terça-feira, 30 de junho de 2020

TE CONTEI? O NEUROMARKETING TAMBÉM PODE SER ÚTIL NA INDÚSTRA DOS FUNDOS DE PENSÃO




De São Paulo, SP.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 
Neuromarketing pode ser definido como o uso comercial das ferramentas e insights da neurociência para medir, entender e afetar o comportamento do consumidor. Nossas decisões de compra nem sempre são feitas de forma consciente, baseadas em fatos, razão e lógica, mas sim de forma inconsciente, baseadas em emoções, sentidos e intuições (mais aqui: https://youtu.be/UEtE-el6KKs). Compreender isso pode ajudar os fundos de pensão a ajustar suas estratégias de atração e comunicação, visando uma interação melhor com os participantes. 

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 
Em 2018 analisei o site de um grande fundo de pensão, mais especificamente a homepage deleO “mapa de calor” (fig. acima) que produzi mostrou que o olho do participante, inconscientemente, concentra a atenção nos rostos humanos, deixando de perceber o que realmente importa na pagina, tipo o botão dos simuladores na parte de baixo da página, o de educação (financeira) e o de investimentos no alto da página. Sem o direcionamento para alguma ação por parte do participante, um homepage passa a ter a mesma função de um quadro na parede, algo para ser contemplado ...  

CONCLUSÃO: 
Há novas formas de otimizar a comunicação com os participantes, as antigas já são conhecidas. 

Grande abraço,
Eder.

domingo, 28 de junho de 2020

O PREÇO DE TUDO E O VALOR DE NADA – TEMPO: UMA MOEDA QUE OS FUNDOS DE PENSÃO SÓ PODEM COMPRAR COM O USO DE TECNOLOGIA



Credito de Imagem: https://theberkshireedge.com

De São Paulo, SP.

O ano era 1973. O hit das paradas de sucesso era o rock progressivo. A humanidade havia dado o primeiro passo fora da Terra poucos anos antes. Na quarta faixa do álbum “The Dark Side of the Moon”, gravado em um estúdio londrino na Abbey Road, o Pink Floyd imortalizou a canção “Time” (musica original aqui e letra no fim do artigo).

Tempo. Não desacelera nem para. A moeda mais valiosa que alguém pode ter na vida, mesmo sendo um conceito abstrato, derivado da rotação axial da Terra e de suas revoluções orbitais em torno do Sol. Tempo é uma moeda que não compra nada, mas está no preço de tudo. Uma moeda que você nunca pode ter de volta depois que gasta. O tempo é tão precioso, que nem juntando todo o dinheiro do mundo você é capaz de comprar um minuto dele.

Se por um lado ninguém pode comprar tempo, incrivelmente por outro, qualquer um pode ganhar tempo e não existe um meio melhor para fazer isso do que com o uso de tecnologia. 

Novas tecnologias são ferramentas importantes para organizações que estejam tentando se reinventar, como os fundos de pensão. Os fundos precisam abraçar as novas tecnologias para se alavancar, para superar a atual descontinuidade competitiva e criar um modelo inovador e sustentável de negócios.

Isso pode ser feio de muitas maneiras. Seja através de parcerias, colaboração ou joint-ventures dos fundos de pensão com incubadoras, aceleradoras e fundos de venture capital, seja por intermédio de M&A mesmo - as provisões para fomento servem para quê afinal? 

Startups de tecnologia e fundos de pensão podem ser potenciais aliados, unindo de um lado as soluções que podem causar (dis)rupturas e do outro, estabilidade, conhecimento de mercado, acesso aos participantes e poder financeiro. Os dois mundos poderiam evitar fricção e ganhar tempo, apoiando e complementando as forças e capacitações um do outro.

As startups de tecnologia são conhecidas por suas inovações e os impactos potenciais que podem causar nos negócios, pelo tempo e escala necessários para se desenvolverem e pela dificuldade em atrair o nível de financiamento requerido para transformar suas invenções em produtos e serviços comerciais viáveis. Os fundos de pensão podem, perfeitamente, ajudar a preencher as lacunas e encurtar os desafios, gerando ganhos para todos.

