sexta-feira, 29 de novembro de 2024

A LONGA PROCURA POR UM PLANO DE PREVIDENCIA COMPLEMENTAR E UM NECESSÁRIO MERCADO, INEXISTENTE

 


De Sāo Paulo, SP.


Antes de comprar uma casa, faz sentido gastar um dia andando a pé pelo bairro onde ela fica. Você notará coisas que passam desapercebidas de dentro do carro.

Antes de começar um novo negócio, passe algum tempo observando a “caixa registadora” de um estabelecimento similar.

Antes de entrar de cabeça na área de marketing, vá fazer algumas vendas.

Antes de aderir a um plano de previdência complementar as pessoas também deveriam se dedicar a fazer uma longa procura, como nos casos acima.

Deveriam verificar se as rendas geradas pelos planos de contribuição definida e PGBLs administrados pelas alternativas de prestadores de serviços sendo cogitadas, estão entregando segurança financeira futura - exatamente como prometem – para seus aposentados.

Você já se fez essa pergunta?

O verdadeiro mercado de previdência complementar

Nem todas as necessidades das pessoas que buscam segurança financeira futura, têm um mercado ... por enquanto.

Mercado é uma categoria. Mercado é um lugar com competição. Em um mercado, as pessoas têm hábitos, orçamentos e se engajam por pressão social.

Em um mercado, há compradores e há vendedores.

Na maioria dos países que conta com certo nível de desenvolvimento, no Brasil isso nāo é diferente, existe um mercado de previdência complementar, com oferta dos mais variados produtos para quem quer poupar para o futuro, com as mais variadas taxas de administraçāo e gestāo financeira.

Embora as pessoas que buscam um plano de previdência complementar queiram ou precisem de “segurança financeira futura”, não há um mercado existente para isso.

É tentador ser um pioneiro de mercado, ser aquele que aparece com o primeiro computador doméstico, o primeiro transporte por aplicativo, a primeira solução de poupança na Web3. É algo desafiador ser pioneiro em um mercado.

Pode ser emocionante entregar segurança financeira futura para as pessoas, ao invés de apenas oferecer um veículo de poupança de longo prazo descompromissado com o resultado final.

Como os inovadores focam nos meios, não nos fins, focam na necessidade, não nos mercados, eles quase sempre falham e não levam em conta o quão difícil é satisfazer aquilo que as pessoas realmente procuram em planos de previdência complementar, que é nada mais do que segurança financeira futura.

Se você quer prosperar no mercado daqueles que buscam segurança financeira futura, se você estiver interessado em criar esse mercado, comece a chamá-lo assim e esteja preparado para as dificuldades de se construir soluções eficazes para ele.

Enquanto isso não acontece, só resta para as pessoas escolher um dos planos de previdência complementar disponíveis e torcer para ele entregue aquilo que, antes de mais nada, a fez procurar um.


Grande abraço,


Eder.

domingo, 24 de novembro de 2024

UMA REVOLUÇĀO SILENCIOSA QUE OS FUNDOS DE PENSĀO NĀO PODEM IGNORAR


De Sāo Paulo, SP.


O Projeto WorldCoin é um tema intrigante para gestores e participantes de fundos de pensão, devido ao potencial impacto da tecnologia do blockchain, identidades digitais e novos modelos de negócios da cryptoeconomia.

Para os não iniciados, o que é o Projeto WorldCoin?

Os fundadores do WorldCoin sāo Sam Altman, CEO da OpenAI, criadora do ChatGPT, Max Novendstern e Alex Blania.

Lançado em 2019, originalmente sob o nome de WorldCoin, hoje denominado World Network após passar por um rebranding em outubro passado, o objetivo do projeto é fornecer uma maneira confiável de assegurar a autenticidade dos seres humanos online, para se opor a bots, hackers e ladrões de identidade, cada vez mais turbinados pela IA.

Para isso, faz a leitura biométrica da íris usando um dispositivo chamado ORB, desenvolvido pela empresa Tools For Humanity, com sede em Berlim. Assim que o olho passa pelo scanner de um ORB, é atribuída uma identidade única para a pessoa, um tipo de RG Global chamado de World ID.

Credito de Imagem: Sergio Lemos - Uma ORB vista de perto


Em troca, a pessoa recebe tokens – ou seja, certa quantidade de uma cryptomoeda proprietária do projeto, chamada WLD. No ato da leitura da íris a pessoa recebe 25 WLD e a cada mês recebe outros 3 WLD, cuja distribuição foi inspirada nas discussões da renda básica universal.

Na sexta-feira passada, para matar minha curiosidade e aprender como funciona, fiz minha identificação numa das 10 ORBs disponíveis em São Paulo (é preciso ir pessoalmente) e recebi os 25 WLD, equivalentes a R$ 343,92 pela cotação daquele dia 21/11/2024. Abaixo, copia da minha wallet (carteira digital) no app WorldCoin no meu smartphone.

A rede global de seres humanos (World Network), criada com tecnologias que preservam a privacidade e comprovam a humanidade, permite o livre fluxo de ativos digitais entre pessoas físicas ao redor do mundo e a criação de uma comunidade verdadeiramente humana.

Há, claro, quem critique o projeto, alegando ser uma forma de coletar dados de indivíduos de baixa renda em países com pouca proteção legal aos dados pessoais. Particularmente, não tenho receio disso, o que eu temo sāo bots, hackers e governos

As tecnologias do WorldCoin e os desafios do setor

As tecnologias do WorldCoin podem dialogar de várias formas com os desafios e oportunidades do setor de fundos de pensão. Veja algumas delas:

