De Sāo Paulo, SP.
A mudança de paradigma que os não-iniciados em cryptomedas e até alguns “pro”, estão deixando escapar
Donald Trump falou na Conferência Bitcoin 2024, no fim de julho em Nashville, no Tennessee – EUA. O Partido Republicano incluiu crypto em sua plataforma eleitoral e escolheu um vice-presidente que investe em Bitcoins na casa dos seis dígitos.
Robert F. Kennedy Jr., um candidato independente nas eleições americanas de 2024, disse que usará blockchain para melhorar o governo e que enxerga o Bitcoin como uma opção de moeda.
Para quem participa da comunidade crypto é bom saber, mas tudo isso não vai contra o propósito das cryptomedas?
Por que alguém usaria tecnologia do blockchain para gerenciar uma entidade centralizada, tipo o governo? Você só precisa de blockchains para gerenciar entidades que não compartilhem o mesmo banco de dados e não possuam processos de negócio em comum.
Não faz nenhuma diferença se o governo americano, brasileiro, chinês ou se os republicanos “aprovam” o Bitcoin. O Bitcoin é um tipo de dinheiro não-governamental, qualquer um pode usar.
Todo mundo fala das cryptomoedas como sendo um novo paradigma, mas parece que o conceito e a ideia por trás de seu funcionamento, não estão sendo absorvidos.
O que estão deixando escapar?
Há um monte de analista de investimento e vários comentaristas de economia dizendo que a tecnologia do blockchain demanda massivas quantidades de data centers.
Então, o negócio do momento seria investir em data centers e tudo que gira em torno de sua infraestrutura, não nos tokens (uma forma de chamar os ativos digitais) em si mesmo.
Quem fala isso está deixando escapar um detalhe crucial. Se as cryptomoedas derem certo e funcionarem como deveriam, os data centers não serão necessários.
Haverá vastas redes globais, de domínio público, com enorme poder de computação, disponibilizadas por pessoas (indivíduos) e empresas (negócios) ao redor do mundo, usando seus próprios equipamentos e recursos em troca de recompensas.
Não será preciso investir em terrenos, imóveis comerciais, máquinas de ar-condicionado, computadores, geradores e outras coisas que compõem os data centers.
Pessoas normais fornecerão tudo isso em troca de remuneração pelas redes, na forma de tokens | cryptoativos (incluindo, potencialmente, tokens lastreados em moedas nacionais).
A oportunidade hoje é investir nesses tokens, nas pessoas que contribuem para o funcionamento das redes e nos inúmeros negócios que lucram com as cryptomoedas – por exemplo, mineradores, desenvolvedores, empreendedores, validadores e todo mundo que participa.
Não é como o dinheiro que você conhece
Mas as cryptomoedas também vão virar de cabeça para baixo outros paradigmas.
As antigas gerações, como os baby boomers - nascidos até início dos anos 60, cresceram tāo acostumados com o monopólio do dinheiro pelos governos que não conhecem nenhuma alternativa.
Os chamados experts em política monetária ainda acham que o dinheiro tem valor intrínseco ou alguma propriedade inata que faz valer a pena usá-lo.
Na verdade, o dinheiro é uma construção social. Seu valor vem do consenso da sociedade. Se uma quantidade suficiente de pessoas concordar com seu uso, irão usá-lo.
Seja porque o governo diz que tem que ser assim - ou por outros motivos - a crença (acreditar) importa mais do que a utilidade.
Pedaços de metal brilhante? Fotos em papel? Pixels numa tela? Bits e bytes num celular? Seja o que for, dinheiro é tudo que lhe permite adquirir aquilo que você quer.
Histórias que nossos avós contavam
Muitas civilizações tinham dois tipos de dinheiro: o dinheiro do governo e as moedas comuns. Uma forma de dinheiro para os governantes, outra para o povo. Um dinheiro criado por decreto, outro por consenso.
Os economistas atuais consideram isso instável e insustentável, mas os humanos criaram vastos impérios, redes de comercio ao redor do mundo e prosperidade com esses sistemas, antes dos bancos centrais serem criados.
