De Sāo Paulo, SP.
Há um número cada vez maior de investidores de olho na economia espacial, antecipando um cenário em que as taxas de juros retornarão a patamares historicamente baixos.
Quando os retornos dos investimentos voltarem a ser cada vez mais difíceis de se obter, os investidores institucionais não terão muito como escapar das oportunidades da economia espacial.
Até mesmo a Arábia Saudita, em uma estratégia de diversificar a economia e fugir da atual dependência do petróleo, vem acelerando a transformação de seu setor espacial em direção a avançadas tecnologias de satélite e capacidade multi-orbital.
O fundo soberano do Reino está por trás da Neo Space Group (NSG), empreendimento voltado para satélites de comunicação, serviços geoestacionários, navegação (terrestre-marítima-aérea) e monitoramento de IoT e tem tudo para se tornar globalmente um grande player comercial.
Em um estudo recente a McKinsey & Co. disse que a economia espacial deverá triplicar de valor chegando a US$ 1,8 trilhões em 2035, crescendo o dobro do ritmo de crescimento do PIB Global.
Mas por quê os fundos de pensão brasileiros, deveriam prestar atenção nas oportunidades de investimento desse setor? Por vários motivos, um dos principais é que só existem duas bases na América do Sul capazes de fazer lançamentos orbitais: uma na Guiana e outra no Brasil – em Alcântara, no Maranhão (figura abaixo).
Os investidores, em geral, se sentem mais atraídos pelos mercados finais do setor espacial, usos práticos que chegam ao consumidor final, como as soluções envolvendo mobilidade e geolocalização.
Michael Pierre, Diretor Geral de Investimentos em Tecnologia Global, Mídia e Telecom do Bank of America, acredita que “há uma tonelada de crescimento vindo por aí”. Ele apontou para a conectividade em voo (IFC - In-Flight Connectivity) e D2D – Direct to Device, como áreas de interesse para investimentos focados na execução e disse:
“As pessoas querem conexões (de Internet) em todo lugar, iguais as que tem em terra. Isso representa uma oportunidade gigante. Todo mundo sabe que esse é um mercado massivo. Estamos caminhando para uma fase em que apoiaremos os vencedores”
Como em todas as oportunidades de investimento, existem os cautelosos. Akshay Patel da PJT Partners alega que os modelos de negócio para aplicações “non-GEO” (i.e., nāo relacionadas aos satélite geoestacionários das orbitas altas, ainda estāo sendo desenvolvidos.
Ele acredita que existem muitos riscos econômicos, questiona se a demanda por dados é infinita, se continuará crescendo e ressalta a necessidade dos investidores terem uma estratégia bem definida, para saída dos ativos espaciais:
“Ganhar contratos e aumentar as receitas atrai investidores, essas duas coisas validam o plano de negócios, mas ainda precisamos ver muita rotatividade para que os investidores de longo prazo também entrem no setor. Temos muito investidor, cuja estratégia aposta no crescimento do valor de ações, que gostaria de investir no setor, mas eles não veem a saída”, diz Akshay.
Os iniciados sabem que está havendo uma mudança na orbita usada em serviços de transmissão de TV, dados meteorológicos e comunicação de dados.
Os satélites posicionados nas orbitas geoestacionárias mais altas (GEO), em altitudes de 36 mil km paralela a linha do equador, são maiores e mais caros para lançar. Enquanto os que giram em orbitas mais baixas (LEO), mais próximas da Terra, em altitudes de 500 km a 1.500 km, são menores e mais baratos, mas são necessários muitos deles para cobrir uma área geográfica especifica.
Essa mudança de GEO para LEO, iniciada pela Starlink, foi uma aposta do setor privado e muita gente acha que existe risco dos negócios não alcançarem as metas de crescimento.
“Ainda vai haver muita fusão e aquisição de empresas do setor espacial antes que um grande IPO possa surgir no horizonte. Ainda estamos no início da fase de M&A, precisamos de escala paras direcionar a eficiência das empresas do setor”, diz Vaibhav Lohiya – Diretor Geral do Deutsche Bank Securities.
Analistas de mercado, como Mathieu Robilliard, do time de pesquisa em telecom e satélites do Barclays faz eco, dizendo que não dá para saber se ao longo dos próximos cinco a dez anos vão prevalecer os satélites GEO ou se os negócios em torno de LEO ganharão a maior fatia do mercado.
Tudo que é novo suscita pontos de interrogação, contudo, não precisa ser especialista em investimentos para saber que o futuro está lá em cima no espaço e com ele veremos chegar novas oportunidades de investimentos.
Aliás, já chegaram, conforme as alternativas abaixo:
Se você não tem opinião sobre o assunto, sugiro que comece a se informar a respeito da economia espacial. Garanto que pelo menos terás diversāo, escrevendo seu nome próprio com paisagens naturais vistas lá de cima, a partir do satélite Landsat.
O meu está na figura que encapa esse artigo e você pode escrever o seu através desse link: aqui (nota: passe o cursor em cima de cada letra para ver, na parte de baixo da tela, o nome do local e a latitude-longitude)
Grande abraço,
Eder.
Fonte: “Trailblazers”, escrito por François Lambert | “Financiers Question Growth Rates and Exits for Space Investments”, escrito por Mark Holmes.
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