  • Inclusão financeira e adesão a planos de previdência complementar – Um dos objetivos do WorldCoin é fornecer acesso a serviços financeiros globais, especialmente para populações subbancarizadas. Os fundos de pensão poderiam se beneficiar de iniciativas semelhantes, aumentando a adesão a planos previdenciários em populações que ainda estão fora do sistema tradicional. Alô ABRAPP, sabe o slogan “previdencia para todos”?. Por ex.: as pessoas de baixa renda que recebem tokens WLD poderiam poupar parte deles, na forma de contribuições para um plano de previdência complementar administrado por fundos de pensāo, voltado para pessoas de baixa renda.
  • A importância da identidade digital no gerenciamento de benefícios – o WorldCoin utiliza um sistema de verificação de identidade biométrica descentralizada e altamente segura. Para fundos de pensão, isso poderia abrir caminho para a adoção de tecnologias que simplifiquem o processo de identificação de participantes e beneficiários, reduzindo fraudes e melhorando a eficiência no pagamento dos benefícios.
  • Governança e transparência – a estrutura descentralizada do WorldCoin reflete uma tendencia crescente por maior transparência e automação em sistemas financeiros. Os fundos de pensāo podem adotar a tecnologia do blockchain para reforçar sua governança, especialmente na prestação de contas aos participantes.
  • Riscos regulatórios e cibernéticos – assim como o WorldCoin se propõe a enfrentar os desafios da privacidade de dados, os fundos de pensão deveriam adotar e investir em tecnologias semelhantes, visando maior segurança cibernética.
  • A nova economia da longevidade – a expansão da economia digital, impulsionada por iniciativas como o WorldCoin, cria novas dinâmicas econômicas. Os fundos de pensão precisam considerar como essas mudanças podem afetar o futuro do trabalho, as contribuições previdenciárias e sua própria sustentabilidade. Por ex.: a maioria das pessoas na fila para scanear a íris na ORB de pinheiros, eram entregadores de IFood, motoboys e pessoas de baixa renda. Claro, todos buscando uma renda adicional na forma de cryptomoedas que podem ser convertidas imediatamente em Reais por PIX. Os fundos de pensāo poderiam atrair esses trabalhadores da economia informal para seus planos, caso se inserissem rapidamente nessa nova economia da cryptografia.

Rua Cunha Gago 266, Pinheiros - Um dos 10 locais com ORBs em Sao Paulo


  • Tokenização de ativos e diversificação de investimentos – o WorldCoin é baseado em cryptomoedas e blockchain, tecnologias que estão revolucionando os mercados financeiros. Os fundos de pensão podem explorar a tokenização de ativos como uma forma de diversificar investimentos, aumentando a liquidez e acessando mercados anteriormente inacessíveis. Por ex.: aceitando contribuições na forma de cryptomoedas, facilmente conversíveis para reais.

Os fundos de pensão precisam se preparar para essas inovações

O avanço de tecnologias como as apresentadas pelo WorldCoin traz implicações profundas para o setor de fundos de pensão. Em um cenário onde identidades digitais seguras e descentralizadas se tornam a norma, os fundos precisarão repensar seus processos e estratégias. Como integrar tecnologias de autenticação biométrica e blockchain na administração de benefícios? Seria possível usar essas ferramentas para reduzir fraudes e aumentar a eficiência operacional? Além disso, como equilibrar o uso de dados biométricos com as exigências legais de privacidade e proteção de dados?

Outra questão relevante é a inclusão financeira. Projetos semelhantes ao WorldCoin podem expandir o acesso a serviços financeiros para populações subbancarizadas, permitindo que fundos de pensão tenham a oportunidade de alcançar novos públicos. Como essas tecnologias podem ser usadas para fomentar a adesão de trabalhadores informais ou jovens, tradicionalmente excluídos do sistema previdenciário?

Além disso, o crescente interesse em ativos digitais, como cryptomoedas, pode levar a uma revisão das estratégias de investimento dos fundos. Como avaliar o risco e o retorno desses ativos em um portfólio previdenciário? E como se preparar para os desafios regulatórios que acompanham essas inovações?

Esses questionamentos não apenas apontam para as possibilidades do futuro, mas também demandam que os fundos de pensão sejam proativos em explorar novas tecnologias, adaptando-se a um ambiente cada vez mais digital e globalizado.

O WorldCoin e suas tecnologias inovadoras representam muito mais do que um avanço em identidade digital e finanças descentralizadas; eles são um reflexo das transformações que moldam o futuro da economia global.

Para os fundos de pensão, essas inovações trazem tanto desafios quanto oportunidades. Ao adotar uma postura aberta à experimentação e ao aprendizado, o setor pode não apenas se proteger de riscos, mas também liderar mudanças que beneficiem seus participantes.

Assim, olhar para o WorldCoin  não é apenas explorar uma curiosidade tecnológica, mas antecipar o futuro da previdência em um mundo mais conectado tecnologicamente.

Tudo isso esta acontecendo aqui e agora, debaixo do nariz de conselheiros, diretores, participantes e de uma PREVIC hostil à novas tecnologias, infelizmente.


Grande abraço,

Eder.


Opiniōes" Todas minhas | Fonte: Eder & ChatGPT-4o.


P.S.: Quer saber mais? Assista ao video abaixo.





sábado, 23 de novembro de 2024

PREVIC BRIGA CONTRA O INEVITAVEL

 


De Sāo Paulo, SP.


A história nos diz que presidentes dificilmente mudam a trajetória dos mercados financeiros, mas parece que os atuais traders de cryptomoedas esqueceram a tradição.

Os mercados adoram uma boa história e a narrativa impulsionando o preço do Bitcoin (BTC) só melhora. O valor do ativo tornou-se parabólico com a eleição de Donald Trump, no início do mês.

Em apenas duas semanas a cotação do BTC subiu 45% e o cobiçado marco de US$ 100 mil, que todos apostavam que seria atingido no fim do ano, repentinamente, deixou de ser considerado excessivamente ambicioso.

Na quinta-feira passada o BTC chegou perto de US$ 99.000 pela primeira vez na vida (grafico abaixo), colocando o cryptoativo na trajetória de um retorno de três dígitos, superior a 100%, pelo segundo ano consecutivo (grafico subsequente).



Desconsiderando o boom na demanda por ETFs de Bitcoin e o FOMO - Fear os Missing Out (que em português seria algo tipo “medo de ficar para trás”) dos investidores institucionais e do varejo, a comunidade de cryptoativos plotou três novos pontos no gráfico da trajetória ascendente dos ativos digitais:

1.    Gary Gensler, o xerife da CVM americana, a SEC - Securities and Exchange Commission, anunciou que deixará o cargo no dia 20 de janeiro de 2025

Esse primeiro ponto marca uma vitória do segmento de ativos digitais em geral, porque abre a porta para um novo chefe do órgão, favorável a uma regulamentação mais amigável. Gensler, assim como estamos vendo acontecer com a atual liderança da PREVIC no Brasil, se mostrou contrário às novas classes de ativos digitais. O próprio Trump havia dito durante a campanha, que substituiria Gensler na primeira oportunidade. Essa havia sido uma de suas muitas promessas ao se colocar como o candidato dos cryptoativos.

