Falando de sustentabilidade, os desafios existenciais dos fundos de pensão continuam a piorar. Regulamentação dificultando a retirada de patrocínio de planos, indicaçōes de diretores presidentes para comandar grandes entidades sendo questionadas na justiça, foco no retrovisor ao invés de no para-brisas do setor, declínio no número de organizações a cada ano.
Será que uma empresa que não tem plano e anda procurando um meio de ajudar seus empregados a poupar para o futuro, consegue desconsiderar essas coisas?
A melhor forma de combater isso, é dar crédito a todos aqueles pressionando por uma governança mais profissional dos conselhos e da própria gestão dos fundos de pensão.
Reconhecer que o sistema de previdência complementar tem um problema existencial é apenas o primeiro passo. Os passos de dois a 10, são consertá-lo.
Adesão automática: uma boa ideia não é suficiente
Existem muitas boas ideias, fáceis de aprender e copiar. Existem incontáveis projetos bem executados, com as etapas visíveis à vista, a nos ensinar.
Qualquer um trabalhando com previdência complementar pode encontrar uma boa iniciativa em algum local e trazer uma versão dela de lá para cá.
E qualquer um no governo, responsável pelo desenvolvimento de políticas publicas de previdência complementar, pode identificar uma medida adotada com sucesso em outro país e simplesmente seguir o manual.
Nada disso é suficiente.
O que anda escasso na engrenagem da previdência complementar é a vontade ou a capacidade de “inovar”. De se entregar ao seu desenvolvimento e não desistir.
De ter esperança, de sonhar, de superar as dificuldades, de forçar a barra em direção ao desconhecido e acima de tudo, de assumir responsabilidades.
Não é tão arriscado quanto parece, mas é difícil.
Um recado de Matt Damon e dos Vikings
Em 2021 uma das maiores corretoras de criptomoedas do mundo, a Crypto.com, levou ao ar nos EUA durante o Super Bowl um comercial com Matt Damon.
Era um recado para as pessoas sobre as recompensas ao alcance daqueles dispostos a correr riscos e investir numa nova classe de ativos, as moedas digitais, as criptomoedas.
“A história está repleta de ‘quase’...”, diz o ator caminhando por um museu com ar professoral. “... aqueles que ‘quase’ se aventuraram, aqueles que ‘quase’ alcançaram, mas no final das contas, para eles, provou ser difícil demais”.
Damon interrompe a caminhada e olha reflexivamente para uma representação do navegador português Fernão de Magalhaes, que se dissolve em ondas gigantes.
Ele passa então rapidamente para outras figuras, mais inspiradoras: um alpinista a caminho do topo, um dos irmãos Wright, um casal comum se beijando numa boate, um grupo de astronautas racialmente diverso pisando orgulhosamente numa passarela, em uma cena vinda de lugar nenhum na historia.
Prossegue Damon: “Existem outros, aqueles que abraçam o momento, se comprometem e naqueles momentos da verdade, esses homens e mulheres, esses mortais – como você e eu – ao olharem pela borda do precipício, acalmam suas mentes e fortalecem seus nervos, mentalizando quatro palavras simples que vêm sendo sussurradas pelos intrépidos desde os tempos dos Romanos:
“A fortuna favorece os bravos”
Um ditado escandinavo diz que “O vento Norte fez os Vikings”.
De onde as pessoas tiraram a ideia de que uma vida segura e agradável, a ausência de dificuldades, o conforto da facilidade, por si só, tornam as pessoas boas ou felizes?
Pelo contrário, as pessoas que têm pena de si mesmas, continuam tendo pena de si mesmas, ainda que deitadas confortavelmente numa almofada.
Ao longo dos tempos, as pessoas desenvolveram caráter e atingiram a felicidade em todo tipo de circunstâncias, boas, más e indiferentes, mas o provérbio escandinavo sugere que os desafios, simbolizados pelas agruras do vento Norte, moldaram e fortaleceram os Vikings no curso da história.
É um lembrete de que devemos encarar as dificuldades como oportunidades para crescimento e fortalecimento, ao invés de obstáculos. Tanto em nível pessoal, quanto no contexto corporativo.
Enfrentar os desafios com resiliência pode levar ao fortalecimento pessoal dos profissionais e coletivo dos fundos de pensão. Aplicar Lavoisier nas ideias alheias ajuda, é necessário, mas é insuficiente. Fica a dica.
Abraço,
Éder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário