sábado, 31 de dezembro de 2022

Você nasce um bilionário do tempo, mas quanto mais aumenta o saldo no seu fundo de pensão, mais pobre você fica

 


De São Paulo, SP.


Qual a diferença entre um milhão e um bilhão? Quando tentamos entender isso com exemplos numéricos, muitos se surpreendem.

Um milhão de segundos, por exemplo, equivale a 11 dias. Um bilhão de segundos, são pouco mais de 31 anos.

Bilionários do tempo e bilionários de dinheiro

Bilionários de $$$ têm recursos financeiros, bilionários do tempo, têm recursos de vida. Nossa sociedade é obcecada por dinheiro, supervaloriza os primeiros e subvaloriza os outros.

Jovens de 20 anos são bilionários do tempo, eles ainda têm uns dois bilhões de segundos sobrando (por volta de 60 anos pela frente) – isso se considerarmos que a expectativa de vida do brasileiro gira entre 70 e 80 anos.

Jorge Paulo Lehmann, o maior bilionário brasileiro, com uma fortuna estimada em R$ 72 bilhões, tem hoje 83 anos de idade. Se ele pudesse comprar os próximos cinco anos de um jovem de 20 anos de idade com corpo e mente saudáveis, quanto ele estaria disposto a pagar?

E o jovem de 20 anos, por quanto ele venderia os cinco anos? Com o passar do tempo, o preço cobrado pelo jovem de 20 anos subiria vertiginosamente e no final da vida, nem seria mais possível ele vender os cinco anos.

A metáfora de trocar rico e pobre por jovem e idoso, a ideia de que tempo vale dinheiro, é poderosa. Essa ideia foi explorada no filme In Time (o título em português foi “O preço do amanhã”), de 2011.

No filme, todo mundo vive até 25 anos e esse tempo vai sendo contado regressivamente num relógio impresso no braço - assim que você nasce - até chegar a 00:00:00.

Se todo o seu tempo expirar, você morre cedo. Mas as pessoas são pagas em tempo, ao invés de dinheiro, então, se você acumular muito mais tempo, poderá viver indefinidamente.

As pessoas pensam querer dinheiro, até serem forçadas a confrontar riqueza com limitação do tempo de vida. Quando isso acontece, o valor do tempo rapidamente se torna evidente e as pessoas optam pela juventude ao invés da riqueza.

Se você tivesse a oportunidade de trocar de lugar com Warren Buffet, você toparia? Você se tornaria uma das cinco pessoas mais ricas do mundo, mas você teria 90 anos de idade.

A cauda da curva

Num post de 2015 em seu blog “Wait but why”, Tim Urban representou visualmente o que seria uma vida de 90 anos em dias, semanas, meses e anos.

É impressionante constatar, independente da unidade de tempo (dias, meses ou anos) que toda uma vida de 90 anos pode ser representada numa única folha de papel.




Mas o assustador mesmo é quando ao invés de pensar em tempo, você pensa em termos de eventos, quantos ainda tem pela frente.

Até os 18 anos meus filhos moravam em casa e eu os via 90% do tempo, mas então eles saíram para fazer faculdade fora do país e hoje só os vejo uma vez por ano

Como tenho 60 anos, restam mais 30 anos de coexistência com meus filhos. Supondo que os veja uns 10 dias a cada ano, se for mantido o ritmo de encontra-los só uma vez por ano, restarão 300 dias para ficar junto deles. Isso é menos do que eu passei com eles em qualquer um dos 18 anos até eles saírem de casa para fazer faculdade.

Eu leio uns cinco livros por ano, a despeito de parecer que posso ler um número infinito de livros no futuro, tenho que escolher 150 de todos os livros que existem no mundo para ler e me resignar, pois passarei para a vida eterna sem saber o que todos os outros livros tinham para contar.

Quando você olha a realidade percebe que a despeito de não estar no fim da sua vida, você pode estar se aproximando do fim do tempo que terá junto às pessoas que considera importantes.

Quando saíram de casa com 18 anos, eu tinha usado 95% do tempo de convivência com meus filhos e agora tenho 5% daquele tempo para conviver com eles. Isso que chamamos de “a cauda da curva”.

O que isso tem a ver com fundos de pensão e investimentos?

