quarta-feira, 30 de novembro de 2022

 



De São Paulo, SP.


👉 PERFEITO!

👉 "NOT YOUR KEYS, NOT YOUR CRYPTO", esse é um dos principais ditados da cryptoeconomia.

👉 Se seus ativos digitais não estão em uma wallet (carteira digital) individual, ou seja, se não estão sob sua custódia pessoal e sim custodiadas em alguma corretora de cryptomoedas ou similar, então os ativos digitais não são seus


Grande abraço,

Eder.


Fonte: Coinpayments.


segunda-feira, 28 de novembro de 2022

TE CONTEI? O QUE É PRECISO, ALÉM DE CONHECIMENTO, PARA SER UM BOM CONSELHEIRO DE FUNDO DE PENSÃO.


 


De São Paulo, SP.



 O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

No final da consulta, o neurologista perguntou qual seria o melhor dia para a consulta seguinte. O paciente, que apesar do dano no cérebro mantinha cognição normal e perfeita, não conseguiu decidir. Ele conseguia pesar os pros e contras das diferentes opções de data, mas simplesmente não chegava a uma conclusão. O neurologista Antônio Damásio vinha estudando há +30 anos a neurobiologia humana, a consciência e o papel das emoções na tomada de decisões e o paciente tinha um trauma cerebral que o deixara incapaz de sentir emoções. Esse e outros casos estudados por Damásio, provam que, apesar de contrariar o senso comum, as emoções são cruciais no processo de julgamento e tomada de decisões.

 

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

Quando precisamos fazer uma escolha entre duas ou mais alternativas, duas coisas são necessárias: 1) determinar e avaliar os aspectos salientes (termo usado na neurociência) de cada alternativa; e 2) comparar o conjunto de características de cada uma com as demais. Parte da decisão envolve uma espécie de computação, mas no fim das contas, precisamos fazer um julgamento: qual a melhor alternativa? A tomada de decisão envolve diferentes partes do cérebro. Uma delas lida com fatos, faz cálculos e trabalha com logica, mas é incapaz de julgar. Para determinar se uma coisa é melhor ou pior do que outra, é preciso usar a parte do cérebro responsável por emoções. Uma coisa é melhor (ou pior) para nós porque nos faz sentir bem. Exatamente a parte do cérebro do paciente que estava danificada.

 

CONCLUSÃO: 

O problema com reações (decisões) impulsivas é que lhes falta razão, elas são inteiramente baseadas em emoções. Elas deixam de lado qualquer avaliação racional sobre o custo x benefício da decisão, em troca de um benefício imediato, sem considerar seu custo no longo prazo. A maioria das pessoas aprende a suprimir impulsos impróprios. Podemos até ser tolerantes com uma eventual reação impulsiva de alguém que não esteja em posição de muita responsabilidade, principalmente se não tiver consequência. Quanto mais poder tem uma pessoa, mais problemático será uma natureza impulsiva. Certamente não é o tipo de característica que gostaríamos de ver num conselheiro ou diretor executivo de fundo de pensão que toma decisões de longo prazo.  

 

Grande abraço,

Eder.



Fonte: Bad Impulses, escrito por Koen Smets

 


sexta-feira, 25 de novembro de 2022

TE CONTEI? O EFEITO DUNNING-KRUEGER PODE ESTAR IMPEDINDO QUE O CONSELHO DO SEU FUNDO DE PENSÃO ENXERGUE SEU FUTURO

 


De São Paulo, SP.


O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

Em plena luz do dia em 1995 um homem grandalhão e de meia idade roubou dois bancos em Pittsburgh-EUA. Sem máscara ou qualquer disfarce, ainda sorriu para as câmeras de segurança ao sair andando calmamente pelas portas da frente. Ao ser preso na noite do mesmo dia e confrontado com imagens mostradas pela polícia, McArthur Wheeler, surpreso, murmurou: “... mas eu usei suco de limão ...”. A polícia concluiu que Wheeler não era maluco nem estava sob o efeito de drogas, ele apenas estava redondamente enganado. Wheeler acreditou que, se o suco de limão é usado para tornar tintas invisíveis, bastaria esfregar suco de limão no corpo e não se aproximar de nenhuma fonte de calor para passar incólume pelas câmeras de vigilância.

 

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

A saga de Wheeler chamou a atenção de David Dunning, Prof. de Psicologia Social da Universidade de Cornell, que junto com Justin Kruger, um de seus alunos de graduação, investigou o que estava acontecendo. Dunning e Kruger bolaram diversas experiências para investigar o fenômeno. Depois de vários estudos concluíram que “as pessoas têm uma visão favorável de suas próprias habilidades em vários domínios sociais e intelectuais, mas avaliam – erroneamente – que tem um conhecimento muito maior do que realmente possuem”. É um viés cognitivo e esse efeito foi chamado de “ilusão de confiança”, “ilusão de superioridade” ou “efeito Dunning-Kruger”.

