quinta-feira, 28 de agosto de 2014
Confiança é algo determinado inconscientemente, por isso seu plano de previdência precisa de uma cara confiável
De São Paulo – SP.
Nosso instinto de não confiar em
algumas pessoas nada mais é do que uma resposta evolucionária para nos manter a
salvo.
A parte do cérebro que é
responsável pela nossa decisão de lutar-ou-correr em determinada situação,
também desempenha um papel fundamental em nível subconsciente.
Essa parte do cérebro é a mesma
que processa a imagem de um rosto humano e nos leva a decidir se a pessoa é ou
não confiável – isso acontece em milisegundos.
Um estudo publicado no “The Journal of Neuroscience” mostra que a amidala, a
parte do cérebro associada com respostas primárias, como o medo, também pode
processar informações subconscientemente sobre um rosto humano e determinar -
numa fração de segundo - seu nível de confiança.
Os pesquisadores da Universidade
de Nova York usaram imagens de ressonância magnética (MRI) para monitorar as
atividades da amídala de algumas
pessoas enquanto mostravam uma série de rostos humanos de verdade e de rostos
ligeiramente modificados por computador que tiveram alterados os “traços de
confiabilidade”, tornando as sobrancelhas mais elevadas e as bochechas mais
pronunciadas.
Os rostos eram apresentados por
apenas milissegundos de cada vez – suficiente para a amídala reagir, mas não o bastante para as pessoas perceberem e decidirem
conscientemente sobre a sua confiabilidade.
Imediatamente após apresentar a
primeira fotografia em uma fração de segundos, era mostrada por um maior
período de tempo uma segunda foto, com um rosto neutro em termos de
confiabilidade, de modo que o cérebro não conseguisse processar conscientemente
o sinal da primeira imagem.
Faces com “níveis de
confiabilidade” baixo, neutro e alto.
Journal of Neuroscience, CC BY
Algumas regiões dentro da amídala se mostraram ativas apenas em
reação a um rosto não confiável. Outras regiões apresentaram atividade em
resposta a qualquer rosto, mas as
reações mais fortes foram aos rostos não confiáveis.
“A amídala está fortemente associada ao processamento de ameaças pelo
nosso cérebro”, disse Ricky van der Zwan (Professor Associado de Psicologia na Southern
Cross University). “Parte do motivo para o cérebro responder tão rapidamente é
porque quando você é confrontado com uma ameaça, você precisa ser capaz de agir
imediatamente, portanto, essa pesquisa mostra que a amídala processa a falta de confiança como se fosse uma ameaça”.
“A amídala funciona para nos manter protegidos. Trabalha
para nos dar a melhor chance de sobreviver por um pouquinho a mais de tempo,
nesse caso, nos afastando de pessoas não confiáveis”.
A posição da amídala em nosso cérebro.
O Professor de Neuropsicologia da
UNSW, Skye McDonald, explicou que as pessoas de aparência não confiável nos
despertam um senso de desconforto, mas que esse desconfiança inicial pode ser
superada.
“Em nível consciente ocorre um
processamento mais elaborado em nosso cérebro, envolvendo diversos aspectos
cognitivos, como memória, raciocínio e solução de problemas, que podem refazer
aquela primeira impressão”, disse.
“Em contrapartida, rostos que
inicialmente pareceram ‘confiáveis’ podem eventualmente vir a ser associados a um senso de desconfiança,
devido ao comportamento daquela pessoa”, completou ele.
Romina Polarmo, Professora Associada
de Psicologia da University of Western Australia, comentou que a amídala está conectada a praticamente
todas as demais partes do cérebro, então, pode ser que outras regiões estejam
fornecendo feedback para essa área poder processar a imagem do rosto.
“Esse estudo buscou identificar
se a área do cérebro que processa imagens apresentava ou não atividade ao mesmo
tempo que a amídala, mas não foi constatada nenhuma atividade naquela região
mesmo quando os rostos eram mostrados por um período mais longo de tempo –
ou seja, quando foi dado tempo suficiente para o cérebro processar
conscientemente a imagem dos rostos”, falou Polarmo.
O também Professor Associado, Van der
Zwan, acrescentou: “Tudo se resume a primeira impressão. Em 33 milisegundos
decidimos se vamos ou não confiar em alguém. Algo que decidimos em um rápido
instante, pode demorar muito tempo para superar”.
Portanto, dê uma cara confiável
para seu plano de aposentadoria quando for apresentá-lo aos empregados, afinal,
você não quer colocar tudo a perder vendo seus empregados desconfiarem, num piscar de olhos, desse
nobre benefício, decidindo não aderir ao plano....
Grande
abraço,
Eder.
Fonte:
Adaptado do artigo “Trust is unconsciously determined, thanks to the
amygdala: study”,
publicado no www.theconversation.com.
Crédito
de Imagens: Journal of Neuroscience, CC BY; Life Sciences
Database/Wikimedia Commons, CC BY-NC-SA
e Flood
G./Flickr, CC BY-NC
Marcadores:
Emoções,
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Previdência Complementar,
Psicologia Social,
Recursos Humanos
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Um comentário:
Então vale a máxima: a primeira impressão é a que fica! E como somos rápidos para gerá-la... Ótima reflexão Eder. Forte abraço, Guilherme
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