segunda-feira, 29 de julho de 2019
Vai transmitir uma ideia e quer que as pessoas memorizem? Use um truque psicológico. Ajuda até a divulgar plano de previdência.
De São Paulo, SP.
Nossa memoria é engraçada.
Sabe a festa junina que a empresa organizou no mês passado? Lembramos da distribuição de pipoca, rapadura e quentão na entrada. Também lembramos dos brindes caipiras entregues na saída. O que aconteceu no meio, porém, fica meio embolado na lembrança.
Nossa memoria, geralmente, funciona assim mesmo.
Chamamos isso em inglês de “Serial Positioning Effect”, ou Efeito do Posicionamento em Serie, em tradução direta.
É muito simples de entender: qualquer que seja a situação experimentada, o que as pessoas mais se recordam é o que acontece no começo e o que ocorre no fim.
Esse funcionamento do cérebro humano é muito bem documentado e foi descrito pela primeira vez em 1962 pelo Psicólogo Norte-Americano Bennet Bronson Murdock.
Murdock fez um teste em que pedia às pessoas para memorizarem listas que continham de 10 a 40 palavras. O padrão dos resultados foi inconfundível.
Por exemplo, nas listas com 20 palavras, a primeira palavra era lembrada com 50% de precisão enquanto a vigésima palavra era rememorada com 75% de acerto.
Porem, as percentagens de acerto decresciam rapidamente. Nenhuma palavra entre a 4ª e a 16ª posições chegou perto da marca de 25% de acertos.
Murdock atribuiu esse resultado aos nossos dois tipos de memória: memória de curto-prazo e a memória de longo-prazo.
As palavras no inicio da lista ficam guardadas na “caixinha” da memória de longo prazo, porque prestamos mais atenção a elas, temos tempo de digeri-las e as marcamos como significativas.
As palavras no final da lista se beneficiam do fato de terem sido lidas recentemente. Não temos que ficar buscando por elas em nossa mente porque ainda estão frescas em nossa memoria de curto-prazo.
Acontece que as memórias de curto-prazo mais “recentes” tendem a ir empurrando as memorias de curto-prazo mais “antigas” de modo que as palavras no meio da lista vão ficando para trás.
Ou seja, dependendo da posição da palavra na serie (lista) de palavras, ela é mais facilmente guardada na memória. Por isso Murdock chamou o fenômeno de Efeito do Posicionamento em Serie.
Usando a Memória na Divulgação de Planos de Previdência
Como usar esse conhecimento?
Digamos que você vai apresentar o novo plano de previdência da empresa para os empregados e precisa assegurar que eles retenham os pontos principais. Você quer que eles consigam se lembrar do funcionamento do plano mesmo depois de passados dias e semanas.
Para prender a atenção da plateia, você vai ficar tentado a abrir sua apresentação de forma bem humorada, contando algum caso pitoresco ou historia engraçada com alguma relação ao assunto, ainda que essa relação seja apenas marginal.
Isso pode funcionar bem como estratégia para ganhar a atenção da audiência, mas vai ter o efeito oposto ao que você quer no que tange a retenção da mensagem que você está transmitindo.
Sua audiência vai lembrar da historia engraçada – mas não vai lembrar o que isso tem a ver com aquilo que você esta tentando explicar para ela, que é o funcionamento do plano de previdência.
Seria muito melhor você começar ressaltando os pontos chave que você quer transmitir, antes de apresentar argumentos de apoio e historinhas divertidas.
Quando chegar no final da apresentação, você deve fazer um novo resumo dos pontos chave que está transmitindo.
Assim, estará usando o Efeito do Posicionamento em Serie a seu favor.
Gostou? A boa noticia é que você pode usar essa estratégia inclusive na sua próxima entrevista de emprego.
Grande abraço,
Eder.
Fonte: Adaptado do artigo “To Get Your Point Across, Use the Serial Positioning Effect“, escrito por Reuben Westmaas.
Credito de Imagem: www.fatosdesconhecidos.com.br
domingo, 21 de julho de 2019
O quase acidente do pouso na Lua e a reação humana que se sobrepôs à maquina: assuma o comando da sua aposentadoria!
De São Paulo, SP.
