De São Paulo, SP.
domingo, 24 de fevereiro de 2019
Um robô com inteligência artificial é feito para ser inteligente, não para ser humano - Poupe para a aposentadoria com a inteligência de um robô.
De São Paulo, SP.
Se quiser passar no “Teste de
Turing” um robô falando com você do outro lado do celular, precisa te convencer
de que ele é uma pessoa de carne e osso.
Para isso, o robô precisa
responder a uma série de perguntas, como diria o Presidente, sem fraquejar. Brincadeirinha! O robô
falando com você não pode deixar você perceber que está conversando com uma
máquina.
“Um computador merece ser chamado
de inteligente se puder enganar um humano fazendo-o acreditar que é humano” — Alan Turing
Mas afinal, convencer uma pessoa
numa situação dessas prova o quê? Inteligência? Na verdade, não. O que o teste
mostra para nós é que um computador pode se passar por uma pessoa. É um teste
para o computador fingir que é humano.
Passar num teste assim pode não
ser grande coisa. Isso porque as pessoas, frequentemente, não são lá tão
inteligentes. Tendemos a cometer erros de julgamento, somos tendenciosos,
tomamos decisões irracionais e somos passíveis de manipulação.
Na realidade, nossos erros e vieses
de julgamento em diversas situações, são até previsíveis, como nos ensina Dan
Ariely em seu magnifico livro “Previsivelmente Irracional”. No livro Ariely
mostra que cometemos erros de maneira incrivelmente repetitiva.
A natureza humana evoluiu para
sobreviver e procriar, não para ser lógica e racional. Muitas de nossas
decisões são baseadas em emoção e intuição e não o resultado de cuidadosas
análises embasadas pela racionalidade. A maioria de nossas decisões são
adotadas pelo cérebro em nível subconsciente, conforme amplamente comprovam os
estudos de Neurociência.
Prova disso é que muitas pessoas
não poupam para a aposentadoria, o que seria para lá de lógico, racional e
inteligente todo mundo fazer né!
Isso não significa que o genial
Alan Turing estivesse errado.
Apesar de nossa tendência a cometer erros, somos
considerados a espécie mais inteligente do planeta – pelo menos, até agora.
Portanto, se pudermos ser convencidos de que uma máquina é uma pessoa, claro
que deveríamos dizer que ela é inteligente.
No entanto, ser inteligente é ser
mais do que as pessoas são. Alguns de nossos comportamentos são inteligentes,
outros não. Determinados comportamentos, por mais inteligentes que sejam, nós
nunca adotamos.
Os computadores podem fazer uma
série de cálculos inteligentes e tomar decisões de modo que nós nunca havíamos
pensado antes. Deveríamos desconsiderar esse tipo de inteligência só porque
nunca seria considerada humana?
Teste de
Inteligência versus Teste de Humanidade
Qualquer coisa querendo se passar
por uma pessoa precisaria falhar de acordo com os mesmos erros de comportamento
que os humanos cometem.
Uma máquina que não comete os mesmos
erros que uma pessoa, falhará no teste de humanidade. Já uma máquina que erra
igual a uma pessoa, estará se tornando burra ou nivelando sua inteligência com
a “inteligência” humana.
Nenhuma
dessas opções é interessante.
Inteligência
Artificial nível-humano
Se um computador for tão
inteligente quanto uma pessoa, então cometerá os mesmos erros que nós cometemos.
Mas ué! Isso (errar) não é exatamente o que um robô com IA - inteligência
artificial não deveria fazer?
IA é essa grande inovação em
função do seu potencial de melhorar aquilo que os humanos são, em particular,
superar nossas fraquezas e deficiências. Para ser justo, a IA já é melhor do
que nós em muitas áreas.
Os assistentes de voz encontrados
no mercado, raramente cometerão erros de gramática nem, provavelmente, farão
cálculos matemáticos errados. As pessoas sim, cometem erros desse tipo.
Inteligência não se resume a
dominar uma habilidade, envolve o domínio de muitas habilidades.