Bem, tudo a ver. Frequentemente pensamos sobre bilionários e participantes com altos saldos em suas contas de previdência complementar, como aqueles que tem vantagem significativa ao investir nos mercados financeiros.

Eles têm grandes volumes de recursos, têm experiência, tem contatos e seus recursos – em função da escala – podem alavancar resultados. Mas essa talvez seja a forma errada de pensar.

Ter um bilhão de reais é ótimo, mas ter um bilhão de segundos (como diz a propaganda daquele cartão de crédito) não tem preço. Nenhum dinheiro do mundo é capaz de comprar a imortalidade.

O tempo termina, em algum momento, para todos os seres humanos. E se os jovens participantes e jovens investidores, se considerassem mais ricos do que os participantes e investidores mais velhos?

A ideia de bilionários do tempo cria a oportunidade de contar com o maior recurso: o tempo. Bilionários do tempo podem ter um horizonte de tempo contado em décadas. Podem se dar ao luxo de ser pacientes. Podem acumular dinheiro lentamente, sem pressa.

Não existe horizonte de tempo que pressione e turve o julgamento dos bilionários do tempo. Eles têm uma vantagem significativa quando se trata de controlar seu estado emocional.

Eles possuem tanta abundancia de recurso – tempo – que podem se recuperar de praticamente qualquer erro. Num certo sentido, o bilionário do tempo é inabalável.

Muitos de vocês lendo esse post aspiram ser bilionários de $$$, mas não percebem que cada um dos titãs financeiros de hoje em dia, trocaria alegremente de lugar com aqueles que tem mais tempo (de vida).

Os bilionários do tempo são os mais ricos de todos nós, ainda assim, não reconhecem a riqueza que possuem.

Os avanços da tecnologia aumentarão facilmente a longevidade para os 90 anos ou mais. Nasceremos com 3 bilhões de segundos, o maior recurso que alguém pode acessar.

Para alguns, a riqueza é dinheiro, mas para a maioria das pessoas, é tempo. Comece a pensar em décadas e use seu status de bilionário do tempo para se tornar um bilionário do $$$, mas lembre-se:

O bilionário do tempo morre com zero

Tenha um excelente começo de ano, 2022 entrou para os livros de história.

 

Grande abraço,

Eder.


 

Fonte: The PompLetter, escrito por Anthony Pompliano | https://waitbutwhy.com/2015/12/the-tail-end.html, escrito por Tim Urban

 


quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

TE CONTEI? O FIM DO CINEMA MUDO E AS IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS DO FUTURO DO TRABALHO, PARA ATUÁRIOS DE FUNDOS DE PENSÃO

 



De São Paulo, SP.

                                                 

O QUE ESTÁ ACONTECENDO? 

Em 1930 o sindicato dos músicos americanos gastou o equivalente a US$ 10 MM numa campanha para fazer as pessoas assistirem filmes mudos com música ao vivo, ao invés de filmes falados com trilha sonora. Na época dos filmes mudos os cinemas empregavam músicos locais para tocar durante as cenas, mas assim que os filmes ganharam trilha sonora, a música ao vivo tornou-se desnecessária. A implicação econômica foi enorme. Em 1927 os cinemas americanos e canadenses empregavam em torno de 24 mil músicos. Então, surgiu “The Jazz Singer”, o 1º filme falado. Por volta de 1930, algo como 7.200 músicos tinham perdido o emprego nos EUA, 30% do total de antes dos filmes falados. Em cidades como Nova York e Cincinnati o desemprego dos músicos atingiu 50% a 75%.

 

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: 

Com o tempo, todos os cinemas eliminaram a música ao vivo, mas o advento do filme com trilha sonora, discos e rádios fez o trabalho de criação musical ganhar escala e não diminuir. Um século atrás parecia improvável que uma música reproduzida sinteticamente, tocada sem alma, substituísse “musica real”, tocada ao vivo. O crítico de música do Chicago Herald Tribune, Edward More, previu que “os filmes teriam que evoluir muito até replicar a música ao vivo”, mas a tecnologia disruptiva não procura necessariamente replicar os padrões e processos anteriores. Discos e filmes falados tornaram a música mais barata e acessível para mais pessoas, que não se importam com a diferença de qualidade em relação à música ao vivo.

