sábado, 28 de junho de 2025

“NÃO DEVEMOS TEMER O FUTURO”: O RECADO DA SEC AOS PAISES QUE BLOQUEIAM FUNDOS DE PENSĀO DE INVESTIR EM CRYPTO ATIVOS

 



De Sāo Paulo, SP.


A aprovação, em 17 de junho passado, do Guiding and Establishing National Innovation for U.S. Stablecoins Act — a Lei chamada de GENIUS Act — marca o ponto de inflexão, um verdadeiro divisor de águas, da cryptoeconomia norte-americana.

A lei cria um arcabouço para emissores de stablecoins, exigindo reservas 100 % lastreadas em caixa ou títulos de altíssima liquidez, auditorias periódicas e registro junto aos reguladores.

Além de proteger investidores, a nova legislação reconhece que as stablecoins já se tornaram uma infraestrutura crítica do mercado, portanto, precisam de regras claras – sem destruir a inovação que lhes deu origem.

A mensagem de Paul Atkins - Presidente da SEC

Dias antes da votação, o presidente da SEC (equivalente à CVM), Paul S. Atkins, levou fez um discurso que já está sendo comparado ao famoso “Keep Calm and Carry On” britânico, pela maneira franca de enfrentar o novo:

“A ideia de um código de software auto-executável, acessível a todos, mas controlado por ninguém, que permite transações privadas e entre pares, pode parecer ficção científica.

Entretanto, a tecnologia blockchain torna possível uma nova classe de softwares capazes de realizar essas funções sem intermediários.

Não acredito que devamos permitir que estruturas regulatórias centenárias sufoquem a inovação […] não devemos automaticamente temer o futuro”

Atkins reforçou que a proteção ao investidor não precisa — nem deve — ser sinônimo de proibição. Para ele, qualquer arcabouço eficaz deve ser tecnologicamente neutro e suficientemente flexível para acomodar paradigmas em transformação.

O contraste: países que ainda proíbem fundos de pensão em crypto

Enquanto a SEC envia sinais verdes, alguns sistemas previdenciários seguem no vermelho. O Brasil é o caso emblemático: a Resolução 5.202 — aprovada pelo Conselho Monetário Nacional em março de 2025 — veda às Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs) qualquer aplicação direta ou indireta (via ETFs ou fundos) em criptoativos.

Motivos oficiais: volatilidade e “risco sistêmico”. Resultado prático: uma barreira regulatória que impede as fundações de captar o prêmio de risco — e de inovação — gerado por ativos digitais.

Outros exemplos ilustram que o pêndulo está virando, como o da Coreia do Sul, que terminou, em maio desse ano, um banimento institucional de oito anos e já prepara diretrizes para que universidades e fundos corporativos possam começar a expor portfólios de investimentos aos cryptoativos, ainda em 2025.

Esses contrastes mostram que a linha entre prudência e imobilismo é tênue — às vezes, politicamente motivada.

O custo de ficar de fora

Credito de Imagem: www.dreamstime.com

Historicamente, manter 1 % a 3 % de Bitcoin em um portfólio 60/40 teria incrementado, na última década, o retorno anualizado em até 3 pontos percentuais, segundo vários backtests públicos.

Um estudo da Stocklytics aponta retorno anualizado de 124 % para o BTC nos últimos 10 anos, contra cerca de 11 % do S&P 500.

Se parcelas modestas de crypto já fazem diferença em fundos soberanos — a exemplo do Governo da Noruega, que expõe sua reserva via ETFs listados nos EUA — impedir qualquer contato das EFPCs com o setor significa, na prática, cavar tracking error negativo para milhões de participantes brasileiros. Além disso:

  • Perda de diversificação: correlação cada vez menor entre Bitcoin e renda fixa global.

  • Atrito geracional: jovens contribuintes não entendem por que seus planos não podem acessar um ativo que eles próprios compram em apps de celular.

  • Fuga de talentos: gestores inovadores migram para mercados onde podem experimentar essa exposição.

Em resumo,

Legislações de “blindagem total” acabam criando exatamente o risco que pretendiam evitar: o de um sistema previdenciário defasado — por isso, menos solvente.

