O ESTUDO DA PREVIDENCIA GERALMENTE MOSTRA PRA GENTE QUE A MELHOR ÉPOCA PARA COMEÇAR A POUPAR ERA ONTEM - Adaptado de Woody Allen
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De São Paulo, SP.
O declínio cognitivo é inevitável, com o passar do tempo nosso cérebro reduz a velocidade e doenças tipo Alzheimer surgem em nossos últimos anos de vida.
Uma organização da Igreja Católica Romano com duzentos anos de existência ajudou a lançar luz sobre como mudar esse paradigma.
A missão da Escola de Irmãs de Notre Dame - School Sisters of Notre Dame – é focar em educação e proteção dos mais necessitados. Em 1986 eles acrescentaram “ciência” às suas causas.
Foi então que David Snowden, um epidemiologista da Universidade de Minnesota, começou um estudo que ficou famoso.
"Nun Study of Aging and Alzheimer’s Disease" ou “Estudo do Envelhecimento e da Doença de Alzheimer nas Freiras”, financiado pelo Instituto Nacional do Envelhecimento, foi uma pesquisa longitudinal que examinou 678 freiras – todas com mais de 75 anos de idade quando o estudo começou.
Todo ano, desde 1986 até a morte de cada freira, elas eram submetidas a exames médicos e uma bateria de testes mentais e psicológicos. Ao morrerem, seus cérebros eram doados para a ciência e submetidos a biopsia.
Quando entrava na irmandade, cada mulher tinha que escrever um ensaio autobiográfico. A idade média delas era de vinte e dois anos. Os pesquisadores também tiveram acesso a esses ensaios para fins do estudo.
O objetivo da pesquisa era determinar se as atividades, experiências, educação e disposição tinham alguma correlação com a preservação das funções físicas e mentais.
Os dados mostraram que todos esses fatores desempenham um enorme papel na determinação da qualidade da cognição nas idades mais avançadas.
As maiores descobertas foram na educação.
As freiras com maior educação sofriam muito menos declínio cognitivo. Acontece que obter uma educação universitária aos vinte e poucos anos é neuro-protetor contra o desenvolvimento de Alzheimer aos oitenta.
Outro benefício da educação foi encontrado nos ensaios autobiográficos. Os pesquisadores examinaram a densidade linguística dos textos – uma medida da complexidade linguística, vivacidade e fluência que mostrou estranhos poderes de previsão.
Cerca de 80% das mulheres que não tinham densidade linguística aos vinte e dois anos de idade acabaram desenvolvendo Alzheimer. Em comparação, apenas 10% das freiras cujos ensaios obtiveram os maiores scores de densidade linguística desenvolveram a doença.
Mas porque isso? A resposta curta e grossa é: o córtex pré-frontal. Explico.
O córtex pré-frontal fica logo atrás da nossa testa. É ali que acontece a maioria das nossas funções cognitivas superiores. Controle emocional, processo de decisões logicas, planejamento de longo prazo (tipo poupar para a aposentadoria), força de vontade, moral, tudo é regulado ali.
Sob a perspectiva evolutiva, o córtex pré-frontal é a porção mais nova do cérebro, o que o torna mais suscetível ao declínio cognitivo. É aí que aprendizado e educação entram em cena.
Aprender modifica o cérebro. Quando nós aprendemos, criamos novas redes neurais e fortalecemos as ligações das redes neurais mais antigas. Mas é onde essas redes residem que faz a diferença.
Aprender gera dois grandes resultados: experiência e sabedoria. Experiência tem a ver com fatos, habilidades, táticas e estratégias. Sabedoria é inteligência emocional, autoreflexão, empatia, compaixão, decisões sociais e coisas assim.
Ambos, experiência e sabedoria, formam vastas redes neurais no córtex pré-frontal e essas redes são extremamente redundantes. Isso as torna majoritariamente impermeáveis a serem corrompidas e é a razão do aprendizado ao longo da vida proteger o cérebro contra o declínio cognitivo.
Conselheiros de fundos de pensão e aprendizado
O aprendizado ao longo da vida é onde os conselhos dos fundos de pensão entram nessa história.
O pico da performance de um conselheiro só é atingido quando ele incorpora novos conhecimentos, novas experiências e alavanca seu aprendizado sobre temas que são cruciais para o futuro dos fundos de pensão.
É preciso empurrar o conhecimento para além do limite daquilo que é suficiente apenas para reuniões que tratam de compliance. Esticar a capacitação para campos como inteligência artificial, transformações demográficas, características das novas gerações, blockchain, ativos digitais, tokenização da economia, Web 3.0, futuro do trabalho, gestão de riscos emergentes ...
Esse é o caminho para os conselheiros adquirirem quantidades consideráveis de experiência e sabedoria em previdência complementar. Isso tem a ver com neuroquímica. Quanto mais neuroquímica estiver presente durante uma experiência, melhor a chance da experiência se mover da memoria de curto prazo para a de longo prazo.
O que as freiras podem ensinar aos conselheiros?
Comece cedo e ... não pare nunca. O aprendizado contínuo e regular sobre os fatores que estão transformando o cenário da previdência complementar corporativa, são a melhor garantia para a continuidade dos fundos de pensão no futuro ... além de ser a melhor proteção contra os estragos da passagem do tempo sobre o cérebro de um conselheiro.
Grande abraço,
Eder.
Fonte: Hacking Cognitive Decline, escrito por Steven Kotler | Perplexed? Embrace it! Confusion is a symptom of learning, escrito por Juliette Vazard.
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