Digamos que você está tentando treinar um macaco a ficar em pé em um pedestal e recitar a Canção do Tamoio, um clássico da língua portuguesa escrito por Antônio Gonçalves Dias.
Como você deveria alocar seu tempo e seu dinheiro entre as tarefas de: (i) treinar o macaco a falar; e (ii) construir o pedestal?
A resposta correta, claro, é gastar zero tempo pensando no pedestal - mas sou capaz de apostar que ao menos um punhado de pessoas vai correr e começar primeiro a construir um belo de um pedestal.
Por quê?
Porque em algum momento o chefe vai aparecer, vai perguntar o status, vai querer uma posição atualizada de como você está se saindo e você vai querer mostrar algum progresso.
Você não vai querer mostrar para ele uma longa lista de motivos pelos quais é muito, muito difícil ensinar um macaco a falar.
É da natureza humana querer que o chefe diga: “Ei, que pedestal maneiro, o trabalho está indo super bem!” ... e lembrar de você e de sua habilidade para construir pedestais quando chegar a época de promoções.
Você quer que seu chefe leve em consideração suas habilidades, ao invés de lembrar da longa lista de técnicas que não deram certo, para treinar macacos a falar. Tem que ser muito ingênuo pensar que o chefe (e aqueles acima dele) te agradecerão do fundo do coração por ter ajudado a organização a descobrir quanto tempo e recurso a empresa deve investir na educação avançada de macacos, para fazê-los falar.
Fundos de pensão, como a Vivest, que estão desenvolvendo abordagens e soluções para levar ao futuro os atuais planos de previdência complementar, estão fazendo um belo trabalho ao colocar o foco nos seus macacos.
Apesar de não ser tão simples e fácil como construir um pedestal, encontrar um caminho para tornar os fundos de pensão sustentáveis no longo prazo é uma tarefa relativamente objetiva. A parte mais urgente e desafiadora desse processo é determinar quais ações serão tentadas para se chegar lá.
Se dentro de cinco anos as ações escolhidas hoje provarem não ser o caminho, não se deveria continuar a investir nelas, os projetos deveriam ser encerrados e os recursos liberados para investimento em soluções que tenham mais chance de sucesso nos cinco anos seguintes.
É preciso muita atenção, muita engenharia cultural e forte compromisso com o longo prazo por parte do conselho deliberativo, dos administradores e dos gestores para fazer suas equipes abandonarem protótipos, soluções e projetos, reconhecendo que suas ideias não estão dando certo.
Focar no pedestal e continuar achando que é possível fazer um macaco falar, pode ajudar as carreiras no curto prazo, mas não será bom para manter os empregos no longo, nem para nos levar ao futuro dos fundos de pensāo.
Grande abraço,
Eder.
P.S.: Para aqueles que nāo conhecem o poema “Cançāo do Tamoio”, de Gonçalvez Dias e tiverem interesse em conhecer, aqui vai: link
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