O que a GENIUS Act ensina aos reguladores previdenciários

Credito de Imagem: www.cryptotimes.io
  • Tecnologia e regulação não são excludentes. A lei mostra ser possível exigir transparência, liquidez e auditoria, sem matar o produto.

  • Regra clara atrai players institucionais. Reserve backing + auditoria = bases suficientes para que grandes fundos entrem nessa nova classe de investimentos (cryptoativos) sem abrir mão do dever fiduciário.

  • Sandbox regulatório pode ser ponte, não muro. A SEC criou, dentro da própria agência, uma Força-Tarefa de DeFi para dialogar continuamente com o mercado — não para “espionar”, mas para iterar regras em tempo real.

Recomendações para países aversos à crypto

  1. Revisar proibições absolutas e substituí-las por limites percentuais (ex.: 2 % do patrimônio) aliados a testes de estresse.

  2. Permitir exposição indireta via ETFs regulados, exigindo que o gestor prove aderência a critérios de liquidez e custódia qualificada.

  3. Criar canais formais de diálogo entre reguladores, gestores de fundos de pensão e emissores de cryptoativos.

  4. Educar conselheiros e participantes, pois ignorar a demanda geracional só adia — e agrava — o problema.

Concluindo

A fala de Paul Atkins é um convite aos gestores de planos de previdência complementar: “Não devemos automaticamente temer o futuro”.

O futuro, afinal, já está tokenizado.

Países que optam por blindar seus fundos de pensão contra a cryptoeconomia podem descobrir — tarde demais — que protegeram mais o status quo do que a poupança dos participantes.

O GENIUS Act prova que inovação e proteção ao investidor podem coexistir. O Brasil precisa decidir: embarcará nesse trem? Ou ficará para trás na estação?

Grande abraço,

Eder.


Opiniōes: Todas minhas | Fontes: “A Whatershed Moment”, escrito por Panagiotis Kriaris | “Um Ponto de Inflexão para Cripto nos EUA”, escrito por Samir Kerbage | “GENIUS Act Passed: The U.S. Just Changed Crypto Forever”, publicado no Blockfuturist | “Remarks at the Crypto Task Force Roundtable on Decentralized Finance”, escrito por Paulo Atkins.

Disclaimer: Esse artigo foi escrito com uso de IA, baseado em prompts do autor e informações das fontes citadas.


quarta-feira, 25 de junho de 2025

REFLEXĀO DA SEMANA E PICDUJOUR



Bom dia,


“Cometemos um erro” é quase o mesmo que dizer “tomamos uma decisāo ruim”. 


Em situações difíceis de prever, o conselho deliberativo de um fundo de pensāo fica confuso sobre o que realmente aconteceu.


O conselho pode ter tomado uma decisão ruim, mas também é possível que não tenha cometido nenhum erro. Pode ser, simplesmente, que o resultado tenha sido ruim.


Cometer um erro e tomar uma decisão ruim, sāo coisas diferentes.


Boas decisões são cálculos que você faz, baseado naquilo que você sabe no momento. Se o mundo se mostrar diferente dos dados que você tinha, essa não é uma má decisão.


Uma decisão ruim é aquela que não se baseia nos fatos disponíveis.


Uma má decisão é um erro de julgamento ou falta de capacidade, porque os bons tomadores de decisão, quando confrontados com as mesmas opções que você tinha, não teriam feito o que você fez.


Porém, boas decisões às vezes podem levar a resultados indesejados.


Pegar um trem as 8:20 é uma boa decisão. Se o trem quebrar e você se atrasar, ainda assim, foi uma boa decisão.


Comprar um bilhete da loteria nunca é uma boa decisão. Às vezes você ganha e isso é ótimo. Mas, considerando os dados que você tinha sobre a chance de ganhar, quando você comprou o bilhete havia meios claramente mais lucrativos para investir seu dinheiro.


A semântica importa porque um conselho deliberativo deve repetir as boas decisões e evitar os erros que podem ser evitados.


Toda vez que o conselho toma uma decisão, há um resultado. Mas o conselho só pode tomar decisões inteligentes em relação ao que ele sabe (incluindo as probabilidades), não em relação ao que está prestes a acontecer.


