domingo, 31 de março de 2024

INSIGTHS PARA CONSELHEIROS BUSCANDO UM CAMINHO PARA O FUTURO DOS FUNDOS DE PENSĀO

 



De Sāo Paulo, SP.


1.    Informação é abundante, ação é escassa

Uns dez anos atrás, durante um megaevento em Brasília, fiz uma apresentação sobre tendências em fundos de pensão, convidado pelo meu querido Gazzoni.

Na parte de Q&A (perguntas e respostas), uma pessoa da platéia pegou o microfone e perguntou o quê, na minha opinião, os fundos de pensão deveriam fazer para se preparar para o futuro.

Eu havia terminado de falar por +1 hora, compartilhado ideias, insights e abordado, seguramente, umas 5 transformações críticas pelas quais o segmento de previdência complementar estava passando.

Ainda assim, lá estava eu diante daquela pergunta, que respondi da seguinte maneira:

“Os fundos de pensão não precisam de mais informação, precisam de mais ação. Qualquer um deles pode, amanhã mesmo, agir sobre uma das coisas que falamos aqui hoje. Começar por ali e construir o futuro”.

Vivemos numa era em que a informação é abundante – com o simples apertar de uma tecla, você pode acessar literalmente a melhor informação a respeito de qualquer tópico, vinda das mentes mais brilhantes.

Se bastasse informação, todo mundo seria rico, teria o físico “sarado” e estaria perdidamente apaixonado por alguém.

Se você é conselheiro ou diretor de um fundo de pensão, ao invés de focar na obtenção de mais informação, pergunte a si mesmo como sua organização pode adotar pequenas ações a partir das informações que vocês já possuem e assim, começar a construir um futuro melhor.

A maioria das pessoas cai na armadilha de pensar que mais informação é igual a mais avanço - na verdade, informação é barata, ação é cara.


2.    Um futuro fora de controle



Quando dizemos que alguém está fora de controle, estamos falando de algo negativo. A pessoa perdeu o autocontrole e passa a fazer coisas das quais vai se arrepender depois.

Por outro lado, precisamos ser honestos e reconhecer que praticamente tudo, está fora do nosso controle.

Podemos tentar influenciar as coisas ou podemos aceitá-las como elas são, mas a qualquer tempo, durante nosso engajamento com os outros ou com o futuro, não estamos no comando total de todas as coisas.

O controle é elusivo. Se aceitarmos a parte que foge ao nosso controle, podemos focar nos elementos que conseguimos influenciar e alavancar.  

O conselho e a diretoria do seu fundo de pensão podem sentar-se no banco dos passageiros ou podem tentar pilotar o barco em direção ao futuro da previdência complementar, com a parte que tem sob controle, desenvolvendo novas soluções que forneçam segurança financeira.

Uma coisa é um futuro fora do nosso controle total, outra coisa é um futuro totalmente descontrolado.


3.    Lute contra o “Dilema da Centopéia”

Existe uma velha fábula sobre a centopeia e o coelho, que é mais ou menos assim:

“Uma centopeia estava andando, quando um coelho encosta ao seu lado e pergunta - Qual das suas 100 pernas é a mais rápida?

A centopeia começa a pensar, pensar, pensar ... e rapidamente fica paralisada com a pergunta do coelho, incapaz de se mover.

A ação de andar, que antes era feita subconscientemente, se torna um pensamento consciente, deixando a centopeia paralisada, sem conseguir sair do lugar.

Muitos fundos de pensão funcionam como a centopéia da fábula: ficam pensando demais sobre as mudanças necessárias e não conseguem dar um primeiro passo em direção ao futuro.

Quando você pensa que cada decisão precisa ser perfeita, você fica com medo de se mover. Essa é uma constatação poderosa que você, conselheiro, pode discutir na próxima reunião do conselho do seu fundo de pensão.

Ensine ao colegiado, que:

Decisões geralmente são reversíveis, mas a inação não é!