2.    Pesos-pesados do segmento de cryptoativos ocuparão assento no conselho de Trump

Em relação ao segundo ponto, a Bloomberg reportou em primeira mão, que o novo governo vem discutindo com profissionais do segmento de ativos digitais a potencial criação de uma posição na Casa Branca dedicada inteiramente às políticas de crypto. O cargo, inédito, apelidado de “Czar dos Cryptoativos”, seria os olhos e ouvidos do presidente e interviria na regulamentação da economia dos ativos digitais. Altos executivos da Coinbase e da Binance – duas das maiores corretoras de crypto do mundo – teriam se reunido com Trump essa semana.

3.    Uma senadora dos EUA propôs um plano estratégico para o tesouro americano vender ouro e comprar Bitcoin

Unindo os pontos acima, a Senadora Cynthia Lummis começou a se movimentar. Em uma entrevista para a CNBC na quinta-feira passada ela propôs converter os Certificados de Ouro do Federal Reserve, o Banco Central Americano, em Bitcoin, para criar um estoque estratégico de BTC a ser mantido por 20 anos.

Devido à forma como o bitcoin tem se valorizado desde o início, este seria um ativo que ajudaria a fortalecer o dólar americano como a moeda de reserva mundial”, disse a senadora, acrescentando que ajudaria a reduzir o deficit do tesouro “significativamente”.

Ainda não se sabe se tudo isso vai acontecer conforme pretendido, mas uma coisa é certa, investidores institucionais mundo afora vem aumentando a exposição dos portfolios ao Bitcoin por meio de ETFs, adquirindo essa e outras criptomoedas diretamente ou investindo em empresas como a MicroStrategy, que estão comprando Bitcoin.

Nas palavras de Rick Wurster, o novo CEO da Charles Schwab, um gigantesco banco de investimentos americano:

As cryptomoedas certamente chamaram a atenção de muita gente, que ganharam muito dinheiro ao voltarem o olhar para elas. Eu não comprei nenhuma cryptomoeda e agora, me sinto um tolo”

É difícil saber o que se passa na cabeça do chefão da PREVIC para ter uma resistência tão grande aos cryptoativos nesse momento da historia e querer impedir os fundos de pensāo das Terras de Cabral de investir em ETFs e fundos lastreados em cryptomedas.

Mas: i) considerando que os fundos de pensāo de varios paises já investem em crypto - tanto direta, como indiretamente; ii) considerando, também, que qualquer investidor nāo-qualificado (pessoa fisica) pode comprar no Banco do Brasil, cotas de fundos de investimento atrelados a cryptomoedas; e iii) considerando, ainda, que a maior potência econômica do planeta aponta para um futuro promissor para os cryptoativos, nāo consigo deixar de pensar numa frase que ilustra bem o que pode estar acontecendo no Brasil:

“Se você é o único a manter a calma, enquanto todos à sua volta estão desesperados, é sinal de que você não entendeu bem o problema ...”

Grande abraço,


Eder.


Opiniōes: Todas minhas| Fonte: “The inevitable round number”, escrito por Phil Rosen.




quarta-feira, 20 de novembro de 2024

OS MOTIVOS QUE LEVARAM AS BETS A SE TRANSFORMAR NUMA EPIDEMIA, MOSTRAM QUE PREVIDÊNCIA PARA TODOS NĀO É O BASTANTE

 


De Sāo Paulo, SP.

No Brasil, onde a enorme população de baixa renda passou a ter largo acesso a smartphones, meios digitais de pagamento e Internet de banda larga, surgiu uma fenômeno persistente e teimoso: o vício da jogatina online.

Foi assim que tudo aconteceu.

O problema das bets no Brasil está longe de ser único no mundo. Desde o meio da década passada, o alarme vem soando no Brasil, no Quênia, em vários países do continente Africano, da América Latina e em outros cantos do mundo.

As poucas histórias de enriquecimento rápido com as bets se contrapõem aos casos de famílias destroçadas, gasto de todo o dinheiro do aluguel, da mensalidade da faculdade ... e até suicídios.

As apostas no Brasil não são uma questão inteiramente digital, nem muito menos um hábito novo. Os pontos de jogo do bicho e as casas lotéricas, estão presentes há muito tempo na paisagem urbana das cidades brasileiras.



Aos poucos, os jogos foram saindo do mundo real e pulando para o mundo online, turbinados pela disseminação de tecnologias, tipo celular, WiFi e meios de pagamento instantâneo, como o PIX.

Hoje, você pode jogar praticamente em qualquer lugar: na escola, no metrô, na praia ou numa canoa descendo o rio Amazonas. A facilidade de acesso online às plataformas de apostas, tem aumentado a participação nos jogos.

Não por acaso, as bets tem se disseminado em países onde o futebol é considerado o esporte nacional, como Brasil, Chile, Mexico, Senegal (sede da Copa Africana de 2021), Nigeria e até a empobrecida República Democrática do Congo.

Se por um lado a criação do PIX pelo Banco Central causou uma revolução dos meios de pagamentos moveis, desempenhando um papel crucial para a inclusão financeira de milhões de pessoas da economia informal e democratizando o acesso ao sistema financeiro, por outro, o PIX representa um paradoxo por ter turbinado as bets.

O mote da “previdência complementar para todos”, está sendo atropelado pelo desperdício de dinheiro em jogos de azar, drenando o pouco que tem uma camada da população que vive em circunstâncias econômicas frágeis.

Pesquisa do DataFolha mostra que 30% dos jovens brasileiros entre 16 e 24 anos já apostaram em bets e 70% dos universitários com idade média de 21 anos jogam regularmente.

