Instruções: No vídeo acima, preste bastante atenção, se concentre e conte quantas vezes os jogadores vestidos de branco passam a bola de basquete um para o outro (apenas os de branco).
Somente após assistir ao vídeo, comece a ler o texto a seguir.
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O QUE AS PESSOAS NOTAM e o que elas deixam passar?
No final dos anos 90, Christopher Chabris junto com Daniel Simons, dois estudiosos do comportamento social, tentavam descobrir a resposta para ambas essas perguntas.
Num experimento que conduziram, eles pediam para um grupo de pessoas que assistissem a um filme com dois minutos de duração (o mesmo que você acaba de assistir).
No filme, conforme você viu, seis pessoas comuns passam uma bola de basquete de uma para a outra. A tarefa dos participantes da pesquisa? Apenas contar a quantidade total de passes de bola entre determinados jogadores.
Após mostrar o filme de curta duração, o pesquisador perguntava para as pessoas quantos passes de bola foram capazes de contar.
Na sequencia, o pesquisador perguntava: você viu o gorila? Vários participantes riam da pergunta: gorila, que gorila???
O filme era então reprisado (faça o teste com algum conhecido).
Sem estarem ocupadas contando os passes de bola, as pessoas viam de forma clara como a luz do dia, um gorila entrar em cena, bater no peito e sair.
O gorila, na verdade um figurante fantasiado de gorila, não era difícil de ver. De fato, não dá para deixar de notar.
Mas ao se concentrarem em contar os passes, muitas pessoas (cerca de metade delas, não sei se você também) não notavam o gorilão.
Essa experiência do gorila, conforme nos ensina a economia comportamental, demonstra que as pessoas só são capazes de prestar a atenção a um número limitado de coisas e que quando algumas dessas coisas não são realçadas, nós simplesmente as ignoramos mesmo que isso nos prejudique.
Os mágicos e os vendedores de carros usados estão a toda hora tentando esconder seus gorilas.
É por isso que os responsáveis por políticas públicas nos EUA e no Reino Unido estão usando os conceitos de economia comportamental em diversas áreas, que vão da doação de órgãos a redução do consumo de eletricidade, da proteção do consumidor a diminuição da inadimplência no pagamento de impostos e claro, na adesão a planos de previdência complementar.
Não é novidade, conforme sabem muito bem os pais de adolescentes, poetas, padres, filósofos, cantores e vendedores de seguros, que o “homo sapiens” não é um “homo economicus”.
A experiência do gorila e muitas outras nos ensinam que o destaque tem grande importância e quando a informação não “salta aos olhos”, as pessoas podem simplesmente ignorá-las, mesmo que essas sejam realmente importantes.
Com base na economia comportamental sabemos, também, que longas instruções, apresentações extremamente detalhadas e formulários complexos podem criar problemas sérios e inesperados, porque dá muito trabalho para as pessoas tentarem entende-los.
O resultado de muitas campanhas de adesão a planos de previdência complementar fica abaixo do esperado, simplesmente por que dá uma dor de cabeça danada para o interessado tentar entender o funcionamento do plano e preencher o formulário de adesão.
A simplificação nas apresentações e explicações sobre o funcionamento dos planos pode fazer uma grande diferença.
O material de comunicação e divulgação de planos de previdência deveria ser mais claro e simplificado, de forma que as pessoas pudessem entender, mais ou menos de relance, o funcionamento do plano no qual estão prestes a aderir.
Os principais mecanismos de funcionamento do plano deveriam ser apresentados num formato amigável, que permitisse às pessoas interessadas fazer comparações bem embasadas vindo a escolher o plano mais adequado as suas necessidades.
Devemos aprender com os experts em economia comportamental e fazer os gorilas previdenciários saltarem para fora da cena, para que assim as pessoas possam enxerga-los plenamente como eles são, claro, levando-as a participar dos planos de aposentadoria.
Forte abraço,
Eder.
Fonte: Adaptado do artigo “Show Me the Money”, escrito por Cass Sunstein e publicado na Revista The New Republic.
Crédito de Imagem: Christian Petersen/Getty Images
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