segunda-feira, 28 de abril de 2025

ATUÁRIA: QUANDO A CIÊNCIA DA PREVISĀO FALHA ANTE O IMPREVISÍVEL.

 

De Sāo Paulo, SP.


Durante décadas nós, atuários, fomos reverenciados como mestres da previsão. Com nossas tábuas de mortalidade, fórmulas de capitalização e ferramentas estatísticas, modelamos o futuro de milhões. Sabíamos quando as pessoas iam morrer — ou pelo menos, presumíamos saber. Mas talvez tenha chegado a hora de encarar uma verdade incômoda: a ciência atuarial está estagnada. E como toda ciência que para de questionar a si mesma, começa a tropeçar em seus próprios limites.

Como na física — que parece ter se enredado num labirinto teórico de hipóteses inalcançáveis — a atuária parece hoje presa a paradigmas envelhecidos. Paradigmas que funcionaram bem num mundo onde se morria aos 70, mas que se mostram cada vez mais insuficientes num século em que supercentenários (pessoas que vivem mais de 110 anos) começam a deixar de ser exceções curiosas e bizarras, para se tornarem uma nova realidade estatística.

Tábuas anacrônicas, futuro incerto

As tábuas atuariais continuam tentando descrever o comportamento da morte como se ela obedecesse a uma lógica de regularidade. Mas a morte — assim como a vida — se tornou cada vez mais errática, imprevisível e distante. O problema? Em parte, dados. Ou melhor, a ausência deles. Quando um modelo estatístico é baseado em informação histórica, ele necessariamente projeta o futuro como um prolongamento do passado. Mas e se o futuro biológico da humanidade e o limite da vida humana, não forem uma linha, e sim uma curva exponencial alimentada por avanços em biotecnologia, inteligência artificial, nanotecnologia, neurociência, robótica …?

A maioria dos modelos atuariais atuais não tem o que dizer sobre os 110, 115 ou 120 anos. Não porque esses anos não existam, mas porque quase não temos registros confiáveis de quem os viveu. E quando temos, são números esparsos demais para alimentar uma modelagem robusta. Isso faz com que, na prática, as projeções de longevidade se tornem um exercício de fé estatística, e não de ciência.

Previdência em xeque

Se a física contemporânea parece cada vez mais incapaz de explicar o “real”, a atuária parece cada vez menos capaz de garantir a “segurança financeira futura”. Como desenhar planos de previdência complementar que ofereçam segurança para vidas que talvez durem 30 ou 40 anos além do que os próprios planos previram? Como assegurar a solvência de fundos quando as bases atuariais sobre as quais foram construídos começam a ruir silenciosamente?

Aqui surge um paradoxo: a tecnologia que prolonga a vida é a mesma que desafia os modelos que garantem a sua dignidade econômica. A medicina personalizada, as terapias genéticas e a possível reversão do envelhecimento biológico são grandes promessas — mas cada ano extra de vida representa um ano extra de pagamento de benefícios, um ano a menos de arrecadação, um ano a mais de incerteza atuarial.

O fim da previsibilidade?

Credito de Imagem: Adobe Stock


Talvez o maior desafio da ciência atuarial contemporânea seja filosófico. Assim como a física vive um impasse entre a beleza matemática de suas teorias e sua incapacidade de serem testadas empiricamente, a atuária vive entre a elegância de suas fórmulas e sua desconexão com a realidade em rapida mutação.

A previsão de riscos exige premissas. Mas quando as premissas são frágeis — e a mais frágil de todas é a suposição de que podemos prever a longevidade com base no passado — a previsão se transforma em miragem.

E agora?

É preciso repensar. Incorporar incertezas radicais aos modelos. Simular cenários extremos que hoje soam como ficção científica, mas que podem ser o “business as usual” de amanhã. Olhar para a longevidade não como uma curva suave, mas como uma cadeia de rupturas. E, sobretudo, aceitar que o papel do atuário no século XXI talvez não seja mais “prever com minima precisão”, mas sim “projetar com humildade”.

Porque, no fundo, o que está em jogo não é apenas a sustentabilidade dos fundos de pensão. É a capacidade de uma ciência de se reinventar diante de um futuro que insiste em não se deixar calcular.

A ciência atuarial parou no tempo?

Enquanto a tecnologia corre, a atuária caminha. Ou melhor: tropeça.

Você já parou pra pensar que os atuários, esses mestres da previsão, podem estar sendo enganados por sua própria régua? Pois é. Eles ainda usam tábuas de mortalidade criadas dois séculos atrás. Mas o mundo mudou. A atuária … nem tanto.

Modelos ultrapassados, futuros imprevisíveis


Crédito de Imagem: www.elearning.strathmore.edu


A ciência atuarial segue tentando prever quanto tempo as pessoas vão viver — só que com dados antigos e, principalmente, sem dados sobre quem vive muito mais do que a média. Afinal, quantas pessoas com mais de 110 anos têm a certidão de nascimento à mão? Quando tem, será que é fidedigna? Sem essas provas, não tem como calibrar os modelos. Resultado? A tábua “dá tilt” justo onde ela deveria ser mais útil: na modelagem da mortalidade nas idades extremas.

Vida longa demais pro Excel acompanhar

Enquanto isso, lá fora: biotecnologia, IA, robôs cuidadores, impressoras 3D de órgãos e talvez até pílulas para rejuvenescer células. Sim, estamos entrando numa era em que viver até os 150 pode virar o novo 80. E os planos de previdência? Foram desenhados pra uma humanidade que vivia menos, se aposentava cedo e morria rápido.

O rombo invisível

Quanto custa viver mais? Muito. Exatamente por isso os fundos de pensão, que precisavam pagar aposentadorias por décadas a mais do que planejaram nos planos BD, deixaram de fazê-lo nos planos de previdência complementar atuais. Ainda por cima, com menos gente nova entrando no sistema. Qual o resultado? Um baita risco de colapso silencioso. Porque o risco não é só viver mais — é viver mais sem dinheiro.

Prever o imprevisível ou encarar o caos?

A verdade é dura: a atuária não consegue mais prever com segurança um futuro que não se parece com o passado. E talvez o papel do atuário precise mudar. Trocar a “certeza matemática” por “gestão de incertezas radicais”. Parar de procurar por uma fórmula mágica e começar a navegar cenários onde a pergunta não é mais “quanto tempo vamos viver?”, mas sim “como vamos garantir dignidade até lá?”

A ciência que nasceu pra trazer segurança virou refém de um futuro que não cabe mais nas suas planilhas. Está na hora da atuária acordar, abandonar o piloto automático e enfrentar o imprevisível de frente.

Ou corre o risco de virar… peça de museu.

Grande abraço,

Eder.


Opiniōes: Todas minhas | Fonte: “The stagnation of physics”, escrito por Adrien De Sutter.

Dislcaimer: Esse artigo foi escrito com uso de IA a partir de prompts e insights fornecidos como inputs pelo autor e da fonte mencionada acima.



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