No Quênia, 84% dos jovens (fonte: GeoPoll) já apostaram em bets e um terço destes aposta diariamente. De acordo com Fabio Ogachi – professor de psicologia da Universidade Kenyatta, em Nairobi:

“A maioria das pessoas que aposta em bets não o faz por diversão, mas porque quer ganhar dinheiro e uma grande percentagem mostra sinais de vicio em jogos de azar: jogam para recuperar $$$ perdido, apostam cada vez mais e mentem sobre o hábito de jogar”

O maior driver do fenômeno das apostas eletrônicas tem sido a tecnologia.

“O smartphone tem sido usado por anos e tornou parte de como conduzimos os negócios. Quando as apostas online surgiram, encontraram o sistema ideal para se espalhar”

Quando inclusão financeira não é o bastante



O fato dos pagamentos digitais via PIX terem se tornado tāo onipresentes no Brasil - e alimentado uma epidemia de apostas online – foi praticamente um acidente da história.

O PIX foi lançado em fevereiro de 2020 como um experimento do Banco Central, que buscava baratear transferências financeiras e pagamentos via boletos e TEDs.

A tecnologia já existia desde 2016, quando Ilan Goldfajn, Presidente do BACEN na época, sinalizou que o Banco Central iria lançar uma ferramenta inspirada no Zelle, fintech americana de pagamentos digitais P2P, "pessoa para pessoa".

A ideia original do novo meio de pagamento era usar o celular para permitir operações financeiras, como transferências e pagamentos, em até dez segundos.

De acordo com levantamento realizado pela FGV, cem dias após sua adoção o PIX era conhecido por grande parte dos brasileiros e mais de 70% haviam cadastrado ao menos uma chave de acesso. O custo não era o maior motivador para uso, o principal interesse estava relacionado à facilidade e rapidez do sistema de pagamento num país com 262,3 milhões de celulares (set/2024, ANATEL) ou 1,2 aparelhos por habitante.

Hoje já são feitas mais de 220 milhões de transações por dia e estima-se que terão sido movimentados R$ 27 trilhões em 2024 via PIX, o dobro do PIB do país. O PIX é um sucesso! Até vendedores de bala e de panos de chão aceitam PIX nos semáforos das capitais brasileiras.

Paralelo a isso, a ascensão das mídias sociais permitiu que as pessoas enxergassem a melhor situação econômica de amigos e parentes.

 “As pessoas estāo se comparando não apenas com os vizinhos, mas com todo mundo, até com estranhos do outro lado do mundo. Isso leva a um nível de frustração ainda maior”, diz Ogachi.

Bets se transformam no novo ganha pāo


Sem capacitação, formação acadêmica, profissionalmente defasados e diante da dificuldade de conseguir um emprego na folha, os jovens brasileiros tem desistido de procurar trabalho formal e se voltado para empreender.

Num país no qual uma faxineira não tem conta em banco, mas tem um smartphone e de acordo com o IBGE, 92,5% dos domicílios possuem acesso à Internet (88% da população acima de 10 anos de idade), o celular passou a ser “a” ferramenta de trabalho.

Entregadores de iFood, motoristas de Uber e tantas outras atividades, tornaram essa, a era da economia por aplicativo.

Foi nesse contexto que surgiram as plataformas de apostas online, as bets, que ao encontrar um ambiente favorável, se disseminaram. É possível encontrar, hoje, múltiplos sites de aposta, de corrida de cachorros a e-casinos de ping-pong a corridas de fórmula-1 e até (claro) futebol.

O que passou a acontecer pode ser entendido perfeitamente por uma frase dita por um jovem Queniano de 26 anos, chamado Bill Kirwa:

“Tomado pelo frenesi das bets, às vezes optava por deixar de comer para apostar. Convencido de que poderia ganhar das casas de apostas analisando resultados passados, comecei a apostar valores cada vez maiores. Em certo momento, apostar tinha se tornado uma atividade central para mim”

No Quênia, o termo “betting”, apostar online, é considerado um trabalho. As pessoas acreditam que ao se dedicarem genuinamente a apostar, ao dedicarem tempo para fazer boas análises, elas podem ganhar dinheiro.

Muitos jovens brasileiros estão indo por esse mesmo caminho, que tem um desvio oculto ainda pior. Uma pesquisa da ANBIMA sobre uso de instrumentos financeiros, chamada Raio X do Investidor, mostrou que 8% a 10% das pessoas que responderam a pesquisa acreditam que as bets são um tipo de investimento. É o mesmo que considerar o jogo do bicho um investimento ...

Pode-se até ganhar no curto prazo, mas no longo prazo, obviamente, essa crença está errada: apostas esportivas não são um negócio nem um investimento que depende de habilidade, capacitação ou conhecimento da atividade que seja. Os resultados dos jogos são produto do acaso, da incerteza, do caos de um universo sem lei, algo que nem as probabilidades são capazes de prever.  

Mesmo assim, com muitos jovens comprando a narrativa errada ou colocando fé na própria sorte, o segmento de bets explodiu.

Um hábito nada fácil de abandonar

Na medida que as bets se entrincheiraram entre os jovens e foram rapidamente se consolidando, seguiu-se o vicio, transformando o hábito de jogar muito mais do que numa epidemia de saúde publica, mas em um gigantesco problema econômico-social.

O jornal científico The Lancet publicou recentemente o resultado de um estudo feito por uma comissão de saúde pública sobre jogos de azar, estimam que 9% dos adultos e 16% dos adolescentes que apostam em jogos online, têm dependência.

E olha que esses números não estão nem mapeando os distúrbios psicológicos decorrentes dos problemas socioeconômicos causados pelas bets.

O mercado de 199 marcas de bet autorizadas a funcionar no país tira $$$ do consumo, R$ 117 bilhões/ano de acordo com a Confederação Nacional do Comercio e gera crise de endividamento, comprometendo a renda futura das famílias. 

Os mais afetados? Famílias de baixa renda. Beneficiários do bolsa família gastaram R$ 3 bilhões via PIX em sites de apostas, somente em agosto/2024 (fonte: BACEN)

Se a “previdencia para todos” tivesse sido atingida, o problema das bets seria ainda pior, veríamos a poupança de longo prazo sendo drenada para apostas online.

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

ANALYSIS PARALYSIS EM CONSELHOS DE FUNDOS DE PENSĀO

 


De Sāo Paulo, SP.


