a um simples teste de verificação de antecedentes. Não é caso isolado, em 2020 veio à tona numa matéria da Reuters um escândalo global envolvendo a movimentação suspeita de mais de US$ 2 trilhões durante duas décadas (1999 e 2017) por bancos como Barclays, HSBC, Deutsche Bank, JP Morgan Chase, Bank of New York Mellon e outros. Isso nivela os bancos atuais com as críticas que se faz à operações com cryptomoedas que não seguiriam regras de AUM – Anti-Money Laundry e KNY – Know Your Client. A diferença é que as operações com cryptomoedas ficam registradas em blockchains públicos tornando visíveis os eventuais casos de corrupção e injustiças e podendo ser rasteadas não apenas pelas autoridades, mas por qualquer um, conforme escrevi em um post recente: aqui.

 

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

Funcionando com infraestrutura baseada em redes de blockchain, o novo sistema financeiro que vem emergindo possui como principal característica a descentralização, por isso tem sido denominado em inglês de DeFi – Descentalized Finance. Como consequência da descentralização não é possível a ninguém, nenhum pessoa, governo, empresa ou organização, exercer isoladamente seu controle. Um episodio ocorrido nos últimos dias ilustra bem isso. Tentando sufocar financeiramente o movimento dos caminhoneiros no Canadá, a corte superior de justiça de Ontario ordenou que um provedor de carteiras digitais chamado Nunchuk congelasse as bitcoins de seus usuários, os impedisse de movimentar os recursos e os identificasse. A resposta (acima), com toques de ironia sobre o funcionamento dessa nova tecnologia, foi divulgada no Twitter ontem e vale a pena conhecer.

 

CONCLUSÃO: 

O embate em torno do novo sistema financeiro que está chegando não trata verdadeiramente de desenvolver mecanismos para apanhar os caras maus, os corruptos, os bandidos e afins, a grande questão gira mesmo é em torno de quem consegue controlar quem.  


Grande abraço,

Eder.

  

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

TE CONTEI? QUANTO DE CRYPTO DEVERIA HAVER NO SEU PORTFOLIO DE INVESTIMENTOS INDIVIDUAIS PARA SUA APOSENTADORIA?

 



De São Paulo, SP.

 

O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

Planejadores financeiros e gestores de ativos têm torcido o nariz para as cryptomoedas desde que o bitcoin (BTC) entrou em cena, em 2009. É compreensível. Restrições regulatórias impedem que eles simplesmente façam login na Coinbase, Binance ou Gemini e aloquem cryptos nos portfolios de milhões, às vezes bilhões de reais, que eles administram há décadas para seus clientes. Vigora, também, a mentalidade do “se não está quebrado, não mexa”, o medo de colocar em risco os investimentos de aposentadoria dos clientes e sua própria reputação. Prá que causar disruptura em práticas estáveis, que tem entregado resultados favoráveis há décadas? Porém, diante dos retornos épicos do bitcoin, ethereum e outras moedas digitais, não há mais como ignorar a curiosidade dos consumidores pelo mercado de cryptos.   

 

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

A noção dos gestores de ativos sobre a forma apropriada de gerir um portfolio tem suas raízes nas teorias “modernas” de alocação de ativos criadas por ganhadores do Nobel de economia, como Harry Markowitz, William Sharpe, Eugene Fama e do pensamento de que “se você não for fazer uma alocação material no seu portfolio, então é melhor não fazer nenhuma” – ninguém compra só uma ação da Petrobrás, isso não “move a agulha” e essa é parte da razão para as alocações serem no mínimo de 10% para as classes de ativos. E quando se trata de cryptos? Um estudo da Yale de 2019 (https://bit.ly/3oXFBxO) fala numa alocação de 4% a 6% em cryptos e os planejadores financeiros certificados estão atualmente começando a recomendar 1% a 5%, mas a resposta correta parece estar na cidade do Rio de Janeiro, que investiu 1% das reservas do tesouro em cryptos tornando-se um “case” no cenário global. Tendo por base dados de 2017, época de uma grande alta histórica, a valorização no preço do bitcoin mostra um pulo de 1.500% seguido de uma queda de 84%. Uma alocação de 1% em crypto, portanto, pode ser considerada suficiente para contribuir materialmente para os resultados, baseado nesses dados históricos.

 

CONCLUSÃO: 

As cryptomoedas ainda são uma classe de ativos nascente, mas os profissionais de finanças precisam se manter informados sobre o ecossistema de ativos digitais porque é sempre melhor dar alguma orientação sobre cryptos para um cliente curioso do que simplesmente evitar totalmente essa classe de ativos. Qual a melhor forma do conselho deliberativo do seu fundo de pensão lutar contra as incertezas? Entender melhor as tendências, empresas e inovações que estão transformando o segmento de negócios da previdência complementar!


