sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

O MUNDO CORPORATIVO CONTINUA DOMINADO POR HOMENS, MAS DISCRIMINAR MULHERES POR SEREM AMBICIOSAS, AÍ JÁ É DEMAIS!

 



De Sāo Paulo, SP.


Alguns meses atrás uma jornalista da Revista Fortune entrevistou Ashley McEvoy, então Vice-Presidente Executiva da J&J e Presidente do Conselho Mundial de uma das divisões da gigante farmacêutica, a J&J MedTech, avaliada em US$ 27 bilhões.


Crédito de Imagem: www.pymnts.com

A jornalista, Emma Hinchliffe, analisou a trajetória profissional da executiva que liderou marcas de consumo famosas como Tylenol e Listerine e ascendeu na carreira até se tornar responsável por um negócio complexo no setor de saúde.

McEvoy, 53 anos, estava na J&J há 27 anos na época da entrevista e no final da conversa foi perguntada se queria ser CEO.

A pergunta é feita corriqueiramente aos executivos entrevistados pela Revista Fortune, porque diz muito sobre a jornada do profissional – se ele/ela se vê subindo ou descendo na carreira, se chegar no topo importa, se valoriza mais a vida pessoal ou se tem outras perspectivas sobre o trabalho que faz.

Por exemplo, Sarah Jones Simmer, ex-executiva da Bumble que se tornou CEO de uma startup de emagrecimento chamada Found, disse na entrevista dela que ser CEO se tornou importante depois que ela foi diagnosticada com câncer.

Alicia Boler Davis, que foi executiva na Amazon e hoje é CEO da Alto Pharmacy, uma startup de entrega de medicamentos, percebeu que o emprego de CEO de uma grande empresa listada na Fortune 500, não era para ela. Preferia ajudar a construir um negócio do zero, do que simplesmente seguir aplicando uma estratégia de negócios definida há décadas.

Quando a jornalista da Fortune perguntou se McEvouy queria ser CEO, a resposta veio rápido: “com toda certeza!” e adicionou “não se trata apenas de ser CEO, mas de impulsionar impacto – ser uma forca para mudar efetivamente o mundo”.

A entrevista foi publicada em meados de setembro passado e de acordo com o Wall Street Journal, causou insatisfação em determinada audiência, leia-se, os chefes de McEvoy na J&J. Divulgar publicamente o interesse numa posição de CEO não caiu bem junto à liderança, principalmente junto ao atual CEO da J&J, Joaquim Duato.

Apesar da pergunta ter sido sobre o interesse em “qualquer” posição de CEO (não necessariamente da J&J), McEvoy vinha sendo considerada entre os principais candidatos à cadeira de CEO da J&J.

Mas ao invés de se tornar CEO da gigante farmacêutica, McEvoy acabou tendo que anunciar sua saída da J&J, em outubro passado: “é impossível expressar o quão importante essa empresa foi para mim e quão grata estou por minha carreira até aqui”, escreveu ela no LinkedIn. “Que venha a próxima etapa”.


Ashley McEvoy pediu para sair em Outubro - Foto: cortesia da Johnson & Johnson

O episódio levanta algumas questões críticas: “Será que um executivo pode expressar sua ambição? Quando a executivo é uma mulher, essa ambição é percebida de modo diferente?

De acordo com um estudo da Korn Ferry, feito em 2017, as mulheres não costumam se ver como futuras CEO. Das 57 CEOs mulheres entrevistadas no estudo, somente cinco queriam ser CEOs. Três não queriam a função de modo algum, mas aceitaram por dever de ofício e 2/3 “não se deram conta de que poderiam ser CEO até que alguém lhes dissesse”.  

Portanto, as mulheres que querem ser CEO são raras e as que expressam essa ambição, são mais raras ainda.

A ambição das mulheres é percebida de forma diferente da dos homens. As mulheres são vistas como ambiciosas demais ou como não ambiciosas o suficiente.

Não se sabe, com certeza, o motivo de McEvoy ter deixado da J&J; ela declinou de entrevistas para o Wall Street Journal e a Johnson & Johnson não respondeu aos pedidos de comentário. 

Quer a resposta dada de supetão na entrevista para a Revista fortune tenha contribuído ou não para sua saída, uma coisa é certa:

As mulheres não deveriam ser penalizadas por ter ambição – ou por serem francas sobre isso – quem deveria ser penalizado, pelos acionistas, pelo conselho, pelos consumidores e pela sociedade, são os homens que não sabem conviver com isso.

Grande abraço,
Eder.





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