De São Paulo, SP.
segunda-feira, 14 de agosto de 2017
Seis maneiras para fazer as pessoas pouparem mais para a aposentadoria
De São Paulo, SP.
A pergunta feita no ano passado, durante o Congresso
anual da Associação de Fundos de Pensão e Poupança para Aposentadoria do Reino
Unido (“Pensions and Lifetime Savings Association”), foi:
Como
podemos ajudar as pessoas a poupar o suficiente?
Ao longo de uma semana os dois grupos criados
para responder o desafio chegaram a três ideias-chave cada um, totalizando seis
sugestões sobre como alcançar esse objetivo.
1. Rebatizar a palavra aposentadoria
Há consenso de que os termos mais comuns
usados na área de previdência complementar não são nada positivos. “Pensão”, “Mortalidade”,
“Aposentadoria por Idade”, “Participante Assistido”, “Benefício por Invalidez”.
Isso causa uma impressão ruim nas pessoas, então, uma ideia que surgiu foi
banir e rebatizar o termo “aposentadoria” (tradução livre de pensions em Inglês). Descartar a palavra
aposentadoria e mudar inteiramente a
abordagem para passarmos a falar de poupança
ao longo da vida, pode ser um passo na direção correta. Uma forma para dar
início a essa caminhada é incorporando a educação previdenciária no currículo
nacional das escolas.
“Sentimos que poupança ao longo da vida é algo que precisa ser levado às
escolas e fazer parte do currículo de educação. É importante fazermos os jovens
falarem sobre poupar e tornar a poupança algo divertido. Penso que levar isso
para as escolas é a melhor maneira de começar”, apontou um participante de uma
das equipes.
2. Contribuição Compulsória
A segunda ideia foi tornar compulsórias as
contribuições para a previdência complementar, com um mínimo de 10% do salário
logo que entrarmos no mercado de trabalho.
“Todo mês são deduzidos dos nossos salários impostos
federais e contribuições para o INSS e por mais que todos se queixem, essa é a regra,
então nós nos conformamos, nós aceitamos e na maior parte do tempo nem pensamos
sobre isso. Se todo mês tivermos contribuições compulsórias deduzidas
dos nossos salários, eventualmente isso vai se tornar a norma e quando
finalmente nos aposentarmos todos vão ficar felizes por isso ter sido
obrigatório”, disse outro membro das equipes.
3. Painel de Controle Unificando a Poupança para Aposentadoria
Outra ideia foi criar um sistema que reunisse
em um único lugar todas as fontes de renda para a aposentadoria. Considerando o
sucesso dos serviços bancários móveis, uma equipe sugeriu a criação de um aplicativo
simples onde “você tivesse em um único painel de controle (dashboard) todas as suas poupanças/economias voltadas para a
aposentadoria”.
Apesar da equipe nunca ter ouvido falar antes de um app de previdência desse
tipo, ela se baseou na ideia de um aplicativo que não apenas permitisse às
pessoas enxergarem em um só lugar todas as suas economias e fontes de renda, mas
também permitisse às pessoas consolidar ou transferir essas economias entre as alternativas
existentes.
4. Programa de Fidelidade da Previdência
Outra das equipes também considerou a ajuda que
a tecnologia pode fornecer às pessoas para fazê-las economizar mais. A ideia
central deles foi um sistema de fidelidade voltado para previdência.
Eles consideraram um cartão para acumulação de pontos para troca por recompensas.
Nos moldes daqueles adotados nos programas de milhagem de companhias aéreas e
cartões de crédito que convertem pontos em produtos ou serviços.
Ao invés de receber os pontos daquela forma, a
pontuação poderia creditar fundos adicionais em nossos planos de previdência ou
contas de poupança.
“Os montantes acumulados nos programas de fidelidade
equivalem a uma soma de dinheiro que vale muito a pena. Podem chegar a cerca de
R$ 500 por mês por pessoa”, frisou um membro da equipe.
5. Educação Previdenciária em três etapas
A importância da educação financeira foi
enfatizada por mais de uma equipe. A ideia, dessa vez, foi centrada em um programa
de educação em três estágios-chave ao longo da vida: (i) imediatamente após a
formação acadêmica; (ii) no momento em que a pessoa se tornar um novo
empregado; e (iii) quando começar uma família.
“Acreditamos ser preciso ensinar como
funciona a previdência, o que é um plano de aposentadoria, quanto você precisa
poupar para ter uma boa qualidade de vida no futuro. Nós não aprendemos isso,
somos educados em terminologia financeira porque existe um estigma com a
palavra aposentadoria. Se você mencionar a palavra aposentadoria para alguém na
nossa geração nós levantaremos uma barreira para o assunto, mas é apenas um
jargão. Precisamos ser educados em termos leigos, assim nos sentiremos confiantes
em quanto investir para nosso futuro e em qual idade”.
6. Permanência Mínima nos Planos de Previdência
A última ideia foi só permitir que as pessoas
desistam de um plano de previdência complementar depois de seis meses da adesão.
Na opinião deles, esse é o tempo suficiente para as pessoas obterem maior
entendimento sobre seus investimentos voltados para a aposentadoria. Assim,
poderiam enxergar melhor os benefícios de contribuir com uma percentagem de
seus salários a cada mês.
* * * * * *
Em última instância, ambas as equipes destacaram
a necessidade de quebrar as barreiras entre as gerações mais jovens e os planos
de previdência. Aumentando a educação previdenciária e usando termos mais
simples, os poupadores se sentirão menos alienados sobre o assunto aposentadoria sendo mais provável que
permaneçam em seus planos de previdência complementar.
A introdução da tecnologia para auxiliar na consolidação da poupança previdenciária poderá ajudar a assegurar que a poupança para a aposentadoria esteja em primeiro plano nas mentes das pessoas e não que seja apenas algo a considerar no estágio final da vida.
Concluindo o desafio, foi pedido que a audiência
do Congresso votasse nas seis ideias. A ideia número 2 – poupança compulsória
ao longo da vida – foi a ideia mais votada e ganhou das demais com 30% dos votos.
Se num país que prima pela liberdade de
escolha a compulsoriedade da previdência complementar foi escolhida como
solução, anotem aí, veremos isso implantado por aqui ainda em nossa vida ativa.
Grande
abraço,
Eder.
Fonte:
Adaptado do artigo “PLSA 2016: Conference Challenge - breaking down the pensions stigma” escrito por Talya
Misiri, publicado no PensionsAge.
Crédito
de Imagem: Cartoon Stock
Marcadores:
Futuro,
Previdência Complementar,
Recursos Humanos
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