A IA está lentamente elevando seu
nível em direção a inteligência humana. Para se passar por uma pessoa a IA
precisaria, simultaneamente, melhorar e piorar, se tornar mais esperta e mais
estúpida.
Como saberemos quando ela tiver
nos alcançado?
IA
nível-mega inteligente
Uma IA que propositalmente
forçasse sua burrice seria preocupante por motivos não tão óbvios. Você ficaria
impressionado ou se sentiria manipulado por um algoritmo que
conseguisse te convencer de que é humano?
O próprio Turing estabeleceu que um
computador seria inteligente quando conseguisse nos enganar fazendo a gente pensar que é humano. Claro, saberíamos que
por trás daquela fachada computacional haveria muito mais domínio de
informações e processamento de dados do que nosso cérebro seria capaz de
processar.
Mas não seria um insulto
interagir com uma máquina mais inteligente do que nós que apesar disso, ficasse
tentando nos imitar e insistindo em nossos erros? Não seria esquisito saber que
poderia ter uma inteligência muito melhor que a nossa, corrigir nossos erros e
que mesmo assim só estaria querendo andar, falar e agir como nós?
O homem sempre construiu
ferramentas e meios para superar suas deficiências. Carro para andar mais
rápido, avião para chegar mais longe, martelo para imprimir força concentrada,
óculos para enxergar direito e por aí vai.
O propósito da IA é ser mais
inteligente do que nós e não ser um humano melhor do que nós. Então, o que
queremos de uma máquina é a maior inteligência possível.
A “mente”
de um robô
Os robôs em suas mais variadas
formas e finalidades terão uma “mente” – se é que podemos chamar a IA assim –
diferente da nossa. Não vamos querer uma IA que fique com raiva ou que tenha
ciúmes. Também não havemos de querer uma IA que possa ser convencida de que a
terra é plana (essa é a parte da idiotice) ou que algumas pessoas são melhores
do que outras.
Ou seja, vamos querer separar a
natureza humana e pegar apenas a parte que consideramos boa para, então, achar
uma maneira de programar isso num computador.
Ainda assim, o funcionamento
dessa mente robótica feita da parte boa seria imensamente diferente da nossa. A
IA será capaz de reter, de uma única vez, muito mais coisas na mente do que nós
somos. Não esquecerá como esquecemos. Será capaz de pensar em 3-4 ou mais
dimensões. Conseguirá pensar em milhões de coisas ao mesmo tempo.
Seria um esforço inútil tentar
forçar um sistema único desses a pensar e se comportar da maneira que as
pessoas agem. Mal comparando, seria como tentar rodar o MacOS Mojave num PC que
roda Windows. Como o hardware não foi desenvolvido para aquele sistema
operacional seria necessário um esforço muito maior para funcionar.
Ou seja, se você está tentando
desenvolver humanidade em um computador, você estaria tentando rodar um sistema
operacional baseado em biologia químico-orgânica em uma máquina feita de chips,
circuitos e componentes eletrônicos que funcionam de forma específica.
A IA deverá ser imbuída de alguns
elementos humanos. Seria bom falar as mesmas línguas que nós falamos, para que a
forma de interagirmos e nos comunicarmos com ela nos seja familiar.
Também deverá ter determinadas
emoções (ou algo que funcione como uma emoção) para ajudar a nos direcionar
para o caminho certo e de forma amigável ao ser humano, com comportamentos e cognição
– empatia, por exemplo.
Ainda, a IA pode ser programada
para mostrar certas emoções que ajudam na nossa interação e relacionamento com
terceiros ou que nos fazem sentir confortáveis. Isso, claro, sem que a IA sinta
ou experimente essas emoções da mesma maneira que um ser humano o faz.
Os algoritmos da IA também podem
ser desenhados para ler as emoções das pessoas e responder de forma apropriada.
Nenhuma dessas programações, no entanto, fará a AI assumir a condição humana.
Um algoritmo que tenha medo da
sua própria morte, que consiga odiar alguém ou alguma coisa ou que fique aborrecido
quando estiver perdendo um jogo, provavelmente não funcionará muito bem.
Vamos ter que achar e selecionar com
equilíbrio suficiente os elementos emocionais entre humanidade e “roboticidade”.