Mesmo antes da crise causada pelo Covid-19, as startups de tecnologia já vinham sofrendo para atrair investidores. Incapazes de obter capital no mercado de ações e atrair investidores institucionais, empresas jovens e inovadoras dependem do dinheiro de fundos de venture capital para dar certo. Esses, porem, além de muito seletivos, representam menos de 10% do capital total disponível para investimentos.          

A experiência, conhecimento e capital que os fundos de pensão podem colocar na mesa seriam capazes de acelerar o ciclo de desenvolvimento-teste-ajuste-implantação das soluções, reduzindo tanto o horizonte de tempo como o capital necessário. 

Blockchain e DeFi são apenas duas das inúmeras tecnologias promissoras para os fundos de pensão. Ainda é difícil antecipar que aplicações inovadoras serão desenvolvidas com o uso dessas tecnologias de ponta, na medida em que as dificuldades existentes forem sendo superadas. 

Para essas e outras tecnologias pularem do mudo digital para o dia-a-dia, precisamos estabelecer pontes entre as soluções conceituais e seu uso comercial, permitindo assim que os fundos de pensão colham benefícios mais rapidamente. Essas pontes serão construídas a partir da imaginação e de uma taxa de aprendizado mais rápida por parte daqueles que tomam decisão. No caso dos fundos de pensão, conselheiros e diretores. A imaginação permite vislumbrar soluções inovadoras para problemas comuns e remove barreiras. O aprendizado encurta e acelera o ciclo de aprovação e implantação das inovações.


As revoluções tecnológicas se juntam com as transformações sociais para marcar no tempo os saltos da humanidade em direção a cada nova era. 

Após a interrupção das atividades imposta pela II Guerra Mundial, a retomada gerou um boom econômico e um crescimento mundial sem precedentes, resultando em décadas de prosperidade e melhoria de vida das pessoas em todo o planeta. Foi um período de incontáveis inovações como o radar, o avião a jato, a penicilina, a borracha sintética, a energia nuclear, a radio-navegação e o primeiro computador digital com tubos a vácuo. Em 1950 a Revista Times (olha ele ai de novo!) usou pela primeira vez o termo Wirtschaftswunder, milagre econômico em alemão, para descrever a rápida reconstrução da Alemanha Ocidental e da Áustria, devastadas pela guerra.

A combustão das transformações sociais está sendo iniciada, agora, pela fagulha do Covid-19, a maior descontinuidade das atividades humanas nos tempos modernos. Cientistas cunharam até o termo "antropopausa" para se referir a esse período cujas implicações só poderão ser verdadeiramente conhecidas em analises retrospectivas. A retomada iniciará um novo ciclo, alavancado por inovações que moldarão um mundo ainda melhor, mais rico, mais saudável, mais sustentável e tomara, mais humano. 

Crises da magnitude do Covid-19 aceleram tendências e antecipam o médio e o longo prazos. A interrupção dos negócios colocou as empresas e fundos de pensão no modo de sobrevivência de curto prazo. Passado esse momento, em que as organizações desviaram o foco dos aspectos comerciais e de mercado e se concentraram no social, o pós-Covid-19 tem tudo para criar um ambiente favorável à colaboração, ao interesse comum e à busca de resultados levando em consideração valores humanos.

Os conselhos deliberativos dos fundos de pensão precisam elevar o alcance de seu olhar e adotar uma visão de longo prazo. Precisam construir um modelo de negócios sustentável, baseado em investimentos responsáveis, abraçando novas tecnologias e soluções que beneficiarão seus participantes e as novas gerações.

As organizações costumam reagir às crises de forma lenta, defensiva e pouco eficiente, mas as crises geralmente trazem oportunidades junto com elas. Se quiserem aproveitar essas oportunidades, os fundos de pensão terão que fazer mais do que apenas assumir uma posição defensiva. A tecnologia está ao alcance de todos. O controle do tempo, não.

Grande abraço,
Eder.

Fonte: Adaptado do artigo How Deep Tech Can Help Shape the New Reality, escrito por Massimo Portincaso, Antoine Gourévitch, Stefan Gross-Selbeck e Tom Reichert.



Time - Pink Floyd 

Ticking away the moments that make up a dull day
Fritter and waste the hours in an offhand way.
Kicking around on a piece of ground in your home town
Waiting for someone or something to show you the way.

Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain.
You are young and life is long and there is time to kill today.
And then one day you find ten years have got behind you.
No one told you when to run, you missed the starting gun.

So you run and you run to catch up with the sun but it's sinking
Racing around to come up behind you again.
The sun is the same in a relative way but you're older,
Shorter of breath and one day closer to death.

Every year is getting shorter never seem to find the time.
Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines
Hanging on in quiet desperation is the English way
The time is gone, the song is over,
Thought I'd something more to say.

Home
Home again
I like to be here

When I can
When I come home
Cold and tired
It's good to warm my bones
Beside the fire

Far away
Across the field
Tolling on the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spell


Fonte: LyricFind | Compositores: David Jon Gilmour, Nicholas Berkeley Mason, George Roger Waters, Richard William Wright | Letra de Time © Universal Music Publishing Group, BMG Rights Management

sexta-feira, 26 de junho de 2020

TE CONTEI? CONSELHEIROS DE FUNDOS DE PENSÃO COM PLANOS BD GASTAM CUMULATIVAMENTE 3.000 DIAS POR ANO COM INEFICIÊNCIAS


Creditode Imagem: www.self.com

De São Paulo, SP.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO:
No Reino Unido, onde existem cerca de 1.200 planos de benefícios definidos (BD), estima-se que cada conselheiro poderia economizar por ano cerca de 4 horas que gasta monitorando processos, analisando dados de avaliações atuariais, decidindo sobre  viabilidade de projetos e acessando estatísticas desses planos. Os 3.000 dias por ano que poderiam ser economizados no monitoramento e supervisão dos planos BD resultam desses números e da quantidade de conselheiros deliberativos e fiscais. Numa conta de padaria, pode dividir por dois os 3.000 dias e teríamos um numero aproximado para os fundos de pensão brasileiros, ou seja, seriam gastos 1.500 dias por ano pelos nossos conselheiros.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
Esse tempo seria liberado se os fundos de pensão adotassem mais tecnologia no monitoramento dos planos BD, substituindo processos tradicionais de supervisão por abordagens tipo dashboard online via alguma plataforma digital.
CONCLUSÃO:
A tecnologia está aí para permitir que conselheiros usem seu tempo de forma mais nobre, ou seja, olhando para frente e não para trás. 
Grande abraço,
Eder.

Fonte: https://bit.ly/386chLO

quinta-feira, 25 de junho de 2020

TE CONTEI? FORTE GUINADA NA LEGISLAÇÃO INGLESA SOBRE COMO OS FUNDOS DE PENSÃO TERÃO QUE LIDAR COM RISCOS CLIMÁTICOS



De São Paulo, SP.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 
Uma emenda proposta ontem na regulamentação dos fundos de pensão ingleses pode forçá-los a alinhar suas estratégias de investimentos aos acordos internacionais sobre mudanças climáticas dos quais o Reino Unido é signatário. “Legislação dizendo que os conselheiros têm que basear as decisões de investimentos nos tratados governamentais é algo bem avançado e representaria uma mudança em alguns princípios fundamentais que regulam a atuação dos conselhos”, diz Stuart O’Brien da empresa de consultoria Sacker.

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 
Se aprovada, a “Emenda Hayman” como ficou conhecida por ter sido proposta por Helene Hayman da Câmara dos Lords, será uma mudança e tanto. Até aqui, as autoridades vinham exigindo que os fundos apenas reportassem alguns cenários de riscos climáticos associados às suas estratégias de investimentos, mas cabia aos conselhos decidir a estratégia que quisessem e achassem cabível.  
 

CONCLUSÃO: 
Quando um governo se compromete com um tratado internacional, em última instância é a sociedade que está sinalizando sua crença nos termos daquele acordo. Vamos ver agora se isso é serio mesmo.

Grande abraço,
Eder.