 

CONCLUSÃO: 

Como saber o que sabemos e o que não sabemos? E o que você não sabe que não sabe? Em sua obra “Meditations on First Philosophy”, o pensador e filosofo do século XVII, René Descartes, se fez essas mesmas perguntas. A verdade é que é difícil ter certeza ... sobre qualquer coisa. A essência do conhecimento, do saber, de onde vem, como experimentamos, da diferença entre conhecimento e crença, verdade e palpite, é estudada num ramo da filosofia chamado epistemologia. O Efeito Dunning-Kruger tem muito mais a ver com conhecimento do que com inteligência inata e por fazer parte do processo de aprendizado pode ser amenizado. Conforme o próprio David Dunning disse: “A 1ª regra do Clube Dunning-Krueger é que você não sabe que é membro do Clube Dunning-Krueger”. E seu conselho? Faz parte desse clube? Ou não sabe ...?


Grande abraço,

Eder.


quinta-feira, 24 de novembro de 2022

TE CONTEI? ERATÓSTENES DE SIRENE E A PROFISSIONALIZAÇÃO DOS CONSELHOS DOS FUNDOS DE PENSÃO

 



De São Paulo, SP.



O QUE ESTÁ ACONTECENDO:

Eratóstenes - em grego: Ἐρατοσθένης - nasceu em Sirene na África em 276 a.C. e morreu aos 82 anos em Alexandria, no Egito. Há mais de 2.000 anos Eratóstenes ouvira falar que em Sirene (atual Assuã) o sol não projetava sombras verticais ao meio-dia, durante o solstício de verão, quando o sol está diretamente acima de nossas cabeças no céu. Isso o fez perguntar a si mesmo se isso também era verdade na cidade de Alexandria. Então, fincou uma ripa de madeira no chão e observou o que aconteceria ao meio-dia. Notou que o sol fazia a ripa projetar uma sombra com 7,2º de inclinação. Concluiu, assim, que se os raios de sol entrando no mesmo ângulo e na mesma hora do dia em uma ripa de madeira em Alexandria projetava uma sombra, enquanto em Sirene não projetava sombra alguma, isso significava que a superfície da Terra estava curvada.

 

POR QUE ISSO É IMPORTANTE:

Seu raciocínio matemático o fez pensar imediatamente: sendo a diferença da sombra de 7,2 graus, isso significava que as duas cidades estavam separadas por 7,2º numa superfície total de 360º da Terra. Erastóstenes contratou um homem para percorrer a pé a distância entre as duas cidades e descobriu que estavam separadas por 5.000 estádios – a unidade de medida de distância da época – o tamanho do estádio era de 157 metros, portanto, a distância total entre as cidades era de 785 km e foi assim que calculou a circunferência da Terra: como 7,2º equivalem a 1/50 de 360º, então, 785 vezes 50 equivaliam a 39.250 km. Atualmente sabe-se que a circunferência da Terra é de 40.075 km.

 

CONCLUSÃO:

Se há 2.000 anos um homem conseguiu calcular com 98% de precisão a circunferência da Terra, usando apenas uma ripa de madeira e o cérebro, os conselheiros dos fundos de pensão são capazes nos dias de hoje, com o mundo de informações à sua disposição nos cursos de certificação de conselheiros, a vislumbrar o futuro dos fundos de pensão.


Grande abraço,

Eder.


 

Fonte: Cesar Rezende

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

TE CONTEI? O QUE UMA STARTUP QUE COMEÇOU POR ACIDENTE, PODE ENSINAR OS FUNDOS DE PENSÃO QUE ESTÃO EM BUSCA DE UM NOVO MODELO DE NEGÓCIOS

 




De São Paulo, SP.


O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

Jan Koum e Brian Acton se conheceram em 1998 no Yahoo e se tornaram bons amigos. Em 2007, depois de 9 anos trabalhando juntos, decidiram sair. Com algum $$$ no bolso e sem planos, tentaram emprego no Facebook, mas foram rejeitados. Em 2009 Koum compra um IPhone e pensa: “Uau, essa tal de App Store (tinha 7 meses de existência) pode se tornar algo grande. Junto com um amigo chamado Alex Fishman, eles contratam um programador freelance no RentACoder para criar um app que eles acharam que seria legal: colocar o “status” – Na escola; Ocupado; Disponível, No trabalho etc – ao lado do nome dos amigos nos contatos do IPhone. Eles chamam o app de WhatsApp.

