De São Paulo, SP.
Muitos dos mais influentes tomadores de decisões financeiras em nossa
sociedade, seja no mundo dos negócios ou na política, estão na meia-idade. A
idade média dos CEO e CFO das 500 maiores corporações em todo
o mundo, medidas pela receita (Fortune 500), está na faixa dos 55 anos.
A pesquisa “Chief Executive Study”, da Strategy&, revela que no
Brasil a idade média dos CEO ao assumirem o cargo está em torno de 52 anos. Historicamente,
a idade em que são nomeados o Presidente do Banco Central e do Conselho
Monetário Nacional, salvo raras exceções, também gira em torno dos 50 anos.
Será que existe alguma espécie de pico da razão e do raciocínio
financeiro por volta dos cinquenta? Estudos recentes nas áreas de economia,
psicologia e neurociência sugerem que, sim, pode haver.
Ao analisar os erros financeiros cometidos em diversas situações
envolvendo crédito ao consumidor, como por exemplo, pagamentos de saldo do
cartão abaixo do ideal, juros no financiamento de carros e imóveis, decisões
sobre taxas de administração etc., uma pesquisa conduzida por Agarwal, Driscoll, Gabaix, &
Laibson em 2009 identificou a idade média em torno da qual os erros são minimizados: 53,3
anos (com desvio padrão de 4,3 anos).
Ou seja, é na meia
idade que os indivíduos tomam as decisões financeiras mais eficazes, resultando
em baixas taxas de administração, juros menores em operações de crédito e
também em empréstimos.
A explicação para isso se baseia em um trabalho clássico publicado em
1967 por Horn & Cattell que analisou os efeitos da psicologia do
envelhecimento sobre a inteligência
fluída e a inteligência cristalizada.
Inteligência fluída é a performance que temos
ao desempenhar tarefas novas e pode ser medida ao longo de várias dimensões
(memória de trabalho, visão espacial, raciocínio, velocidade de processamento
cognitivo). A inteligência fluída apresenta
um claro padrão etário sugerindo um declínio de um percentil por ano a partir
dos 20 anos de idade.
Por outro lado, os declínios em nossa inteligência
fluída relacionados à idade são parcialmente compensados pelo aumento na inteligência cristalizada, também
chamada de experiência ou conhecimento, que cresce com o tempo.
Os autores do estudo de 1967 apresentaram um modelo mostrando como a performance
na tomada de decisões financeiras é influenciada por mudanças divergentes que
acontecem em nossa habilidade cognitiva ao longo da fase adulta.