Nosso dinheiro é um meme, uma conexão emocional com fotos e imagens que quantificam nosso patrimônio e o tamanho da nossa riqueza. Uma miragem, produto de uma engenharia financeira criada por decretos governamentais e nostalgia coletiva.
Tente explicar isso para seu vizinho e ele vai te olhar com uma cara engraçada. Na sequência, vai te pedir uma recomendação de investimento ou uma dica de que qual ação comprar. Ele não entende como funciona o dinheiro. Ele só quer ter mais.
É nisso que TradFi, o sistema financeiro tradicional, está apostando. É isso que os políticos enxergam, mas você e eu sabemos que as oportunidades que as cryptomoedas trazem vão muito além disso.
Nosso dinheiro, não deles
Não precisamos inventar histórias, obter aprovação presidencial ou debater princípios de política monetária. Basta criar e interagir, deixar a tecnologia florescer ou falhar e acreditar que as pessoas e os mercados encontrarão a solução.
A rede do Bitcoin se autofinancia. O protocolo roda sem envolvimento humano. Nenhum programador é capaz de hackear ou controlar a rede de blockchain do Bitcoin.
Com o tempo, algumas altcoins (cryptomoedas alternativas) atingirão o mesmo nível de autonomia e relevância do Bitcoin.
Podemos ter ETFs, regulamentações restritivas, protocolos de DeFi inúteis, golpes, esquemas de pirâmide, plataformas de contratos inteligentes, políticos raivosos, desenvolvedores gananciosos.
Nada disso muda a proposta de valor inicial das cryptomoedas.
Dinheiro do povo para o povo.
Com Bitcoin você é capaz de enviar $$$ para qualquer um, em qualquer lugar do mundo, a qualquer hora, em qualquer montante, sem restrições, sem revelar informações pessoais sensíveis, sem colocar sua propriedade sob controle de outra pessoa, com a certeza de que sua transação será efetuada e com a confirmação de que cada pagamento que você receber é autêntico e valido.
Funciona sob qualquer condição, mesmo quando as contrapartes falham. É capaz de se sustentar sem violência política, coerção militar, manipulação governamental ou dívida soberana.
Diferentes cryptomoedas, para fins diferentes, possuem algumas ou todas essas características com o mesmo resultado: todo mundo tem acesso a todas as ferramentas das finanças.
A oportunidade de investimentos é essa.
Pense pequeno, pense em você
Com cryptomoedas, você pode escolher com quem se associar, como se associar e os termos do acordo. Você não precisa peticionar o governo ou começar uma batalha se não conseguir o que você quer.
Você pode simplesmente criar outro protocolo ou implantar um novo contrato inteligente.
Crypto não precisa do mercado financeiro para ser seguro e simples. Cada falha, hackeamento, cada ataque, expõe uma vulnerabilidade que os desenvolvedores consertam. Cada “ciclo” atrai mais dinheiro e atenção para a tecnologia, os problemas e como resolvê-los.
Quando você usa crypto, o poder monetário não vai para aqueles capazes de capturar as mentes e corações dos reguladores. Ele flui para os empreendedores, desenvolvedores e membros da comunidade.
Você pode comprar um ETF de cryptomoeda e deixar parte do lucro com instituições financeiras tradicionais ou pode comprar diretamente as cryptomoedas sem precisar delas.
Cabe a você decidir se quer participar do sucesso de uma BlackRock da vida ou se prefere que esse sucesso seja só seu.
Essa é a verdadeira mudança de paradigma.
Com cryptomoedas, um adolescente na Indonésia tem o mesmo poder que a maioria dos financistas de prestígio de Nova York ou Londres. Tudo que é preciso para criar um novo sistema monetário, com atuação global, permanente e acessível sob demanda, é um laptop e uma conexão de Internet.
Talvez o que se esteja deixando escapar é que encolhemos todo o sistema financeiro e suas ferramentas. Colocamos tudo num formato que você pode levar para qualquer lugar, usar a qualquer hora, para qualquer finalidade que você queira.
... e não há nada que um político, uma instituição financeira ou um governo, possam fazer sobre isso.
Grande abraço,
Eder.
Opiniões: Todas minhas | Fonte: “Cryptocurrency is Not the Paradigm Shift You’re Thinking About”, escrito por Mark Helfman
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