 

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

Lançado, o app consegue poucas centenas de downloads e vive caindo (saindo do ar). Depois de alguns meses, Koum quer desistir e procurar um emprego. Troca ideia com Brian (seu amigo da época do Yahoo) e ouve: “você seria louco de desistir agora, tente mais alguns meses”. Em junho/2009 a Apple lança nos IPhones o “push notifications”. Koum, então, adiciona uma única função no WhatsApp: toda vez que um amigo mudava o status dele, você recebia uma notificação. Os primeiros usuários do WhatsApp começaram a sacanear os amigos quando eram avisados da mudança de status. Acidentalmente, o que era apenas um aviso de status foi se transformando em troca de mensagens. Koum lança, então, o WhatsApp 2.0 com uma nova função: serviço de mensagens. O app começa a decolar, atinge 250K usuários. Brian, que estava desempregado, se junta a Koum em nov./2009 trazendo funding $$$ e se tornando co-fundador com 20% de participação. Trabalhando de uma cafeteria, depois num pequeno escritório sem placas, o Fundo Sequoia coloca US$ 8 MM, depois US$ 50 MM num negócio avaliado em US$ 1,5 BI. Um belo dia, Koum recebe um e-mail de um tal de Mark Zukerberg, impressionado com os 90 milhões de usuários do Zap em 3 anos: “vamos nos encontrar?” Nos 2 anos seguintes, Zuck paparica Koum. Em 2013 o Whatsapp agregava 1 milhão de usuários POR DIA. Em 2014 o Facebook compra o WhatsApp por US$ 19,3 BI, o WhatsApp tinha então 450 milhões de usuários e apenas 56 empregados.


CONCLUSÃO: 

O Whataspp tem hoje 2 bilhões de usuários e valeria uns US$ 100 BI se fosse uma empresa isolada. Lições para os fundos de pensão: não desistam, fiquem de olho nas novas tecnologias, ajam rápido, ouçam seus amigos :)


Grande abraço,

Eder.

 

Fonte: Chris Hladczuk


terça-feira, 22 de novembro de 2022

TE CONTEI? O MAIOR FURO NO MODELO DE NEGÓCIOS DOS FUNDOS DE PENSÃO HOJE NÃO ESTÁ NA ACUMULAÇÃO DE POUPANÇA, MAS NA SUA DESACUMULAÇÃO

 


De São Paulo, SP.


O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

"Desacumulação” é o processo de transformar o capital acumulado por uma pessoa durante sua vida profissional, em uma renda constante e estável na fase de aposentadoria. Esse é um dos problemas mais difíceis de resolver e nada menos do que dois ganhadores do prêmio Nobel enfatizaram isso de forma bastante eloquente. Richard Thaler, Nobel de Economia de 2017 – aquele da Economia Comportamental - disse: “... desacumulação é um desafio muito maior do que acumulação”. William Sharpe, Nobel de Economia em 1990 - sim, aquele do modelo de precificação de ativos, criador do índice de Sharpe - falando sobre desacumulação, comentou: “... é o problema mais desagradável e difícil de resolver em finanças”. Ainda assim, quando os participantes se aposentam, seus fundos de pensão os deixam entregues às suas próprias sortes.

 

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

Uma pessoa que passou toda a vida poupando, ao se aposentar, precisa decidir: 

1) Como gastar essa poupança; e 

2) Como investir a parte não gasta de sua poupança. 


Esse é um problema complexo porque envolve um período de tempo incerto (até a data da morte), despesas futuras incertas, que podem aumentar se surgir um problema de saúde no meio do caminho e o risco de mercado, que pode afetar de maneira bastante adversa o retorno dos investimentos. Junto com os planos CD, os únicos que os novos empregados terão como opção para participar, vem junto o dilema (para os aposentados) entre o consumo presente e o consumo futuro: se gastar demais, muito cedo, o aposentado viverá mais do que sua poupança, se gastar de menos e adiar o consumo mais do que era preciso, o aposentado não será capaz de manter o estilo e padrão de vida que gostaria.