Grande abraço,



Fonte: “I made a mistake”, escrito por Seth Godin


terça-feira, 24 de junho de 2025

O MITO DO PARTICIPANTE ISOLADO E A DINÂMICA LIDER-SEGUIDOR EM FUNDOS DE PENSĀO

 


De Sāo Paulo, SP.


Vamos reconhecer, a atração de participantes é o oxigênio dos fundos de pensão, equivalente nas empresas ao crescimento dos negócios. Sem novos participantes, as coisas começam a azedar, rapidamente.

O patrimônio atinge um platô, a inovação não acontece e antes que o conselho deliberativo perceba, o fundo de pensão se torna - metaforicamente - a Nokia no mundo dos Iphones.

Os planos de previdência complementar corporativos nāo estāo falhando na atração dos jovens pela falta de ideias e iniciativas. Nāo. Falham porque nāo conseguem entender as relações entre seus participantes.

Isso mesmo, nāo sua relação com os participantes, mas a relação entre os participantes.

O exemplo da cerveja Bud Light é excelente para quem quer entender o que está acontecendo com os fundos de pensão. Durante anos a marca visou um publico tradicional e comum. Pense em jogos de baseball, churrasco e motoristas de caminhão.

Mas na medida que esse publico envelheceu, eles tentaram atrair consumidores mais jovens, cabeça aberta, mais progressistas. Contrataram uma influencer trans como garota propaganda. Boom! Dois segmentos tratados como mundos separados, repentinamente, colidiram como dois bêbados numa festa de carnaval.

A Budweiser passou de marca mais vendida de cerveja nos EUA, para case de “como perder market share e valor de mercado em 10 dias”. O que deu errado?

Eles presumiram que os segmentos nāo notariam um ao outro, que ficariam indiferentes. Em 2023 escrevi um artigo sobre isso, intitulado “O Que os Fundos de Pensāo Podem Aprender Tomando uma Bud Light com Toulouse-Lautrec”, link: aqui

Fundos de pensão precisam parar de encarar segmentos diferentes de participante como ilhas nitidamente separadas uma das outras. Aqui estou me referindo tanto a diferentes faixas etárias, como diferentes origens de participante (empregados de patrocinadoras versus familiares e pessoas físicas).

Eles se sobrepõem, se complementam, mas também podem entrar em conflito um com o outro.

Nāo se pode mais susurrar

Nos MBAs de Marketing, você aprende a identificar seus segmentos de cliente e tratá-los individualmente. Ótima ideia ... na teoria. Na prática, esses segmentos nāo vivem alegremente isolados um do outro.

Eles reagem ao que os outros estão fazendo, dizendo e mais importante, ao que os fundos de pensāo estão sinalizando para eles, intencionalmente ou não.

Antigamente as marcas podiam atingir segmentos de nicho, sem que ninguém se importasse. Quer anunciar em uma revista especializada? Ótimo. Patrocinar uma parada do orgulho LGBTQIA+ em uma cidade progressista? Vá em frente.

Mas hoje em dia todas as mensagens sāo publicas. Se o segmento X ouve o que voce disse para o segmento Y e se ofende, você está frito. Ryan Hamilton e Annie Wilson, explicam isso com maestria no livro “The Growth Dilemma: Managing Yout Brand When Different Customers Want Different Things”:

"Se a sua estratégia depende de um segmento não ouvir a sua mensagem para outro, é uma estratégia ruim. Não se pode sussurrar em um mundo de megafones



Credito de Imagem: Amazon.com


Muitas empresas tentam crescer apelando para novos segmentos, achando que sua base original de clientes vai ficar no canto, quieta e em silêncio,. Quer um exemplo?

A loja de departamentos Kohl’s, nos EUA, que vende roupa para classe media-baixa, tentou se tornar mais sofisticada, colocando em suas lojas quiosques com produtos da Sephora e Babies-R-Us.

Mas ao fazer isso, eles alienaram seus clientes existentes, que só queriam meias com bom preço e não maquiagem requintada e bolsas de marca para colocar fraldas. Resultado: as ações despencaram, três CEOs entraram e saíram como uma porta de saloon e o crescimento nunca se materializou.