Conforme bem definido por Patrick Lin – Diretor de Ética + Grupo de Ciências
Emergentes da Cal Poly (California
Polytechnic State University): “Quando dizemos que os robôs têm emoções,
não significa que eles fiquem alegres ou tristes ou passem por estados mentais.
Significa que eles apresentam comportamentos que nós humanos interpretamos
dessa ou daquela forma”.
IA
artística
Ao acharmos um meio de fazer a IA
ter seu próprio "eu" e trabalhar junto conosco, ao invés de tentar simular a
mente e o comportamento humanos, estaremos ajudando a reservar determinadas
áreas para os humanos – arte é um bom exemplo.
Sem o espectro completo de
emoções que as pessoas possuem, conseguiria a IA criar arte e música verdadeiramente
tocantes?
As artes plásticas costumam
provocar reações emocionais. Sabemos que muitos dos grandes trabalhos artísticos
foram produzidos a partir de sentimentos negativos como decepções amorosas,
saudade e tristeza.
Sim, já
existe arte desenvolvida por IA que conseguiu produzir alguns resultados
interessantes que poderiam se passar por criações humanas. A despeito disso, a
arte produzida por IA depende de:
1.
Definição de regras: Antes da IA criar qualquer coisa que possamos
apreciar, os engenheiros humanos precisam estabelecer os limites ou definir as
regras do campo de criação – restringindo o programa a certo estilo em música,
por exemplo.
2.
Aprendizado com os melhores: a IA é treinada a partir de exemplos de arte
produzida por outras pessoas – acaba, assim, com um conceito homogeneizado de
arte. A IA foi capaz de criar novos trabalhos seguindo o estilo de pintores
famosos e criou músicas que soam como os Beatles, ou seja, a IA fica presa aos
limites desses artistas.
Nós
também fazemos dessa forma, claro – estudamos música e praticamos instrumentos copiando
nossos ídolos.
Mas não paramos aí. Simplesmente seguir as regras e copiar os
maiores artistas não garantirá que você fará músicas que as pessoas vão querer ouvir.
Com imitações baratas você provavelmente vai apenas diluir o mercado de um
estilo já suficientemente explorado por outros artistas.
A chave
para uma boa arte é desenvolver algo a mais, levar a um lugar novo, elevar a um nível
inesperado ou nunca atingido antes e fazer isso de uma forma que provoque
uma resposta emocional, conforme a intenção do artista.
Será que
conseguimos que a IA crie seu próprio estilo que não seja simplesmente uma
réplica de outro artista?
Conseguiríamos que criasse um estilo que não seja
apenas uma “média” de tudo que aprendeu? Será que conseguimos – e essa é a
grande questão – fazer a IA criar um estilo de arte que mesmo desconhecido nos sensibilize,
algo que provoque emoção nas pessoas, não aleatoriamente, mas intencionalmente?
De modo a
criar algo ao mesmo tempo bom e
novo a IA teria que saber quando e como quebrar as regras. Você pode programar uma
escala musical e como se mover entre os acordes, mas será que conseguiria
ensinar como quebrar essas regras e se afastar dessas estruturas quando o
contexto emocional da música demandar – e fazer isso da forma esteticamente mais
prazerosa?
Sem uma
mente semelhante à de uma pessoa, sem a habilidade de associar o espectro
completo de emoções ou de sentir por si mesmo a música e a arte da maneira que
nós sentimos, as chances da IA nos levar às lágrimas através da música são praticamente
impossíveis. Iria precisar constantemente de um julgamento humano para nos
dizer: “Ei, essa música é legal!”, porque simplesmente não seria capaz de julgar
por si mesmo.
Separados seguiremos
Se a arte ficará livre da automação
graças a complexa interação entre regras, criatividade e emoções, então talvez
outras áreas possam ficar também.
Campos que requerem certos níveis
de inteligência emocional e habilidades relacionadas à condição humana podem
permanecer empreendimentos largamente humanos.
Música,
arte, cinema, literatura, esportes, ilustração e muitos outras atividades ligadas
à criação, requerem a distorção da psique humana de um modo que apenas outro
ser humano possa apreciar ou prever.
