domingo, 5 de janeiro de 2025

O QUE UMA PROPAGANDA CLÁSSICA DO GUARANÁ NOS ANOS 90 TEM A VER COM A ALEGAÇĀO DE QUE CRYPTO é VOLÁTIL DEMAIS PARA FUNDOS DE PENSĀO?

 

Nos anos 90, quando a batalha entre os refrigerantes tava no auge, o Guaraná Antártica criou uma campanha publicitaria sensacional, cutucando a Coca-Cola.

O comercial, que virou um clássico na história dos filmes publicitários, é esse aqui abaixo:

Corta! 

Agora estamos em 2024, no limiar de uma nova era na qual o dinheiro não é mais lastreado em comodities (como ouro, prata etc.), nem depende da confiança da população nos governos de seus países.

Estamos na terceira era do dinheiro, na qual ele é baseado na matemática, na criptografia, estamos na era do $$$ digital, da cryptoeconomia.

Muita gente alega que a alta volatilidade de cryptomoedas como o Bitcoin, Ethereum, Solana etc., é o que impede que elas sejam consideradas uma classe de ativos importante para investidores institucionais, como fundos de pensão.

Considere a BlackRock como sendo o Guaraná Antártica e os críticos aos investimentos dos fundos de pensão em cryptomoedas como sendo a Coca-Cola, no comercial dos anos 90.

Uma nova pesquisa do maior gestor de ativos do mundo – a BlackRock – mostra que o Bitcoin oferece benefícios únicos para diversificação de portfolios, ao representar níveis de risco similares às ações de gigantes como Google, Apple, Meta e Amazon, que compõe o índice S&P 500, das bolsas de valores americanas.  

Com o Bitcoin ultrapassando a marca de US$ 100.000 o maior “asset manager” do planeta (BlackRock) abraçou definitivamente os cryptoativos.

Em um comunicado à imprensa recente intitulado “Sizing Bitcoin In Portfolios”, os analistas do BlackRock Investment Institute defendem que as cryptomoedas - temidas por órgãos reguladores e por muita gente que só olha para volatilidade e não entende os fundamentos por trás desses novos ativos – devem representar 1% a 2% no tradicional balanceamento 60/40 dos portfolios/carteiras de investimento.

Isso posicionaria as cryptomoedas como ativos similares a empresas como Nvidia, Amazon e Apple, embora o Bitcoin não gere receitas com a venda de produtos e por isso não tenha a mesma utilidade que aqueles titãs corporativos.

Mais de US$ 5,2 trilhões dos US$ 11,5 trilhões sob gestão da BlackRock, são participação em ações, o que inclui US$ 576 milhōes em ETFs como o iShares Core S&P 500 ETF (IVV).

Alocar em Bitcoin e outras cryptomoedas meros 1% dos ativos que a BlackRock tem hoje em ações equivaleria a uma nova demanda de US$ 50 bilhões por ativos digitais. Nos últimos 12 meses o preço do Bitcoin valorizou mais de 130%, comparado a um ganho de 32% do índice S&P 500.

No relatório de pesquisa da BlackRock, os analistas chefiados por Samara Cohen – Chief Investment Officer de ETF e Produtos de Índices – mostram que a capitalização de mercado das cryptomoedas, hoje em US$ 2 trilhões, representa um risco similar a capitalização de mercado das “7 Magnificas” que gira em torno de US$ 2,5 trilhões e representa cerca de 35% dos US$ 46 trilhões do índice S&P 500.

Nota: 7 Magnificas é o grupo de empresas formado pela Alphabet (Google), Amazon, Apple, Meta (Facebook), Microsoft, Nvidia e Tesla.

De acordo com Samara:

[Essas ações] são um exemplo de participações “únicas” representando uma parcela comparativamente grande do risco da carteira. Elas diferem do Bitcoin de várias maneiras, mas esses dois fatores as tornam úteis como ponto de partida para acessar o risco de uma única participação na carteira.

O relatório da BlackRock aponta, também, que historicamente o Bitcoin tem mantido baixa correlação com os mercados tradicionais.

“Todos os gestores de renda variável que usam como benchmark os ‘7 Magníficos’ têm essa mesma correlação de risco e se deparam com a pergunta do que fazer sobre isso. Estamos propondo essa abordagem como solução de alocação que represente o equilíbrio certo, dado a alta volatilidade de preço do Bitcoin, maximizando seu potencial de diversificação e ao mesmo tempo minimizando sua contribuição para o risco geral do portfolio”, concluiu Samara Cohen.

Embora durante o Covid o Bitcoin tivesse alta correlação com outras classes de ativos e empresas de tecnologia, isso começou a divergir em julho de 2023.

O relatório sugere que esse padrão de afastamento da correlação com outros ativos continuará, devido a fatores impactando o Bitcoin como a fragmentação global do sistema financeiro global, tensões geopolíticas crescentes, falta de confiança nos bancos e aumento dos déficits públicos. 

O gráfico acima mostra que a correlação do Bitcoin com o mercado de ações começou a diminuir na fase pós-covid, bem como sua volatilidade.

“Tivemos um grande evento negativo em 2022 e depois, devido aos elevados níveis das taxas de juros em 2023, você podia adotar uma postura altamente defensiva com risco mínimo, principalmente mantendo no seu portfolio instrumentos semelhantes à dinheiro. Em 2024, foi preciso enfrentar a realidade, o risco do reinvestimento, baixas taxas de juros e a necessidade de alocação em ativos de longo prazo”, comentou Samara.

Em suas análises, Samara e sua equipe descobriram que uma alocação de 1% a 2% em um portfolio 60/40 levava a um risco similar aquele das ações das 7 Magnificas.

A excessiva volatilidade do Bitcoin, no entanto, cuja queda chegou a 70% em um ano, torna imprudente uma ponderação (alocação) maior do que isso (1% a 2%).

Os estudos mostraram que uma alocação de 1% em Bitcoin no portfolio contribuiria com 2% do risco, enquanto uma alocação de 2% aumentaria a ponderação de risco para 5% (semelhante as ações das 7 Magnificas). Duplicar a alocação em Bitcoin para 4%, elevaria exponencialmente o risco geral do portfolio para 14%, de acordo com o relatório (gráfico abaixo).

A demanda crescente dos investidores e o aumento no preço do Bitcoin já são um bom negócio para a BlackRock. Em 2022 eles fizeram uma parceria com a Coinbase para permitir que clientes institucionais (entre eles, fundos de pensão) comprassem Bitcoin.

A BlackRock opera hoje o maior ETF de Bitcoin do mundo, o IShares Bitcoin Trust (IBIT), com US$ 50,8 bilhões em ativos sob gestão.

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Voltando a propaganda dos anos 90, agora que mostramos o estudo da BlackRock (Guarana Antartica) pede para aquela turma (Coca-Cola) que usa a volatilidade das cryptomoedas como argumento para os fundos de pensão não devem investir crypto, para mostrarem o estudo deles ...

Grande abraço,

Eder.


Opiniōes: Todas minhas | Fonte: "$11.5 Trillion BlackRock Recommends As Much As 2% In Bitcoin Comparing It To The Mag 7", escrito por Steven Ehrlich.


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