De São Paulo, SP.
As empresas estão começando a usar os princípios da Economia Comportamental para desenhar não apenas planos de aposentadoria, mas também programas de saúde capazes de proteger os empregados contra suas próprias decisões ruins.
Diferentemente dos economistas clássicos, os economistas comportamentais acreditam que as pessoas agem freqüentemente de forma irracional, porém, previsível. Essa previsibilidade, quando compreendida da maneira apropriada, pode ajudar os executivos a desenhar melhor os programas de saúde e previdência de suas empresas.
“Você pensa que as pessoas tomam conta da própria saúde porque isso é muito importante”, diz Dan Ariely, um economista comportamental da Universidade de Duke e autor do livro Previsivelmente Irracional. “Mas as empresas sabem que as pessoas precisam de um empurrãozinho extra”, completa.
O envio de remédios pelo correio para pacientes com doenças crônicas como diabete e hipertensão, pode ser feito por um custo normalmente inferior à compra nas farmácias. Sem falar na conveniência do paciente receber na sua casa em cada remessa, uma quantidade de medicamento que dura 90 dias, contra as embalagens para 30 dias de uso, em geral, compradas na farmácia. Sempre que o médico credenciado pelo plano prescreve uma receita, uma remessa é automaticamente enviada para a residência do paciente, evitando que o remédio acabe e o paciente fique sem o medicamento.
O envio de remédios pelo correio é um benefício comumente oferecido pelos planos de saúde corporativos nos EUA e mesmo assim muitos empregados de empresas que oferecem esse benefício nunca se inscrevem no serviço, ainda que tenham que tomar remédios regularmente.
Bob Nease, cientista chefe de uma empresa de gestão do benefício farmácia chamada “Express Scripts”, baseada na cidade de St. Louis nos EUA, diz que muitas pessoas falham nos seus tratamentos de saúde não porque esqueçam de tomar suas pílulas, mas porque deixam de comprar mais remédios quando acabam os que tem guardado em casa. Nease atribui o problema a um comportamento humano, a procrastinação.
A “Express Scripts” criou um programa chamado de “Entrega Doméstica Seletiva” para proteger os empregados contra suas decisões ruins – inclusive contra a falta de decisão. O conceito é bem simples, o empregado com doença crônica é automaticamente inscrito no serviço de entrega de medicamento pelo correio. Se não quiser o benefício, ele é que tem que se manifestar pela não-participação.
Esse é um dos exemplos recentes de como as empresas estão levando em conta a forma como as pessoas efetivamente se comportam – ao invés de como as empresas gostariam que as pessoas se comportassem - ao desenharem o benefício de saúde. As lições da Economia Comportamental, que estuda o lado psicológico das decisões econômicas, está dando nova forma aos desenhos dos planos de saúde.
Conforme concluiu em seus estudos o economista David Laibson da Universidade de Harvard, as pessoas tem dificuldade em fazer um sacrifício no curto-prazo, quando a vantagem não é imediata. Por isso procrastinam os cuidados com a saúde ou a poupança para a aposentadoria. Os pesquisadores chamam essa tendência de “desconto hiperbólico”. A forma que Laibson encontrou para contornar a inclinação das pessoas de não fazerem hoje o que podem fazer amanhã, foi transformar essa preguiça (uma qualidade ruim) em algo que as ajudasse.
“Usamos defaults quando sentimos que as pessoas podem tomar uma decisão ruim”, explica Laibson. “Eu acho que estamos subutilizando os defaults no domínio dos planos de saúde”, completa ele.
A aplicação de defaults já é comum em algumas iniciativas de saúde, como a inscrição automática no plano quando um empregado é admitido, a aplicação anual de vacina contra gripe no local de trabalho ou o agendamento pela empresa do check-up anual. Os pesquisadores, no entanto, sugerem novas abordagens como a marcação de exames de próstata para os empregados do sexo masculino com mais de 50 anos.
A tomada de decisões irracionais é algo comum quando se trata de saúde, segundo Ariely. Em suas pesquisas, os participantes declararam se sentir melhor tomando uma pílula que custou US$ 2,50 do que uma que custou US$ 0,10, mesmo sendo a pílula em ambos os casos uma simples Vitamina C.
Inércia, procrastinação e decisões irracionais são comportamentos humanos cujo estudo começa agora a transpor o mundo acadêmico e ser aplicado para obtenção de resultados práticos na área de benefícios.
Conforme restou provado pelos pesquisadores, educar os empregados através de palestras e do fornecimento de informações detalhadas sobre os benefícios, práticas adotadas pelas empresas desde sempre, aplicadas isoladamente, são simplesmente ineficazes.
Cai por terra, assim, um dos grandes mitos do comportamento humano, segundo o qual o conhecimento sozinho pode mudar os hábitos enraizados das pessoas. “Nossa cultura (a americana) está repleta da informação de que estar acima do peso faz mal. Não é um déficit de conhecimento (o excesso de peso), é uma falta de auto-controle ... ou uma decisão de não dar tanto valor para a saúde e trocar uma vida mais curta por maior prazer imediato”, finaliza Laibson.
Se quiser mais informações, escreva para mim.
Grande abraço,
Eder.
Fonte: Workforce Management Jeremy Smerd
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