Se você não vive dentro de uma caverna, a essa altura já deve ter lido sobre os desafios que os fundos de pensão enfrentam para atrair jovens e não perder a relevância como alternativa de poupança de longo prazo, na era digital.

Fazer alguma coisa é uma decisão urgente, o que está faltando? Quanta informação é suficiente para o conselho tomar uma decisão de impacto?

Os melhores boards podem decidir o que fazer sem informações perfeitas. Esperar até ter a informação perfeita, geralmente, resulta na perda de oportunidades.

Analysis Paralysis é a inabilidade de se tomar uma decisão tempestiva, enquanto se espera por mais e mais dados. É, também, uma boa desculpa para procrastinar (quem já nāo?).

A boa notícia, se você é membro de um conselho deliberativo, é que decisões relevantes nāo sāo tomadas isoladamente ou sem apoio colaborativo de todos. Conselheiros são parte de um colegiado, que toma decisões em grupo.

Coletivamente, se procura o equilíbrio entre a informação perfeita e velocidade (das decisões), tendo em mente que situações de crise demandam senso de urgência - como é a atual ameaça ao futuro dos fundos de pensāo.  

Quando o presidente do conselho luta para criar espaço para os conselheiros contribuírem sem medo de constrangimentos ou ataques pessoais, um processo para engajar os conselheiros ajuda a não deixar o colegiado ter que passar por múltiplas reuniões que parecem nāo ter fim, só para tomar uma decisão.

A demora em decidir reduz a velocidade dos negócios, frustra empregados e pode levar o fundo de pensão a perder oportunidades-chave.

Decisōes rotineiras, tipo, aprovar trimestralmente as demonstrações financeiras, raramente atrasam. Geralmente há a apresentação, discussão e aprovação em poucos minutos depois que o assunto foi introduzido.

Em contraste, decisões como a escolha do próximo diretor presidente (CEO) do fundo de pensão, sāo longas e desgastantes, requerendo um processo robusto e metódico. Uma contratação ruim pode ser cara e catastrófica.

Nesse caso, levar algumas semanas para decidir sobre a contratação do CEO nāo é um exemplo de analysis paralysis, se existir um processo para tomada da decisão.    



Os problemas da analysis paralysis

O antídoto para evitar a paralisia na tomada de decisões importantes é aceitar uma certa dose de ambiguidade e incerteza. Você nāo consegue saber tudo, mas pode fazer as perguntas certas e explorar as respostas relevante, antes de puxar o gatilho da tomada da decisão.

O general americano Colin Powell tinha uma excelente reputação na tomada de decisões. Certa vez, já aposentado, ele falou sobre a regra 40/70 que ele segue para tomada de decisões.

Ele disse que se você tem menos de 40% da informação requerida para uma tomada de decisões, isso é insuficiente, mas se você tem mais de 70%, geralmente você leva tempo demais e perde oportunidades.

Os problemas da analysis paralysis nos conselhos são muitos:

  • Perda de tempo e recursos – o atraso nas decisões pode ter impactos significativos. Empregados, participantes, patrocinadoras e outros stakeholders ficam frustrados, perdem a confiança no conselho e na liderança, cai a moral, a produtividade e a performance. 

  • Falta de progresso – a analysis paralysis pode levar a indecisão e inação, que resultam na falta de avanço, os conselheiros ficam tão focados na análise dados, informações e detalhes, que perdem de vista o cenário mais amplo. 

  • Perda de confiança -se o conselho não toma decisões tempestivamente, erode a confiança dos stackeholders. 

  • Foco estreito – análises em excesso podem levar a falta de criatividade, inovação e riscos. Um foco reduzido pode limitar a diversidade de pensamento no conselho, com os conselheiros se entrincheirando em suas próprias visões e deixando de enxergar abordagens alternativas. 

  • Pensamento em grupo – o board pode cair no “group thinking”, quando um se submete às opiniões dos outros, ao invés de jugar de forma independente e todos acabam agindo e pensando da mesma forma.    

  • Sobrecarga de complexidade – a abundância de dados e informações disponibilizada aos conselheiros às vezes pode levar a confusão, incerteza e falta de clareza. Pode tornar difícil focar nos aspectos mais críticos, desviando a atenção dos elementos-chave e estratégicos.

Em resumo

Os melhores boards são capazes de tomar decisões sem as informações perfeitas.

O conselho é responsável pela informação que recebe, assegure-se de que a diretoria forneça dados concisos e adequados para que os conselheiros possam usá-los sem a necessidade de adequação e preparação adicionais.

Disponibilize um tempo amplo nas reuniões para que os conselheiros possam discutir de forma colaborativa, com pensamento independente, sem constrangimentos para colocar as questões.

O presidente é chave para criar um ambiente produtivo, com discussões eficazes, evitando a analysis paralysis do conselho.

Diz aí, seu conselho deliberativo está sofrendo de analysis paralysis para decidir o futuro do seu fundo de pensão?

Grande abraço,

Eder.


Opiniōes: Todas minhas | Fonte: “Analysis Paralysis”, escrito por Scott Baldwin.


ESTÁ NA HORA DE UM NOVO FUNDO DE PENSĀO?



De Sāo Paulo, SP.


Inovação e transformação raramente têm a ver apenas com tecnologia. Tem muito mais a ver com a interface entre seres humanos, tecnologia, regulamentações e como as organizações de fato mudam, na vida real.

A implementação de uma nova tecnologia é inerentemente confusa e propensa a ser mantida refém de coisas como aqueles no poder hoje, o ego e o “aqui não fazemos assim”.

A promessa de novas tecnologias é trazer soluções melhores e de fato elas surgem rapidamente, mas na realidade elas são implantadas de modo muito mais confuso.

Um bom exemplo são as tecnologias de votação. Veja o que acontece nos EUA onde, dependendo do distrito, da cidade e do estado, o processo de votação pode ser completamente diferente, sem muita razão aparente para isso.

O processo de votação nos EUA atualmente é um híbrido entre cédulas em papel, contadas a mão, máquinas mecânicas com alavancas, scanners óticos e seis outros tipos de tecnologia totalmente distintos.


Vivemos numa era em que uma nova tecnologia raramente mata as antigas, ela apenas expande o passado. Estamos ao mesmo tempo na era do papel, na era industrial, na era digital e na era da IA.

