De São Paulo, SP.
Nessa segunda parte, mostraremos mais alguns estudos sobre fluência cognitiva e porque tudo aquilo que é simples é melhor.
I. Mas … mas … hesite e você será lembrado!
Será que existe alguma vantagem em ser alguém que tem, reconhecidamente, falta de fluência?
O discurso da maioria das pessoas é literalmente cheio de disfluências tipo “hããããã” e “éééééé” – as pessoas simplesmente falam assim.
Como se poderia esperar, as pesquisas descobriram que as pessoas que falam fluentemente são percebidas como as que têm maior conhecimento e são as consideradas mais inteligentes.
Ponto para fluência!
Acontece que um estudo em que um palestrante fala com hesitação, mostrou que a palavra seguinte que sai da boca dele depois de uma gaguejada é lembrada com mais facilidade (Corley et al., 2007).
Quem sabe essa não era a estratégia adotada por George W. Bush em seus pronunciamentos?
II. As pessoas compram produtos fluentes
Será que essa brincadeira de fluência cognitiva pode ser usada para encher a “cachola” das pessoas? Pode!
Um estudo desenvolvido pelo pesquisador Novemsky e sua equipe em 2007, manipulou a percepção de fluência que as pessoas têm sobre determinado produto ao listar suas características através de letras/fontes fáceis ou difíceis de ler.
As letras/fontes fáceis de ler simplesmente duplicaram a quantidade de pessoas dispostas a comprar o produto.
Você deve estar se perguntando que empresa seria estúpida a ponto de usar em seus rótulos e embalagens de produto, letras difíceis de ler? É, não subestime a capacidade de certas empresas, isso existe...
Generalizar a aplicação desse princípio leva a conclusão de que “produtos fluentes” (vamos chama-los assim) são mais lucrativos. Pense em empresas como a Apple e verá um exemplo de companhia que elevou a fluência cognitiva a uma categoria de religião no setor de consumo.
Os “nerds” tiram sarro de produtos fáceis de usar, mas essa é uma reação totalmente ignorante.
Basta olhar para a evolução de praticamente qualquer produto tecnológico: são quase impossíveis de usar quando são lançados e terminam sendo comprados até pela sua avó.
Esse é o efeito da “fluência cognitiva”, transformado em uma verdadeira lei do mercado consumidor.
III. A fluência nos dá prazer
Coisas fáceis de processor nos dão uma injeção momentânea de prazer. Quando as pessoas olham para objetos fáceis de pegar, produzem sorrisos discretos, diferentemente de quando se defrontam com objetos difíceis de levantar.
Extrapole esse efeito para situações em que você se depara com websites, produtos ou qualquer outra coisa que você considere importante e o poder da força da simplicidade lhe parecerá óbvio.
As pessoas gostam da sensação de prazer quase tanto quanto gostam de evitar a dor.
IV. A fluência permite raciocinar sem esforço
A fluência também afeta a maneira que tomamos decisões.
Nosso cérebro possui dois sistemas de reação. Aquele do qual temos consciência é vagaroso e analítico enquanto o outro, que opera no nível subconsciente, é rápido e automático. É a nossa intuição.
Quando pensamos sobre alguma coisa fácil de processar, tendemos a reagir rapidamente e sem esforço (Alter et al., 2007). Isso não é necessariamente bom ou ruim, mas um efeito padrão desse nosso pensamento automático é que tendemos a escolher a alternativa padrão/default.
Por outro lado, a disfluência empurra nossa mente para um modo de reação analítica, tornando mais provável que nossa decisão não siga uma trilha padrão.
Coisas simples levam a decisões rápidas.
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Depois que sabemos essas explicações tudo isso parece bem simples, mas pode ser difícil colocar esses resultados em prática.
As pessoas tem medo de parecer bobas e automaticamente assumem que se fizerem algo complexo os outros vão considerar que é melhor.
Ocorre que isso está longe de ser verdade.
Paradoxalmente, a complexidade é frequentemente mais rápida e fácil enquanto a simplicidade leva tempo e é mais difícil.
Da mesma forma que os matemáticos buscam as formulas mais simples para descrever os fenômenos mais complexos, todos nós deveríamos ser obcecados pela simplicidade, porque é na simplicidade que repousa a beleza e como acabamos de aprender, a mente humana não consegue resistir a ela.
Para encerrar, quando você for fazer a divulgação de um novo plano de previdência complementar, use letras/fontes bem simples e fáceis de ler, inclua poucos slides na apresentação para o prazer de todos, fale sem gaguejar até o fim, exceto quando for transmitir a mensagem final, quando você deve dar uma rateada na sua fala e concluir dizendo:
“hãããã .... éééé” façam sua adesão!
Forte Abraço,
Eder.
Fonte: Adaptado do artigo “8 Studies Demonstrating the Power of Simplicity”, escrito por Jeremy Dean
Crédito de Imagem: www.minimalwall.com
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