Porquê? Porque os seguimentos interagem e às vezes conflitam. Não se trata apenas de tamanho. Trata-se de valor. Um segmento de clientes entusiasmados e barulhentos (classe média baixa), pode superar um segmento mais passivo (classes mais altas).

Um case bem brasileiro como benchmark

Preste atenção aos relacionamento líder-seguidor entre os segmentos de consumidores. Há grupos que estabelecem a tendência e outros – geralmente maiores – que a seguem.

Lançadas em 1962 pela Alpargatas, as Havaianas foram inspiradas na sandália japonesa Zori, feita com solado de palha de arroz. Era um produto popular, usado por pessoas simples e de baixa renda, como operários de obras.


Credito de Imagem: www.havaianas.com.br


Até que em 1994, percebendo que os surfistas invertiam o lado do solado, colocando a parte colorida para cima, a marca investiu em novas cores, estampas e modelos. Lançou edições limitadas com designers de moda e passou a atrair consumidores de diferentes faixas de renda.



Credito de Imagem: www.havaianas.com.br


A partir de 1999 a Havaianas estrearam no universo da moda, num desfile com ninguém menos que o famoso estilista francês Jean Paul Gaultier. Ao focar em campanhas publicitárias, usar celebridades e influenciadores digitais, a marca se destacou como um produto moderno, descolado, desejável e estiloso.

Credito de Imagem: www.havaianas.com.br


Associar a marca com alta costura elevou seu status e alcançou as classes média e alta, que antes a associavam a um produto popular.


Essa é a mágica da dinamia líder-seguidor: quando você conquista os líderes certos, eles trazem a multidão com eles.

O que faria um profissional de marketing num fundo de pensāo?

Começaria por duas perguntas simples, mas poderosas:

1. Que tipo de relacionamento existem entre os segmentos de participante? Eles são solidários, indiferentes, ambiciosos ou totalmente hostis?

2. Que tipos de conflito podem surgir entre eles? Não apenas ideológico, mas em termos práticos. Eles querem produtos, serviços, mensagens diferentes?

Seja deliberado. Teste ideias. Engaje seus segmentos líderes. Não jogue apenas uma nova campanha de comunicação no ar ou lance um novo produto (tipo plano família) no vazio e espere que tudo dê certo, fazendo o maior sucesso.

A maioria das boas experiencia dos participantes nos fundos de pensão não são deliberadas. Acontecem por acidente.

Mas quando se trata de estratégia de crescimento de um fundo. de pensāo, acidentes custam caro …

Grande abraço,

Eder.


Opiniōes: Todas minhas | Fontes: “The Growth Dilemma: Managing Your Brand When Different Customers Want Different Things”, escrito por Colin Shaw.


OS FUNDOS DE PENSĀO AINDA FUNCIONAM DAS 9 ÀS 17, O MUNDO NĀO

 


De Sāo Paulo, SP.


Os mercados hoje em dia são globais, interconectados e funcionam sempre no “on”. Na verdade, TUDO hoje em dia é global, interconectado e funciona 24 horas.

A ideia de que a formação de capital precisa de um período de inatividade forçada para proteger o investidor, está ultrapassada.

A tecnologia evoluiu e a informação viaja em milissegundos. Por que investidores e poupadores – tanto do atacado quanto do varejo – ainda ficam com as mãos amarradas em janelas de tempo (sábados, domingos, feriados e fora do horario “comercial”) que impedem a negociação dos investimentos?

Um importante evento geopolítico aconteceu na sexta feira retrasada e a situação escalou durante o fim de semana. Atividades militares afetaram os principais corredores comerciais.

Os preços do petróleo dispararam, as moedas dos mercados emergentes se desvalorizaram nas transações comerciais, o valor dos ativos digitais caiu – apesar de ter sido uma resposta bastante moderada numa comparação histórica.

O que os investidores em ações e títulos públicos puderam fazer a respeito? Nada! Os mercados estavam fechados. A turma da Faria Lima dorme, enquanto o mundo gira.