Grande abraço,

Eder



 

Fonte: “How Much Crypto Should Be in a Portfolio?”, escrito por Megan DeMatteo. 

 

 


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

TE CONTEI? A CRYPTOECONOMIA VAI TORNAR OS INVESTIMENTOS DOS FUNDOS DE PENSÃO MAIS VISIVEIS, TALVEZ COM CERTO DESCONFORTO NO INÍCIO

 



De São Paulo, SP.


O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

Quem estuda os mercados de ativos digitais há alguns anos sabe que uma peculiaridade dos investimentos em cryptoativos é que eles são ao mesmo tempo privados e incrivelmente transparentes. Muitos emissores de tokens, como se convencionou chamar a representação digital de ativos, são isentos “de facto” ou “de jure” de reportes obrigatórios exigidos pela regulamentação do mercado de capitais, só que a maioria das transações com tokens fica disponível em registros púbicos (public ledgers) nos blockchains que podem ser rastreados e analisados por qualquer um. De certo modo, o mercado de ativos digitais (ou cryptoativos) é mais transparente do que o mercado de capitais ou de títulos de renda fixa porque ele expõe não apenas o que os investidores "reportam", ele expõe o que os investidores "fazem". Essa transparência torna algumas coisas bastante visíveis.


POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

O uso de informações privilegiadas, de operações de “wash trading” - onde o vendedor age também como comprador do mesmo item para criar a aparência de uma transação no mercado – e outras manobras fraudulentas, destinadas a manter ou baixar a cotação, o preço ou o volume negociado de um valor mobiliário com o fim de obter vantagem indevida ou lucro causando danos a terceiros, acontecem em todo lugar e no mercado de ativos digitais não é diferente. O mercado de cryptoativos não é o único onde injustiças e corrupção acontecem, mas ele é o único onde as injustiças e corrupção são visíveis. Um dos maiores riscos sistêmicos do segmento de previdência complementar é o risco de imagem e toda vez que acontece uma CPI dos fundos de pensão o assunto é sempre $$$, fraude nos investimentos, conselhos deliberativos que cochilaram e não viram acontecer, coisa e tal. A tecnologia do blockchain tem tudo para mudar esse cenário e muitas das criticas hoje feitas aos cryptoativos desconhecem inteiramente a tecnologia por trás deles e muitas proveem de CEX choramingando igualdade de competição com DEX.


CONCLUSÃO: 

A evolução do capitalismo é um processo pelo qual a transparência das transações se torna visível e o mercado de cryptoativos representa um pico nesse processo, não é o fim dele e definitivamente não é o começo. Ao tornar mais visível a dinâmica das transações e investimentos dos planos de previdência complementar, a economia digital vai nos permitir acompanhar mais de perto o futuro que nos aguarda, expondo tudo que acontece no meio do caminho. Não é a toa que muitos não vão gostar.


Grande abraço,

Eder.



Fonte: Visible Capital, escrito por Dror Poleg.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

TE CONTEI? O QUE É PEPP E PORQUE ELE É UM DIVISOR DE ÁGUAS NA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR GLOBAL




De São Paulo, SP.


O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

PEPP é o acrônimo para Pan-European (Personal) Pension Product, um produto implantado em 2021 na União Europeia criando um mercado único para previdência complementar individual na Europa. A iniciativa responde às mudanças demográficas em curso, às formas modernas de trabalho e à economia digital. O PEPP estabelece um novo padrão de transparência, eficiência, segurança e flexibilidade, sendo complementar aos regimes de previdência dos diversos países membros da comunidade européia. 


POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

Veja as características do PEPP Básico: 1) 100% Digital: distribuição e relatórios totalmente digitais. Os provedores são obrigados a fornecer orientação, na adesão, sobre opções de investimento + nível de capital protegido e no inicio da fase de recebimento, sobre as alternativas de renda oferecidas; 2) Certificado do participante: deve conter informação sobre a natureza, riscos, custos e potenciais ganhos e perdas do produto, permitindo comparações com outros PEPPs (não é material de marketing); 3) Extrato anual: deve fornecer uma visão da performance e renda projetada, ressaltar o efeito sobre o beneficio projetado decorrente da inflação, nível de contribuição, custos e da garantia; 4) Custo máximo: 1% a.a. sobre o capital acumulado p/ pagar despesas administrativas, gestão financeira e distribuição. Coberturas adicionais, como pensão por morte, não requeridas no produto básico, não devem ser incluídas nesse limite.; 5) Proteção do capital: deve garantir que o poupador receba de volta pelo menos suas contribuições, o custo da garantia não esta no máximo de 1%: 6) ESG: o certificado do participante deve informar como os riscos ESG são integrados nas decisões de investimentos e já se pensa em tornar os investimentos em ESG obrigatórios nos PEPPs; 7) Direito de trocar de prestador: no mínimo a cada cinco anos ou menor período se o prestador assim permitir; e 8) Portabilidade entre países: participante pode continuar contribuindo para o mesmo PEPP ao mudar de pais, nesse caso é aberta uma sub-conta no PEPP do mesmo prestador no novo pais para continuidade das contribuições. Haverá uma subconta para cada país devido a diferença de tributação entre os países da UE. Se o prestador não operar PEPP no novo país de residência do participante, este poderá trocar imediatamente de provedor, sem nenhum custo. Os benefícios poderão ser pagos pelo PEPP em qualquer parte do mundo, mas as contribuições apenas nos países da UE.