A sucessão de eventos extraordinários, capazes de provocar admiração e surpresa ate hoje em função de sua grandiosidade, que culminou com o primeiro pouso do homem na Lua em 20 de julho de 1969, completou 50 anos ontem.
O que muita gente talvez não saiba, é que não foi uma jornada fácil e no caminho final do pouso na Lua houve uma sequencia de eventos que por pouco não terminou em desastre.
A certa altura na trajetória de descida, os astronautas foram surpreendidos por um bug nos computadores. Em um momento em que os astronautas precisavam decidir se continuavam ou abortavam a decida, soou o alarme 1202 e ninguém sabia o que era.
Alguns momentos de tensão se seguiram, até descobrirem que o erro 1202 era uma sobrecarga de dados no computador, que havia sido projetado para reiniciar e restabelecer a memoria caso isso acontecesse. Ou seja, não era necessário abortar a missão por causa daquele alarme.
Resolvido o problema, os astronautas enfrentaram um desafio ainda maior bem rente a superfície, quase chegando no local planejado para a descida.
O único registro visual do histórico pouso da Apollo 11 na Lua, foi feito por uma filmadora de 16mm, com compressão de vídeo de 06 quadros por segundo.
Em termos de comparação, para você ter uma ideia, o Iphone X filma hoje com uma compressão de 52 quadros por segundo. Essa resolução de imagem produz um vídeo muito mais nítido em nossos dias do que os daquela época.
A câmara foi montada na janela do lado direito do modulo de pouso lunar, apelidado de Eagle (que significa águia, em Inglês), onde estava o astronauta Buzz Aldrin. O famoso vídeo do pouso na Lua, que todos assistiram, foi filmado por essa câmara e mostrava o visual que Aldrin estava enxergando.
Devido ao tamanho reduzido das janelas do Eagle e ao angulo em que a filmadora foi montada, não foi possível filmar o que viu Neil Armstrong, que estava pilotando o modulo, ao fazer a aproximação para tentar pousar no solo lunar.
O modulo estava em piloto automático quando Armstrong, um experiente piloto de testes da força aérea Americana, mudou repentinamente o comando para controle manual.
O que o levou a fazer essa manobra brusca, não foi filmado na época e a razão para isso ter acontecido só agora pôde ser vista.
Reconstrução visual do pouso na Lua
Quando o modulo lunar pousou, restavam apenas 30 segundos de combustível em seus tanques, consequência da manobra manual que Armstrong precisou fazer. Durante o procedimento de descida e aproximação para o pouso, Armstrong notou que havia um grande obstáculo, que impediria um pouso seguro. Ele teve que pensar rápido.
A equipe do LROC – Lunar Reconnaissance Orbiter Cameras reconstruiu imagens dos últimos três minutos da trajetória de pouso do Eagle.
Nota: Em operação desde 2009, em órbita da Lua, a LROC é um conjunto de três câmeras da alta resolução, acopladas na sonda LRO – Lunar Reconnaissance Orbiter, da NASA, que capturam fotos da superfície lunar para mapear sua topografia.
Os cientistas usaram dados de latitude, longitude, altitude, velocidade e orientação que ficaram gravados nos controles da missão. Usaram, também, pontos de referencia e informações de altitude, do gravador de vozes, que eram informadas a todo instante por Buzz Aldrin para Huston, antes do pouso.
Partindo desses dados sobre a trajetória do modulo, da topografia e imagens de alta resolução fornecidos pelas câmeras do LROC, os cientistas simularam a cena que Armstrong viu naquele minutos finais em que ele guiava o modulo lunar para o pouso na superfície da Lua.
O resultado ficou extraordinário, saca só.
Momentos quase fatais
O obstáculo, que poderia ter sido fatal para os astronautas e teria transformado o pouso na Lua em uma tragédia, aparece de forma clara no vídeo.
Armstrong logo nota, no começo do vídeo, que o ponto de pouso estava situado numa região pedregosa e inclinada, no flanco nordeste de uma cratera batizada de West Crater, que tem 190 metros de diâmetro.
Então, ele assume o controle manual da nave e começa a voar horizontalmente em busca de um local mais seguro para pousar. Armstrong estava muito concentrado e ocupado demais para explicar a manobra para o centro de controle na Terra.
