William Butler Yeats viveu entre 1865 e 1939. Poeta, dramaturgo, escritor e politico Irlandês, Yeats foi uma das figuras mais proeminentes da literatura no Século XX.
Poetas, como Yeats, acreditam – corretamente – que as palavras tem força para transformar vidas.
O sentimento em relação ao futuro pode mudar rapidamente porque ninguém consegue ter certeza do que está acontecendo nesse quadrante do tempo, nesse mundo que se torna mais incerto a cada dia.
Fico me perguntando o que se passa na cabeça de conselheiros de fundos de pensão ao analisarem a sustentabilidade de suas organizações no longo prazo.
Analisando o que está acontecendo na economia, nesses dias, dá para se ter uma ideia do nível de incerteza e insegurança em torno da tomada de decisões e da existência de qualquer organização. Isso no curto prazo, o que se dirá no longo prazo.
Assim como Yeats, escrevo com a esperança das palavras chacoalharem os conselheiros dos fundos de pensão e salvarem a vida dos participantes, com a continuidade dessas organizações no longo prazo.
Incertezas de curto prazo (ou longo)?
Maior rigidez na concessão de crédito é uma das medidas-chave nas politicas monetárias, não necessariamente um sinal de que algo está errado.
Mas altas taxas de juros diminuem o crescimento econômico, minam a confiança nos bancos, freiam o consumo e preocupam participantes cuja poupança é investida por fundos de pensão, o que acaba restringindo as condições do mercado financeiro e reduzindo ainda mais o crescimento.
A quebra recente de bancos nos EUA e na Suíça, junto com problemas de governança em grandes empresas, tipo as Americanas e a trapalhada de marketing da Budweiser essa semana, jogam para baixo o sentimento de confiança das pessoas e induzem a insegurança.
Em 2022 vimos o final da pandemia. Chegou 2023 e quando todos pensaram que as coisas não podiam piorar, fomos brindados com a guerra na Ucrânia, uma inflação descontrolada e uma crise de confiança nos bancos.
Tudo isso está levando vários bancos regionais nos EUA a reduzir empréstimos e fazendo aumentar as preocupações com a concessão de crédito.
Numa pesquisa do BofA (Bank of America) feita entre os dias 6-13 de abril, 300 institucionais que possuem mais de US$ 700 bilhões em AUM (ativos sob gestão). disseram que o aperto no crédito (e consequente recessão global) era o maior risco de cauda do mercado.
Esse receio surgiu literalmente do nada, não foi sequer mencionado como preocupação ou risco no mês passado, como fica evidente na falta da barrinha vertical azul claro no topo do gráfico abaixo.
Pesquisa do BofA: O que você considera o maior risco de cauda?
A maioria dos investidores institucionais nos EUA reduziu a alocação em ações, uma diminuição de dois pontos percentuais numa comparação mês-a-mês, está hoje em 29%. Cerca de 63% dos participantes da pesquisa do BofA esperam uma economia mais fraca.
O gráfico a seguir, que apresenta um índice composto medindo otimismo, sugere que o sentimento é tão ruim quanto o observado durante a Crise Financeira Global (CFG) de 2008 – note que todo começo de ano o otimismo com o futuro costuma jogar os números para cima.
Como consequência o mercado de renda fixa tem se beneficiado. O medo de uma crise de crédito fez aumentar em 9% numa comparação mês-a-mês a alocação em renda fixa. As carteiras estão hoje com alocação liquida favorável em 10% para renda fixa sobre a renda variável – esse é o maior nível nesse balanceamento desde março de 2009 (gráfico a seguir).
O interessante nisso tudo é que o índice de bolsa americana, o S&P500 subiu 8% no ano e outras bolsas tiveram desempenho ainda melhor, entregando ganhos em cinco das sete semanas do ano, até aqui. Alguém está comprando ações em algum lugar, mesmo que esteja expressando receio em relação a renda variável.
O fato dos índices de bolsa como o S&P500 continuarem subindo enquanto outras classes de ativos caem, antecipando uma recessão, está fazendo os investidores questionarem essa resiliência do mercado de ações.
Algo não está batendo. O consenso das previsões econômicas prevê uma recessão começando no segundo semestre de 2023 e o consenso dos analistas de bolsa diz que teremos retornos positivos em ações. Ambos não podem estar certos ao mesmo tempo, porque se houver uma recessão, teremos uma deterioração dos ganhos.
Em quem você deveria acreditar? Nos analistas de mercado ou nas previsões dos economistas?
Para acrescentar ainda mais duvida na sua cabeça, ainda temos a confusão com o sistema financeiro. O resultado dos grandes bancos comerciais americanos no 1o Tri-2023 tem sido muito bons, mas a alocação das ações de bancos e seguradoras nas carteiras dos investidores caiu respectivamente 12% e 13% - a menor alocação desde o pico da pandemia em maio/2020:
Normalmente, problemas com bancos significam problemas para todo mundo, então, como explicar a coexistência de um medo danado do setor bancário (nos níveis da CFG de 2008) com um mercado de ações calmo e subindo?
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Eu me considero otimista e quem me conhece sabe que uso a provocação para tirar os fundos de pensão da zona de conforto.
Está na hora de defendermos o futuro dos fundos de pensão com a mesma paixão e a mesma convicção com que os pessimistas defendem seus pontos de vista.
Grande abraço,
Eder.
Fonte: Points of Return, escrito por John Authers e Wall Street Worries, escrito por Isabelle Lee
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