De Sāo Paulo, SP.
Em 2007, escrevi um artigo chamado “A morte da aposentadoria, nós e o sapo”. A provocação era simples: você sabe a história do sapo que morre escaldado sem perceber, porque a água aquece devagar?
Pois é, a aposentadoria também muda assim: aos poucos, quase imperceptivelmente… até que puf! o modelo já não serve mais.
Só que ninguém percebeu.
Hoje, quase duas décadas depois, essa panela está fervendo.
Nos EUA, Reino Unido e Canadá, a chamada phased retirement (aposentadoria em fases, em português) já virou política pública e prática consolidada.
O conceito?
👩💼 A pessoa reduz a jornada de trabalho
💰 Começa a receber parte do benefício de previdencia complementar
💼 E segue trabalhando, com salário proporcional
A ideia é simples, elegante e convenhamos, muito mais humana: o trabalhador vai diminuindo a carga horária aos poucos, recebe um benefício proporcional pelas horas não trabalhadas e ao mesmo tempo, continua ganhando salário.
Um pé na labuta, outro na rede. Suave na nave.
Um modelo que respeita a realidade de quem ainda pode e quer trabalhar, sem perder dignidade, sem perder renda, sem perder seu espaço no mercado de trabalho.
De volta para o futuro
Nāo é nova a ideia de que a aposentadoria deveria ser um processo gradual versus um processo abrupto. Historicamente, era incomum algum parar de trabalhar.
A aposentadoria era reservada aos muito doentes ou muito velhos, o trabalho era modificado para se acomodar aos trabalhadores, na medida em que envelheciam.
Apenas mais recentemente na historia humana, a aposentadoria se tornou um evento abrupto e ali empacou.
Agora, uma força de trabalho envelhecida e ativa, aliada a realidade econômica da aposentadoria - que entrega renda insuficiente - está clamando por uma “volta ao passado” para a época em que aposentadoria era uma transiçāo gradual.
O problema? Governo, empresas e dirigentes de fundos de pensāo, ainda tem na cabeça o modelo de aposentadoria do Século XX.
No Brasil, seguimos no botão liga/desliga
Mas aqui, na Terra de Cabral, dá pra fazer isso?
Bom… digamos que ainda estamos na fase do “fica pra próxima”.
Nos planos de previdência daqui, o sujeito ou está ativo, ou está aposentado. Não tem meio-termo, nem meio-turno. É 8 ou 80. É tipo aquele botão de liga/desliga do controle remoto: não adianta apertar com carinho, ele não entende nuances.
Ou você está ativo. Ou você está aposentado.
Não existe meio-termo, nem fase de transição. Só fim de jogo.
E por que isso?
Porque nem nossa legislação, nem nossos fundos de pensāo, nem os atuais desenhos de planos de previdência complementar corporativos, permitem que alguém esteja “meio aposentado e meio trabalhando”, ao mesmo tempo.
Porque os reguladores fingem que não vêem …
E porque as empresas, quando falam de inclusão geracional e de ESG, estão quase sempre se referindo ao PowerPoint, a belas peças de marketing, a relatórios de administraçāo bonitōes — não ao mundo real.
Porque isso nāo muda?
Porque os tecnocratas do governo, responsáveis por políticas públicas de previdência complementar, andam ocupadíssimos. Com o quê? Mistério digno de série da Netflix.
O fato é que falta vontade política, sobram amarras regulatórias e ninguém quer colocar a mão nessa cumbuca jurídica cheia de “e se der ruim?”.
E as empresas?
Ah, as empresas… essas adoram um discurso bonito no LinkedIn, cheio de palavras como “inclusão geracional” e “diversidade etária”. Mas, na prática, preferem manter tudo como está.
Implementar aposentadoria em fases? Dá trabalho. Requer planejamento, revisão de políticas internas, diálogo com RH, jurídico, previdência… melhor deixar quieto e postar mais um carrossel com foto de idoso sorrindo no feed do fundo de pensāo.
Enquanto isso, seguimos aqui, abaixo da Linha do Equador, forçando os profissionais experientes a uma aposentadoria abrupta, como quem arranca band-aid.
E perdendo, claro, um oceano de talentos, experiências e sabedorias — tudo porque insistimos em ver a vida profissional como uma linha reta, e não como um ciclo que pode, sim, desacelerar com dignidade.
Mas tem um lado B … que interessa MUITO às empresas.
O quê as empresas ganham?
✅ Retenção de talentos
✅ Preservação da cultura e valores
✅ Menores custos de contratação e rotatividade
✅ Um time mais estável enquanto os jovens (escassos) vão sendo formados
E os trabalhadores, ganham o quê?
Liberdade. Satisfação. Renda. Tempo. Propósito.
Não é pouca coisa.
Então… como tirar isso do papel no Brasil?
Aí vai um plano em 3 frentes - puro “free consulting” para a ABRAPP, APEP, PREVIC, CNPC, Fundos de Pensāo, Empresas ... para quem tiver interesse, de verdade:
📜 REGULAMENTAÇÃO DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
• Permitir a coexistência dos status ativo e assistido no mesmo plano de previdencia complementar corporativo;
• Autorizar pagamento proporcional de benefícios, podendo alterar a renda periodicamente dependendo das circuntâncias do trabalho ativo.
• Estabelecer regras para não criar riscos jurídicos aos fundos de pensāo nem às empresas no lado trabalhista.
• Adequar a tributaçāo, regimes tributários (regressivo e progressivo), para uma nova realidade de renda da atividade, que conviva com renda da inatividade.
🏛️ POLÍTICAS PÚBLICAS DE PREVIDÊNCIA
• Integrar o tema nas diretrizes da Previc, CNPS e Ministério da Previdência.
• Criar campanhas de valorização do trabalhador sênior
• Estimular a permanência na vida produtiva, com incentivos
💼 INCENTIVOS PARA O SETOR PRIVADO
• Benefícios fiscais ou reputacionais para empresas que adotarem modelos escalonados de trabalho e planos de previdência complementar com aposentadoria em fases.
• Pressão para que o “S” do ESG não fique apenas no discurso e no social washing.
• Estímulo aos fundos de pensāo corporativos para redesenhar seus planos.
E aí, vai esperar ferver ou vai sair da panela?
A aposentadoria em fases já não é mais uma tendência. É uma resposta pragmática às novas dinâmicas demográficas, econômicas e humanas. O Brasil está atrasado — mas não precisa continuar assim.
Enquanto isso, seguimos por aqui, observando os sinais, cutucando os conformes e soprando ideias no ouvido de quem pode (e deve) mudar esse cenário.
Quem sabe um dia a gente chega lá, de preferência, antes de nos aposentarmos!
Porque sim… você também não é sapo.
Grande abraço,
Eder.
Opinōes: Todas minhas | Fontes: “Phased Retirement:Can you afford not to accommodate phasers?”, presentation from Valerie Paganelli e Mike Rahn | “A morte da aposentadoria, nós e o sapo”, escrito por Eder C. Costa e Silva.
Full disclosure: Esse artigo foi elaborado com uso de ferramenta de Inteligência Artificial, alimentada por prompts do autor e upload do material mencionado acima.
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