De São Paulo, SP.
No final da consulta, o neurologista perguntou qual seria o melhor dia para a consulta seguinte. O paciente, que apesar do dano no cérebro mantinha cognição normal e perfeita, não conseguiu decidir. Ele conseguia pesar os pros e contras das diferentes opções de data, mas simplesmente não chegava a uma conclusão. O neurologista Antônio Damásio vinha estudando há +30 anos a neurobiologia humana, a consciência e o papel das emoções na tomada de decisões e o paciente tinha um trauma cerebral que o deixara incapaz de sentir emoções. Esse e outros casos estudados por Damásio, provam que, apesar de contrariar o senso comum, as emoções são cruciais no processo de julgamento e tomada de decisões.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
Quando precisamos fazer uma escolha entre duas ou mais alternativas,
duas coisas são necessárias: 1) determinar e avaliar os aspectos salientes
(termo usado na neurociência) de cada alternativa; e 2) comparar o conjunto de características
de cada uma com as demais. Parte da decisão envolve uma espécie de computação,
mas no fim das contas, precisamos fazer um julgamento: qual a melhor
alternativa? A tomada de decisão envolve diferentes partes do cérebro. Uma delas
lida com fatos, faz cálculos e trabalha com logica, mas é incapaz de julgar. Para
determinar se uma coisa é melhor ou pior do que outra, é preciso usar a parte
do cérebro responsável por emoções. Uma coisa é melhor (ou pior) para nós
porque nos faz sentir bem. Exatamente a parte do cérebro do paciente que estava
danificada.
CONCLUSÃO:
O problema
com reações (decisões) impulsivas é que lhes falta razão, elas são inteiramente
baseadas em emoções. Elas deixam de lado qualquer avaliação racional sobre o custo
x benefício da decisão, em troca de um benefício imediato, sem considerar seu
custo no longo prazo. A maioria das pessoas aprende a
suprimir impulsos impróprios. Podemos até ser tolerantes com uma eventual
reação impulsiva de alguém que não esteja em posição de muita responsabilidade,
principalmente se não tiver consequência. Quanto mais poder tem uma pessoa,
mais problemático será uma natureza impulsiva. Certamente não é o tipo de característica
que gostaríamos de ver num conselheiro ou diretor executivo de fundo de pensão
que toma decisões de longo prazo.
Fonte: Bad Impulses,
escrito por Koen Smets
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