Fonte: https://bit.ly/2Yx1IhR

TE CONTEI? ESSE PERÍODO DE REDUÇÃO INCOMUM NA MOBILIDADE HUMANA VAI FICAR CONHECIDO COMO “ANTROPOPAUSA”


Credito de Imagem: www.designboom.com

De São Paulo, SP.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO: 
Decorrente de circunstâncias trágicas, 2020 está sendo um ano em que a mobilidade do ser humano pelo ar, pelo mar e pela terra beirou a estagnação. A quarentena e o “lockdown” levaram o mundo todo a interromper quase que completamente o transporte e o trânsito de passageiros e cargas. Essa “parada de arrumação” afetou a interação dos seres humanos entre si, com a vida selvagem e com o meio ambiente. Um grupo de cientistas cunhou o termo “anthropause” ou “antropopausa” em tradução livre, para marcar na linha do tempo da nossa evolução a redução da atividade humana que estamos presenciando durante a pandemia do Covid-19.

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 
Em um artigo publicado no jornal cientifico Nature Ecology & Evolution, os autores do novo termo dizem que essa parada é uma oportunidade inestimável para os pesquisadores estudarem nosso impacto no planeta.
 

CONCLUSÃO: 
Com o tempo vai ficar claro que os impactos da antroposausa vão muito além do campo da conservação da natureza. 

Grande abraço,
Eder.

Fonte: https://www.newsweek.com/pandemic-anthropause-human-impacts-wildlife-1512735

quarta-feira, 24 de junho de 2020

TE CONTEI? SE VOCÊ PENSA QUE OS MILLENIALS TÊM UMA VISÃO PROGRESSISTA SOBRE GÊNERO, ESPERE A GEN-Z CHEGAR NAS EMPRESAS



De São Paulo, SP.


QUE ESTÁ ACONTECENDO: 
A percepção sobre gênero está mudando rapidamente. A maioria dos millenials vê gênero como um espectro (intervalo), não uma coisa binária tipo homem e mulher e 12% se identificam como transgenero. Entre a Gen-Z, 56% conhecem alguém que usa um pronome neutro para gênero, 25% esperam mudar pelo menos uma vez sua identidade de gênero durante a vida e 59% acreditam que os formulários deveriam ter opções além de masculino e feminino.

POR QUE ISSO É IMPORTANTE:

Muitas pessoas, dentre elas vários CEOs, tendem a ver a discussão atual em torno de gênero no ambiente de trabalho como algo retórico, uma moda passageira, uma questão de compliance a ser delegada ao RH, algo que pode ser ignorado. Grande erro. O modo como a sociedade entende e vê gênero está mudando fundamentalmente e isso é uma boa notícia para todos nós.

CONCLUSÃO: 

Se você tem dificuldade em aceitar essa evolução social, vai passar por momentos complicados. O mundo não para! Agora, se você é progressista, agradeça por ter a mente aberta e bem vindo a nova era :)

Grande abraço,
Eder.

Fonte: https://bit.ly/2BDDJEx

terça-feira, 23 de junho de 2020

UM NOVO PRODUTO NÃO, UM NOVO PARADIGMA – PARTE III



De São Paulo, SP.

“A má notícia é que o tempo voa. A boa notícia é que você é o piloto” – Michael Altshuler
Essa é a terceira e última parte de uma trilogia de artigos analisando as transformações na relação das gerações mais novas com o sistema financeiro tradicional e os desdobramentos que isso poderá ter para bancos em geral e fundos de pensão em particular.
Se as transformações sociais e econômicas seguissem uma distribuição de probabilidades discreta e não uma distribuição contínua, como a vida real, poderíamos dizer com boa margem de segurança que 2020 é o ano da mudança. 
Esse é o ponto de inflexão na trajetória dos fundos de pensão. Não que os fundos estejam no controle das mudanças. Sequer significa que os fundos tenham identificado qual é o novo paradigma. Ou que suas estruturas e pilares estejam sendo adaptados para uma nova era. Quer dizer apenas que já é possível enxergar as causas da (dis)ruptura e para onde o novo modelo de negócios está apontando. 
Caem as antigas fronteiras em todos os mercados
O mundo vai sendo redesenhado. Transformações sociais e tecnológicas estão derrubando os antigos limites que definiam segmentos de mercado, indústrias e negócios – inclusive o dos fundos de pensão. 
O deslocamento das fronteiras que delimitavam a atuação dos fundos, torna indistintos os canais de distribuição, a finalidade dos produtos e a definição de competição. Atuar sob o novo paradigma requer a construção de experiências diferentes para o consumidor (participante), através da adoção de abordagens inovadoras e da criação de valor em um mercado que já não é mais vertical, nem se restringe às fronteiras da poupança previdenciária de longo prazo com ajuda da empresa. 
O novo ambiente é fluido, poroso e atravessa múltiplos segmentos de atuação. Quando as fronteiras são derrubadas, as coisas ficam menos previsíveis, mas o mercado ganha um alcance maior. A lição que vai ficar para os fundos de pensão não é a de um setor que está sendo reconstruído, mas sim de um que está sendo “desconstruído”.
Nenhuma surpresa quando descobrimos que o barco da previdência está à deriva e o GPS (estratégia) dos planos de aposentadoria já não aponta para um porto seguro. Apesar dos fundos de pensão não contarem mais com as ancoras seguras dos antigos pressupostos, uma nova rota vai se delineando.