4.    E se eu estiver errado?

Se formos sentar no conselho deliberativo e investir nosso tempo em conversas, pesquisas ou análises sobre o futuro dos fundos de pensão, devemos começar entendendo o que será necessário para você e eu mudarmos de ideia.

Se você não estiver disposto a considerar que está errado, então, nas palavras do filósofo cognitivista americano Dan Dennett (Daniel Dennett): 

“Você é um expectador, não um participante”.

Vamos combinar as regras e então começar as discussões.


5.    A derivada para o normal



Na medida em que uma organização cresce em escala, as idiossincrasias e peculiaridades originais, representadas pelos gostos dos fundadores, se movem em direção a média.

Com o tempo, as coisas ficam mais medianas, mais ou menos iguais.

Isso porque cada novo cliente, cada novo fornecedor e cada novo empregado, quer ou precisa de coisas um pouco mais normais, pelo menos de vez em quando.

A tendencia de derivar para o normal só pode ser combatida por um esforço persistente, geralmente a custa de algum elemento de escala, no curto prazo.

Os fundos de pensão cresceram e foram se afastando das características únicas que estavam presentes no seu início, eles se moveram para a média.

Apesar de bem maiores hoje, ainda precisam continuar a crescer, porque a escala que era antes inexistente, se tornou uma questão de sobrevivência.

Talvez esteja na hora de resgatar o “somos especiais”, uma coisa é ser normal, outra coisa é ser comum.

Se não for você, quem? Se não for agora, quando?


6.    O que marca a sua marca?

O que faz a sua marca ser o que é? Como construí-la? Há três componentes:

(I)      Um caráter atrativo = seu propósito;

(II)    Uma nova oportunidade = o que você deseja alcançar;

(III)  Um novo veículo = como você vai chegar lá.


A maior parte do seu tempo deve ser investida no (I) e no (II). O componente (III) se torna mais fácil, uma vez que você tenha estabelecido sua marca.

O que entra na sua marca? Insights, produtos, alvos, canais, interesses. Esquece procurar um nicho para seu fundo de pensão atuar, crie seu próprio nicho.

Torne-se uma categoria e você será insubstituível. Joseph James Rogan (Joe Rogan) nunca escolheu um nicho.

Ele combinou sua paixão por comédia, aventuras, psicodélicos, UFC e artes marciais e criou uma marca pessoal. Ninguém pode competir com ele, porque ninguém é ele.

Ninguém pode competir em ser você.


7. Disciplina versus motivação, ao se tornar conselheiro

Quando aprendemos a fazer qualquer coisa nova – tipo, dirigir um carro – passamos por três estágios.

O primeiro estágio demanda bastante atenção, na medida em que testamos os controles (do carro), aprendemos as regras (de trânsito) e por aí vai.

No segundo estágio, começamos a coordenar nosso conhecimento, conectando nossas ações e movimentos e vinculando-os - de modo mais fluido e natural - com nosso conhecimento (sobre o carro), a situação do momento (movimento da rua) e as regras (de trânsito).

No terceiro estágio, dirigimos o carro e mal penamos sobre isso. É automático. Com isso, nossa melhoria na condução do carro vai diminuindo dramaticamente e eventualmente, paramos de evoluir completamente.    

Tornar-se conselheiro de um fundo de pensão funciona da mesma maneira. No primeiro estágio aprende-se atuária, investimentos, gestão de riscos etc. No segundo, senta-se em torno da mesa do conselho e se conecta o aprendizado à tomada de decisões na vida real.

No terceiro, se a pessoa deixa de buscar continuamente novos conhecimentos sobre previdência complementar, mudanças demográficas, novas tecnologia, se ela para de aprender, quem deixa de evoluir completamente é o fundo de pensāo.

____________

Inspirou, ajudou?

Grande abraço,

Eder.


Fonte: “Out of control” e “The arrogance of improvement”, escritos por Seth Godin | “6 Life-Changing Insights from 6 Days in India”, escrito por Sahil Bloom | “What Sam Altman’s Prediction About The $1B One-Person Business Model Means For You”, escrito por Michal Lim | “Learning”, escrito por Geoff Colvin.


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