No vídeo você consegue perceber ele guiando cuidadosamente o modulo, passando entre as crateras e outros obstáculos no solo, procurando uma área segura para descer.
“Claro que ele conseguia se inclinar para a frente e para trás e virar a cabeça para os lados para ter uma visão melhor do que a imagem simples e estática apresentada nessa reconstrução em vídeo", disse Mark Robinson, que liderou a equipe de trabalho do LROC. "No entanto, nossa simulação em vídeo permite reviver aqueles momentos dramáticos", completa ele.
A última cratera que se vê passando por baixo do modulo é chamada de Little West Crater, foi essa cratera que Armstrong visitou rapidamente durante sua caminhada de duas horas pela superfície lunar.
No vídeo reconstruído você nota uma coisa estranha surgindo no lado esquerdo da imagem fotografada pelo LROC: trata-se da parte do modulo que ficou na Lua. Claro que Armstrong não viu isso na cena real.
Naquele dia ele visualizou apenas a superfície estéril da Lua e foi ali que ele pousou. A razão de vermos a parte do modulo que ficou por lá é que se trata de um vídeo reconstruído com base em imagens tiradas apos o pouso da Apollo 11 na Lua.
Lição de previdência
Assim como Armstrong, você precisa assumir o controle manual da sua preparação para a aposentadoria. Não adiante ligar o piloto automático e achar que tudo vai dar cetro sozinho, ha imprevistos pelo caminho.
Se Armstrong não tivesse assumido o controle manual do modulo de pouso, a historia provavelmente teria se desenrolado de forma diferente.
Faça um plano de previdência complementar e pouse suavemente quando sua aposentadoria chegar. Ou você vai arriscar posar em local desconhecido?
Grande abraço,
Eder.
Adaptado do artigo “ “, escrito por Elizabeth Howell
Credito de imagens: NASA
domingo, 14 de julho de 2019
Apollo 10 – A incrível historia do modulo de pouso que vaga no espaço há 50 anos e uma lição de previdência
De Sao Paulo SP.
Era por volta de onze horas da noite, do dia 20 de julho de 1969, quando eu e meus irmãos fomos subitamente acordados. Eu tinha apenas 7 anos de idade, mas nunca mais esquecerei daquela noite fria de inverno.
Meu pai e minha mãe estavam eufóricos e pareciam muito apressados. Morávamos no C.T.A. – Centro Tecnológico Aeroespacial, uma grande base da Aeronáutica em São Jose dos Campos.
Meio bêbados de sono e sem entender bem o que estava acontecendo, fomos levados para a frente da TV, que transmitia em preto e branco (sim, não havia televisão a cores naquela época) imagens de um episódio que mudou para sempre a historia da humanidade.
Nenhuma geração que veio depois da minha jamais presenciou um passo tão grandioso para a exploração do espaço quanto o pouso da Apollo 11 e o primeiro passo do homem na lua.
Mas a Apollo 11 foi precedida de uma serie de missões que lançaram, de forma precursora, os alicerces que permitiram o pouso bem sucedido na lua.
Uma delas foi a Apollo 10, a quarta missão tripulada do programa Apollo. A Apollo 10 foi uma missão quase completa e incluiu tudo que a Apollo 11 tinha, exceto pelo efetivo pouso na lua.
Foi como um ensaio de casamento, tendo sido a segunda missão Apollo a orbitar a lua. Tinha até um Módulo de Pouso Lunar, que voou a meros 15 km de altitude da superfície da Lua.
Aquele modulo, porem, nunca chegou a pousar e depois que se reconectou ao módulo de comando e a tripulação desembarcou, foi enviado para a órbita do Sol. Até hoje, ninguém sabia aonde ele estava.
O Modulo Lunar da Apollo 10 tinha um apelido carinhoso. Era chamado de "Snoopy", um personagem da serie em quadrinhos "Peanuts", criada nos anos 50 pelo cartunista americano Charles Monroe Schulz.
A NASA imaginou que dar nomes ao modulo de comando e ao modulo lunar usando personagens das famosas e populares historias infantis, ajudaria a atrair o interesse das crianças pela missão (o modulo de comado era chamado de "Charlie Brown").
