segunda-feira, 13 de julho de 2020
POR TRÁS DAS NOVIDADES QUE O MICROSOFT TEAMS VAI LANÇAR, HÁ UM EXTENSO ESTUDO DE NEUROMARKETING
Crédito de Imagem: http://neuroscience.stanford.edu
De São Paulo, SP.
O mercado de soluções para reuniões virtuais viu a quantidade de usuários dar um salto triplo durante a pandemia e deverá crescer ainda mais no mundo pós Covid-19. A concorrência começa a esquentar e vai se tornar feroz nos próximos anos.
Nessa corrida pela supremacia a Microsoft não foi bem na largada. A plataforma Zoom, por exemplo, está várias voltas na frente e na disputa pelo título há muitas equipes grandes como Adobe Connect, Amazon Chime, Google Meet e Skype for business, só para citar alguns nomes.
Isso levou a Microsoft a fazer uma parada nos boxes e trabalhar em uma série de modificações no seu popular software para reuniões virtuais, o Microsoft Teams. A nova versão está sendo testada agora em julho com grupos selecionados e deverá ser lançada para o grande publico em agosto.
Novidades a caminho
O Teams vai permitir a realização de reuniões em equipes bem maiores. Na verdade, poderá ser usada em uma reunião tipo Townhall com a participação de todos os empregados de uma empresa, tenha ela 1.000 ou 20.000 funcionários.
A Microsoft também está incorporando na plataforma um dispositivo de “live captation”, ou seja, tradução simultânea com legendagem. Isso permitirá, por exemplo, que apresentações feitas em outras línguas sejam acompanhadas ao vivo, com as legendas geradas em tempo real.
As inovações permitirão ainda que os usuários usem de filtros a emojis, que mais parecem GIFs, enviando palminhas e coraçõeszinhos para os colegas nas reações online. Veja o vídeo curto: aqui.
A Microsoft não divulga nem admite publicamente, mas por trás de algumas das novidades repousam profundas análises de neuromarketing que explicam a razão de um conjunto de modificações terem sido feitas. Saquei isso quando vi um outro vídeo promocional: aqui.
Lá pelas tantas eles dizem que uma das vantagens das alterações no aplicativo é que as pessoas vão se sentir menos cansadas e mostram uma imagem representativa do cérebro feita por EEG (figura abaixo), que conjugado ao fMRI geralmente é usado em estudos de neuromarketing
EEG - Eletroencefalograma é um método de monitoramento eletrofisiológico utilizado para analisar a atividade elétrica espontânea do cérebro. O exame é normalmente não-invasivo, feito com eletrodos colocados no couro cabeludo para medir as ondas cerebrais normais quando são testados pacientes saudáveis.
fMRI é a sigla em inglês para “ressonância magnética funcional por imagem”, uma técnica não invasora e segura para traçar as atividades do cérebro medindo as mudanças na circulação sanguínea que acontecem com a atividade consciente ou inconsciente do cérebro.
O efeito chamado plausible deniability
Sabe aquele cansaço que sentimos quando terminamos uma reunião virtual feita através de uma plataforma de vídeo conferência? Mesmo quando a reunião foi ótima nos sentimos exaustos, como se nossa energia tivesse sido drenada. Isso se deve a um efeito psicológico conhecido por “negação da verossimilhança” ou “negação do plausível”, em inglês plausible deniability.
Nossa mente é enganada com a ideia de estarmos presentes na reunião enquanto nosso corpo sente que não estamos. Isso cria uma dissonância em nosso cérebro, que consome energia e é isso que nos deixa tão cansados.
Numa reunião presencial nossos sentidos estão constantemente processando informações sobre o ambiente, as pessoas e o contexto ao redor, isso acontece em nível subconsciente (nem percebemos).
Numa reunião por vídeo nosso cérebro funciona como se estivesse tapado com uma venda. Nossos sentidos tentam processar informações que simplesmente não estão alí e nossa imaginação não é capaz de criar.
O cérebro também sofre outros efeitos como (i) a autoconsciência de estar sendo filmado, (ii) a distração criada por enxergar sua própria imagem constantemente na tela e (iii) a falta de conexão e de sinais que normalmente recebemos com apertos de mão ou com a vista panorâmica de uma sala de reuniões do conselho localizada no últimos andar de um prédio.
Para amenizar esse efeito o Microsoft Teams incorporou na plataforma o “Together Mode”. Divulgado como sendo voltado para melhorar o engajamento durante as reuniões, o objetivo por trás é diminuir a dissonância entre corpo e mente.
O dispositivo segmenta o rosto e ombros das pessoas usando IA e coloca todo mundo em um espaço virtual bem mais amplo, que pode ser desde um auditório até um coffee shop. Todo mundo usa um fundo de tela comum, ao invés daquela salada visual que confunde o cérebro porque precisava assimilar constantemente diferentes ambientes da casa das pessoas, com fundos mostrando jardins, salas, quadros, moveis etc.
O fato de você poder dar tchauzinhos, tocar no ombro dos colegas e espalmar a mão para o cara ao seu lado fazendo um “toca aqui”, transmite um pouco da linguagem corporal. Isso aproxima a experiência virtual do mundo real e reduz o efeito de negação da verossimilhança.
O objetivo disso tudo, claro, é deixar as pessoas a vontade e tornar divertidas as reuniões virtuais feitas através do aplicativo, mas como a Microsoft não é a Disney as mudanças visam mesmo é aumentar o uso do produto e conquistar mais usuários e clientes.
Potenciais perigos dos algoritmos turbinados pelo neuromarketing
Já existem startups oferecendo aplicativos para detecção de emoções e softwares analíticos para medir padrões de fala e de sinais que permitam inferir os níveis de atenção e engajamento dos empregados nas reuniões virtuais. Podemos esperar a incorporação desses apps e sistemas nas novas gerações de ferramentas de vídeo conferência.
A maioria de nossas decisões são tomadas de forma inconsciente em nosso cérebro e apenas uma pequena parte delas acontece conscientemente (figura abaixo).
As ferramentas derivadas da neurociência do consumidor são muito poderosas e o avanço das pesquisas vem permitindo entender cada vez mais o funcionamento do cérebro humano. As empresas que aplicam esse conhecimento na área de marketing não divulgam o que fazem por razões compreensíveis, afinal, dominar esse conhecimento fornece uma enorme vantagem competitiva.
Os algoritmos que movimentam as grandes plataformas de mídia social como Facebook, Youtube, Tweeter e mesmo o LinkedIn, também se baseiam em conhecimentos de neuromarketing.
O funcionamento desses algoritmos não é conhecido nem aberto ao publico e hoje sabemos que esses algoritmos podem representar um perigo real se usados para manipular o comportamento das pessoas.
A mesma coisa pode acontecer se os conhecimentos de neuromarketing forem usados de forma antiética nas plataformas de vídeo conferências sob o pretexto de otimizarem as reuniões virtuais.
Esse é um perigo muito, muito maior do que o representado pelos algoritmos das mídias sociais. Cedo ou tarde, como acontece com toda nova tecnologia, vão surgir regulamentações delimitando aquilo que é permitido e aquilo que não é permitido fazer.
Até lá, sinceramente, não sei se devemos ficar maravilhados com essas inovações ou assustados com elas.
Grande abraço,
Eder
Fonte: Adaptado do artigo "Microsoft Teams new Together Mode is designed for pandemic-era meetings", escrito por Tom Warren.
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