Credito de Imagem: Matt Dunham/AP
De São Paulo, SP.
Vamos chegando na terceira fase da pandemia causada pelo COVID-19, mais ou menos no mesmo estágio que a maioria dos países do mundo. Na primeira fase estávamos identificando a ameaça e na segunda passamos a responder à mesma.
Nessa fase agora passamos a avaliar e monitorar se as respostas estão surtindo efeito e a administrar a dose do remédio para que ele não mate o paciente.
Vão se avolumando os alertas para os efeitos de uma overdose do remédio usado para debelar o novo coronavírus: catástrofe econômica, caso não se planeje um retorno ao trabalho já a partir de maio.
Os CEOs das empresas americanas querem ter uma conversa dura com todo o país para mostrar quais serão as consequências se o isolamento, nos moldes atuais, ultrapassar meados de maio. O que eles têm a dizer se aplica não apenas aos EUA, mas também ao Brasil e a vários outros países ao redor do mundo.
Segundo os CEOs, um massivo número de empresas, grandes e pequenas, sumirá do mapa se o governo e a iniciativa privada não começarem a planejar urgentemente a forma de setores da economia retornarem ao trabalho.
O risco de se adiar a discussão
Todos têm consciência de que muitos segmentos da economia não poderão retornar as atividades antes de junho ou mesmo depois disso, mas o que chama a atenção é a falta de urgência na discussão sobre quais setores poderão voltar mais cedo ao trabalho.
As conversas dos CEOs ainda estão ocorrendo de forma restrita, limitadas aos fóruns empresariais, porque eles temem parecer insensíveis se abrirem essa discussão e levarem a preocupação para o domínio publico, num momento em que todos estão apavorados.
Por outro lado, reconhecem que esse é um debate que o país precisa iniciar urgentemente, ainda que haja alguma discordância sob a ótica e o timing de se fazer isso.
O retorno ao trabalho pode começar por geografia, demografia ou tipo de trabalho. Provavelmente o planejamento incluiria o uso de máscaras e luvas. Talvez nem seja perfeito, talvez não seja capaz de identificar e permitir o retorno de pessoas que tiveram o vírus e foram curadas, bem como daqueles que possuem anticorpos e são imunes ao vírus.
Infectologistas entendem que o retorno deve acontecer quando certo ponto da curva for atingido e se começar a descer, quando nenhum novo caso for identificado e não houver mais mortes durante certo período de tempo. O ponto de vista deles é que só a partir daí fará sentido relaxar as exigências de distanciamento social.
Não há consenso sobre quando será o momento do retorno, mas os CEOs alegam que é preciso definir um prazo realista e que precisam conversar honestamente com seus empregados sobre o que vai acontecer. Eles se perguntam:
- A partir de que ponto um negócio se torna irrecuperável?
- Qual o ponto em que eu simplesmente mando todo mundo embora, fecho as portas e devolvo as chaves para o proprietário do imóvel?
As empresas temem que, enquanto tiverem afastados, seus empregados se vejam forçados a agarrar a primeira oferta de emprego e não possam contar com eles durante a retomada
Empreendedores e presidentes de empresas também sabem que depressão e vícios acompanham os empregados durante uma recessão econômica. Ninguém quer falar disso, mas quando retornam ao trabalho, empregados deprimidos e com vícios nem sequer trabalham.
Dimensão econômica dessa crise
Os gastos públicos do governo americano no ano de 2020, em percentual do PIB, estão mais próximo do que aconteceu na II Guerra Mundial do que o verificado na pior crise econômica até hoje.
E estamos apenas no começo, os gastos ainda deverão aumentar.
A diferença é o escopo do pacote econômico para salvar a economia do coronavirus. O alvo vem sendo bem diferente do que aconteceu na reconstrução depois da II Guerra Mundial.
A crise do COVID-19 levará a grandes mudanças sociais, grandes mudanças nos negócios e grandes mudanças na política. A dimensão das mudanças será proporcional ao tamanho do evento, da mesma forma que as reformas que redesenharam o mundo depois da II Guerra Mundial,
Finalizando
Nas próximas semanas dessa terceira fase da crise, espere ver e ouvir mais e mais grupos de discussão publica sobre a retomada planejada ao trabalho, inclusive no nosso segmento de fundos de pensão.
Se demorar muito para começarmos a discutir isso, o medo vai aumentando e aumentando. As empresas estão dispostas a arriscar discutir alguns horrores para evitar outros.
Abraço
Eder.
Fonte: Adaptado de texto escrito pelo Mike Allen - Axios AM
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