De São Paulo, SP.
Desde 22 dezembro de 2022, foram cancelados 15.000 voos da Southwest Airlines nos EUA. Milhares de passageiros ficaram presos nos aeroportos e milhões de consumidores foram afetados.
A cia aérea culpou um desatualizado software
que agenda as tripulações dos voos, que ficou sobrecarregado pelo volume de
mudança nos voos devido ao mau tempo e às nevascas e “deu pau”, forçando
a gestão manual das escalas de voo.
Prejuízo estimado: US$ 300 MM a US$ 700
MM.
Não é incomum CEOs se negarem a aprovar o upgrade de infraestrutura digital e a substituição de velhos softwares, quando pressionados pelo pessoal de TI.
Preferem adotar remendos baratos e
empurrar com a barriga uma renovação tecnológica mais ampla, evitando o impacto
financeiro sobre os resultados, decorrentes dos altos custos desses movimentos,
que potencialmente desvalorizam as ações da empresa e reduzem a remuneração do
próprio CEO.
Os conselhos, na maioria das vezes, são
cumplices dessa lambança tecnológica. Seja por simplesmente estarem mais por
fora que bunda de índio sobre essa desatualização tecnológica, seja por concordarem
com os adiamentos.
Um estudo feito pelo Prof. Gianvito
Lanzolla e seus colegas da Bayes Business School em Londres –
Inglaterra, examinou o impacto do conselho de administração sobre a
transformação digital das companhias.
Analisaram dados das empresas listadas
no S&P500 e a linguagem usada na carta aos acionistas.
Descobriram que os investidores
valorizam mais as empresas cujos CEOs planejam investir em tecnologia digital, valores
superiores aos de seus competidores.
Os investidores sabem que o CEO precisa
de apoio do conselho para esses altos gastos em tecnologia, ainda que os retornos
não se materializem tão cedo. Portanto, consideram que esses conselhos pensam
estrategicamente.
Ou seja, as empresas cujos conselhos
estão dispostos a experimentar novas tecnologias são recompensadas com
avaliações mais altas pelos investidores.
Por outro lado, conselhos demasiadamente
focados em monitorar o fluxo de caixa da empresa, nem sempre são percebidos
positivamente.
O Prof. Gianvito notou que os conselhos
mais eficazes têm diversidade de conhecimento, contam com membros independentes
que possuem expertise digital que complementam e dão suporte à visão do CEO.
Os investidores enxergam um risco menor desses conselhos serem vítima de pensamento em grupo (group thinking) e
mais propensos a permitir a adoção de tecnologia avançada.
Por que os fundos de pensão não decolam
A quase totalidade dos conselheiros é
oriunda da própria Southwest Airlines e nenhum conselheiro, claramente, possui
liderança em tecnologia.
Já viu esse filme? Nos fundos de pensão
é ainda pior, 100% dos conselheiros são oriundos da mesma empresa.
Além de sofrerem de group thinking, sofrem de tunnel vission ao enxergarem apenas os planos de previdência complementar atuais, dos quais eles próprios participam, sem nenhum compromisso ou interesse nos futuros participantes.
Um truísmo sobre o futuro, que muitos conselhos de fundos de pensão não levam a sério, é que os atuais planos CD, CV e BD não são um destino.
Eles são um conjunto de escolhas, dentro
de um conjunto de possibilidades, que visam assegurar uma renda de
aposentadoria aos (atuais) participantes.
Encontrar outras soluções, novos tipos
de plano, para novos tipos de participantes, abordagens inovadoras, é uma
jornada.
O papel do conselho de uma companhia
aérea é assegurar que a viagem não seja interrompida. O do conselho de um fundo
de pensão, idem.
Grande abraço,
Eder.
Fonte: Southwest Airlines’ holiday week
from hell may cost the company up to $700 million. Here’s what boards can learn
from the fiasco, escrito por Lila MacLellan
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