CONCLUSÃO: 

O PEPP abriu caminho para produtos globais de previdência, agora é só uma questão de tempo. Alô @pauloguedes, que tal um PMPP, Pan-Mercosul Produdo de Previdência (individual)?


Grande abraço,

Eder.


Fonte: https://www.pension-europe.eu



terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

TE CONTEI? O PARADOXO DO NOSSO TEMPO: PORQUE UMA GERAÇÃO DE FUNDOS DE PENSÃO QUE SE BENEFICIOU TANTO DE TECNLOGIA É TÃO RESISTENTE A ELA

 



De São Paulo, SP.


O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

Novas tecnologias sempre criaram longo e intenso debate na sociedade e seus impactos geralmente fazem surgir reações controversas, tanto de esperança como de medo. A ameaça geralmente é percebida no contexto dos riscos aos valores morais, à saúde humana e à segurança ambiental (tipo consumo de energia do bitcoin), mas por debaixo de preocupações legitimas, frequentemente se escondem profundas considerações socioeconômicas, não reconhecidas (tipo disruptura de bancos com cryptomoedas). A tensão provocada pelas novas tecnologias é intensificada pela percepção de que seus benefícios ficarão restritos a um pequeno grupo de setores da sociedade enquanto os riscos serão distribuídos mais amplamente por todos. Não à toa, sociedades onde há grande desigualdade econômica (como no Brasil) tendem a enfrentar maiores controvérsias tecnológicas e intensos debates sociais.     


POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

Há hoje nos fundos de pensão uma tensão entre a necessidade de inovar, de criar novas soluções de segurança financeira futura e a pressão por manter a continuidade, a estabilidade das coisas, o legado, atender o participante do passado, manter o status quo. Esse é o maior desafio dos planos corporativos na era moderna. A demora e a controvérsia em torno da adoção de novos modelos de negócio baseados nas novas tecnologias, revelam a extensão em que cresce o descredito publico e privado nas instituições de previdência complementar. Os ativos digitais, que estão emergindo como uma nova tecnologia propiciada pela cryptoconomia, vão se enraizar e criar um novo ecossistema de soluções institucionais, afetando o segmento de previdência complementar e favorecendo aqueles que abraçarem cedo seu estabelecimento no mercado. Lições dadas pela história não faltam, foi assim com energias renováveis - custava muuuito caro comprar energia éolica, hoje tá tão barata nos EUA que o custo de produção é maior que o de venda - o mesmo com com plantações transgênicas, ensino a distância, edição de genes, drones, impressoras 3D etc.    


CONCLUSÃO: 

Os conselhos deliberativos e lideranças dos fundos de pensão têm grande responsabilidade na adoção de inovações, de fazer os ajustes institucionais, de evoluir na sua própria governança, de criar um novo modelo de negócios. Ou será que preferem fazer como o Larry, do vídeo acima, criado pela corretora de cryptomoedas FTX para o Superbowl, cético e resistente às novas tecnologias e suas mudanças... (infelizmente disponível apenas em inglês).


Grande abraço,

Eder.


Fonte:livro "Innovation and Its Enemies: Why People Resist New Technologies", escrito por Calestous Juma.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

TE CONTEI? NO SEGMENTO DE PREVIDENCIA COMPLEMENTAR FALTA LIDERERANÇA ESTRATÉGICA, TEMOS APENAS PLAYERS GRANDES.

 



De São Paulo, SP.


 

O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

Nos conselhos deliberativos dos fundos de pensão há muitos indivíduos talentosos, mas também tem gente que só está lá para preencher uma cadeira. A única coisa que eles têm em comum é que nenhum membro dos dois grupos é oriundo de profissionais de carreia do setor de previdência, num momento de crise existencial do modelo de planos corporativos. Isso cria um vácuo de liderança estratégica exatamente na hora em que se busca a sobrevivência dessas organizações de previdência complementar, colocando em xeque a sustentabilidade do sistema. 

