sábado, 16 de novembro de 2019

Para pegar um mentiroso a ciência diz que não é preciso tecnologia. Você esta poupando para a aposentadoria?

De São Paulo SP.


Desde que o homem começou a falar, as mulheres provavelmente passaram a sonhar com uma maneira fácil de descobrir se eles estão mentindo.

Seria bem fácil se o nariz deles crescesse quando eles pregam uma peta, como na historia do Pinóquio. Como isso não é possível, muita gente pode estar apostando no avanço da tecnologia, na esperança de uma solução high-tech.

Porém, ao menos até agora, não apareceu nenhuma solução no mundo “digital” e estudos recentes sugerem que, provavelmente, nunca seremos capazes de detectar um mentiroso com apenas um truque. 

O que funciona é ficar esperto, fazer perguntas estratégicas e ouvir as respostas com atenção.

Seu corpo mente junto com você?

Todo mundo já ouviu falar do famoso “detector de mentiras” que aparece em alguns filmes policiais. O nome da maquininha é polígrafo e não é usado apenas no cinema. Agências de segurança como o FBI e a CIA usam o polígrafo na vida real não só para identificar criminosos, mas também para fazer a triagem nos processos de seleção de novos funcionários.

O poligrafo mede sinais biométricos como batimento cardíaco, pressão arterial, suor e frequência respiratória, baseado na ideia de que as pessoas que mentem ficam ansiosas e seu estado psicológico de nervosismo acaba entregando a mentira.

Você deve estar pensando, vou comprar um poligrafo na Amazon para usar na próxima vez que meu marido for jogar futebol com os amigos. Se esses caras da CIA estão usando é porque funciona, certo? Só que não, economize o seu Amazon Prime, há muito tempo se sabe que o polígrafo não funciona porque não existe uma correlação perfeita entre ansiedade e mentira.

As medidas do polígrafo mostram que uma pessoa está ansiosa, mas muitas pessoas sinceras ficam ansiosas sob forte pressão de um interrogatório, levando o teste a apresentar muitos falso-positivos. Além disso, pessoas que sabem mentir muito bem podem não sentir nenhuma ansiedade e passam incólumes pelo detector de mentiras. 

Se o poligrafo não é infalível, o que fazer?
   
Uma abordagem recente que alega ser capaz de dizer se alguém esta mentindo, baseado em aspectos físicos, é um treinamento chamado de METT – Micro-expressions Training Tool (Ferramenta de Treinamento baseada em Micro-expressões, em tradução livre).

Ao invés de ser uma máquina, o METT é na verdade um treinamento estratégico que ensina um ser humano a detectar mentirosos ao prestar a atenção a pequenas e efêmeras “micro-expressões” que as pessoas fazem quando não estão dizendo a verdade.

Essa abordagem vem sendo usada em muitos lugares, inclusive por agentes de segurança em aeroportos. Antes que você comece a procurar por um METT online para usar no próximo fim de semana, quando haverá jogo do seu marido com os amigos dele, eu preciso te dar uma má noticia.

Um estudo recente mostrou que o METT pode ser pior do que apenas inútil. No estudo, 90 pessoas foram divididas em três grupos. Um grupo foi treinado com o METT, outro foi submetido a um treinamento placebo (sabidamente incapaz de identificar mentirosos) e o terceiro não recebeu treinamento nenhum.   

Na sequencia, os participantes da pesquisa assistiram a uma serie de vídeos de pessoas mentindo ou dizendo a verdade. Os participantes tinham simplesmente que dizer a diferença entre uma mentira e uma verdade. No final, aqueles treinados pelo METT se mostraram ligeiramente “piores” em identificar os mentirosos do que se tivessem tentado chutar aleatoriamente. Caramba!   

A melhor solução: apenas ouça os mentirosos

Nem tudo esta perdido, ainda existe uma maneira sistemática de evitar que você sempre seja enganado pelos mentirosos.

Um estudo recente mostrou que existe um modo bem eficaz, que dá um pouco mais de trabalho do que apenas medir o nariz do seu Pinóquio. O truque? Ficar ouvindo o que ele está dizendo. Na verdade, um pouquinho mais do que isso.

A forma que você faz a pergunta é crucial. O estudo parte do principio que mentir requer um esforço mental muito maior do que simplesmente dizer a verdade. Basta perguntar para qualquer escritor: criar um romance do zero demanda muito mais trabalho do que apenas adaptar para o livro uma historia real que de fato aconteceu. 

Assim como o escritor, o mentiroso precisa manter em sua memória todos os detalhes da ficção e ainda parecer convincente quando os tiver explicando.

Portanto, basta você acrescentar alguns desafios cognitivos para a tarefa do mentiroso e eles terão bastante trabalho para não serem apanhados, enquanto para o honesto nenhum esforço adicional será necessário.

Por exemplo, peça para a pessoa contar a historia de trás para a frente, ou seja, em ordem reversa. Quando a historia não é verdadeira fica bem difícil fazer isso e fornece ao observador a chance de identificar a mentira.

Outro abordagem bem básica, que sempre ajuda, é apenas fazer mais perguntas, especialmente algumas inesperadas. As pessoas que dizem a verdade conseguem facilmente falar mais do ocorrido, mas para um mentiroso sempre é difícil inventar algo que não estava no script da mentira.

Outras técnicas com embasamento cientifico podem ser uteis para agentes da lei. Por exemplo, um investigador não deve apresentar logo no inicio todas as cartas que tem e sim ir revelando gradualmente as evidencias que possui sobre o suspeito. A historia que o mentiroso vai criando pode ser inconsistente com uma das evidencias guardadas pelo interrogador e a mentira ser descoberta no meio do caminho.   

Ou seja, esqueça as técnicas de ficção cientifica baseadas em movimento dos olhos, posição das mãos, detectores de mentira e outras pseudociências. Se você quiser pegar um mentiroso numa conversa, preste menos atenção aos sinais físicos e ouça mais. Então: você está poupando o suficiente para a aposentadoria?


Grade abraço
Eder.


Fonte: Adaptado do artigo “To Catch Someone in a Lie, Science Says Go Low-Tech“, escrito por Linda Lombardi.
Credito de Imagem: www.cjmart.jp

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