 

CONCLUSÃO: 

A disruptura virá de duas formas para os fundos de pensão. A solução para o item (1) acima virá com a tecnologia: Robot Advisors se encarregarão de dizer ao aposentado mês-a-mês, dia-a-dia, quanto ele pode gastar para esticar ao máximo sua poupança de aposentadoria. Algoritmos calcularão isso, automaticamente, individualmente, instantaneamente, elegantemente. Já a solução para o item (2) surgirá com as novas classes de ativos trazidos pela economia digital. Veremos títulos de renda fixa voltados exclusivamente para aposentados. Papeis de longuíssimo prazo, 20, 30 anos, travados em cada geração, a longevidade não evolui como canguru, mas sim linearmente. Um paper sobre isso: aqui 

Grande abraço,

Eder.


segunda-feira, 21 de novembro de 2022

TE CONTEI? O TRIPLO IMPACTO QUE A ECONOMIA DIGITAL REPRESENTA PARA A SUSTENTABILIDADE DOS FUNDOS DE PENSÃO

 


De São Paulo, SP.

 

O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

Materialidade é um princípio contábil, significa o impacto que algo pode causar sobre uma organização. Um risco material pode ameaçar metas e objetivos, portanto, sua performance. No contexto dos fundos de pensão, a tecnologia é vista como um risco singular que pode representar ameaças e impactar, de várias maneiras, um fundo de pensão. Essa materialidade pode dizer o quanto vulnerável um fundo de pensão está às transformações digitais, mas não é capaz de apontar nem tampouco quantificar, quais são as ameaças especificas ao seu modelo de negócios. Ao risco que a tecnologia representa para as atividades internas e operações de um fundo de pensão, deveriam ser acrescentadas as ameaças que essa mesma tecnologia representa para a existência das patrocinadoras e por extensão, dos investimentos que os fundos fazem no mercado financeiro.

 

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

Historicamente, as demonstrações financeiras e os relatórios anuais focam no curto prazo e nos desafios de gestão, mas a tecnologia, as mudanças demográficas e o futuro do trabalho têm tornado a sustentabilidade de longo prazo dos fundos de pensão um assunto cada vez mais difícil de ignorar. Isso vem demando mais informações sobre as operações de cada um deles. A tecnologia pode ser um pequeno problema quando afeta a continuidade de determinado fundo de pensão, mas pode ser um grande problema para o segmento inteiro de previdência complementar, quando afeta os investimentos e a existência das patrocinadoras em escala global. Seria bom se pudéssemos olhar as demonstrações financeiras dos fundos de pensão e enxergar sob a ótica da "tripla materialidade", o impacto quantitativo que as transformações tecnológicas representam para sua sustentabilidade. E olha que nem estou falando dos riscos e oportunidades das mudanças climáticas e questões ESG sobre seus portfólios de investimentos.

 

CONCLUSÃO: 

Muita coisa precisa evoluir, os relatórios e demonstrações financeiras dos fundos de pensão não refletem adequadamente nem tempestivamente hoje sequer seu passado imediato, do que lá seu futuro iminente.


Grande abraço,

Eder.


sexta-feira, 18 de novembro de 2022

CERTIFICAÇÃO DE CONSELHEIROS DE FUNDOS DE PENSÃO

 



De São Paulo, SP.

👉 Usado corretamente, o conhecimento adquirido no processo de certificação de conselheiros de fundos de pensão, vale mais do que qualquer curso acadêmico, mas 90% dos conselheiros usam esse conhecimento incorretamente, usam-no apenas para poder cumprir um requisito legal e sentar em torno da mesa do conselho

👉 Os participantes, as patrocinadoras, os planos e o próprio fundo de pensão, são afetados pelas decisões de seus conselheiros - por isso Governança de conselhos tem a ver com decisões, não com resultados. Então, aqui vão algumas dicas:

🙄 O conselheiro deve saber o que ele sabe e o que ele não sabe. Se você não sabe o que você não sabe e é forçado a decidir numa área que você não conhece bem, uma boa saída é procurar saber o que pode dar errado com sua decisão e evitar que isso aconteça com ela.

🤔 Existem milhões de variáveis envolvidas numa decisão, mas sempre haverá uns poucos fatores que concentram o peso maior daquela decisão. Se você puder identificar quais são eles e entende-los, estará em melhor posição para decidir.

😏 Há inúmeras causas de uma má decisão. Uma maneira sutil do seu subconsciente enganar você é quando você decide baseado numa pequena amostra e extrapola os resultados para uma população maior.

😯 Outra maneira é permanecer comprometido com algo que você disse no passado, independentemente de quais fatores ou dados novos se apresentem a sua frente.

😕 Mais uma maneira de enganar a si mesmo é seguir cegamente uma autoridade no assunto ou decidir com base no que todo mundo está decidindo, mesmo quando há um caminho melhor a seguir, uma decisão melhor a ser tomada.

😎 Se você está sentado numa cadeira de conselheiro de fundo de pensão hoje, faça a diferença para as pessoas, para si mesmo e para a sociedade. Não vá às reuniões apenas balançar a cabeça para cima e para baixo ou para um lado e para o outro. Vá para agregar valor com sua opinião, seja ela qual for!