 

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

Sim, a maioria dos conselhos deliberativos já percebeu que a disruptura avança lentamente - como mostra o declínio na quantidade de fundos de pensão - por isso movimentos de “rebranding”, implantação de planos família e atração de planos de estados e municípios cresceram exponencialmente nos últimos dois anos. Só que isso está longe de imprimir mudanças na velocidade necessária, porque em previdência tudo acontece devagar, com resultados aparecendo somente no longo prazo, se o tempo permitir. Os planos existentes, por exemplo, o legado que compõe uns 90% do setor, não mudaram seus regulamentos e continuam com o autopatrocinio, o BPD e os demais mecanismos de funcionamento desalinhados da realidade de operadoras de planos de previdência mais abertos. Os conselhos não adaptaram sua governança para essa estratégia, então vemos fundo multipatrocinado com uma (isso mesmo, uma!) reunião ordinária do conselho deliberativo por ano e membros representando as patrocinadoras, mas não “a família” dos participantes. Uma pesquisa na Inglaterra - Trafalgar House’s Trust and Confidence Index 2021 - mostra falta de confiança geral no setor de previdência complementar: 58,4% das pessoas colocam mais fé em seus próprios processos decisórios e escolha do provedor de previdência; 69,8% dos participantes de planos de previdência acham ter ligeiramente menos ou muito menos que o necessario para se aposentar confortavelmente com apenas 9,3% achando ter mais do que o suficiente. Os participantes também mostram grande desconhecimento de seus planos de previdência: 53,5% não ouviram falar de renda vitalícia e 34,1% (mais de 1/3) nunca ouviram falar de 7 dos 10 termos mais comuns e fundamentais nos planos de previdência como adesão automática e outros.    

 

CONCLUSÃO: 

A falta de compreensão e de engajamento dos participantes com seus planos de previdência afeta negativamente sua segurança financeira futura. Isso compromete o dever fiduciário que fundos de pensão têm de dar apoio à formação de poupança previdenciária de seus membros. Se acontece com os atuais participantes é sinal de que a batalha para atrair novos “clientes” tem tudo para desandar. Liderança estratégica não pode ser exercida sem conhecimento e vivencia profundos do setor e requer visão de futuro, da mesma forma que um móvel antigo requer tempo para existir, não adianta dar umas pinceladas para o móvel parecer uma antiguidade.   


Grande abraço,

Eder.

 

 

Fonte: Survey finds 'overall lack of trust' in the pensions industry, escrito por Benjamin Mercer



Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Cuidados na Portabilidade

Hora no Mundo?

--------------------------------------------------------------------------

Direitos autorais das informações deste blog

Licença Creative Commons
A obra Blog do Eder de Eder Carvalhaes da Costa e Silva foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
Com base na obra disponível em nkl2.blogspot.com.
Podem estar disponíveis permissões adicionais ao âmbito desta licença em http://nkl2.blogspot.com/.

Autorizações


As informações publicadas nesse blog estão acessíveis a qualquer usuário, mas não podem ser copiadas, baixadas ou reutilizadas para uso comercial. O uso, reprodução, modificação, distribuição, transmissão, exibição ou mera referência às informações aqui apresentadas para uso não-comercial, porém, sem a devida remissão à fonte e ao autor são proibidos e sujeitas as penalidades legais cabíveis. Autorizações para distribuição dessas informações poderão ser obtidas através de mensagem enviada para "eder@nkl2.com.br".



Código de Conduta

Com relação aos artigos (posts) do blog:
1. O espaço do blog é um espaço aberto a diálogos honestos
2. Artigos poderão ser corrigidos e a correção será marcada de maneira explícita
3. Não se discutirão finanças empresariais, segredos industriais, condições contratuais com parceiros, clientes ou fornecedores
4. Toda informação proveniente de terceiros será fornecida sem infração de direitos autorais e citando as fontes
5. Artigos e respostas deverão ser escritos de maneira respeitosa e cordial

Com relação aos comentários:
1. Comentários serão revisados depois de publicados - moderação a posteriori - no mais curto prazo possível
2. Conflitos de interese devem ser explicitados
3. Comentários devem ser escritos de maneira respeitosa e cordial. Não serão aceitos comentários que sejam spam, não apropriados ao contexto da dicussão, difamatórios, obscenos ou com qualquer violação dos termos de uso do blog
4. Críticas construtivas são bem vindas.




KISSMETRICS

 
Licença Creative Commons
This work is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Brasil License.