De Sāo Paulo, SP.
Mudanças nos fundos de pensão terão que vir do topo, por isso é tão importante entender os modelos mentais que nos ensinam sobre círculo de competência.
A primeira regra sobre competição é que você tem mais chance de ser bem-sucedido se atuar onde você tem certa vantagem. Fazer isso, requer um solido entendimento sobre aquilo que você sabe e aquilo que você não sabe.
Seu círculo de competência é sua esfera pessoal de expertise, a área na qual seu conhecimento e capacidades estão concentrados. É o domínio no qual você tem profundo entendimento, onde seus julgamentos são confiáveis e suas decisões acertadas.
Saber a amplitude, o tamanho, o alcance do seu círculo, não é tão importante quanto saber seus limites. A pessoa sábia é aquela que conhece os limites de seu conhecimento, que sabe dizer com confiança: “Isso está dentro do meu círculo” ou “Isso está fora da minha área de expertise”.
Atuar dentro do seu círculo de competência é o caminho para ser eficaz. Aventurar-se fora dele é a receita certa para ter problemas.
Nessa nova era da cryptoeconomia, diretores e conselheiros de fundos de pensão são como marinheiros sem mapa, navegando por águas desconhecidas, a mercê de tempestades e correntes marítimas que não conhecem completamente.
Não é que eles não devam se aventurar fora do círculo deles. Aprender coisas novas, adquirir novas competências e dominar novos conhecimentos é uma das coisas mais bonitas da vida.
Os ciclos de implantação da cryptoeconomia
Credito de Imagem: Leonid Sukala/iStock
Em cada novo ciclo do mercado de crypto surgem novas aplicações e inovações que direcionam as pessoas adotar as cryptomoedas e os ativos digitais.
- Em 2017 foi a vez das soluções DeFi – Descentralized Finance (Finanças Descentralizadas) enquanto no ciclo passado a ascensão foi das NFTs;
- Dessa vez os catalistas mais proeminentes parecem ser o RWA – Real World Assets (digitalização dos ativos reais, tipo imóveis e outros), DePIN – Descentralized Physical Infrastructured Netwroks (Redes de Infraestrutura Física Descentralizadas que usam blockchain, tokens, contratos inteligentes e IoT para manter infraestrutura do mundo real) e Prediction Markets (Mercados de Previsão, mercados abertos que permitem a previsão de determinados eventos usando incentivos financeiros);
- Porém, está em curso nesse momento uma revolução silenciosa e potencialmente mais impactante: a simplificação do processo de integração das pessoas comuns com o blockchain, facilitando a adoção de soluções inovadoras “on-chain”
A experiência inicial de alguém que nunca usou a Web3 pode ser assustadora.
Ter que lidar com carteiras digitais e suas seed phrases - conjuntos de 12 ou 24 palavras aleatórias, que servem para recuperar uma carteira digital - usar chaves privadas e chaves publicas, usar extensões nos browsers/navegadores de Internet para interagir com os sites da Web3, navegar por aplicativos descentralizados (dApps) ...
Tudo isso requer uma longa curva de aprendizado quando comparado àquele que foi necessário para uso da Web2. No entanto, inovações recentes vêm tornando mais amigável a jornada on-chain, ou seja, o uso do blockchain e suas soluções.
Alguns exemplos dessa facilitação:
- Em junho a Coinbase – uma das plataformas online para transações e armazenamento de crypto – lançou uma Smart Wallet que permite a configuração instantânea de carteiras digitais, sem necessidade de extensões ou apps específicos. Para melhorar ainda mais a experiência do usuário, também introduziu o aplicativo web de sua carteira digital (Coinbase Wallet), que consolida várias carteiras em uma única interface;
- Em julho a Circle introduziu os “logins sociais” e a autenticação de e-mails com senha única para suas Carteiras Digitais Programáveis. Circle é uma empresa de tecnologia de pagamentos peer-to-peer que utiliza a tecnologia blockchain para transações de cripto e transferências de $$$. A Circle também criou a USD Coin (USDC), uma criptomoeda cuja valorização está ancorada no dólar americano e é a segunda maior stablecoin do mundo;
- Mais recentemente MetaMask e Mastercard lançaram um cartão de debito que permite fazer compras e pagar diretamente com as cryptomoedas guardadas na sua carteira digital. Suas cryptomoedas são convertidas automaticamente em dinheiro via Apple Pay / Google Wallet. A parceria alavanca a rede de pontos de venda da Mastercard com a segurança da MetaMask e a expertise tecnológica da Baanx. A solução roda na rede L2 LineaBuild que tem alta eficiência, permitindo elevada quantidade de operações por segundo com baixo custo por transação e compatível com o blockchain Ethereum.
Apesar de ainda haver barreiras para uma adoção mais ampla de crypto pela população, o uso de cryptomoedas está na frente da adoção que a Internet experimentou em seus estágios iniciais (gráfico abaixo).
Credito de Imagem: House of Chimera
Na medida em que a tecnologia amadurece, as interações on-chain tem se tornado cada vez mais amigáveis com o usuário e uma nova era de engajamento das pessoas com o blockchain promete ser tão simples como navegar na Web2 hoje.
Esse ciclo da cryptoeconomia será lembrado como a revolução silenciosa da UX (User Experience ou Experiência do Usuário) que finalmente trouxe para as massas a visão de um futuro descentralizado.
Para fundos de pensão, abraçar a cryptoeconomia desde cedo pode significar viver ou morrer de vez. Devemos celebrar nossa expertise, mas também reconhecer nossas limitações.
Grande abraço,
Eder.
Opiniōes: Todas minhas | Fontes: “Mental Models”, escrito por Shane Parrish e “The Unsung Hero of the Crypto Bull Market”, escrito por RJ Fulton.
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