Não
deveria ser assim mesmo? Deixemos os computadores lidarem com dados e processamento,
deixemos que eles conduzam análises mais detalhadas e melhorem nosso processo
decisório que é apoiado somente na lógica. Mas deixemos as pessoas lidem com o
subjetivo e com os mundos interiores de outras pessoas.
Olhando para o futuro, na medida em que os computadores aumentem seu poder e inteligência, a
IA provavelmente vai criar arte capaz de nos tocar. Vai desenvolver coisas
novas.
Com nossa ajuda, poderá entender, mesmo que não seja capaz de sentir, a
forma que reagimos emocionalmente. Saberá, mesmo que não consiga vivenciar por
si só, como e quando usar determinadas emoções da mesma forma que nós fazemos.
Mas deveríamos almejar isso? Eu não quero ser convencido de que um computador superinteligente
é uma pessoa. Eu não quero algo que é capaz de solucionar problemas complexos, desperdiçando
tempo tentando agir como um cérebro. Deixemos que fale como o Spock, deixemos me
convencer que é esperto, deixemos se exibir resolvendo problemas que eu nunca conseguiria
resolver.
Deixemos a
condição humana, a volatilidade emocional e com ela a arte, para nós, humanos.
“...
parece que dar a IA a compreensão da condição humana seria apenas mais uma
forma de nos tornar obsoletos – e nesse processo, renunciar a qualidade final
que nos diferencia das máquinas e nos torna humanos” (Singularity Hub).
Poupe
para a aposentadoria com sua inteligência humana, porque a IA não vai precisar disso!
Abraço, com calor humano,
Eder.
Fonte: Adaptado do artigo “All Too Human—Why Passing the Turing Test is
a Bad Idea “, escrito por Sam Brinson.
Crédito
de Imagem: Photo: NA Films/ Film4/ Universal Pictures
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019
Série: Passos para ter um board de alto desempenho no seu fundo de pensão Parte III - Um membro das novas-gerações se juntou ao conselho deliberativo. O que vem em seguida?
De São Paulo, SP.
Algo que ajudaria bastante um “marinheiro de
primeira viagem” no conselho deliberativo de um fundo de pensão, seria um
processo mais completo de ambientação do novo conselheiro.
O que se vê, em geral, são programas de treinamento para que os conselheiros consigam obter ou renovar suas certificações de dirigentes, exigidas pela legislação.
Idealmente, o processo de “onboarding” de um conselheiro estreante, ainda mais se for alguém das novas gerações, deveria acontecer antes mesmo da primeira reunião que contará com sua participação no colegiado.
Hoje, porém, o processo de ambientação tem ficado a cargo do novo conselheiro a quem tem cabido a iniciativa de se preparar para entrar no ritmo do conselho deliberativo.
A imersão nos assuntos do fundo tem ficado a cargo do próprio membro novato, seja através da leitura de documentos sobre a gestão do fundo de pensão, de atas das reuniões anteriores, do acesso ao website do fundo ou por outros meios a sua mão.
Tudo isso, porém, se mostra insuficiente. Um bom processo de iniciação deveria incluir, minimamente:
O que se vê, em geral, são programas de treinamento para que os conselheiros consigam obter ou renovar suas certificações de dirigentes, exigidas pela legislação.
Idealmente, o processo de “onboarding” de um conselheiro estreante, ainda mais se for alguém das novas gerações, deveria acontecer antes mesmo da primeira reunião que contará com sua participação no colegiado.
Hoje, porém, o processo de ambientação tem ficado a cargo do novo conselheiro a quem tem cabido a iniciativa de se preparar para entrar no ritmo do conselho deliberativo.
A imersão nos assuntos do fundo tem ficado a cargo do próprio membro novato, seja através da leitura de documentos sobre a gestão do fundo de pensão, de atas das reuniões anteriores, do acesso ao website do fundo ou por outros meios a sua mão.
