PARTE 5
AgeTechs e WealthTechs
Os avanços no aumento da longevidade e as mudanças no sistema financeiro global transformarão a sociedade. Mesmo os pequenos resultados positivos e práticos obtidos no campo da longevidade, terão tremendo efeito multiplicador na sociedade quando estiverem ao alcance de todos. Aumentar a expectativa de vida funcional do ser humano em apenas um ano levará a uma melhor qualidade de vida para bilhões de pessoas.
Por isso veremos cada vez mais o inevitável crescimento de AgeTechs, WealthTech e inúmeras instituições e produtos financeiros inovadores, muitos já em desenvolvimento, com importância significativa no ecossistema da longevidade.
As fintechs estão redefinindo o setor bancário ao conectarem os serviços financeiros aos consumidores das novas gerações através de dispositivos moveis. No entanto, o foco das fintechs recai nos consumidores mais jovens e nos adultos e não naquele 1 bilhão de pessoas aposentadas que representam uma oportunidade de mercado de US$ 18 trilhões.
Como as fintechs e os bancos tradicionais não vem sendo capazes de oferecer soluções para os cidadãos do sétimo continente, vem surgindo os chamados challanger banks(3), um tipo de neobank(3), que tem dado os primeiros passos na adaptação de infraestrutura voltada para pessoas com mais de 60 anos.
(3) NeoBank é a expressão utilizada para os novos bancos que estão entrando no mercado com uma filosofia de trabalho diferente, com facilidade de acesso e utilização. Existem dois tipos de neobank, aqueles que não possuem uma licença bancária e os que tem. Os neobanks sem licença, geralmente oferecem uma experiência 100% digital através de um aplicativo móvel que permite processar tudo de forma muito simples e rápida, desde a abertura da conta até o encerramento, passando por transferências, extratos e operações com criptomoedas. Por não possuírem uma licença bancária, os neobanks devem estar associados a um banco tradicional, onde o dinheiro será depositado e que será responsável por todas as questões legais e regulatórias. O Challenger Bank, ao contrário do primeiro tipo, é um neobank que tem uma licença bancária, o que que além de permitir lidar com dinheiro físico, também permite que tenham agências, embora não sejam comuns, pois são igualmente definidos como bancos 100% digitais que operam via dispositivos moveis, voltados para a geração millennials e demais adultos que buscam a vantagem de tirar todo a gestão e movimentação do dinheiro da palma da mão, implicando em custos mais baixos.
Cunhou-se o termo “AgeTech” para se referir a infraestrutura, tecnologias e serviços otimizados para pessoas com idade acima de 60 anos.
No caso dos produtos financeiros, as agetechs visam permitir que pessoas mais velhas efetuem operações bancárias com menos dificuldade, fornecendo maior proteção contra fraudes financeiras. Produtos como tablets, smartphones e computadores vem sendo desenvolvidos com a funcionalidade voltada para pessoas mais velhas e incluem sistemas de alerta médico e fones amplificados para deficiências auditivas.
AgeTechs, porém, não se limitam aos produtos financeiros. Existe, por exemplo, uma demanda crescente por “casas inteligentes” desenvolvidas para permitir que pessoas mais velhas fiquem em suas próprias residências mesmo quando precisam de cuidados especiais. O mercado de soluções agetch tem potencial para chegar a US$ 2,7 trilhões em 2025, com um crescimento anual projetado de 21%.
As “WealTechs” são uma nova geração de empresas de tecnologia financeira que através de soluções digitais estão transformando, especificamente, o segmento de investimentos e gestão de ativos financeiros. Oferecem produtos e serviços que simplificam a formação de riqueza e melhoram sua manutenção. Entram em cena oferecendo planejamento financeiro com uso de inteligência artificial, big data, plataformas de micro-investimento e compra-venda de ações baseada em redes sociais.
As inovações implementadas pelas wealthtechs vem procurando solucionar os desafios financeiros enfrentados pela maioria das pessoas acima de 60 anos e procuram tornar melhor a “saúde financeira” delas. Alguns exemplos de wealthtech:
- Robôs de investimentos | Robo-advisors são serviços com automatização digital que usam algoritmos e machine learning para fornecer aconselhamento financeiro aos usuários buscando as opções de investimentos mais lucrativas e o retorno almejado, a partir do perfil de aversão à risco do cliente e em outras variáveis. Dispensa interface com outra pessoa e tem custo bem menor, entre 0,25% e 0,50% do patrimônio investido, quando comparado ao cobrado por planejadores financeiros humanos, que ficam na faixa de 1% a 2% do patrimônio.
- Robô de previdência | Robo-retirement é uma variação do robô de investimentos, nesse caso, especializada na gestão de poupança e investimentos voltados para a aposentadoria.
- Corretor de valores digital |Digital brokers são softwares, ferramentas e plataformas online que melhoram o acesso das pessoas aos seus investimentos e aplicações financeiras.
- Micro-investimento | Micro-investing são tecnologias que tornam possível investir pequenos montantes de dinheiro.
Na sexta parte do artigo falaremos das novas soluções e instituições financeiras para a economia da longevidade. Fique ligado, acompanhe, questione, comente.
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Eder C. da Costa e Silva é sócio-gerente e fundador da E.Carva Investimentos & Participações e autor do livro “Revolucionando os Conselhos dos Fundos de Pensão” (ed. PoloBooks, 2020) que será lançado em breve.
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