sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

VAMOS FALAR DE SEXO NOS FUNDOS DE PENSĀO? (PARTE 2/3)

 

Credito de Imagem: Eder C. Costa e Silva & AI


De Sāo Paulo, SP.


A ideia de sexo como algo “pecaminoso” persiste na maioria das culturas. Esse estigma tem obrigado muitos empreendedores dessa área a desenvolver uma “pele mais grossa” do que os que criam negócios em outros setores – rejeição, preconceito e mal-entendidos, são experiencias comumente enfrentadas.

Freya - fundadora da Beducated - comenta que a maioria das startups do sexo são agrupadas na mesma categoria da pornografia, tornando mais difícil atingir seu público-alvo.

“Há um problema com a dependência atual das plataformas de anúncio das ‘bigtehcs’ como a Meta e das lojas de aplicativos como a AppleStore. Só existe uma classificação para ‘conteúdo sexual’ nos termos e serviços deles, que impõe aos nossos serviços de educação sexual as mesmas restrições feitas à pornografia”, diz ela.

Bautista – da startup Myhixel – diz que tem havido uma luta ainda maior para que produtos baseados no sexo vendidos para homens, obtenham reconhecimento.

“Historicamente tem havido um estigma em torno de produtos masculinos baseados em sexo, enquanto o setor feminino é muito mais aberto. Nossos esforços estāo conseguindo mudar, lentamente, o paradigma, encorajando os homens a se sentirem mais liberados para expressar suas preocupações”, diz ele.

A falta de investidores dificulta a capacidade do setor de se tornar verdadeiramente inovador, segundo Bautista.

“A falta de consideração adequada pela saúde sexual, por parte de investidores institucionais, representa um obstáculo significativo. Isso inclui apoio limitado de instituições financeiras e aceleradores, o que pode prejudicar a nossa capacidade de inovar e expandir nossas ofertas”, observa ele.

Investindo em sexo

O mundo dos investimentos está começando vagarosamente a tomar conhecimento do mundo do sexo. O Amboy Street Ventures - um fundo de capital de risco - foi fundado em 2021 com a missão de fazer avançar a saúde sexual na Europa e na América.

A firma investiu em doze empresas e atualmente possui oito em seu portfolio, tais como a Dipsea, criadora de histórias sexuais em áudio, com sede nos EUA e a Contraline, uma empresa de biotecnologia, também com sede nos EUA, que produz um implante anticoncepcional masculino.

Carli Sapir, fundador da Amboy Street Ventures, diz que a empresa procura empoderar startups e femtechs baseadas em sexo.

“Nosso mandato é interesse é investir na saúde sexual e notamos ao longo dos últimos poucos anos uma grande tendencia para trazer prazer sexual para a saúde”, comenta ela.

Carli diz que o potencial de investimento na indústria do sexo é um oceano em potencial e ignorar o desejo dos consumidores em relação aos produtos sexuais nāo é correto.

Nāo há muito financiamento nesse setor porque existe uma lacuna entre a saúde das mulheres e saúde sexual. Existem muitas necessidades não atendidas pela sociedade, a falta de capital neste espaço é o que está atrofiando a inovação e impedindo que essas necessidades sejam atendidas”, pondera ela.

Na maioria das vezes o que impede os fundos corporativos de venture capital de investir em startups de sexo é a reputação, sendo comum termos contratuais conhecidos como “vice clause” (cláusula de vício), que restringem o financiamento de negócios envolvendo vício.

Essas clausulas impedem os gestores dos fundos de fazer investimentos em segmentos específicos, como drogas, álcool e sexo. Carli diz que o tabu em torno de “sexo” é tāo forte que qualquer menção ao assunto ou mesmo a palavra “sexo”, são suficientes para impedir um investimento.

“Se constar a palavra ‘vagina’ na descrição de uma start-up, isso pode impedir que um gestor de fundos invista na empresa, bem como investidores institucionais. Se você busca (como financiador) um fundo generalista, a cláusula de vicio pode não ser muito importante, mas se você está levantando dinheiro especificamente para uma empresa de saúde sexual, precisa estar ciente dessas restrições”, alerta ela.

O surgimento de fundos de capital de risco que tem investido no setor, proporcionou um ambiente e um caminho seguros para os fundadores obterem financiamento.

E os fundos de pensão?

As cláusulas de vicio em muitos fundos podem ser um obstáculo difícil de superar e nem toda startup de sexo é capaz de se reposicionar para se tornar um investimento “seguro” para investidores institucionais.

Em casos, os fundadores da startup podem nem querer o dinheiro deles. Enquanto a equipe da Myhixel está aberta para trabalhar com institucionais, Freya não tem tanta certeza.

“Ainda estamos avaliando nossas opções para trazer a bordo investidores institucionais, mas dado o contexto atual, estamos hesitantes. Nesse momento, estamos focando em nos tornar lucrativos e sustentáveis”, explica ela.

No entanto, muitos fundadores e investidores da industria do sexo acolheriam favoravelmente o financiamento de investidores institucionais e acreditam que haveria benefícios em ter a participação do setor.

Um dos pioneiros, que figura entre os primeiros a investir no segmento, é o Fable Investments, braço corporativo do grupo brasileiro de cosméticos Natura & Co, que investiu na startup de bem-estar sexual Maude.

Credito de Imagem: Natura & Co

Bautista também acredita que mudar a atitude, reposicionando soluções e produtos, ajudará e diz:

“Esse escopo moderno – saúde, bem-estar e educação sexual – adapta-se melhor aos critérios de investimento das grandes marcas e empresas, o que torna mais apelativo investir”.

Os investidores institucionais, muito provavelmente, mudarão a atitude em relação aos investimentos na indústria do sexo assim que se derem conta de seu potencial financeiro. Conforme Carli frisou:

“Os investidores seguem o dinheiro (follow the Money), então, investirão assim que enxergarem o sucesso do setor”.

Investidores institucionais raramente apoiam startups do sexo, mas as atitudes mudam. Enxergar o setor sob o ponto de vista da saúde, educação sexual e lazer é uma tendencia que vem se intensificando.

Estarão os fundos de pensão deixando escapar alguma coisa?

... o artigo continua, leia a ultima Parte 3/3.


Grande abraço,

Eder.


Opiniões: Todas minhas | Fonte: “Let’s talk about sex: How CVCs are missing out on a huge investment market”, escrito Roshini Bains.


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