É meio que um mito pensar que quem se move primeiro, o pioneiro, no uso de uma nova tecnologia, tem vantagem.

O mito da vantagem de ser o primeiro

O Uber pode ser hoje a maior companhia de taxi por aplicativo do mundo, mas está longe de ter sido a primeira. A Zimride surgiu três anos antes.

Books.com foi a primeira livraria online, criada três anos antes da Amazon.

O VRBO surgiu dez anos antes do AirBnB.

Carros elétricos como o Electrobat precederam o Tesla em mais de um século.


Credito de Imagem: Flickr | Electrobat 1895

Adoramos pensar que o mundo de move em alta velocidade e temos obsessão pela ideia de que o primeiro leva vantagem, mas um exemplo atrás do outro nos ensina que ser o primeiro nāo é tudo.

Facebook versus Friendster, Spotify versus Napster, Nvidia versus AMD, Instagram versus Hipstamatic ...

Uma das melhores metáforas sobre inovação é o surfe. Se você remar devagar demais e demorar muito, você perde o timing da onda. Se remar muito rápido e se adiantar demais, será apanhado por um caos de espuma, areia e agua, levantados pelo estouro da onda.

Mas se pegar a onda no momento certo, fará tudo parecer fácil, sem esforço até inevitável. O mesmo ocorre com as novas tecnologias.

Inovação e transformação só prosperam na interseção entre novas tecnologias, novos comportamentos e novas infraestruturas.

  • Preparação para novas tecnologias - as tecnologias certas precisam se alinhar para destravar as possibilidades:
    • A Netflix precisou da velocidade da banda larga para deslanchar, nāo bastava apenas o conceito de vídeo-on-demand por streaming.

O Uber precisou de smartphones com chips de GPS, sem os quais o app conectando passageiros e motoristas simplesmente não funcionaria.

  • Novas culturas – o comportamento dos consumidores precisa se encaixar no que está sendo oferecido:

O AirBnB só se tronou possível quando a Internet levou as pessoas a confiar o bastante para ficar na casa de estranhos.

  • Novas infraestruturas – a infraestrutura precisa estar pronta para suportar as novas ideias.

O mercado de carros elétricos só pode florescer com o desenvolvimento de uma robusta rede de estaçōes de recarga,

E novamente, tudo tem a ver com timing. Nas palavras de Victor Hugo:

“Nāo há nada mais poderoso no mundo do que uma ideia cuja hora chegou”

Qual a hora de termos um novo fundo de pensāo?

O segredo é saber como focar no que realmente importa, ter confiança, esperar até chegar a hora certa e estar preparado para dar o salto quando for preciso.

No ambiente atual há uma pressão implacável para pular de cabeça em cada nova tendencia: ser o primeiro a integrar IA, ser pioneiro no blockchain, o primeiro endereço no metaverso. Mas para quê?

Inovação tem a ver com fazer o movimento no momento certo, não em fazer porque todo mundo está fazendo. Às vezes existe mais riscos em se mover cedo demais, quando os principais sistemas legados ainda são capazes de performar de modo eficaz.

O que os clientes e o mercado realmente precisam? Temos o alinhamento entre tecnologias, cultura e infraestrutura, necessario para as inovaçōes florescerem?

Está na hora de um novo fundo de pensāo? O que você acha?


Grande abraço,

Eder.


Opiniōes: Todas minhas | Fonte: “Innovation is like catching a wave”, escrito por Tom Goodwin.


sábado, 16 de novembro de 2024

ESQUECE ENTIDADES ABERTAS, VEJA COM QUEM OS FUNDOS DE PENSĀO ESTĀO COMPETINDO PARA ATRAIR OS JOVENS



De Sāo Paulo, SP.


Revolut, para os nāo iniciados, é uma fintech criada em 2015 com sede em Londres. Eles têm hoje mais de 45 milhões de clientes espalhados pelo mundo.

Por que uma fintech, sem agências físicas, estaria apostando em máquinas inéditas – iguais aquelas que vendem refrigerantes – para distribuir gratuitamente cartões de débito?

Depois de colocar as máquinas nos aeroportos de Roma, Milāo, Helsinki, Porto e Bruxelas, agora foi a vez de pôr uma na Universidade Nacional de Singapura.

Basta seguir as instruções: assim que o envelope que contém o cartão é “cuspido” pela máquina, a pessoa usa o celular para ler um QR code e abrir uma conta corrente no Revolut.

O passo final é conectar o novo cartão à conta que acabou de ser aberta, tudo feito no smartphone, em poucos minutos. A parceria do Revolut com a Visa dá acesso dos clientes à uma rede de +100 milhões de pontos comerciais em mais de 200 países.



Investir em cartões e máquinas físicas pode parecer uma contradição para um banco digital como o Revolut, ainda mais na era da cryptoeconomia, na qual as barreiras físicas estāo sendo destruídas. Contudo, faz sentido, por dois motivos:

  1. Os hábitos de compra dos consumidores mudaram muito nos últimos anos; e
  2. As gerações mais jovens não apenas são mais difíceis de atrair, como possuem exigências especiais (ex.: sustentabilidade, personalização) que os diferencia de outros segmentos de consumidores.

Pesquisas feitas pela Visa mostraram que 40% dos consumidores da Geração Z – nascidos entre 1997 e 2010 – disseram que conveniência é um fator crucial para determinar que produto eles usam para fazer pagamentos.

O mesmo percentual de jovens indicou, também, que melhores recompensas e ofertas são incentivos suficientes para eles mudarem de alternativa de método de pagamentos – leia-se, mudar de banco ou de administradora de cartão.

Ser capaz de atender essas mudanças nas preferências requer abordagens diferentes das ordinárias e um bom exemplo foi dado pelo Revolut com os estudantes de Singapura.

Ao colocar as máquinas que entregaram cartões de débito na maior universidade de Singapura, o Revolut busca tornar a gestão financeira mais acessível para um segmento de clientes (estudantes), fazendo abrir uma conta tão fácil como tomar um refrigerante.

Estudantes com menos de 21 anos de idade, geralmente, são mal atendidos e nāo sāo o foco das instituições financeiras tradicionais – acontece o mesmo com trabalhadores de baixa renda, no caso dos planos de previdência complementar.