Os mercados de ações e os fundos de pensão operam como se ainda estivéssemos em 1977, fechando as portas nas sextas-feiras às 5 p.m. (horário de Brasília) e reabrindo nas segundas às 9:30 a.m.

Sāo quase dois dias e meio durante os quais os investidores ficam impossibilitados de responder, proteger seus investimentos, criar alfa ou reposicionar portfolios.

Isso também afeta os investimentos dos fundos de pensão, mas não apenas isso. Esses breakes tornam os participantes incapazes, por exemplo, de movimentar suas poupanças via portabilidades e resgates.

Por que os mercados de crypto foram os únicos a reagir?

Dar uma paradinha, sem ter que operar 24/7 em tempo real, pode ser saudável para clarear o horizonte. Mesmo os piores dias e fases dos mercados financeiros, eventualmente, vão embora.

Porém, ter a opção de liquidar uma posição de investimentos é bem diferente de ser forçado a fazê-lo. Se um rebalanceamento do portfolio for crítico, ninguém deveria ter que esperar até segunda-feira s 09:30 a.m. para agir.

Até o sino da B3 e das demais bolsas de valores tocar, qualquer oportunidade terá se esvanecido.

Não há razão tecnológica para que ações não possam ser negociadas 24 horas por dia, idem para portabilidades e resgates na previdência complementar.

As cryptomoedas podem. Os mercados futuros, em sua maioria, podem. Câmbio e commodities chegam perto disso.

Bitcoin, Ethereum e outros cryptoativos são negociados 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano. Exatamente por isso, as cryptomoedas se tornaram o barômetro de risco “de facto”, no fim de semana retrasado, quando os EUA entraram na guerra contra o Irā.

Quando as manchetes geopolíticas chegam num sábado, as cryptomoedas são o único ativo de risco líquido disponível. O Bitcoin reage. O ETH se ajusta. Às vezes com precisão, às vezes não — mas pelo menos o mercado tem voz ativa. De certa forma, as cryptomoedas se tornaram a aferição do humor global.

Quer proteger uma carteira de investimentos num sábado à noite, após um momento crítico no Oriente Médio? Deu azar, seu fundo de pensão não pode fazer isso nos mercados tradicionais.

Nos investimentos em crypto, você pode reduzir o risco, reposicionar o portfolio e até mesmo arbitrar o sentimento dos mercados em tempo real.

Os players institucionais estão discretamente reconhecendo que as cryptomoedas lhes oferecem algo que os mercados tradicionais não oferecem: uma maneira de avaliar as emoções do mercado fora do horário comercial.


Credito de Imagem: www.olhagoias.com.br

Uma questão de nāo querer, nāo de nāo poder

Ninguém está pedindo que os humanos estejam sempre “on”. Da mesma forma que a existência do streaming não significa que você tenha que assistir Netflix às 3 a.m.

O ponto aqui é ter escolha, acesso voluntário, a capacidade de fazer se precisar.

Na era da cryptoeconomia, o banco, corretora ou fundo de pensão que nāo se adaptar à nova realidade, será deixado na primeira curva – não por causa da tecnologia, mas por causa da inércia.

Se o publico pode comprar crypto às 2 a.m. num domingo, porque nāo pode comprar ações da Embraer, fazer portabilidade ou resgatar sua poupança? O catalizador pode nāo ser tecnologia – pode ser necessidade.

Investidores e participantes exigirão essa possibilidade de bancos e fundos de pensão e não tolerarão ficar sem acesso aos seus portfólios. As cryptomoedas, mais uma vez, são as pioneiras, provando que esse acesso não precisa ser interrompido no fim de semana.

É hora dos mercados e dos fundos de pensāo evoluírem se quiserem atrair as novas gerações para suas fileiras, afinal, se o dinheiro nāo dorme, por que o resto do mundo deveria?

Grande abraço,

Eder.


Fonte:Traditional Markets Are Still on 9-to-5—The World Isn’t, escrito por Jeff Dorman.


segunda-feira, 23 de junho de 2025

NOSSOS INVESTIMENTOS E POUPANÇAS ESTĀO PRESOS NA ERA ANALÓGICA, NUM MUNDO QUE FUNCIONA À BASE DE PROGRAMAÇĀO

 


De Sāo Paulo, SP.