Tudo isso, porém, se mostra insuficiente. Um bom processo de iniciação deveria incluir, minimamente:
- Apresentação para o novo conselheiro, conduzida pela diretoria executiva, sobre a administração do fundo e o status atual;
- Visitas às instalações do fundo de pensão e quando a administração for terceirizada, aos terceiros;
- Reuniões com assessores e consultores externos, como advogados, atuários, auditores contábeis e outros;
- Encontro com o presidente do comitê de investimentos e com os bancos, para entender as políticas de investimentos, a performance recente etc.; e
- Reunião com o Presidente do Conselho Fiscal.
O tempo despendido pelo novo conselheiro com a
diretoria executiva para aprender sobre o fundo de pensão, é crítico.
A maioria dos Diretores Superintendentes e suas equipes ficará contente em receber o novo conselheiro e dedicar algum tempo para partilhar com o mesmo, em primeira mão, os projetos em andamento e as prioridades da gestão.
Essa é uma ótima forma de se aproximar da gestão e dos trabalhos sendo desenvolvidos.
Por outro lado, também cairia bem uma apresentação pessoal feita pelo novo conselheiro para toda a alta administração do fundo (conselhos e diretoria).
Sendo um profissional das novas-gerações, ele poderia mostrar sua trajetória profissional, sua área de expertise e a maneira que as tecnologias “disruptivas” estão mudando a face dos negócios.
Esse exercício pode ser uma grande fonte de aprendizado para todos e uma excelente maneira do novo conselheiro passar a ser respeitado pelo seu conhecimento e sua trajetória profissional.
Transição para uma função não-executiva
Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos “marinheiros de primeira viagem” nos conselhos deliberativos dos fundos de pensão é fazer a transição de uma função executiva para uma não-executiva.
Os novos conselheiros até possuem a compreensão intelectual da diferença de papéis, mas na prática subestimam o quão difícil é fazer essa transição.
É importante ajudar esses novos conselheiros, ainda mais aqueles das novas-gerações, a distinguirem tópicos que somente o board pode decidir (ex.: sucessão do Diretor Superintendente) daqueles que devem ser deixados para os gestores decidirem (ex.: questões operacionais).
Estratégia é uma área que exige proximidade e colaboração da diretoria com o conselho. Os conselheiros das novas gerações precisarão aprender a agregar valor com sua expertise única nas discussões do colegiado, sem pisar nos calos da diretoria.
Ouvir e aprender é crucial para esses jovens conselheiros ganharem o respeito e a credibilidade do resto do board.
Precisarão de suporte para saber quando interceder, em que momento forçar mais a barra, em que situação dar um passo para trás, saber fazer as perguntas certas e da maneira correta, não criar dissenso na diretoria nem gerar desincentivo para a gestão, mas encorajar os diretores a pensar sobre as questões sob uma ótica um pouco diferente.
O engajamento de um conselheiro em seu papel não-executivo acontece em um nível mais alto e bem diferente do que o profissional está acostumado em sua função executiva.
Com reuniões ocorrendo mensalmente ou trimestralmente, pode ser difícil identificar se você está agregando valor ou até mesmo o que significa agregar valor.
No entanto, o papel de um conselheiro - principalmente se for alguém das novas-gerações - não começa e termina nas reuniões do conselho deliberativo.
O conselheiro pode interagir e se reunir com qualquer área da administração (atendimento, comunicação, investimentos, TI etc.) sem ser durante as reuniões do colegiado. Oferecer ajuda para a administração de maneira informal e consultiva pode ser uma boa forma para que um jovem conselheiro partilhe seu conhecimento e expertise além da sala de reuniões do board.
O papel de um conselheiro não é necessariamente identificar quais são os problemas, mas propor ideias e questionar a equipe de administração.
Dar feedback para o novo membro do conselho
Se você é um empreendedor, seu negócio vai bem ou vai mal. Se você é um empregado, te dizem se você está fazendo ou não um bom trabalho. Isso não acontece quando você é um conselheiro deliberativo.
Os jovens conselheiros precisarão se ajustar a um papel em que feedback não é algo disponível regularmente.
Uma forma de contornar isso é identificando alguém com quem se sintam confortáveis e com quem possam partilhar opiniões sobre o que está acontecendo no colegiado.
