Os dois estudantes de graduação quase não acreditaram na sorte, eles haviam criado um aplicativo e agora uma empresa que tinha tecnologia inferior estava avaliando comprá-lo por US$ 1 milhão.
É verdade que outros desenvolvedores de software estavam conseguindo vender suas soluções para grandes empresas, por dezenas de milhões de dólares, mas tudo bem, eles se contentavam com um milhãozinho. O plano deles era pegar o dinheiro, comprar suas casas e seguir a vida com seus estudos e suas pesquisas.
Um dia o telefone tocou, era o advogado deles, estava ajudando na venda do aplicativo. Do outro lado da linha ouviram o seguinte: “Tenho más notícias pessoal. O CEO rejeitou a oferta de US$ 1 milhão, mas se vocês toparem reduzir o preço, eu acho que consigo convencer ele a pagar US$ 750 mil”.
Os dois estudantes colocaram o telefone no modo “mudo” e conversaram a sós por um momento, sem que o advogado os ouvisse. Setecentos e cinquenta mil? Sabiam que valia mais, porém, fazer o quê? Não tinham lá muita alternativa. Relutaram por um instante, mas concordaram.
Alguns dias depois o advogado retorna o contato. A grande empresa que estava interessada, desistiu. Os estudantes de graduação ficaram chateados. Se quisessem ganhar algum dinheiro com o aplicativo, teriam que adotar o plano “B”: criar uma empresa real em torno do aplicativo.
O plano “B” não era o que eles queriam, mas já estavam acostumados a fazer sacrifícios na vida. O mais novo deles vinha de uma família de imigrantes que fugira da União Soviética para a América. Antes de emigrarem, ele enfrentava provocações anti-semitas todo santo dia. Cursar faculdade seria praticamente impossível no seu país de origem. Tanto seu pai como sua mãe haviam perdido os empregos apenas porque demonstraram interesse em deixar o país. Resolveram emigrar, mesmo assim, mas a família ficou oito meses sem receber nenhuma renda enquanto esperava aprovação das autoridades de imigração para se mudarem para os EUA.
Quando finalmente conseguiram chegar em segurança na América, a vida dele mudou. A mudança em si foi uma luta, mas graças ao seu talento natural ele se destacou nos estudos. Estava de olho no MIT, mas sem chance, foi rejeitado. Partiu então para o plano “B”: Stanford. Uma vez lá foi alocado para trabalhar num projeto da faculdade junto com outro graduando.
Tentaram fazer o trabalho juntos, mas um achava o outro muito pretensioso, agressivo e irritante. Por que se detestavam? Ao trabalharem lado a lado perceberam que eram praticamente clones um do outro – mesmos interesses, nível de escolaridade e inteligência. Um irritava o outro por serem tão parecidos.
Não demorou muito para se acostumarem um com o outro e aprenderem a trabalhar juntos. Canalizaram as energias para o projeto de desenvolvimento do aplicativo ao invés das picuinhas e desentendimentos.
O projeto da faculdade que eles estavam trabalhando era voltado para desenvolver uma ferramenta para os professores e alunos que possibilitasse encontrar informações dentre inúmeras fontes de dados. Os dois desenvolveram um algoritmo de ponta que funcionava como uma magica. Stanford adorou e como se tratava de um projeto da faculdade, entrou com pedido de patente.
Inspirados pela boa receptividade do aplicativo que desenvolveram para a faculdade, os alunos bolaram dois planos. O plano “A”: vender a tecnologia e continuar estudando. O plano “B”: criar uma empresa em torno da tecnologia.
O plano “A” falhou, ninguém queria comprar o aplicativo por US$ 750 mil. Partiram para o plano “B”, mas isso significava abandonar permanentemente o doutorado e se dedicar ao novo negócio em tempo integral.
Os estudantes procuraram um professor que dava consultoria para empreendedores, nas horas vagas. Durante a papo, o professor pegou o telefone e convidou um investidor para se juntar a conversa. Na semana seguinte, os dois estudantes-empreendedores estavam frente a frente com o professor e o investidor, tentando vender seu peixe. Dez minutos do começo da demonstração, foram interrompidos: “Já vi o bastante”.
Um estudante olhou para o outro com nervosismo. O que o cara quis dizer? O homem tateou os bolsos do casaco. “Vocês têm algo interessante aqui”. Puxou um talão de cheques. O professor-consultor fez o mesmo. Os homens preencheram cheques e os jogaram em cima da mesa.
Os estudantes mal podiam acreditar no que estavam vendo. Era mais do que suficiente para tirar o negócio do papel. Se comprometeram em deixar a faculdade e seguir em frente a pleno vapor com a empresa deles.
O primeiro escritório foi na garagem de um amigo – forrado com um carpete azul, uma mesa de ping-pong e luminárias com luzes fracas, nas laterais. Com o passar dos anos o escritório evoluiu, mas os dois nunca abandonaram o jeito de se divertirem enquanto faziam o trabalho.
Levantaram mais US$ 12,5 milhões numa nova rodada de captação de investimentos. Dali para frente a empresa explodiu e hoje é mais do que o nome de uma empresa, tornou-se uma palavra nova.
Os fundadores haviam nomeado a empresa, originalmente, como “BackRub”, mas por sorte tiveram que partir (mais uma vez) para o plano “B” e renomearam a empresa para ... Google.
O estudante mais novo nessa história é Sergey Brin. O mais velho? Larry Page. A dupla construiu o Google, que se tornou a terceira empresa mais valiosa do mundo.
“Google” é um jogo de palavras com as letras que compõe o nome. G-O-O-G-O-L é um termo matemático que significa 1 seguido de 100 zeros. Representa a quantidade de informações que o algoritmo de busca é capaz de processar rapidamente.
Mais um problema surgiu, o nome do domínio já estava registrado, então os fundadores simplesmente mudaram a grafia e colocaram a letra "E" no final.
Algumas vezes tratamos o plano “B” como se fosse uma opção inferior. Como se fosse o consolo por termos perdido a oportunidade principal, a grande oportunidade. Larry e Sergey tinham um plano “A” que não rolou. Por terem levado adiante o plano “B” com a mesma seriedade, o Google é o Golias de nossos dias.
Os dois não se deixaram abater por nenhuma de suas “falhas”. Sabiam que tinham algo de valor em mãos. Algo melhor do que qualquer coisa. Partiram para o plano “B” e o fizeram dar certo.
Muitas vezes ficamos desmotivados, deprimidos e tristes quando algo não funciona em nossas vidas. Uma demissão, um negócio que fracassa, o amor que te abandona. Tendemos a encara-los como fracassos. Não obstante, frequentemente são apenas desvios em nossas vidas com potencial a nos levar para caminhos surpreendentemente maravilhosos.
Meu pai, que está na reta final de sua existência, escreveu um livro contando a vida dele. Colocou o título como: “Divinos Obstáculos”. Ele conta como cada percalço, cada pedra que apareceu no caminho dele, parecem ter sido colocados lá por obra divina, porque sem que ele pudesse antever, acabaram desviando a trajetória dele para algo muito melhor.
Essa é a história deles. Qual será a sua?
Grande abraço,
Eder PS1: Dizem que a própria historia da Universidade de Stanford foi um plano "B". Veja o video e se divirta:
PS2: Segue o link para uma entrevista do CEO da Fortune, o Alan Murray, com o Larry Page. Muito bacana.
Fonte" Adaptado do artigo "Burn Your Plan A", Mission.org.
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Mestre em Administração Profissional pela EAESP/FGV, Bacharel em Ciências Atuariais pela UFRJ,com especialização em Propaganda & Marketing pela ESPM-RJ e em Governança Corporativa pelo IBGC. Mais de 25 anos de atuação no mercado de previdência complementar, Membro nº 641 e ex-Diretor do Instituto Brasileiro de Atuária e ex-Professor do MBA de Gestão de Riscos Financeiros e Atuariais da USP/FIPECAFI. Gerenciou inúmeros projetos internacionais e regionais na área de benefícios, tendo morado em Jacksonville, FLA-EUA e em Lincolnshire, CH-EUA. Ocupou cargos de alta gerência e direção nas maiores empresas globais de benefícios, em fundos de pensão, em seguradoras e em bancos.
Desenvolve Pesquisas, Projetos e Palestras sobre Previdência, Seguros (RE), Benefícios a Empregados, Programas de Saúde, Economia Comportamental, Neuromarketing e Investimentos Responsáveis.
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