O Snoopy foi enviado para ficar orbitando o Sol e sem um objetivo específico e nenhuma preocupação em rastreá-lo, foi esquecido.
Então, em 2011, um grupo de astrônomos amadores do Reino Unido começou a procurar pelo Snoopy. Naquela altura, um site de notícias não-comerciais sobre astronomia, fundado em 1999, chamado Universe Today, cobriu os esforços do astrônomo amador Nick Howes e sua equipe, na busca pelo Snoopy.
O desafio de Howes era gigantesco. Diante de dados escassos sobre o voo orbital da Apollo 10, ele tinha que vasculhar uma área enorme. “Estimamos um arco de busca com amplitude de cerca de 135 milhões de quilômetros e isso é um espaço muito grande para procurar” disse ele em 2011 para o Universe Today.
Agora, passados oito anos, Howes acha que finalmente encontrou o Snoopy. Ou está pelo menos 98% certo de que encontrou.
Numa entrevista recente para a revista Newsweek, Howes disse: “Temos quase certeza de que localizamos o modulo. A orbita heliocêntrica parece correta, o objeto é artificial e é do tamanho certo”.
Se Snoopy foi realmente encontrado, eles conseguiram acertar uma chance em 235 milhões que é a probabilidade de faze-lo. Realmente impressionante!
Porém, eles ainda não tem certeza absoluta. A confirmação vai requerer observações mais detalhadas e nesse momento o Snoopy está muito longe para isso. Uma agencia governamental vai ter que dar uma olhada melhor para confirmar se o objeto é mesmo o Snoopy.
Ou então alguém como Elon Musk, que tem os meios para isso, poderia querer recupera-lo. Nunca se sabe né! Por outro lado, se Elon Musk fosse seguir toda sugestão bem intencionada que fazem para ele, não faria outra coisa na vida.
Resta saber se o Snoopy foi ou não encontrado e se foi, terá sido algo intrigante. Não apenas por causa da pequena probabilidade disso ter acontecido, mas por toda a historia envolvida.
Uma lição para previdência
O aniversario de 50 aos do pouso da Apollo 11 na Lua é uma boa oportunidade para olharmos além daquilo que foi a maior aventura do homem no espaço, até agora.
Precisamos ser justos e reconhecer o enorme esforço que a precedeu. O 50o aniversario da Apollo 10 ocorreu, desapercebido, no dia 22 de maio passado. Foi nessa mesma data, em 1969, que o Snoopy fez sua maior aproximação da superfície lunar.
Dá para imaginar a expressão no rosto da tripulação. Com os rostos colados na escotilha, os olhos dos astronautas Eugene Cernan e Thomas Stafford devem ter brilhado ao passarem tão perto da superfície da Lua, mas não pousarem lá.
Numa entrevista posterior, Eugene Cernan brincou que a NASA, de propósito, não colocou combustível suficiente no Snoopy para afastar a tentação deles decidirem pousar.
Varias lições de previdência podemos tirar desse episodio. A missão da Apollo 10 e de tantas outras que a precederam, foram uma grande preparação para o clímax do pouso em solo lunar. Ou seja, você precisa se preparar para o dia da sua aposentadoria. Poupe, poupe, poupe, essa é a preparação, essa é a missão precursora.
Não fique tentado a gastar o dinheiro quando já tiver acumulado um montante razoável e ainda faltar tempo para você se aposentar. Evite a tentação deixando o dinheiro “preso” em um plano de previdência complementar, limite seus gastos, assim como o “combustível” no Snoopy.
Howes, o astrônomo amador, é realista sobre a chance de se recuperar o Snoopy e traze-lo de volta à terra. Seria um uso fútil de recursos públicos, o que não impede um Alon Musk da vida querer fazer isso com dinheiro próprio.
Terão se passado cerca de 18 anos ate a próxima aproximação do Snoopy com a orbita da Terra. Muita coisa pode acontecer ao longo desses 18 anos. Quem sabe o Snoopy poderá finalmente voltar para casa?
O segundo passo do homem na lua
Existem atualmente dois projetos em andamento para levar o homem de volta à Lua. O projeto Americano foi batizado de Artemis em homenagem a deusa grega, filha de Zeus e Leto e irmã gêmea de Apolo. A meta dos gringos, considerada ambiciosa, é voltar a pisar na Lua em 2024.