Atraves do Revolut, eles passaram a poder ter seu próprio cartão de débito e por meio dele, acessar uma variedade de ferramentas de gestão do próprio dinheiro.

As soluções oferecidas pela conta corrente do Revolut ajudam a jornada financeira dos jovens desde o início, fornecendo educação financeira e ferramentas para elaboração do orçamento pessoal e disponibilizando “analytics” (análise de dados) dos pagamentos locais e internacionais.


Credito de Imagem: Revolut | Nova sede no distrito de Canary Wharf, Londres


Alguns dos muitos recursos oferecidos pelo Revolut, que os estudantes consideram uteis, poderiam inspirar os fundos de pensão a tornar a previdência complementar acessível para todos, principalmente os trabalhadores de baixa renda:

Melhorar a administração dos pagamentos no dia a dia

  • Receber e enviar dinheiro localmente e/ou internacionalmente – seja rachando a conta de um jantar com os amigos ou recebendo $$$ dos pais (localmente ou do exterior), isso pode ser feito com um click no Revolut
  • Elaborar orçamento com análises inteligentes – os usuários podem criar categorias de gastos e ficar por dentro de para onde o dinheiro está indo, recebendo notificações que comparam seus gastos realizados com os orçados e análises inteligentes de tendencia de gastos.
  • Poupar enquanto gastacashback de até 5% nos gastos com suas marcas favoritas, configurado no app que é conectado com as lojas.

Gastar como um cidadão local enquanto viaja para outros países

  • Sem taxas de cambio desnecessárias – O Revolut oferece compra de moedas estrangeiras com taxa zero em dias uteis para compra de cambio até US$ 5 mil por mês no plano básico.
  • Melhores cotações de moeda estrangeira – Os usuários podem trocar moeda estrangeira com cotações competitivas, armazenar até 34 moedas estrangeiras no app e gastar em mais de 150 moedas pelo mundo.
  • Segurança na ponta dos dedos – Os usuários podem congelar instantaneamente seu cartão atraves do app, seja em caso de perda ou de transações suspeitas. Também podem gerar um cartão digital descartável, para uso em uma única transação, usando-o numa carteira digital no celular, numa loja física ou online.

Credito de Imagem: Revolut


Educação financeira e começo da jornada de investimentos

  • Ensinando a investir em ações – Falta de conhecimento é a grande barreira de entrada, impede os jovens de tomar boas decisões de investimentos para atingir objetivos de longo prazo. O Revolut promove a “alfabetização financeira” dos jovens oferecendo no app módulos educacionais cobrindo o básico sobre investimento em ações.
  • Investimento de longo prazo a partir de US$ 1 – Jovens investidores (também vale para trabalhadores de baixa renda) começam sua jornada financeira de longo prazo com recursos limitados. O Revolut oferece +1.000 ações e ETFs no cardápio de escolhas, sem falar na opção de investi om o app em ouro, prata e outras classes de ativos, inclusive Crypto.

Produtos como o do Revolut e de tantas outras fintechs que se multiplicam na era da economia digital, nāo apenas ajudam os jovens a administrar o dinheiro deles de modo mais eficiente, mas também fornecem educação sobre investimentos e poupança de longo prazo para as novas gerações.

Aí eu te pergunto: 

"você acha que esses jovens serão clientes fieis das fintechs que os ajudaram e apoiaram desde o inicio da jornada financeiras deles ou colocarão as fichas nos planos de previdência corporativos das empresas nas quais ficam poucos anos"?

Apostar na atracão de jovens, “nativos digitais” é um investimento que os fundos de pensāo estariam fazendo nāo só no presente, mas no futuro também.

Espero que os conselheiros dos fundos de pensāo não se limitem a ler sobre essas inovações. Espero que entendam, também, o que está por trás disso tudo.

Grande abraço,

Eder.


Opiniões: Todas minhas | Fonte: “Revolut launches first-of-its kind vending machine dispensing free debit cards, located in NUS”, escrito por The Digital Banker.


domingo, 10 de novembro de 2024

PERGUNTA: A LIDERANÇA DO SEU FUNDO SE PENSĀO ESTÁ FAZENDO AS PERGUNTAS CERTAS?

 


De Sāo Paulo, SP.


As melhores respostas, na maioria das vezes, dependem de quais perguntas sāo feitas. Se o seu fundo de pensāo aceita as coisas pelo valor de face e simplesmente segue as tendências — indo atrás do efeito manada — provavelmente está deixando escapar os aspectos mais profundos sobre o futuro da previdência complementar.

Uma das perguntas mais simples, porém, mais poderosas é “POR QUÊ”?

Em 1905 Albert Einstein trabalhava em um escritório de patentes na Suíça, quando fez a si mesmo uma das perguntas mais profundas da história da física:

“O que aconteceria se eu andasse ao lado de um feixe de luz”?

A pergunta era simples, mas contra-intuitiva. Olhando hoje, em retrospecto, foi um momento monumental para a ciência.

Enquanto os físicos da época estavam ocupados refinando a mecânica Newtoniana e lutando com a natureza do éter, a pergunta de Einstein levou ao desenvolvimento da teoria especial da relatividade, alterando fundamentalmente a compreensão humana sobre tempo, espaço e energia.

Nāo foi a complexidade das equações que transformou Einstein em um pensador revolucionário – foi a habilidade que ele tinha de fazer a pergunta certa. O poder de fazer boas perguntas nāo é limitado ao reino da física, ele permeia o mundo dos negócios, investimentos e até dos fundos de pensāo.

Ao focar na obtenção de respostas rápidas, você provavelmente deixa escapar o cenário mais amplo mas se você domina a arte de fazer as perguntas certas, novas possibilidades que os outros nem consideraram se abrem à sua frente.

A importância da pergunta certa em previdência 



Nas empresas de consultoria é fácil pensar que o trabalho de desenhar planos de previdência complementar tem a ver com saber quais dispositivos incluir no plano.

Contudo, os projetos mais memoráveis nascem, não do desenho do plano, mas de seu alinhamento aos propósitos que a organização que deseja implantá-lo pretende atingir.

