UMA PESSOA QUE CAVA UM BURACO COM AS MÃOS TRABALHA DURO, MAS É RAPIDAMENTE SUPERADA POR ALGUÉM QUE USA UMA PÁ. A COMBINAÇÃO DE TRABALHO DURO COM TRABALHO INTELIGENTE É INSUPERÁVEL
(Autor: Farnan Street)
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De São Paulo, SP.
A dicotomia é um conceito fundamental na filosofia que ajuda a organizar o pensamento e a compreender a realidade.
No passado nosso mundo era binário, existiam duas alternativas em sexualidade, política, certo e errado, vivíamos uma realidade dicotômica.
Hoje existem “n” possibilidades, em tudo. Talvez por isso as pessoas e as empresas se sintam confusas e perdidas, com essa descomunal mudança das referências.
Não obstante, devemos abraçar esse mundo multidimensional e reconhecer nos fundos de pensão que existem hoje “n” possibilidades de poupar em busca de um futuro financeiramente mais seguro.
A Teoria das Causas de Aristóteles e a poupança para o futuro
Antigamente um telefone fazia uma coisa só, servia para telefonar para alguém. Hoje um smartphone serve para um monte de coisas, inclusive, telefonar para alguém ou para “alguéns” simultaneamente.
Para entender qualquer coisa Aristóteles afirmava ser essencial analisar a coisa estudada de maneira empírica, por meio de quatro perguntas lógicas, a que chamou as quatro causas: a causa material: de que a coisa é feita; a causa formal: o que é a coisa em si; a causa eficiente: como a coisa se originou; e a causa final: para que a coisa foi feita.
A Teoria das Causas de Aristóteles não pressupõe que as respostas para as quatro perguntas logicas, que nos fazem entender as coisas, não possam mudar com o tempo. Até porque não vivemos mais no mundo material e analógico daquela época e sim numa nova era em que as cosias são intangíveis e digitais.
Está na hora de nos posicionarmos no segmento dos fundos de pensão e passar da fase de diagnostico - já estamos carecas de saber onde estamos - para a execução pura e simples das soluções - sabemos para onde devemos ir.
As quatro causas de Aristóteles evoluíram, o mundo mudou e a previdência complementar, que ninguém se engane, não vai permanecer a mesma.
Devemos cuidar dos participantes dos fundos de pensão como se cada um fosse uma causa e alinhar os investimentos com seus propósitos individuais.
Personalização ativa é o novo investimento ativo
A idade média do investidor no varejo – leia-se, pessoas físicas investindo individualmente – é cada vez menor.
Os investidores na faixa etária de 25 a 34 anos são os que mais visitam hoje o site de aconselhamento financeiro Morningstar.com e as visitas da faixa etária de 18 a 24 anos vem crescendo ano após ano, diz Kunal Kapoor – CEO da Morningstar.
Dentro de 10 a 15 anos as práticas de investimentos serão ditadas por esses investidores e unirão abordagens tradicionais com práticas mais modernas de alocação de ativos.
Credito de Imagem: Atyana Tomsickova / ISTOCK
Os jovens vêm preferindo poupar para o futuro em outras alternativas que não os fundos de pensão por uma razão óbvia: os planos de previdência complementar corporativos são muito engessados, associados de modo excessivamente rígido a compromissos de longo prazo e a baixa flexibilidade em termos de acesso aos investimentos. Não é que as gerações mais novas não estejam poupando para a aposentadoria, mas sim que eles estão preferindo alternativas mais flexíveis como planos individuais de previdência e outros veículos que oferecem maior liquidez e maior controle sobre a poupança acumulada. Algo precisa ser feito pelos fundos de pensão.
A quantidade de produtos, opções e classe de ativos disponíveis para investimento individual vem crescendo num ritmo de 11% ao ano, se continuar nesse ritmo, nos próximos cinco anos o no de produtos que as pessoas terão a disposição para escolher vai superar a casa do milhão.