Grande abraço,
Eder.

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

O QUE LEHMAN BROTHERS E FTX TÊM EM COMUM E PORQUE O FUTURO DOS FUNDOS DE PENSÃO PODE ESTAR NUM SISTEMA FINANCEIRO DESCENTRALIZADO

 


Credito de Imagem: Montagem / Seu Dinheiro



De São Paulo, SP.

 

No sistema financeiro atual, bancos, seguradoras, corretoras e ... fundos de pensão, operam em plataformas centralizadas, em inglês: CeFi – Centralized Finance.


Celsius Network, Voyager Digital, BlockFi e agora FTX, são todas corretoras de valores com controle centralizado, chamadas pela comunidade crypto de CEX ou Centalized Exchanges. Seu modelo de negócio existe há mais de 100 anos e a única novidade é que elas hoje oferecem a seus clientes exposição a ativos digitais como cryptomoedas.


Elas jogam o jogo político aconchegando-se aos reguladores, que alegam se preocupar com a proteção dos consumidores.


Da mesma forma que o Lehman Brothers, Goldman Sacks e outras mega-instituições financeiras que colapsaram na crise financeira de 2007-2009 (lista mais ampla: aqui), o incentivo econômico das corretoras centralizadas (CEX) é operar sub-colateralizadas, assumindo riscos com $$$ dos clientes.


As grandes instituições financeiras passaram anos privatizando os ganhos dos riscos que assumiam com $$$ dos outros e que levaram ao colapso de várias delas, mas diante da quebradeira, forçavam o público a assumir as perdas graças a sua influência sobre políticos com poder de decisão discricionária.


O Bitcoin ($BTC) foi criado na esteira dos eventos que levaram a crise financeira cujo epicentro foi 2008. Seu desenvolvedor, que atuou sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, deixou registrado no primeiro bloco do blockchain a seguinte mensagem:


 “The Times 03/Jan/2009 Chancellor on brink of second bailout for banks”, em tradução livre, algo tipo: A época é 03 de janeiro de 2009, Chanceler (ou seja, a autoridade regulatória) à beira de um segundo resgate dos bancos.


Com o $BTC, Satoshi transferiu o “locus” da tomada de decisões dos políticos para um software baseado em códigos automatizados, dando as pessoas comuns a opção de participar de um sistema financeiro alternativo que dispensa autorização para entrar.


Um sistema cujas regras são públicas, se aplicam a todos e são executadas automaticamente. Então, com os contratos inteligentes baseados na rede de blockchain Ethereum, surgiu um sistema financeiro descentralizado que estendeu esses benefícios de várias formas a centenas de milhares de pessoas e passou a ser chamado de DeFi ou Descentralized Finance, em oposição ao sistema financeiro tradicional, CeFi.




A grande diferença da centralização versus descentralização

Num déjà vu do colapso financeiro de 2008, o colapso da FTX e de sua irmã Alameda Research disparou uma “corrida aos bancos” através dos mercados de cryptomoedas. Algumas corretoras CEX de crypto e plataformas CeFi estão sobrecarregadas com usuários sacando seus fundos, forçando-as a congelar as retiradas. Algumas deverão ficar insolventes.


Pessoas físicas ou jurídicas com recursos na FTX provavelmente vão perder todo o dinheiro. Vários fundos de venture capital e empresas da Web 3.0 já informaram seus investidores que uma parte significativa de seus ativos sob gestão e $$$ em tesouraria foi perdido em CEX. Cerca de 25% dos fundos de investimentos em crypto têm alguma exposição a FTX.


Essa foi uma dura maneira de aprender que se deve deixar um montante mínimo nas CEX, apenas aquele voltado para necessidades imediatas.


No entanto, apesar de todo o fuzuê e liquidações, Uniswapp, Curv, SuhiSwapp e outras corretoras de crypto descentralizadas (DEX – Descentralized Exchanges) bem como plataformas financeiras descentralizadas (DeFi) vem funcionando tranquilamente, permitindo que seus usuários vendam suas posições atuais em crypto ou se preferirem, capitalizem a baixa e aproveitem os preços baixos para comprar.


Os usuários de DEX e DeFi podem estar experimentando a redução em dólares ou reais no valor de seus portfolios, mas não perderam o acesso aos ativos. Se isso não for proteção do consumidor, não sei o que seria ....


As plataformas de DeFi foram desenhadas para preservar os benefícios introduzidos pelo Bitcoin e catapultados pelo Ethereum: dispensa permissão para participar, transparência, resistência à censura, custódia auto-soberana dos ativos.


