De Sāo Paulo, SP.
Andrew McAfee é um guru da inovação digital que dá aulas no MIT Sloan School. Essa semana ele publicou um novo livro intitulado “The Geek Way” que ele resume da seguinte forma:
“The Geek Way é o modo de administrar empresas criadas ao longo do Século XX, principalmente no Vale do Silício, controladas por um bando de “geeks” (aquela garotada esquisita vidrada em tecnologia). De repente, eles se viram diante desse ambiente super turbulento, cheio de incertezas, altamente competitivo e estranho. Eu acho que um monte deles percebeu que os manuais que ensinam a gerenciar os negócios, criados na era industrial, não estavam funcionando nem ajudando a tocar as empresas nesse ambiente. Então, eles fizeram o que os “geeks” fazem, mergulharam fundo no problema que estavam enfrentando, testaram, iteraram e surgiram com um conjunto de práticas que quando eu olho para elas, parecem estranhamente consistentes. São melhores. Quando você olha para a briga corpo-a-corpo entre essas empresas que estão emergindo e as incumbentes da era industrial, em quantas dessas brigas a incumbente ganhou ou até conseguiu se manter firme e continuar existindo?”
Numa conversa com 40 CFOs organizada pela revista Forbes e patrocinada pela Deloitte, McAfee falou semana passada sobre a invasão sem precedentes no ambiente de trabalho, da IA Generativa:
“É uma loucura como isso é poderoso e está acontecendo rápido. Essa coisa vai se difundir por toda a economia. Vai ser um divisor entre perdedores e vencedores e vai turbinar pra caramba os vencedores, dando uma dianteira maior do que você e eu estamos esperando”
Muitos executivos estão cautelosos na adoção das novas tecnologias de inteligência artificial por causa da preocupação com proteção de dados, apropriação indevida de IPs (controle de computadores) e o problema com as “alucinações” – quando a IA não sabe a resposta e inventa alguma coisa.
Há CEOs preferindo esperar para ver o que vai acontecer e só então, adotar rapidamente as novas soluções ao invés de serem os primeiros a adotá-las, mas McAffe levantou um ponto importante:
“Essa é a receita para uma empresa ir decaindo no longo prazo ... cada risco apontado acima é real, mas se você ficar atrasado e demorar a enfrentá-los, então você ficará para trás na curva de experiencia. Os riscos são reais, mas são gerenciáveis”
Na conversa com os 40 CFOs, mencionada acima, McAfee foi confrontado com o fato de muitas empresas criadas na era industrial estarem se saindo melhor do que se esperava uma década atrás, em relação às novatas digitais.
Citaram como exemplo a rede de hotéis Marriott, que desenvolveu o app Bonvoy para reservas pelos clientes no que McAfee respondeu: “Sua história gloriosa de sucesso é um aplicativo de reservas?”
“Que tal a Daimler?”, perguntou outro CFO.
McAffee contra-argumentou: “Você já olhou o valor de mercado dos fabricantes de automóveis incumbentes comparado ao da Tesla?”
Wallmart? (tenta, mais um CFO)
McAfee: “Apenas continuar a existir é colocar a barra dessa disputa muito baixo”.
JPMorgan Chase? (provoca outro CFO).
McAfee: “É um setor (mercado financeiro) extremamente regulado”.
Chegou num ponto que todos pararam de tentar achar exemplos de empresas da era industrial superando as da economia digital.
McAfee poderia estar usando argumentos que constam no livro para alavancar a venda, mas o episodio serve de alerta para as empresas e organizações criadas na era industrial – os fundos de pensão estão nesse mesmo barco.
Se demorarem muito para abraçar as novas tecnologias, se ficarem patinando para surgirem com inovações, se acharem que uma guinada não é urgente, sei não ...
Grande abraço,
Eder.
Fonte: “Incumbentes vs Startups”, escrito por Alan Murray
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