Quando seus analistas ranqueiam mais de 4.000 fundos, seu modelo de análise quantitativa acompanha outros 140.000 fundos e você precisa alinhar retorno, risco e sustentabilidade para uma personalização ativa dos investimentos, somente ferramentas de IA e machine learning são capazes de unir as opções existentes aos investidores individuais.
“Isso significa que se um investidor disser que você não vai colocar na carteira dele, nem por um decerto, uma mineradora de carvão ou que ele quer ter na carteira ações da Tesla, independente do valuation, você terá uma ferramenta para explicar para ele quais os potenciais perdas e ganhos decorrentes dessas decisões”, explica Kapoor da Morningstar.
O Efeito Ikea no processo de investimentos dos fundos de pensão
O “Efeito Ikea” descreve um viés cognitivo que acontece quando as pessoas colocam algum esforço pessoal para completar um projeto ou terminar um trabalho. As pessoas valorizam mais as coisas que elas mesmas criam ou constroem.
O termo foi cunhado em 2012 em um trabalho de pesquisa conduzido pelo professor Michael Norton e seus colegas da Harvard Business School.
Eles o descreveram como “a valorização crescente dos produtos auto confeccionados” em referência a IKEA, uma loja Sueca que vende moveis no varejo requerendo que os consumidores os montem em casa por conta própria. Aqui no Brasil temos a TokStock e outras que seguiram um modelo parecido de negócios.
Existem outros negócios muito bem-sucedidos nessa abordagem. A Build-A-Bear (monte seu ursinho de pelúcia) fornece ao cliente uma experiência única.
O consumidor entra na loja e compra um ursinho basicão por US$ 15 a US$ 40. Então, vai passeando pela loja e acrescentando roupa, voz, perfume etc. No final, acaba pagando o dobro, às vezes até mais, pelos acréscimos.
A Build-A-Bear vende ursinhos caros, mas analisando o modelo de negócio objetivamente, eles oferecem ao consumidor uma experiência única, um ursinho personalizado que cria uma conexão forte entre o comprador e a pessoa que receberá o presente.
A Build-A-Bear vai muito bem, obrigado. Celebrou ano passado seu 25º ano de existência, o mais lucrativo de toda sua história.
O segmento de fundos de pensão seria sábio se aprendesse esse conceito bem simples que a IKEA e a Build-A-Bear têm para ensinar.
Investir em títulos públicos? Tô fora cara pálida
Oferecer experiências personalizadas de investimento é algo que o segmento de fundos de pensão, historicamente, nunca fez muito bem.
Oferecer alguns perfis de investimentos, tipo conservador, moderado e agressivo, não é propriamente individualizar os investimentos.
O que vem pela frente são metodologias e sistemas que podem personalizar os investimentos baseados nas circunstâncias e preferencias dos participantes e que podem ser facilmente ajustados conforme as coisas mudem.
Um participante que trabalhe no setor de operadoras de saúde pode querer na sua conta de poupança de longo prazo, ações de várias companhias menos de operadoras de saúde (para evitar o risco associado a ter uma carreira nesse mesmo segmento).
Outro participante pode querer um portfolio alinhado com seus valores e propósitos, seja maior exposição a empresas de uma economia de baixo carbono ou foco em empresas que contam com mulheres na liderança.
Alguns benefícios da personalização ativa dos investimentos podem ser quantificados, outros não.
A satisfação psicológica que um investidor sente ao construir seu próprio portfolio pode ser uma força poderosa para levar a melhores investimentos.
O potencial para criar melhores comportamentos dos participantes ao lidar com seus investimentos decorre do próprio processo de construção de seu portfólio.
Ao demandar maior envolvimento na construção da sua carteira personalizada, o participante passa a ter um conhecimento mais profundo sobre como seu dinheiro está investido e um engajamento emocional muito maior.
Está na hora de sair do reme reme dos títulos públicos, aliás, já passou da hora...
Grande abraço,
Eder.
Fonte: DirectIndexing and the IKEA Effect, escrito por Andy Kunzweiler | Morningstar CEO: ActivePersonalization Is the New Active Investing, escrito por Diana Britton
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