A melhor proteção para o consumidor é a descentralização.


Os usuários dos serviços financeiros devem exigir uma camada básica para liquidação das atividades econômicas que seja a mais descentralizada possível, exatamente para evitar o que temos visto nos últimos dias com a queda da FTX.


A história pode não se repetir, mas certamente rima com o passado – por isso temos que prestar a atenção às lições que ela ensina.


Da mesma forma que as instituições financeiras que derreteram em 2008 e dos bancos durante as eleições de 2022, que fizeram doações generosas para campanhas políticas, a corretora da FTX passou as últimas semanas interagindo intensamente com autoridades reguladoras.


O CEO da FTX, Sam Bankman-Fried (SBF), teve a audácia de dizer que DeFi precisava de mais proteção do consumidor enquanto por trás dos bastidores apostava ativamente com o dinheiro dos usuários.


Vale lembrar que SBF administrava a segunda maior corretora CEX do mundo e que as plataformas centralizadas – como o Mercado Bitcoin aqui no Brasil – veem DeFi como competidor. O que Sam queria dos reguladores não era propriamente proteção dos consumidores, ao invés disso queria proteger sua posição incumbente e criar uma trincheira protegendo seu negócio contra a competição.


Os reguladores estão prestando atenção ao colapso da FTX, é trabalho deles fazer isso. Aqueles bem-intencionados deveriam se espelhar no que acontece hoje nas discussões sobre ESG (Environmental, Social & Governance) e entender que os players centralizados pedindo por regulamentação de DeFi estão fazendo isso para servir aos seus próprios interesses.


Fundos de pensão descentralizados – DePension?

É amplamente conhecida na comunidade crypto a frase “not your keys, not your coin”. Significa, basicamente, que se as cryptomoedas não estão numa carteira digital individual - ou seja, auto-custodiadas - mas sim custodiadas em uma corretora CEX, essas cryptomoedas não são da pessoa.


Quando os ativos ficam sob custódia da própria pessoa, numa carteira digital como a Trezor ou Ledger, isso permite que os ativos digitais sejam investidos mas impede que sejam usados por terceiros como alavancagem como acontecia com a FTX.




De modo semelhante, mas oposta, quando um fundo de pensão investe as contribuições de seus participantes, esse $$$ não fica sob custódia individual de cada participante. Os investimentos são decididos e feitos de forma centralizada pelo fundo de pensão, que frequentemente terceiriza essas aplicações contratando bancos e fundos externos, com a custódia dos ativos fora do controle individual.


Imagine um fundo de pensão que atuasse de forma descentralizada, onde cada participante decidisse onde investir seu dinheiro e esses ativos ficassem custodiados individualmente na carteira digital de cada pessoa.


O valor passaria a ser agregado pelo fundo de pensão ao oferecer um menu de opções para investimento, alinhados com os propósitos e o perfil de cada participante, previamente mapeados por meios interativos (parecido com o suitability atual).


O funcionamento de um plano de aposentadoria descentralizado no mundo digital seria bem mais complexo do que isso, mas as vantagens da descentralização dos investimentos fornecidas por um sistema financeiro “DeFi” seriam as mesmas:


* Dispensa de permissão: nem seu fundo de pensão, nem ninguém, precisaria autorizar que você fizesse um investimento


* Transparência: os investimentos seriam registrados no blockchain, com as operações abertas publicamente (não necessariamente atreladas ao seu nome)


* Resistência à censura: nenhuma autoridade central poderia acessar seus recursos e seus investimentos


* Custódia auto-soberana: ninguém poderia investir seu $$$ em títulos da Venezuela sem que você soubesse ou tivesse autorizado ...


O colapso da FTX foi uma falha do sistema financeiro centralizado (CeFi), não do DeFi. Investidores, usuários e desenvolvedores de soluções tomaram nota disso. Muitos devem ter aprendido a lição dessa vez, para esses: bem-vindos, novamente, a um mundo futuro largamente descentralizado.

 

Grande abraço,

Eder.

 

 

Fonte: “FTX Showed the Problems of CentralizedFinance, and Proved the Need for DeFi”, escrito por Amanda Cassatt


segunda-feira, 14 de novembro de 2022

TE CONTEI? AS PRINCIPAIS COISAS QUE APRENDI NOS ÚLTIMOS 13 ANOS (& 1.019 POSTS NO BLOG) SOBRE O FUTURO DOS FUNDOS DE PENSÃO

 



De São Paulo, SP.