Há também o projeto Chinês nomeado de Chang'e (em Chinês: 嫦娥) em referencia a deusa chinesa da Lua que mudou de nome para evitar conflito com o Imperador Wen de Han. Os Chineses, mais realistas, planejam pousar na Lua por volta de 2035.
Se tudo correr bem e Deus permitir, em 2024 vou acordar meus pais em uma noite fria de inverno e sussurrar no ouvido deles: pai, ... mãe, o homem esta pousando novamente na Lua, vem ver na televisão, vocês nunca viram essa cena em cores ...
Abraco grande,
Eder.
Fonte: Adaptado do artigo “The Apollo 10 Lander that Never Landed May Have Been Spotted In Space”, escrito por Evan Gough
Credito de Imagem: Nasa; CollectSpace e Zazzle
segunda-feira, 8 de julho de 2019
Você pode não saber, mas foi você foi fisgado! Proteja-se contra os algoritmos de persuasão das mídias sociais e poupe para aposentadoria sem ser viciado.
De São Paulo, SP.
O modelo de negócios das redes sociais depende, em sua maioria, da venda de anúncios e comercialização de dados para estratégias de marketing.
Plataformas como o Facebook, Tweeter e Instagram, para citar apenas algumas, se baseiam em uma combinação perigosa de vicio e vigilância.
Veja o que disse Sean Parker, um dos fundadores do Facebook, sobre o principal objetivo perseguido quando criaram essa mídia social:
“O processo que pensamos tinha tudo a ver com: ‘Como encontrar uma forma de consumirmos o máximo possível do seu tempo e atenção consciente?’ … para isso precisávamos, meio que, te dar de vez em quando uma pequena carga de dopamina, (fazemos isso) sempre que alguém dá um like ou faz algum comentário em uma foto ou em um post ou coisa assim. Isso vai levar você a contribuir com mais conteúdo ... o que resultará em mais ... likes e comentários. É a validação social num loop de feedback infinito ... exatamente o tipo de coisa que um hacker como eu poderia inventar, porque explora a vulnerabilidade na psicologia humana”
Nota: Validação Social é um fenômeno psicológico que leva um ou mais indivíduos em um grupo a adotar a mesma ação que outros dentro do grupo. Aplicada em marketing cria uma espécie de reação social em cadeia. Se um usuário deixar uma avaliação positiva sobre um produto ou um rating positivo sobre um serviço, a chance de outros comprarem aquele produto ou usarem aquele serviço será maior.
Uau! O cara escancarou a manipulação por trás do algoritmo de funcionamento do Facebook. O mais assustador é sabermos que eles não estão sozinhos.
A estratégia que manipula as pessoas levando-as a adotar comportamentos compulsivos que as mantem navegando em um website ou usando um aplicativo é conhecida como Hook Model ou “Modelo do Anzol” em tradução livre.
O Modelo do Anzol vai muito além de reforçar comportamentos, ele cria hábitos e estimula as pessoas a agirem por conta própria, sem a necessidade de estímulos externos que custam caro para essa turma, como anúncios, propaganda e publicidade.
O Modelo do Anzol está por trás da maioria das tecnologias que nos levam a criar hábitos (ou vícios) quer sejam no seu melhor interesse ou não. Mídias sociais, jogos online e até o bom e velho e-mail, se baseiam no Modelo do Anzol para nos fisgar e nos compelir a utilizá-los.
A busca sem fim
O Modelo do Anzol é um tique cognitivo descrito pela primeira vez por Burrhus Frederic Skinner, Psicólogo, estudioso do comportamento e Professor da Universidade de Harward, nos anos 50.
Skinner observou que ratinhos de laboratório respondiam de forma mais voraz a recompensas aleatórias. Os ratinhos pressionavam uma alavanca e algumas vezes recebiam uma pequena guloseima, outras vezes recebiam uma grande guloseima e de vez em quando não recebiam absolutamente nada.
Diferentemente dos ratinhos que sempre recebiam a mesma guloseima, os ratinhos que recebiam recompensas variáveis pareciam pressionar a alavanca compulsivamente.