No começo dos anos 2000 eu trabalhava em uma empresa multinacional de consultoria atuarial. Certo dia, fui chamado pela Diretoria do Clube da Aeronáutica, que tem sede no Rio de Janeiro. Na reunião eles me explicaram que queriam implantar um plano de previdência complementar, seria um benefício que o clube ofereceria aos associados.

Na superfície, tudo parecia certo – o clube tinha milhares de sócios entre civis e militares, poupar para o futuro é importante e o timing nāo poderia ser melhor, pois a lei de previdência aprovada em 2001 permitiu aos fundos de pensão oferecer planos para associações, como é o caso de clubes.

Mas algo estava faltando e eu não sabia dizer o que era, ao invés de avançar com suposições, reduzi o ritmo e fiz mais algumas perguntas.

Por que o clube queria oferecer um plano de previdência complementar como benefício para os associados? Que resultado eles esperavam obter com isso?

Depois de mais alguns minutos de conversa e de perguntas cuidadosamente formuladas, sobre o objetivo por trás daquela iniciativa, a verdadeira história começou a vir à tona: o clube vinha perdendo sócios em ritmo preocupante, os sócios atuais já não frequentavam o clube como antigamente e algo atrativo precisava ser oferecido.

Contrariando meu interesse em sair dali e fazer uma proposta, expliquei para a diretoria minha visão sobre o que estava acontecendo: da mesma forma que as pessoas deixaram de ir à shoppings fazer compras, porque a Internet surgiu como alternativa de comercio eletrônico, as pessoas passaram a ter inúmeras opções de lazer online, afastando-as dos tradicionais clubes recreativos.

Fui bem honesto e disse que um plano de previdência complementar é algo sensacional, mas nem por isso seria capaz de atrair os sócios e fazê-los voltar a frequentar o cube ... o Presidente, que até aquela altura apenas ouvia, sorriu aliviado e falou que ele pensava exatamente como eu. Resumo da opera, ganhei um grande amigo, um ex-ministro da aeronáutica e não rolou proposta nenhuma. A pergunta certa destravou tudo.

Se o seu fundo de pensão simplesmente aceita as coisas pelo valor de face – seguindo a manada, indo atrás das tendências como se fossem o Flautista de Hamlin – muitos problemas podem surgir. Por exemplo, ao implantar um plano família, afinal todo mundo está fazendo isso, é provável que você deixe escapar algumas coisas.

Credito e Imagem: Dreamstime | O Flautista de Hamlin em Hameln, Alemanha

“Temos estratégia de venda e estrutura para atrair indivíduos para um plano família? Estamos preparados para atingir o break-even das despesas administrativas somente em dois a três anos? Temos canais de relacionamento para atender pessoas físicas? Que alteração é desejável na governança do conselho deliberativo? Fazer as perguntas certas ajuda a descobrir o que está debaixo da superfície, é lá que estāo as verdadeiras oportunidades.

O poder de perguntar “Por que”?



Por quê? Antes da Tesla se tornar um nome mundialmente conhecido, o mercado de carros elétricos era pequeno, um nicho de mercado ainda não estabelecido.

A maioria dos fabricantes de automóveis perguntou:

“Como podemos tornar os carros elétricos acessíveis”?

Essa era a pergunta errada, Musk fez uma pergunta diferente:

“Por que os carros elétricos não são melhores do que os carros tradicionais a combustão?

O “por que” levou a uma abordagem totalmente diferente. Ao invés de tentar competir diretamente em preço com os carros a gasolina, Musk focou em fabricar carros melhores, mais rápidos, mais desejados e mais divertidos de dirigir.

Ele não perguntou como competir em um mercado saturado — ele perguntou por que o mercado ainda nāo havia mudado. A pergunta alterou tudo.

Três maneiras de fazer boas perguntas

Aqui vāo três passos que levam a formulação de boas perguntas:

  • Faça perguntas abertas: Perguntas abertas sāo uma ferramenta poderosa porque nāo limitam a resposta a um mero sim ou nāo. Elas convidam a uma reflexão mais profunda e podem destravar novas avenidas de pensamento. Ao invés de perguntar “Investir em cryptoativos é arriscado”? pergunte “Que riscos nāo estou enxergando nos investimentos em cryptomoedas”? ou “Como as classes de ativos deverão evoluir nos próximos cinco anos”? Essa abordagem encoraja as pessoas a pensar além das respostas superficiais.
  • Abrace a mentalidade do leigo: Frequentemente, pensamos saber as respostas ou nos baseamos em premissas para nos guiar. Entretanto, uma das melhores maneiras de fazer boas perguntas é tratar as situações com uma mentalidade de iniciante. Aja como se estivesse aprendendo sobre o assunto pela primeira vez. Isso ajuda a eliminar vieses e abre a porta para perguntas “idiotas” – sāo elas que geralmente levam às respostas mais esclarecedoras. Nāo tenha medo de perguntar “Por que isso funciona assim?” ou “E se tratássemos esse problema sob um ângulo totalmente diferente”?
  • Foque nas implicações de longo prazo: Na previdência complementar, as perguntas que têm mais valor geralmente focam no longo prazo. Ao invés de perguntar “Como podemos atrair mais participantes e patrocinadoras para nosso fundo de pensāo”? pergunte “Essa estratégia vai funcionar daqui a cinco ou dez anos”? A decisão de atrair planos / patrocinadoras de outros fundos de pensão – ao invés de empresas pequenas e médias que não tem planos – “É sustentável ao longo do tempo”? Esse tipo de pergunta te força a pensar mais estrategicamente e pode levar a melhores decisões de longo prazo.

Perguntas certas levam a respostas certas

A arte de fazer boas perguntas é uma competência que leva tempo para ser desenvolvida, mas é incrivelmente valiosa. Os melhores conselheiros deliberativos sabem que nāo se trata de ter todas as respostas, a governança eficaz de um fundo de pensão tem a ver com saber fazer as perguntas certas.

Na próxima vez que seu conselho deliberativo estiver procurando uma resposta, faça uma pausa e pergunte a si mesmo: "Estou fazendo a pergunta certa”?


Grande abraço,

Eder.


Opiniões: Todas minhas | Fonte: “Question: Are you asking the “right” questions?”, escrito por Eric Markowitz.


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