O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

Em 2009 comecei a compartilhar nas mídias sociais minha visão de mundo, sob a ótica dos fundos de pensão. Desde então, escrevi no meu blog mais de 1.000 posts com tópicos que li. Esses treze anos têm sido os mais interessantes e agradáveis da minha carreira profissional e estranhamente, quanto mais eu escrevo sobre as mudanças que virão no setor, tenho a sensação de que menos tempo temos para fazer essas mudanças. Refletindo esses dias sobre as lições mais importantes que aprendi nessa jornada, me vieram a mente três pontos.

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

1) Ninguém sabe para onde os fundos de pensão caminham: lá atrás quando a Internet surgiu, em 1994, antes da Netscape criar o 1º browser para as pessoas comuns navegarem pela web e assim disparar a adoção em massa da Internet, era impossível prever o que aconteceria. O que nos impede de enxergar o mundo a nossa frente são as amarras que nos ligam ao mundo como ele é hoje, a única certeza que podemos ter é que o fundo de pensão do futuro será totalmente diferente do atual; 2) Os fundos de pensão abrangerão muito mais serviços e produtos do que qualquer um pode imaginar nesse momento: em 1970 um professor de Stanford chamado Roy Amara cunhou a Lei de Amara, que dizia: “tendemos a superestimar os efeitos da tecnologia no curto prazo e a subestima-los no longo prazo”. Entendido de outra forma, pode-se dizer que quanto mais o tempo passar, mais profundas serão as mudanças nos fundos de pensão impostas pela tecnologia, por isso, é melhor circunscrever as transformações que ocorrerão olhando só os próximos 10 anos; 3) Num mundo descentralizado, o fator determinante são as comunidades: pela primeira vez na história humana, temos as ferramentas para tirar de cena os intermediários: estamos ainda nos estágios iniciais da economia digital (token economics) e dos novos mecanismos de governança e consenso. Grupos de pessoas (participantes) com propósitos e paixões em comum serão capazes de se conectar e decidir em conjunto o que fazer com seu dinheiro | investimentos de longo prazo. Para isso não precisarão de intermediários e fundos de pensão são intermediários. Isso não tem nada a ver com a agregar valor aos investimentos, isso tem a ver com engajamento. Ou os fundos de pensão aumentam seu engajamento com os participantes ou vão morrer.

CONCLUSÃO: 

Impossível saber se os fundos de pensão continuarão existindo daqui a 10 – 20 anos. Eu não sei, ninguém sabe. O sucesso de qualquer solução tem tudo a ver com se ter o produto certo, na hora certa, combinado com um pouco de sorte. Com tantas pessoas brilhantes trabalhando no setor, não seria tão difícil chegarmos no futuro. Só resta saber se as soluções que os fundos de pensão pretendem oferecer terão a mesma sorte que o bambolê teve (vídeo acima).


Grande abraço,

Eder.

 

Fonte: “6 Thoughts After 5 Years (& 300 Blog Posts) Down The Crypto Rabbit Hole”, escrito por Lou Kerner.


domingo, 13 de novembro de 2022

TE CONTEI? COMO PROBLEMAS DE GOVERNANÇA DERRUBARAM A GIGANTE FTX, E PORQUE SEU FUNDO DE PENSÃO DEVERIA SE PREOCUPAR MAIS COM ISSO

 



De São Paulo, SP.



O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

Uma lista de investidores do Vale do Silício e Wall Street – incluindo o fundo de venture capital Sequoia, o fundo de pensão dos professores de Ontário (Canadá), a Sansung Eletronics e até Tom Brady – marido da Gisele Bündchen – investiu na FTX, uma corretora de criptomoedas avaliada em US$ 32 bilhões, sem quase impor condições e sem exercer nenhuma supervisão através de um conselho de administração. Fundada em 2019, a FTX levantou em sete meses de 2021 "funding" de cerca de US$ 1,9 bilhões, aportados por mais de 70 investidores. Sem um controlador majoritário, era difícil para os investidores reivindicarem um assento no conselho.

  

POR QUE ISSO É IMPORTANTE? 

Startups apoiadas por fundos de venture capital (VC) costumam ter um conselho formado por um ou dois de seus investidores iniciais. Quem coloca grandes somas de $$$ no negócio, geralmente negocia um assento no board para ajudar na supervisão da empresa, mas até meados de 2021 o único conselheiro da FTX era seu fundador, conhecido na comunidade crypto por SBF (iniciais de Sam Bankman-Frie) um garoto de 30 anos. Depois de uma rodada de financiamento em 2021, Sam disse aos investidores através de uma carta, que colocaria 2 conselheiros “altamente qualificados e independentes” no conselho. Nomeou, então, um executivo da própria FTX e um advogado das ilhas Antíguas, cujo website listava jogos de azar como especialidade. A regulamentação não permite que conselheiros independentes de empresas listadas em bolsa nos EUA sejam executivos da própria empresa ou tenham qq relacionamento financeiro com elas, mas a FTX tinha sede nas Bahamas ficando fora do alcance dessa regulação. Uma das razões para fundos de VC sentarem em boards é porque os conselheiros das startups precisam aprovar transações com partes relacionadas, aquelas em que a empresa faz negócios com seus executivos ou seus próprios acionistas. O coração dos problemas que implodiram a FTX foi exatamente esse tipo de transação, bilhões de dólares fluíram da FTX para a Alameda Research, uma empresa de crypto também controlada por Sam.