Os seres humanos, assim como os ratinhos na experiência de Skinner, buscam previsibilidade e sofrem quando não acham um padrão, mesmo quando não existe nenhum para ser encontrado.
Variabilidade é uma vingança cognitiva para o nosso cérebro que procura encontrar causa e efeito em tudo, uma busca cuja prioridade se sobrepõe a outras funções como auto-controle e moderação.
Se alguma vez você fez uma pergunta para alguém absorto em um joguinho de vídeo game, assistindo uma novela ou lendo um livro e recebeu como resposta uma resmungada tipo “pode ser” ou “tanto faz” ou “o que você quiser” ou até um nada convincente “tudo bem”, você já presenciou esse estado mental.
Jogadores concordarão com praticamente qualquer coisa, para se livrarem de uma distração e poderem continuar jogando. O mesmo vale para as outras situações mencionadas.
Recompensas variáveis parecem manter o cérebro ocupado, removendo os mecanismos de defesa e criando oportunidade para se plantar as sementes de um novo habito.
Por mais bizarro que possa parecer, nós gostamos e achamos divertido esse estado de transe quase hipnótico. Isso acontece porque nosso cérebro é programado para ficar buscando indefinidamente pela próxima recompensa, nunca se dando por satisfeito.
Pesquisas recentes de neurociência revelaram que nosso sistema de dopamina funciona não em busca de recompensa para nossos esforços, mas sim para nos manter procurando as recompensas, induzindo uma resposta semi-estressante que chamamos de desejo/vontade.
Apesar de nos fazer sofrer algumas vezes é essa programação mental que nos tem mantido vivos como espécie.
Somos indubitavelmente a espécie mais curiosa do planeta, tendo dominado o ambiente a nossa volta melhor do que qualquer outro animal.
Mas é esse mesmo impulso, que há 200.000 anos nos faz buscar indefinidamente por recompensas e nunca nos darmos por satisfeitos, que muitas novas tecnologias usam para nos induzir a criarmos hábitos de comportamento.
Merecemos coisa melhor
As mídias sociais desenham seus algoritmos com uma serie de dispositivos para nos estimular constantemente.
Sabe aquele “… typing” que surge quando alguém esta escrevendo uma mensagem no Whatsapp? Ou aquela bolinha vermelha com um numero branco no centro (red dot notification, em inglês), indicando a quantidade de novos posts que aparece no LinkedIn, Tweeter, Facebook etc? Ou aquele sininho no Youtube que te avisa quando há novos vídeos para você ver?
A incerteza que essas coisas geram, combinada com uma pseudo-urgência em descobrirmos novidades, dispara constantemente em nosso cérebro o instinto de luta-ou-fuga e libera, toda vez, uma carga viciante de dopamina.
Nota: O instinto de luta-ou-fuga (fight or flight, em inglês) é uma reação fisiológica que ocorre em resposta a um ataque ou ameaça à sobrevivência. Descrito por Walter Bradford Cannon como uma descarga geral do sistema nervoso simpático que prepara o animal para lutar ou fugir, gerando a liberação de hormônios em cascata, especialmente norepinefrina e epinefrina. Os hormônios estrogênio, testosterona e cortisol, bem como os neurotransmissores dopamina e serotonina, também afetam a maneira que os organismos reagem ao stress.
Isso que faz com que as pessoas fiquem retornando aos aplicativos a todo momento, mesmo que elas não saibam e não entendam porque.
Esse modelo de negócios pode ter serias consequências para o bem estar das pessoas e são prejudiciais para sociedade como um todo.
As cargas elevadas de dopamina fazem as pessoas se sentirem bem num primeiro momento, mas causam vários efeitos colaterais no comportamento.
Grandes quantidades de dopamina no organismo podem tornar as pessoas mais agressivas e reduzir a qualidade do sono.
Há estudos mostrando que a redução dos níveis de dopamina gera efeitos positivos nas pessoas, incluindo a probabilidade de fazerem doações para caridade, cooperarem com o próximo e terem maior empatia.
O uso de truques psicológicos para viciar as pessoas a ficarem voltando para as mídias sociais para poder expô-las a mais anúncios, pode levar uma comunidade a se tornar mais agressiva, menos empática e prejudicar o estado emocional dos usuários.