Para enxergar o futuro com mais claridade, em meio ao nevoeiro criado pela evaporação das antigas fronteiras da previdência complementar, precisaremos de novas definições e horizontes diferentes de poupança para a aposentadoria.
Primeiro ponto: fundos de pensão precisam focar em plataformas de tecnologia. Elas são críticas para lidar tanto com as antigas como com as novas gerações. Precisam ser flexíveis, ágeis, rápidas e escaláveis. O lado bom é que essas plataformas tecnológicas estão disponíveis e não demandam investimento nem desenvolvimento direto pelos próprios fundos de pensão. AgeTechs, PensionTechs e todos os “techs” da vida são hoje “plug and play”.
Segundo ponto: os participantes de hoje possuem um timing diferente e buscam soluções que atendam suas demandas nos seus próprios termos. Eles definem quando, onde e como querem gerenciar suas economias. A interface com os participantes requer alternativas multi-canal e produtos que sejam fáceis de usar e fáceis de entender, qualquer que seja a idade. A poupança precisa ser incorporada de forma permanente e efetiva ao individuo, seus marcos e estilo de vida, não o contrário. Vai se tornando invisível a interseção da previdência com outros canais, indústrias e segmentos. Por exemplo: cartórios de registro civil ou lojas de enxoval de recém-nascidos se conectando com fundos de pensão como um “canal oculto” de oportunidade para atrair novos participantes e novas coberturas. Para capturar oportunidades desse tipo, com outras indústrias, os fundos de pensão precisarão criar networks de parcerias, canais digitais e soluções que alcancem os atuais e novos participantes. Cada fundo terá que identificar tecnologias, canais e parcerias que tenham sinergia com sua estratégia, para assim atender as expectativas de seus participantes atuais e futuros.    
Terceiro ponto: a explosão da quantidade de dados disponíveis e o aumento brutal da capacidade de análise deu margem nos últimos 5 anos a proliferação de novos produtos e serviços com valor agregado. Esses produtos se baseiam em novas fontes de dados, oferecem diferentes experiências aos consumidores e alavancam o uso de novas tecnologias. O mais importante, porém, é que as novas soluções visam atender a um novo conjunto de riscos e expectativas, particulares dos millenials e Genz. Isso levará os fundos de pensão a desenvolver produtos que reconheçam necessidades especificas e momentos específicos de vida. Não são apenas as fronteiras dos negócios que estão sendo apagadas, os próprios delimitadores da poupança de longo prazo vão caindo e se misturando com horizontes de curto e médio prazos. Isso permitirá o surgimento de poupanças sob demanda e soluções fundindo, por exemplo, a busca de retorno com filantropia. 
Os fundos de pensão vão, assim, se transformando em um grande provedor de serviços financeiros e não-financeiros. Para usar a terminologia da moda, porque não dizer que está surgindo o “Pensions-as-a-Service (PaaS)” ou o Fundo de Pensão como Serviço.
Fundos de pensão, criptoativos e dinheiro digital 
As criptomoedas não são um substituto para o dinheiro emitido pelo governo, eles são uma alternativa inteiramente nova ao sistema financeiro tradicional. Os criptoativos estão criando um modo totalmente diferente de gerenciar nossas finanças.
Com os criptoativos, você não precisa de intermediários para transferir patrimônio de uma pessoa para outra em qualquer parte do mundo, basta enviar um token protegido por criptografia. Como qualquer outra tecnologia disruptiva, os criptoativos não representam uma progressão natural para melhorar o status quo, não se trata de um passo incremental para frente. Eles oferecem uma maneira completamente nova para resolver problemas comuns sendo por isso difícil de entender e permanecendo seu potencial no campo abstrato. 
Você não consegue “ver”, por exemplo, uma nova forma de acumular, investir, usar e transferir o dinheiro das contas individuais do seu fundo de pensão. É difícil conceitualizar algo que não existia antes. O alcance fica impalpável e apenas os sonhadores conseguem imaginar coisas tipo: (i) usar a conta de “ativos de curto prazo” do seu fundo de pensão para os gastos diretos na sua viagem de férias ao exterior; ou (ii) levar sua conta de previdência junto com você quando for expatriado por alguns anos, afinal, os criptoativos fazem dele um “plano de previdência transnacional”; (iii) receber seu “salario” em criptomoedas diretamente na conta de seu fundo de pensão porque, graças à nova realidade criada pelo Covid-19, você trabalha em home-office aqui no Brasil para uma empresa em Angola. Parabéns, você é agora um trabalhador da nova era.   