Os mercados hoje em dia são globais, interconectados e funcionam sempre no “on”. Na verdade TUDO hoje em dia é global, interconectado e funciona 24 horas.

A ideia de que a formação de capital precisa de um período de inatividade forçada para proteger o investidor, está ultrapassada.

A tecnologia evoluiu e a informação viaja em milissegundos. Por que investidores e poupadores – tanto do atacado quanto do varejo – ainda ficam com as mãos amarradas em janelas de tempo (sábados, domingos, feriados e fora do horario “comercial”) que impedem a negociação dos investimentos?

Um importante evento geopolítico aconteceu na sexta feira passada e a situação escalou durante o fim de semana. Atividades militares afetaram os principais corredores comerciais.

Os preços do petróleo dispararam, as moedas dos mercados emergentes se desvalorizaram nas transações comerciais, o valor dos ativos digitais caíu – apesar de ter sido uma resposta bastante moderada numa comparação histórica.

O que os investidores em ações e títulos públicos puderam fazer a respeito? Nada! Os mercados estavam fechados. A turma da Faria Lima dorme, enquanto o mundo gira.

Os mercados de ações e os fundos de pensão operam como se ainda estivéssemos em 1977, fechando as portas nas sextas-feiras às 5 p.m. (horário de Brasília) e reabrindo nas segundas às 9:30 a.m.

Sāo quase dois dias e meio durante os quais investidores ficam impossibilitados de responder, proteger seus investimentos, criar alfa ou reposicionar portfolios.

Isso também afeta os investimentos dos fundos de pensão, mas não apenas isso. Esses breakes tornam os participantes incapazes, por exemplo, de movimentar suas poupanças via portabilidade e resgates.

Por que os mercados de crypto foram os únicos a reagir?

Dar uma paradinha, sem ter que operar 24/7 em tempo real, pode ser saudável para clarear o horizonte. Mesmo os piores dias e fases dos mercados financeiros, eventualmente, vão embora.

Porém, ter a opção de liquidar uma posição de investimentos é bem diferente de ser forçado a fazê-lo. Se um rebalanceamento do portfolio for crítico, ninguém deveria ter que esperar até segunda-feira s 09:30 a.m. para agir.

Até o sino da B3 tocar, qualquer oportunidade terá se esvanecido.

Não há razão tecnológica para que ações não possam ser negociadas 24 horas por dia, idem para portabilidades e resgates na previdência complementar.

As cryptomoedas podem. Os mercados futuros, em sua maioria, podem. Câmbio e commodities chegam perto disso.

Bitcoin, Ethereum e outros cryptoativos são negociados 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano. Exatamente por isso, as cryptomoedas se tornaram o barômetro de risco “de facto”, no fim de semana passado.

Quando as manchetes geopolíticas chegam num sábado, as cryptomoedas são o único ativo de risco líquido disponível. O Bitcoin reage. O ETH se ajusta. Às vezes com precisão, às vezes não — mas pelo menos o mercado tem voz ativa. De certa forma, as cryptomoedas se tornaram a aferição do humor global.

Quer proteger uma carteira de investimentos num sábado à noite, após um momento crítico no Oriente Médio? Deu azar, não pode fazer isso nos mercados tradicionais.

Nos investimentos em crypto, você pode reduzir o risco, reposicionar e até mesmo arbitrar o sentimento dos mercados em tempo real.

Os players institucionais estão discretamente reconhecendo que as cryptomoedas lhes oferecem algo que os mercados tradicionais não oferecem: uma maneira de avaliar as emoções do mercado fora do horário comercial.

Credito de Imagem: www.olhagoias.com.br

Uma questão de nāo querer, nāo de nāo poder

Ninguém está pedindo que os humanos estejam sempre “on”. Da mesma forma que a existência do streaming não significa que você tenha que assistir Netflix às 3 a.m.

O ponto aqui é ter escolha, acesso voluntario, a capacidade de fazer se precisar.

Na era da cryptoeconomia, o banco, corretora ou fundo de pensão que nāo se adaptar à nova realidade, será deixado na primeira curva – não por causa da tecnologia, mas sim por causa da inércia.