De acordo com Chamath Palihapitiya, um Ex-VP de Expansão do Facebook: “Os loops de feedback que as pessoas são induzidas a repetir indefinidamente, um após o outro, induzidos pela dopamina, estão destruindo a forma que as sociedades funcionam”.
Parece que até o Facebook esta repensando algumas de suas estratégias. A razão de só agora estarem refletindo melhor sobre essas praticas pode ser explicada pelo cerco que as autoridades americanas começam a fazer nas empresas que as adotam.
No dia 25 de junho passado, Maggie Stanphill– Diretora de Experiência do Usuário do Google – prestou testemunho perante o Senado dos EUA, sobre o uso de algoritmos de persuasão pela empresa.
Ela alega que os aplicativos controlados pela holding Alphabet, como Google, Android, Youtube e Chrome, não usam tecnologias de persuasão. Será?
Veja um trecho do depoimento no vídeo abaixo:
A consequência do uso de algoritmos de persuasão no desenho de aplicativos é a criação de uma sociedade cheia de viciados.
Merecemos coisa melhor, não acham?
Poupar para previdência
No setor de previdência complementar não se tem noticia do uso de algoritmos de persuasão.
O que tem sido adotado para incentivar as pessoas a aderirem aos planos de previdência complementar das empresas, tem sido conceitos de economia comportamental. A adesão automática está ai para exemplificar.
A Neurociência e a Psicologia Social vem desvendando o comportamento humano alavancadas pela evolução da tecnologia.
Na medida em que os novos conhecimento vão sendo aplicados, as questões éticas começam a ganhar evidência. Aparentemente os governos estão lentos em colocar limites que impeçam o mal uso desses novos conhecimentos...
Vamos acompanhando.
Grande abraço,
Eder.
Fonte: Adaptado do texto “Five Myths of Community Design”, do Coral Project e do artigo “Variable Rewards: Want to hook your users? Drive them crazy”, escrito por Nir Eyal.
Credito de Imagem: Forbes Brasil - UOL
segunda-feira, 1 de julho de 2019
Como Sobreviver a Uma Explosão Nuclear e o Que fazer Com Seu Plano de Previdência Complementar
São Paulo, SP.
A chamada Guerra Friamarca o período que vai do final da II Guerra Mundial até o desmantelamento da União Soviética, ou seja, de 1945 a 1991.
Esse período histórico é chamado assim porque as disputas estratégicas, conflitos e escaramuças entre os EUA, a URRS e suas zonas de influência, foram todos indiretos.
Dada a inviabilidade de uma vitória militar numa batalha nuclear, não houve guerra direta e aberta em campos de batalha, por isso, Guerra “Fria”.
Durante aquele período sombrio o governo americano ensinava às crianças nas escolas que se agachassem e se cobrissem (”duck and cover”, em Inglês) na eventualidade de um ataque nuclear.
Que horror! Ainda bem que isso tudo ficou para trás e uma guerra nuclear é hoje improvável, graças a Deus. Porém, com tantos fanáticos religiosos e terroristas andando à solta por aí, a ameaça de uma explosão nuclear isolada, infelizmente, ainda existe.
Fico aterrorizado só de pensar, preocupado com minha filha que esta indo para França fazer o mestrado dela em Psicologia, numa época de Bataclan, Charlie Hebdo e coisas do gênero.
Entre num Buraco ou Saia Correndo
Em 2014 foi publicado um artigo no Jornal Proceedings Asugerindo que as vitimas de um ataque nuclear fizessem algo inesperado: ao invés de se esconderem dentro de casa, elas deveriam sair e achar um abrigo melhor.
Nota: Proceedings A é um periódico especializado na publicação de trabalhos acadêmicos de matemática, física e engenharia, controlada pela Royal Society do Reino Unido.
Michael Dillon, o cientista atmosférico e Ph.D. que publicou o artigo, fez as analises no Lawrence Livermore National Laboratory, da Universidade da Califórnia.
O Laboratório Nacional de Lawrence Livermore é um dos dois únicos lugares do mundo onde são projetadas as ogivas nucleares dos EUA. Fundado em 1952 é essencialmente um laboratório de pesquisa nuclear, hoje independente do governo americano.