Quando surge uma nova tecnologia, a maioria das pessoas a descarta rotulando-a como modismo, mas algumas percebem imediatamente suas implicações. Novas tecnologias alcançam êxito não porque tenham algum valor intrínseco ou mensurável em si, mas porque elas são usadas para fazer coisas que tem grande valor. A Internet criou uma nova maneira para trocar informações, mas as pessoas só perceberam seu valor quando ela foi usada no comercio eletrônico e na comunicação virtual.
Governos bancos e prestadores de serviços financeiros estão vendo os criptoativos simplesmente como uma maneira melhor para uma pessoa receber e enviar dinheiro. Desde que tudo o mais permaneça constante, apenas transferir o sistema financeiro tradicional para o blockchain fará com que ele continue perdendo terreno. 
“Cryptos”, como são chamados os criptoativos e criptomoedas, são mais ágeis e flexíveis e há um mundo de empreendedores trabalhando para faze-los ainda melhores. Qualquer um pode criar um novo sistema financeiro a partir do seu laptop, a qualquer momento. Já tenho até algumas ideias.
Muita gente imagina que o dinheiro digital criado por governos (escrevi sobre isso: aqui) assinará uma sentença de morte para os criptoativos. Olhe para os e-mails, eles revolucionaram o mundo, mas os correios continuam sendo usados e quase toda loja virtual depende deles para entregar seus produtos. Da mesma forma que os e-mails coexistem com os correios, o dinheiro digital pode coexistir com as criptomoedas. As pessoas sempre usam o que funciona melhor para elas.
Na medida em que os criptoativos se disseminem, não vai fazer diferença que tipo de dinheiro você tenha, economize e gaste. Da mesma forma que você tem chaves diferentes para abrir fechaduras diferentes, ou roupas diferentes para cada tipo de clima, você vai ter um pouco de cada nas contas de seu fundo de pensão para uso no curto, médio e longo prazos. Alguns cryptos, cada um com sua finalidade e função, junto com um punhado de “dinheiro governamental”. 
Você vai usar os cryptos onde esses forem requeridos e o dinheiro governamental onde apenas ele for aceito, nem vai pensar muito sobre isso. Até o dia em que as pessoas ao invés de pensarem porque alguém precisaria de criptomoedas, começarão a pensar: por que alguém precisa de dinheiro governamental?
Novas tecnologias como a “fracionalização de ativos” serão cruciais para as contas de previdência dos fundos de pensão (mais: aqui). O futuro dos planos de aposentadoria passa por eles e pelo Descentralized Individual Pensions applications (DIPaap) - criei esse conceito agora (risos).
Pra que sevem os fundos de pensão? Eles devem servir aos donos do dinheiro?
Quando Albert Einstein disse que “... relatividade se aplica a física, não a ética”, ele claramente ainda não conhecia a dificuldade para conciliar a visão dos conselheiros dos fundos de pensão com a dos ativistas de investimentos responsáveis. Afinal, o que é um investimento ético e responsável e o que não é?
Vem crescendo a pressão sobre os conselhos para que os fundos de pensão invistam o dinheiro dos participantes de forma ética, não importando o custo disso. Uma nova geração de participantes quer destinar suas economias para investimentos que tenham um impacto positivo sobre a sociedade. 
“Em toda reunião com participantes alguém levanta e faz uma pergunta sobre propósito”, diz Karen Shackleton, consultora de fundos de pensão ingleses. “Um fundo de pensão tem que correr atrás de rentabilidade, mas você quer que seja consistente com sua moral e suas crenças enquanto participante”, completa ela.