Se o publico pode comprar crypto às 2 a.m. num domingo, porque nāo pode comprar ações da Embraer, fazer portabilidade ou resgate da sua poupança? O catalizador pode nāo ser tecnologia – pode ser necessidade.

Investidores e participantes exigirão essa possibilidade e não tolerarão ficar sem acesso aos seus portfólios. As cryptomoedas, mais uma vez, são as pioneiras, provando que esse acesso não precisa ser interrompido no fim de semana.

É hora dos mercados e fundos de pensāo evoluírem, afinal, se o dinheiro nāo dorme, por que o resto do mundo deveria?

Grande abraço,

Eder.


Fonte:Traditional Markets Are Still on 9-to-5—The World Isn’t, escrito por Jeff Dorman.


sexta-feira, 20 de junho de 2025

Sexo, Fundos de Pensão e o Futuro (nada casto) dos Investimentos



De Sāo Paulo, SP.


A despeito dos enormes avanços que a sociedade humana experimentou nos últimos séculos, sexo continua sendo um assunto carregado de tabus, estigmas e preconceitos. A verdade é que o desconforto em falar sobre sexo persiste até mesmo nos ambientes mais técnicos e profissionais — inclusive nos conselhos dos fundos de pensão.

Mas a realidade é que a indústria do sexo, assim como qualquer outra, é um setor legítimo da economia, com suas startups, inovações, modelos de negócio e claro, riscos e oportunidades para quem investe.

Estamos falando de SexTechs, Apps de Encontros, Coaches de intimidade, Cursos de Educação Sexual, produtos voltados à terceira idade e até de robôs sexuais com inteligência artificial.

Esse ecossistema, que poderia muito bem-estar em uma planilha de análise setorial, é impulsionado por novas gerações que não carregam o mesmo peso moralista sobre o tema. A Geração Z, por exemplo, questiona o status quo não só nos relacionamentos, mas também nos ambientes de trabalho.

Um estudo publicado pela Fast Company mostra que muitos jovens hoje consideram completamente aceitável ter relações sexuais no trabalho, desde que com consentimento e responsabilidade mútua. Pode soar escandaloso para alguns, mas revela uma transformação cultural em curso: sexo está deixando de ser algo escondido para se tornar parte natural da vida — até no “LinkedIn da existência corporativa”.

No começo do ano, escrevi uma trilogia intitulada “Vamos Falar de Sexo nos Fundos de Pensão”, defendendo a tese - nada ortodoxa, eu admito - de que esse setor pode, sim, ser interessante para investidores institucionais. Quem quiser mergulhar nesse universo, pode acessar os textos aqui:

· Parte 1 | Parte 2 | Parte 3

E por falar em futuro: o que dizer dos robôs sexuais equipados com inteligência artificial? Uma publicação recente da Universidade de Leiden discute a urgência de regular o uso dessas tecnologias, levantando questões éticas, de gênero e até de afeto. O que antes parecia ficção científica está cada vez mais ganhando corpo — e mercado.

A economia do desejo, como alguns chamam, está sendo remodelada com as ferramentas da inovação. E se a missão dos fundos de pensão é preparar o futuro, ignorar setores em ascensão por causa de moralismos antigos pode ser, no mínimo, uma miopia estratégica.

Portanto, este artigo é um convite: vamos falar sobre sexo, sim — com responsabilidade, mas sem pudores. Porque investir, no fim das contas, é também reconhecer onde estão as transformações reais da sociedade.

______________

“Investir é, antes de tudo, um ato de reconhecer para onde o mundo está indo — e não onde gostaríamos que ele permanecesse.”

O elefante nu na sala do comitê de investimentos

Credito de Imagem: Marcia Pinho, LinkedIn


Se falarmos de mineração, agronegócio, data centers, fintechs ou imoveis, tudo certo. Mas basta alguém mencionar a palavra “sexo” em uma reunião de conselho que os olhos se desviam, os rostos ficam corados e o clima azeda.

O tema vira piada, desconforto ou silêncio constrangedor. O curioso é que esses mesmos conselheiros gerem fundos com exposição a empresas de bebidas alcoólicas, armamentos (tipo, Embraer), redes sociais que sexualizam corpos e até plataformas de pornografia, via ETFs globais.