O artigo recebeu, na época, várias criticas.
Dillon baseou sua recomendação depois de quantificar o que seria o melhor “curso de ação” a ser tomado no caso de um ataque nuclear de baixa escala.
Tipo um ataque igual ao ocorrido em Hiroshima e Nagasaki, cujo estrago, segundo os especialistas, seriam semelhantes a bomba que um terrorista seria capaz de detonar nos dias de hoje.
Se uma bomba dessas explodisse, primeiro surgiria uma gigantesca bola de fogo radioativa. Seria seguida de um flash de luz capaz de cegar os olhos e queimar a pele das pessoas.
Por último, uma onda superaquecida de calor varreria carros e edificações fazendo voar para todos os lados, destroços de vários tamanhos.
A analise de Michael Dillon, no entanto, trata do que aconteceria depois disso, mais especificamente, da nuvem radioativa que surgiria após a explosão. Qual seria a melhor forma de evitá-la e fugir da contaminação?
As instruções e recomendações oficiais, geralmente sugerem que se busque abrigo na estrutura abaixo da terra mais protegida e próxima que você encontrar.
Pode ser o subsolo de uma casa - as casas americanas, quase todas tem um subsolo que eles chamam de basement– um estacionamento subterrâneo, um túnel ou uma estação de metrô.
E se sua casa, aqui no Brasil por exemplo, não tiver um basement? Michael Dillon indicou a resposta.
Se sua casa não for muito protegida e você souber que tem um lugar mais abrigado que fica a 5 minutos de onde você está, corra para esse local. Se o abrigo mais perto estiver a 15 minutos de distância, fique onde você está e espere passar, no máximo, meia hora. Então, corra para o abrigo!
Isso porque a dose de radiação que você vai absorver é uma mistura do quanto você receberá de radiação em um abrigo ruim e o quanto você absorverá durante a corrida, lá fora, ao buscar um local mais protegido.
Pelos cálculos de Dillon, uma corrida de até cinco minutos em busca de um bom abrigo próximo, vale a pena. Mas se a corrida tiver que ser por um tempo maior do que esse, compensa esperar um pouco antes de correr, porque a intensidade da radiação no ambiente decai com o tempo.
Os pesquisadores estimam que essas instruções poderiam salvar entre 10 mil e 100 mil vidas!
O Outro Lado
Nem todo mundo concorda com os conselhos de Dillon. Os críticos dizem que recomendar a todos que saiam de onde estão pode levar gente demais para as ruas. Isso criaria congestionamentos e consequente exposição a radiação por períodos mais longos do que as pessoas inicialmente planejavam.
Evitar congestionamentos gerados por uma multidão correndo pelas ruas em busca de segurança, não é tudo.
Seria impossível alguém prever quanto tempo levaria para chegar num abrigo tomando por base o tempo que levaria em um dia normal. Certamente haveria destroços e entulho espalhados por todo canto, bloqueando a passagem e diminuindo sua velocidade.
Não por acaso, o governo americano recomenda que as pessoas se abriguem por pelo menos 12 horas apos uma explosão nuclear.
Bom Senso
Seja como for, o estudo de Dillon é importante porque ajuda agencias governamentais a criar planos de evacuação melhores. Saber que existe um ponto de equilíbrio entre a quantidade de radiação que você absorveria ficando em um abrigo ruim e a quantidade de exposição em uma corrida para um lugar melhor é útil para traçar politicas publicas.
Agora, se jogarem uma bomba nuclear daquelas grandonas, se enfie no primeiro lugar protegido que você encontrar - pode ser ate na geladeira, ao melhor estilo Indiana Jones - e sinta-se a vontade para agachar e se proteger.
Quanto ao plano de previdência, bem, se você não tiver um, te garanto que nenhum abrigo vai te salvar, com ou sem explosão nuclear.
Grande abraço,
Eder.
Fonte: Adaptado do artigo “How to Survive a Nuclear Explosion, According to Science”, escrito por Ashley Hamer.
Credito de Imagem: www.indiatoday.in
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Bomba Nuclear; Abrigo; Explosão Nuclear,
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