quinta-feira, 27 de abril de 2023

A ERA DAS RENDAS VITALICIAS TERMINOU ... MAS NINGUÉM SABE AINDA O QUE COLOCAR NO SEU LUGAR

 


A longevidade é determinada pela maneira que você vive entre as lutas - (Carl Froch)


De São Paulo, SP.


Os brasileiros que se aposentam hoje estão por conta própria. São a primeira geração que dependerá da decisão pessoal sobre sua poupança para navegar pelos mares incertos da aposentadoria.

Os planos de previdência complementar dos fundos de pensão, 100% hoje do modelo de contribuição definida (CD), não entregam uma renda mensal segura e previsível como a fornecida pelo INSS e os extintos planos de benefício definido (BD).

O PGBL, um produto de previdência complementar individual, é na verdade um plano de benefício definido denorex (parece, mas não é).

Nem o mais conservador dos consumidores converteria seu saldo de conta acumulado ao longo de uma vida, na renda mensal ínfima que resulta dos cálculos das seguradoras. Elas usam esmagadoramente uma tábua de sobrevivência obscura – que nunca passou por revisão de atuários independentes – e a maioria considera nos cálculos uma taxa de juros de 0% durante a fase de concessão.

Em outras palavras, os atuais PGBL foram desenhados para ninguém optar por uma renda vitalícia e estão conseguindo atingir seu objetivo.

O sentimento que resulta das alternativas de previdência complementar existentes atualmente é de ”insegurança perpétua”, mesmo entre aqueles que conseguiram juntar uma poupança substancial para a aposentadoria.

Quando o pagamento das suas contas depende de uma renda incerta, como a que resulta de planos CD, se torna praticamente impossível responder à pergunta: com quanto $$$ você pode contar todo mês?

É o aposentado - não os profissionais de investimentos e os atuários dos fundos de pensão – quem decide em última instância quanto dinheiro retirar mensalmente da sua conta de previdência complementar, que vai diminuindo com o passar do tempo.

A renda de aposentadoria não é uma mera fonte de renda, mas sim a forma de definir o orçamento.

Quando a segurança do salário mensal desaparece, o aposentado tem muita dificuldade para saber quanto pode gastar mensalmente com segurança, ainda mais quando nenhum de nós sabe quanto tempo ainda tem para viver.

Em épocas de crise econômica e inflação alta, que aparecem ciclicamente, como a atual, a coisa se torna ainda mais difícil, pois bagunça o retorno dos investimentos e aumenta o preço de tudo que compramos, afetando nossos hábitos de consumo.

Para a maioria dos brasileiros aposentados pelos fundos de pensão, muitos que se aposentaram no século passado, uma renda garantida cobre mais a metade de seus gastos mensais.

Os que se aposentam hoje pela previdência complementar corporativa se veem diante de uma insegurança muito maior, tendo que pagar contas previsíveis e às vezes despesas que surgem do nada, a partir de portfolios de investimentos voláteis e imprevisíveis.

O desafio financeiro #1 de quem se aposenta hoje é entender qual será sua renda mensal, ou seja, qual o grau de consistência e estabilidade mês a mês.

Esse problema vai aumentar, na medida em que as rendas vitalícias de aposentadoria representem uma porção cada vez menor dos benefícios de previdência complementar dos fundos de pensão.



É por isso que os fundos de pensão deveriam colocar mais foco no apoio ao participante na fase de "desacumulação" de sua poupança.

É por isso, também, que os planos CD, um band-aid e não um curativo definitivo, precisam evoluir para novos modelos de planos de previdência complementar se quisermos ter segurança financeira de verdade no longo prazo.


Grande abraço, 

Eder.

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