Hipocrisia passiva ou distração conveniente?

Fundos de pensão têm a missão de investir com responsabilidade para o longo prazo. Mas responsabilidade não é sinônimo de caretice. Na verdade, negar a existência de setores dinâmicos e inovadores apenas por pudor é, isso sim, um risco — o risco da irrelevância.

A economia do futuro passa por reconhecer que os comportamentos mudaram. E onde há mudança de comportamento, há transformação de mercado. E onde há mercado novo, há oportunidade para o capital paciente e institucional.

A Geração Z chegou — e não pediu licença

A Geração Z não tem medo de conversar sobre temas que, para gerações anteriores, pareciam pertencer ao campo do “íntimo demais”. Intimidade, aliás, virou palavra-chave em muitas dimensões da vida contemporânea. Desde saúde mental até escolhas de consumo, passando, claro, pela forma como as pessoas se relacionam com seus corpos, prazeres e afetos.

O artigo da Fast Company que mencionei anteriormente mostra o quão simbólica é essa mudança: a geração mais jovem do mercado de trabalho já enxerga o sexo no ambiente corporativo com mais naturalidade do que muitos gestores enxergam no campo dos investimentos. Isso não quer dizer que a geração Z seja imprudente — ao contrário: ela entende consentimento, respeito e diversidade como princípios não-negociáveis.

Essa geração não tem medo de aplicar tecnologia na sexualidade. As SexTechs crescem, os robôs sexuais entram em debates sérios sobre regulação, a busca por prazer e conexão digital vira mercado — e, com isso, a economia da intimidade deixa de ser apenas “assunto de revista” para se tornar pauta de portfólio.

Robôs, afeto e retorno ajustado ao desconforto

Um recente estudo publicado pela Universidade de Leiden aprofunda o debate sobre a regulação de robôs sexuais com inteligência artificial. Sim, você leu certo: estamos falando de máquinas que aprendem sobre preferências afetivas e sexuais, e que já estão em uso — especialmente no Japão, Estados Unidos e partes da Europa. A discussão não gira apenas em torno da tecnologia, mas das implicações culturais, sociais e éticas desse novo tipo de interação.

E se hoje soa absurdo pensar nisso como parte de uma carteira institucional, talvez seja interessante lembrar que, há 20 anos, ninguém queria colocar dinheiro em empresas de maconha medicinal, e hoje temos REITs e fundos dedicados ao setor nos EUA e Europa. O mesmo valeu para e-commerce de produtos “adultos”, jogos de azar legalizados e redes sociais que ninguém levava a sério.

O que essas trajetórias ensinam? Que existe um retorno ajustado ao desconforto. Quanto mais um tema gera incômodo, mais potencial ele costuma ter quando observado com racionalidade e menos preconceito.

Para fechar: e se fosse ao contrário?

Imagine por um instante que uma startup de robôs sexuais fosse criada por um grupo de idosos e idosas, com foco em oferecer companhia, afeto e prazer a pessoas acima de 70 anos. E se ela resolvesse abrir capital na B3, se tornasse ESG-friendly, promovesse inclusão, gerasse empregos e fosse rentável?

Você, conselheiro de fundo de pensão, investiria?

Ou deixaria o ativo passar só porque seus colegas ficariam constrangidos na próxima reunião?


Reflexão para os leitores do TECONTEI?:

O papel dos fundos de pensão é garantir dignidade futura, e isso inclui liberdade, bem-estar, saúde e, sim, sexualidade.

Não precisamos moralizar os investimentos. Precisamos profissionalizar as conversas difíceis. Porque o mundo está mudando. E quem investe, precisa mudar junto.


Grande abraço,

Eder.


Opiniōes: Todas minhas | Fontes: “Gen Z wants in-office to be a totally acceptable Thing”, escrito por Sarah Bregel | “New publication - The regulation of sex robots: Gender and sexuality in the era of artificial intelligence”, escrito por Carlotta Rigotti.

Disclaimer: Esse artigo foi escrito com uso de IA, baseado em prompts do autor e informações das fontes citadas.


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