 

CONCLUSÃO: 

Fundos de pensão tem desafios diferentes de startups em seus conselhos, mas acredite em mim, sem a devida atenção, os desafios de governança dos fundos de pensão são igualmente capazes de riscá-los do mapa.


Grande abraço,

Eder.


P.S.: Da mesma forma que um relógio parado consegue estar certo duas vezes por dia, o Larry previu problemas com a FTX na propaganda do Super Bowl de fevereiro passado (video acima).


Fonte: Silicon Valley Poured Money Into FTX, With Few Strings Attached, escrito por Eliot Brown, Peter Rudegeair e Berber Jin


quinta-feira, 10 de novembro de 2022

TE CONTEI? AS CINCO IDEIAS-CHAVE DAS TRANSFORMAÇÕES TECNOLÓGICAS E SEUS IMPACTOS NOS FUNDOS DE PENSÃO

 




De São Paulo, SP.


O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 

Em 1998 Neil Postman - PhD em Educação por Columbia – durante uma aula aos alunos da Universidade de Denver, apresentou 5 reflexões sobre mudanças tecnológicas. Um quarto de século depois, a visão presciente e provocativa de Postman ajuda a antever o impacto que as mudanças tecnológicas de nossa era poderão causar nos fundos de pensão e seus participantes.

 

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

Ideia #1: A cultura sempre paga um preço pela tecnologia - mais importante do que perguntar “o que a nova tecnologia vai fazer?” é perguntar “o que a nova tecnologia vai desfazer?” Por isso ser perguntado tão raramente é que pouco se sabe sobre o verdadeiro custo das grandes tecnologias para a sociedade;

Ideia #2: Sempre há ganhadores e perdedores numa mudança tecnológica – as vantagens e desvantagens de uma nova tecnologia nunca são distribuídas igualmente entre a população, elas prejudicam uns e beneficiam outros, isso deveria estar em nossa mente ao pensarmos sobre inovação; 

Ideia #3: Toda tecnologia tem uma filosofia que se expressa em como o mundo é codificado – embutida em toda tecnologia reside uma ideia poderosa, às vezes duas ou três, escondidas de nossas vistas porque são de natureza um tanto abstrata, mas nem por isso deixam de ter consequências práticas. A pessoa que dá valor a computadores, valoriza informação, não conhecimento e certamente não sabedoria; 

Ideia #4: Tecnologia não acrescenta algo ao mundo, ela muda tudo, por isso temos que ter tanto cuidado com as inovações. Uma gota de corante vermelho pingada num copo d’água não resulta em um copo d’água com uma gota vermelha, mas sim num copo com cada molécula d’água ligeiramente vermelha – as consequências das mudanças tecnológicas são sempre vastas, frequentemente imprevisíveis e em grande parte, irreversíveis; e

Ideia #5: O meio tende a se tornar um mito – é sempre perigoso quando a tecnologia se torna um mito e o entusiasmo com ela se transforma em idolatria, porque ela passa a ser aceita como é, não sendo facilmente suscetível a modificação ou controle. A melhor maneira de ver uma nova tecnologia é como um intruso, um produto da criatividade humana e não como parte de um plano divino, sua capacidade para fazer o bem ou o mal reside inteiramente na percepção humana do que ela faz por nós e não conosco.

 

CONCLUSÃO: 

Duas décadas atrás havia cerca de 375 fundos de pensão no Brasil, hoje são 274, daqui a duas décadas restarão uns 60. Tendemos a ver inovações como progresso e aceitar que alguma parte do negócio precisa ser canibalizada para uma inovação poder acontecer. O verdadeiro dilema humano é a ilusão de que as transformações tecnológicas tornam irrelevantes os sábios e a sabedoria acumulada ao longo das eras passadas. Os fundos de pensão terão que avançar com os olhos bem abertos para usar a tecnologia e não para serem usados por ela.

 

Grande abraço,

Eder.

 

Fonte: Five Things We Need to Know About TechnologicalChange, escrito por Neil Postman.

 

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