“será que deveríamos ter uma estratégia geopolítica?”
sexta-feira, 23 de junho de 2023
OS FUNDOS DE PENSĀO DEVERIAM SE PREOCUPAR COM RISCOS GEOPOLÍTICOS?
"NADA É MAIS IMINENTE DO QUE O IMPOSSIVEL ... O QUE NÓS DEVEMOS SEMPRE NOS PREVENIR É CONTRA O IMPREVISIVEL" (Victor Hugo)
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De Sao Paulo, SP.
Os fundos de pensão brasileiros sempre estiveram à margem dos riscos geopolíticos, que não aparecem nas matrizes de risco sequer dos maiores fundos do país.
Localizados num canto do mundo onde ameaças de soberania não fazem parte da agenda, é até compreensível que isso aconteça.
Mas isso deveria estar mudando e não apenas porque muitos fundos de pensão já possuem parte de seus investimentos feitos no exterior.
A guerra na Ucrânia mostrou que investidores institucionais do mundo todo podem ter seus retornos afetados quando um evento geopolítico desses acontece.
Dito de outra forma, mesmo investidores institucionais baseados aqui na Terra de Cabral (o da caravelas), sofrem com eventos que acontecem do outro lado do globo.
A invasão da Ucrânia pela Rússia mostrou, também, que as perdas podem ser catastróficas, como foi o caso de setores econômicos inteiros sendo banidos de operar na Rússia, quer seja por sanções dos EUA, quer por decisão dos Russos.
Na medida em que EUA e China se voltam para dentro e que mais e mais investimentos tendem a ser feitos em setores que dependem de tecnologia sensível, como TI, IA, Aeroespacial e outras, os fundos de pensão deveriam estar se perguntando:
O Brasil depende de potências estrangeiras para ter acesso a tecnologia e inovação. Os fundos de pensão deveriam diversificar o investimento nas empresas de seus portfolios, buscando empresas com diferentes fornecedores de tecnologia localizados em regiões e mercados diferentes.
Deveriam começar a endereçar esse risco se quiserem preservar seus portfolios de investimentos e assegurar sua sustentabilidade no longo prazo.
As startups de hoje em dia – inclusive as brasileiras - se consideram globais já na largada. Antes mesmo de atingirem três, quatro milhões de reais em receitas buscam o mercado global.
Isso significa que se tornam expostas a diferentes ambientes regulatórios, perfis de consumidor e claro, às tensões geopolíticas.
Clientes como fonte de risco geopolíticos
Os clientes das empresas nas quais os fundos de pensão investem, das quais compram ações, podem ser uma fonte de risco geopolítico quando os principais clientes dessas empresas são, por exemplo, governos.
Isso acontece no setor de defesa e tecnologia, mas também de biotech, de health-tech, de medicina etc. Apenas para ficar em um exemplo, o SUS compra diversos medicamentos (tipo insulina e outros) de laboratórios estrangeiros cujas ações estão nos portfolios de investidores institucionais.
O “assessement” (avaliação) dos investimentos pelos fundos de pensão deveria se expandir para incluir os riscos geopolíticos a eles associados.
A “luz verde” para seguirem em frente deveria passar por um portfolio de vendas para clientes diversificados (quando governos fizerem parte da lista de clientes), parcerias robustas e adaptabilidade a mudanças regulatórias.
Questões globais de geopolítica vem crescendo e se tornando uma peça cada vez maior do quebra-cabeças, tanto do lado dos investidores institucionais, como do lado das próprias empresas investidas.
Entre um cafezinho e outro, o conselho deliberativo do seu fundo de pensão tem se preocupado com isso?
Grande abraço,
Eder.
Fonte: Do VCs need a geopolitical policy?, escrito por Eleanor Warnock.
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