De Sāo Paulo, SP.
Imagine um mundo onde as vozes das crianças já não ecoam nos pátios das escolas, onde os parques são silenciosos e os centros urbanos são dominados por uma população grisalha.
Esse nāo o cenário de um filme distópico, mas uma projeção real baseada nas tendências demográficas atuais. A juventude, por muito tempo símbolo de futuro, inovação e renovação, está desaparecendo — e com ela, a sustentação de sistemas sociais inteiros como os fundos de pensão.
Segundo o artigo 'The Vanishing of Youth', publicado pela Aeon, estamos entrando numa era inédita: pela primeira vez na história, há mais pessoas com mais de 65 anos do que com menos de 5.
Essa mudança demográfica não é homogênea, mas atinge em cheio países que historicamente lideraram revoluções industriais, tecnológicas e culturais.
Japão, Alemanha, Itália, Coreia do Sul e mais recentemente China, enfrentam taxas de natalidade tão baixas que não garantem a simples reposição da população. Isso significa que suas pirâmides etárias estão se invertendo: menos jovens sustentando um número crescente de aposentados.
Para entender o impacto disso nos fundos de pensão, é necessário lembrar que a maioria deles — seja em regime de repartição ou capitalização — depende de uma força de trabalho ativa.
No regime mutualista é a contribuição mensal dos trabalhadores ativos que garante os benefícios dos aposentados no presente. No caso da capitalização, o acúmulo de poupança suficiente para a renda futura, feito por muita gente, é que alavanca o retorno dos investimentos.
Se há menos trabalhadores, há menos contribuições. E se há menos jovens ingressando no mercado, a base do sistema começa a ruir.
No Brasil, o desafio é ainda mais complexo. Embora tenhamos uma estrutura previdenciária mista e em parte mais jovem que nos países citados, as tendências seguem a mesma direção.
As taxas de natalidade estão em queda constante e as projeções do IBGE indicam que, já em 2047, teremos mais pessoas acima de 60 anos do que crianças e adolescentes. Isso significa que o tempo para repensar os modelos previdenciários é agora.
Mas não é só uma questão de matemática atuarial. A ausência de juventude tem impactos sociais e culturais profundos. Os jovens são os principais vetores de inovação, mudança política, renovação artística e renovação dos valores coletivos. Sua escassez não apenas ameaça o dinamismo econômico, mas compromete a vitalidade social como um todo.
Ao longo da história, a juventude, sempre desafiou o status quo. Foi assim nos movimentos de contracultura dos anos 60, nas revoluções digitais lideradas por start-ups fundadas por jovens, e nas transformações recentes que têm colocado pautas ambientais e sociais no centro do debate global. Sem jovens, corre-se o risco de sociedades envelhecidas se tornarem mais conservadoras, avessas à inovação e sobretudo, desconectadas do futuro.
E no contexto dos fundos de pensão, isso se traduz em um alerta claro: a atual estrutura não foi pensada para um mundo com menos jovens da mesma forma que os planos de contribuiçāo definida nāo foram idealizados para mercados financeiros com retornos em queda.
Os modelos de financiamento, as premissas atuariais e até as políticas de investimento foram desenhadas numa era de crescimento populacional contínuo e expansão econômica.
Ignorar essa mudança é o mesmo que ignorar um iceberg à frente de um navio.
É verdade que os fundos de pensão vêm buscando se adaptar, ampliando suas estratégias de investimento, fortalecendo sua governança, buscando novos públicos e diversificando seus planos. Mas sem uma renovação estrutural e sem considerar as novas dinâmicas demográficas e tecnológicas (tema dos próximos artigos desta série), os ajustes serão paliativos e no longo prazo, inócuos.
O desafio é, portanto, repensar a previdência social e complementar de forma mais ampla, levando em conta não apenas a sustentabilidade financeira, mas também sua função social em um novo contexto. Talvez a resposta esteja em sistemas híbridos, em novas formas de contribuição desvinculadas do trabalho tradicional, ou mesmo em modelos coletivos de proteção social mais distribuída.
Para isso, é fundamental que atuários, gestores, reguladores e, sobretudo, a sociedade como um todo compreendam que o futuro já começou. E ele não se parece em nada com o passado. O tempo da adaptação não é amanhã — é hoje, é aqui, é agora.
Enquanto isso, o silêncio dos parquinhos infantis e o som dos andadores nas ruas nos lembram que o mundo está mudando. E os fundos de pensão precisam mudar com ele.
“A escassez de jovens não é apenas um problema econômico — é uma transformação civilizacional.”
Grande abraço,
Eder.
Opiniōes: Todas minhas | Fontes: “The vanishing of youth”, escrito por Victor Kuma e David Faris | UN DESA, World Population Prospects, 2022 Revision | IBGE, Projeções da População, 2023.
Disclaimer: Esse artigo foi escrito com ajuda e IA, baseado em prompts do autor e nas fontes citadas acima.
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