A pandemia do cononavirus vem mostrando a importância de uma governança baseada em princípios sociais. Os participantes mais jovens subiram o tom e estão argumentando que as empresas que mostram preocupação com aspetos sociais e ambientais são as mais sustentáveis e representam melhores oportunidades de retornos no longo prazo. Os conselhos dos fundos de pensão ao redor do mundo estão sendo martelados com o argumento de que faz parte de seu dever fiduciário, investir nessas empresas porque é a coisa mais financeiramente responsável a fazer. 
Na verdade, o assunto é bem mais complexo do que parece. Envolve regras centenárias de prudência, dever fiduciário, abordagens tradicionais de risco retorno e discussões sobre a representatividade (minoria?) e o envolvimento (apatia?) dos participantes dos fundos de pensão em defesa dessa causa. 
Por outro lado, o participante típico de um fundo de pensão, independente da geração, já adota um estilo de vida que abraça muitas das causas sociais e preocupações com o meio ambiente, diz Rupert Welchman, gestor adjunto de um fundo de ações do Union Bancaire Privée.
Cedo ou tarde o segmento dos fundos de pensão, por enquanto hesitante, terá que enfrentar de frente essa questão. Os conselhos ainda são bem tradicionais e sua composição não conta com membros particularmente “avant-garde”, comentou Vassos Vassou, ele próprio conselheiro no Dalriada. A resistência, ensina Vassou, é de toda a indústria dos fundos de pensão, de consultores a gestores de investimentos, conselhos e diretorias.
Novas tecnologias certamente contribuirão para o empurrãozinho que falta. A importância crescente dos aspectos ESG na seleção de ativos vem levando investidores a questionar a noção de que o valor é simplesmente um retorno financeiro. A tecnologia de fracionalização de ativos digitais, citada anteriormente nesse artigo, permite vislumbrar um ativo produzindo uma combinação de retorno financeiro com impacto ambiental. Tipo, 2% a.a. de juros e 10 árvores plantadas por ano.  Ou então a mistura de retorno e experiência do consumidor, por exemplo, direito a uma hora de carro compartilhado para cada 3 meses que você fique investido em determinado token. 
Por fim, tem o lado emocional muito, muito forte que pode ser ilustrado pela história da Dra. Bronwyn King. Médica australiana, ela dedicou a carreira a tratar pacientes de câncer. Até que em 2010 ela teve sua primeira reunião com um consultor de investimentos do seu fundo de pensão. A oncologista, que como a maioria das pessoas nunca tinha se dado ao trabalho de entender os investimentos do seu plano de aposentadoria, perguntou ao consultor aonde seu dinheiro era investido. O que ela descobriu, virou sua vida de pernas para o ar: quatro dos cinco maiores investimentos em ações do seu portfolio internacional estavam alocados em empresas de tabaco. “Todo o trabalho que eu passei a vida toda fazendo, tentando desesperadamente ajudar pessoas sofrendo as consequências do fumo ... estava sendo minado pelo meu próprio dinheiro, investido em empresas que fabricavam produtos que estavam matando diretamente essas mesmas pessoas”   
Não tem argumento, nem posições de conselhos de fundos de pensão, que possam se contrapor a algo assim.
Finalizo essa trilogia com uma frase de Coco Channel, que pode ajudar no (re)direcionamento: “Não perca tempo batendo em uma parede, esperando transformá-la em uma porta”.

Grande abraço,
Eder.


Fonte: Adaptado dos seguintes artigos:




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