Pode ser um conselheiro mais antigo e experiente ou o próprio presidente do conselho, com quem poderiam se encontrar regularmente para saber sobre sua performance e aprender sobre a melhor forma de contribuir para o colegiado.
Afora feedback individual, os conselhos deliberativos deveriam ter processos formais para auto avaliação anual do colegiado e fornecimento de feedback sobre a atuação dos conselheiros.
Nos poucos conselhos deliberativos de fundos de pensão onde essa prática saudável existe, os conselheiros das novas-gerações tenderiam a se sentir mais confortáveis.
A contribuição do presidente do conselho
Presidentes podem ter grande influência no sucesso de um jovem conselheiro.
Pode ser intimidador chegar num conselho cheio de membros mais antigos e experientes. Particularmente se a composição do colegiado já existe há bastante tempo e este funciona com uma dinâmica própria.
Cabe ao presidente do conselho deliberativo guiar o jovem conselheiro e ao mesmo tempo, assegurar que os demais membros estejam abertos às novas ideias e perspectivas que o novo membro trouxer para as discussões, quaisquer que estas sejam.
Isso vai requerer um trabalho duro do Presidente, no sentido de encorajar o estabelecimento de relacionamentos em nível pessoal. Essa é a melhor forma de assegurar que as discussões tenham espaço para pontos de vista divergentes e convivam com dissensos em nível profissional.
Um presidente pode fazer um monte de coisas para dar apoio a um jovem conselheiro, por exemplo:
A maioria dos Diretores Superintendentes e suas equipes ficará contente em receber o novo conselheiro e dedicar algum tempo para partilhar com o mesmo, em primeira mão, os projetos em andamento e as prioridades da gestão.
Essa é uma ótima forma de se aproximar da gestão e dos trabalhos sendo desenvolvidos.
Por outro lado, também cairia bem uma apresentação pessoal feita pelo novo conselheiro para toda a alta administração do fundo (conselhos e diretoria).
Sendo um profissional das novas-gerações, ele poderia mostrar sua trajetória profissional, sua área de expertise e a maneira que as tecnologias “disruptivas” estão mudando a face dos negócios.
Esse exercício pode ser uma grande fonte de aprendizado para todos e uma excelente maneira do novo conselheiro passar a ser respeitado pelo seu conhecimento e sua trajetória profissional.
Transição para uma função não-executiva
Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos “marinheiros de primeira viagem” nos conselhos deliberativos dos fundos de pensão é fazer a transição de uma função executiva para uma não-executiva.
Os novos conselheiros até possuem a compreensão intelectual da diferença de papéis, mas na prática subestimam o quão difícil é fazer essa transição.
É importante ajudar esses novos conselheiros, ainda mais aqueles das novas-gerações, a distinguirem tópicos que somente o board pode decidir (ex.: sucessão do Diretor Superintendente) daqueles que devem ser deixados para os gestores decidirem (ex.: questões operacionais).
Estratégia é uma área que exige proximidade e colaboração da diretoria com o conselho. Os conselheiros das novas gerações precisarão aprender a agregar valor com sua expertise única nas discussões do colegiado, sem pisar nos calos da diretoria.
Ouvir e aprender é crucial para esses jovens conselheiros ganharem o respeito e a credibilidade do resto do board.
Precisarão de suporte para saber quando interceder, em que momento forçar mais a barra, em que situação dar um passo para trás, saber fazer as perguntas certas e da maneira correta, não criar dissenso na diretoria nem gerar desincentivo para a gestão, mas encorajar os diretores a pensar sobre as questões sob uma ótica um pouco diferente.
O engajamento de um conselheiro em seu papel não-executivo acontece em um nível mais alto e bem diferente do que o profissional está acostumado em sua função executiva.
Com reuniões ocorrendo mensalmente ou trimestralmente, pode ser difícil identificar se você está agregando valor ou até mesmo o que significa agregar valor.
No entanto, o papel de um conselheiro - principalmente se for alguém das novas-gerações - não começa e termina nas reuniões do conselho deliberativo.
