sábado, 24 de agosto de 2024

BISMARK JÁ ERA E ISSO TEM IMPLICAÇŌES PROFUNDAS PARA OS FUNDOS DE PENSĀO E PRODUTOS DE PREVIDENCIA COMPLEMENTAR

 


De Sāo Paulo, SP.


Está na hora de mudarmos de ideia sobre aposentadoria. Existe uma frase de Muhammad Ali que é sensacional:

“O homem que vê o mundo aos 50, da mesma forma que via aos 20, perdeu 30 anos de sua vida”

Mudar de ideia, mudar de opinião, é como atualização de software, ela melhora a versão antiga. Precisamos abraçar a atualização do conceito de aposentadoria.

Mas primeiro, por que isso?

Num artigo recente, o The Wall Street Journal publicou o infográfico abaixo, mostrando visualmente como as pessoas nos EUA gastam o tempo durante a aposentadoria.



Credito de Imagem: The Wall Street Journal


O infográfico mostra que a maior parte do dia de um aposentado é gasta dormindo (9 horas), relaxando ou em atividades de lazer (6 horas) e assistindo TV (4,5 horas).

Muito pouco tempo é gasto lendo (0,5 horas), socializando com outras pessoas (0,5 horas) ou fazendo exercícios físicos e atividades de recreação (0,3 horas).

A maioria das pessoas cria uma imagem edilíca sobre como será sua fase de aposentadoria, mas a realidade (provavelmente) será bem diferente.

Bismark cumpriu um papel, mas já era!

O conceito tradicional de aposentadoria que vigora até hoje, foi criado lá pelos idos de 1880, na época em que o Chanceler Alemão Otto Von Bismark propôs uma solução financeira para a fase da vida pós-trabalho.

 A aposentadoria baseia-se na suposição fundamental de que há um “antes” e um “depois” em sua vida. Que a pessoa trabalha por anos e anos antes e então, passa a desfrutar e aproveitar o depois.

Todos os planos de previdência complementar pressupõem que a pessoa permanecerá em atividade até determinada idade (55, 60, 65 anos) e de repente, irá parar abruptamente de trabalhar. Irá “pendurar as chuteiras”, como se diz.

Esse conceito está ultrapassado, quebrado, não funciona mais nos dias atuais. Não precisa haver um antes e um depois no meio da nossa vida – deveria ser algo fluido, contínuo, pode ser substituído por durante.

O objetivo é viver a vida e não precisar se aposentar dela

Deveríamos buscar uma vida com liberdade, equilibrar um trabalho gratificante com relacionamentos pessoais, hobbies, experiências e atividades que nos tragam alegria e felicidade. 

Qual a solução? 

O Efeito Catedral: vamos pensar GRANDE!

Em 2007 pesquisadores da Oxford University publicaram um estudo que descobriu que a altura do teto impacta em nosso foco e criatividade. 

Tetos altos contribuem para resolução criativa dos problemas, enquanto tetos com alturas mais baixas contribuem para soluções dos problemas com base na lógica

Os resultados do estudo foram confirmados posteriormente por um experimento que submeteu o cérebro de participantes a exames de ressonância magnética (fMRI) enquanto elas olhavam para imagens de tetos altos e tetos baixos.

As partes do cérebro que eram iluminadas quando as pessoas olhavam para imagens de tetos altos eram as áreas do cérebro responsáveis por exploração. 

O termo Efeito Catedral foi cunhado por William Lidwell, um profissional de “design”, para se referir ao fenômeno em que espaços amplos, abertos ou altos promovem comportamentos criativos, abstratos e exploratórios.


Credito de Imagem: Bradley Weber/Via Flickr

Se você quer pensar grande, frequente espaços amplos. Seu ambiente cria sua realidade. Quando você passa seu tempo em espaços abertos, amplos, inspiradores, sua mente se abre, se amplia, se inspira. 

Quando você chega na beira do mar, olha pro céu e vislumbra a imensidão do oceano, quando chega no campo, respira aquele ar fresco e olha para um amplo gramado com arvores, arbustos e a imensidão da natureza mexe com você, em minutos você se sente inspirado para pensar grande.

Se você estiver se sentindo preso em um projeto (ou na vida), saia para uma curta caminhada na natureza, passe um dia na praia, entre em um espaço grande, aberto e iluminado. Garanto que todo seu mindset mudará.

Isso vale também para as salas fechadas dos conselhos deliberativos dos fundos de pensão: Grandes espaços catalisam grandes pensamentos.

Segurança financeira on-off

Alguns anos atrás o diretor de RH de uma empresa do Rio Grande do Sul perguntou:

“Eder, posso colocar no regulamento do plano de previdência complementar da empresa a possibilidade de pagar benefícios de aposentadoria para um empregado que continua trabalhando”?

Eu respondi:

“Pode! Além de não haver impedimento legal para isso, já funciona assim com o INSS. Um empregado nem precisa avisar a empresa que se aposentou, ele simplesmente continua trabalhando e passa a receber simultaneamente com o salário, sua renda de aposentadoria do INSS"

Bem-vindos aos planos de segurança financeira “liga-desliga”, criados pelo Lord Eder Carvalhaes (hahaha) para substituir a solução ultrapassada do velho Chanceler Bismark.



Na era digital, quando as pessoas atingirem as idades mais avançadas – 55, 60, 65 anos – ao invés de pararem de trabalhar abruptamente, elas poderão reduzir a quantidade de horas de trabalho e seguir na atividade. 

Os produtos de segurança financeira - i.e., os antigos planos de previdência complementar dos fundos de pensão – passarão então a pagar de forma pro-rata uma renda “de aposentadoria”.

Ao longo do tempo, dependendo da quantidade de horas de trabalho, da respetiva renda do trabalho ativo e da necessidade financeira, o saldo de conta de previdência vai sendo usado, mantido intacto ou até aumentado com novas contribuições.

Exemplo: 

  • Completei 55 anos e a empresa onde trabalho hoje como diretor, reduz minha carga horaria. Eu passo a trabalhar meio expediente, ou seja, 4 horas por dia. A. empresa continua me pagando salário, só que metade do que eu recebia antes e a outra metade (ou o valor abaixo desse, que escolher) eu começo a receber na forma de renda de “aposentadoria”, do plano de previdência complementar;
  • De repente, digamos aos 59 anos, a empresa me dispensa e eu passo a prestar consultoria de forma autônoma. Então, eu opto por aumentar a renda de “aposentadoria” pois a renda obtida com os projetos de consultoria é inferior ao salário da ativa que eu recebia;
  • Passa um par de anos e aos 61 anos sou chamado para ser CEO de um grande fundo de pensão. Tive sorte! O salário que passo a receber para trabalhar 8, 10 horas por dia é até maior do que aquele que eu ganhava aos 55 anos. Assim, eu zero a retirada de renda do meu plano de “aposentadoria” e passo, inclusive, a contribuir para o plano aumentando minha poupança previdenciária;
  • O plano de previdência complementar - que eu prefiro passar a chamar de plano de segurança financeira, serve de buffer para minha necessidade financeira. Minha poupança previdenciária vai sendo usada ou aumentada em função das circunstâncias financeiras do momento;
  • Eu continuo tendo uma vida com propósito, trabalhando independente da idade, interagindo com profissionalmente com as pessoas, com muito mais liberdade

Tudo isso são apenas ideias, precisam evoluir, precisam ser adaptadas, expandidas. O que nāo dá é continuar enxugando gelo com soluções que não mais funcionam ...

Grande abraço,

Eder.


Opiniōes: Todas minhas | Fonte: Sahil Bloom


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