O conselheiro pode interagir e se reunir com qualquer área da administração (atendimento, comunicação, investimentos, TI etc.) sem ser durante as reuniões do colegiado. Oferecer ajuda para a administração de maneira informal e consultiva pode ser uma boa forma para que um jovem conselheiro partilhe seu conhecimento e expertise além da sala de reuniões do board.
O papel de um conselheiro não é necessariamente identificar quais são os problemas, mas propor ideias e questionar a equipe de administração.
Dar feedback para o novo membro do conselho
Se você é um empreendedor, seu negócio vai bem ou vai mal. Se você é um empregado, te dizem se você está fazendo ou não um bom trabalho. Isso não acontece quando você é um conselheiro deliberativo.
Os jovens conselheiros precisarão se ajustar a um papel em que feedback não é algo disponível regularmente.
Uma forma de contornar isso é identificando alguém com quem se sintam confortáveis e com quem possam partilhar opiniões sobre o que está acontecendo no colegiado.
Pode ser um conselheiro mais antigo e experiente ou o próprio presidente do conselho, com quem poderiam se encontrar regularmente para saber sobre sua performance e aprender sobre a melhor forma de contribuir para o colegiado.
Afora feedback individual, os conselhos deliberativos deveriam ter processos formais para auto avaliação anual do colegiado e fornecimento de feedback sobre a atuação dos conselheiros.
Nos poucos conselhos deliberativos de fundos de pensão onde essa prática saudável existe, os conselheiros das novas-gerações tenderiam a se sentir mais confortáveis.
A contribuição do presidente do conselho
Presidentes podem ter grande influência no sucesso de um jovem conselheiro.
Pode ser intimidador chegar num conselho cheio de membros mais antigos e experientes. Particularmente se a composição do colegiado já existe há bastante tempo e este funciona com uma dinâmica própria.
Cabe ao presidente do conselho deliberativo guiar o jovem conselheiro e ao mesmo tempo, assegurar que os demais membros estejam abertos às novas ideias e perspectivas que o novo membro trouxer para as discussões, quaisquer que estas sejam.
Isso vai requerer um trabalho duro do Presidente, no sentido de encorajar o estabelecimento de relacionamentos em nível pessoal. Essa é a melhor forma de assegurar que as discussões tenham espaço para pontos de vista divergentes e convivam com dissensos em nível profissional.
Um presidente pode fazer um monte de coisas para dar apoio a um jovem conselheiro, por exemplo:
- Acompanhar bem de perto o processo de onboarding;
- Fornecer coaching para o novo membro sobre a melhor forma de defender os interesses das partes (patrocinadora, participantes e o próprio fundo);
- Fornecer feedback construtivo depois das reuniões;
- Encorajar o novo conselheiro a levantar o braço e opinar ao invés de simplesmente se alinhar com os demais conselheiros seguindo a cultura existente no colegiado.
Conforme comentou o presidente do conselho de administração de uma empresa: “Alguns boards ficam desconfortáveis com um novo membro que pensa de maneira diferente e que ameaça, de maneira respeitosa, chacoalhar as coisas. Às vezes, porém, você precisa que um novo conselheiro desestabilize as convicções vigentes, traga ar fresco e um modo novo de ver as coisas, ainda que isso resulte em uma mudança cultural. O meu papel é permitir que isso aconteça”.
Dito isso, caso um jovem conselheiro se depare com algo no conselho que não entenda, não concorde ou se quiser emitir uma opinião polêmica durante uma reunião do conselho deliberativo, provavelmente seria sábio levantar a questão com o presidente, antes da reunião.
Um jovem conselheiro tem que ser educado e respeitoso ao expressar seu ponto de vista, mesmo que totalmente contrário à opinião dos demais membros do colegiado. Caso seu argumento não prevaleça, tudo bem. Sem problema.
Claro, se o assunto se tornar uma questão de princípios, você é sempre livre para partir, certo?
Grande abraço.
Eder.
Fonte: Tradução e adaptação do artigo “How
Next‑Generation Board Directors Are Having an Impact” escrito por George Anderson, Julie Hembrock Daum, Tobias Petri,
Tessa Bamford e Rohit S. Kale.
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