 

CONCLUSÃO: 

A história mostra que tendemos a subestimar a força das novas tecnologias para fazer o trabalho tradicional ganhar escala. Em muitas profissões no campo da criatividade, um no menor de pessoas é capaz de capturar uma fatia maior do mercado, só que de um mercado que cresce exponencialmente. Assumimos que isso não vai acontecer com a maioria das profissões, como atuários, mas há evidencia em contrário. O futuro do trabalho e tecnologias como IA - que permitem o tratamento de big-data - vão tirar trabalho dos atuários de fundos de pensão da mesma forma que o cinema falado tirou dos músicos. Mas esse mundo está ficando cada vez mais arriscado e a gestão de novos riscos nos planos de previdência e em outros setores vai criar oportunidades para os atuários e não faze-las desaparecer.


Grande abraço,

Eder.

 

Fonte: Dror Poleg


segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

SOBRE COINCIDÊNCIAS, PROBABILIDADE E O SENTIDO DA VIDA

 


De São Paulo, SP.


No começo do ano de 1985, no penúltimo ano do meu curso de Ciências Atuariais na UFRJ, consegui meu primeiro estágio. Foi no departamento de estatística da ARSA – Aeroportos do Rio de Janeiro S/A, atual INFRAERO.

Junto com os demais estagiários fomos encarregados de conduzir, do começo ao fim, uma pesquisa sobre a opinião dos usuários em relação a sinalização vertical do Aeroporto Internacional do Galeão.

Elaboramos o questionário para coleta dos dados, definimos a amostragem estratificando gênero e faixas etárias, fizemos as entrevistas com os usuários do terminal, tabulamos os dados e preparamos o relatório final.

Entrevistei centenas de pessoas ao longo de alguns meses.

No final daquele ano terminou o estágio. No começo de 1986 sai de férias e fui com alguns amigos “mochilando” para Machu Piccho - Perú. Pegamos um ônibus do Rio de Janeiro para Corumbá – MT, atravessamos a fronteira a pé e entramos no Trem da Morte para Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

De Santa Cruz fomos para La Paz e de lá para Machu Piccho. Resolvemos esticar a viagem para Lima, no Perú, mas naquela altura o dinheiro estava acabando e as férias também. Telefonei para meu pai pedindo ajuda.

“Não vou pagar uma passagem comercial”, avisou meu pai, mas como ele era oficial da FAB, conseguiu um voo da Força Aérea Peruana que me levou de Lima no Perú para Assis Brasil, no Acre – uma hora e meia de voo.

No meio da viagem uma tempestade tropical nos forçou a pousar numa pista de terra, num lugarejo no meio do nada em plena floresta Amazônica, onde tivemos que pernoitar até poder seguir viagem na manhã do dia seguinte.

Os passageiros do avião, civis em sua maioria, ficaram perambulando pelo vilarejo. Então, notei uma senhora que me pareceu familiar. Sou bom fisionomista, mas péssimo para lembrar nomes, senti que a conhecia de algum lugar, mas não lembrava de onde.

Conversa vai, conversa vem, descobri que a havia entrevistado no Aeroporto Internacional do Galeão no ano anterior, para aquela pesquisa que mencionei acima. Caramba, que coincidência!!! Encontrar aquela pessoa “desconhecida”, no meio da Amazônia.

Não para por aí. Quase 37 anos depois, em junho de 2022, fui contratado como assessor do presidente do BNDES – Gustavo Montesano – para contribuir com a melhoria da governança de supervisão da FAPES (fundo de pensão da empresa).

Da minha sala no escritório do BNDES em São Paulo costumo conversar com os funcionários que ocupam estações de trabalho bem em frente da porta, sempre aberta. Entre eles, a Dona Lúcia, uma simpática telefonista que está no BNDES desde 1977.

Semana passada durante uma dessas conversas, perguntei se ela era de São Paulo e ela respondeu que era de Corumbá – MT. Falei, então, que eu havia passado por Corumbá nos anos 80, contei minha aventura para Machu Piccho e depois Lima.

Ouvindo minha história ela disse que já havia estado no Perú e também na Amazônia. Tive uma estranha sensação e perguntei: “a senhora já viajou em algum avião da Força Aérea Peruana?”. E ela: “já viajei sim”. Pois é, reencontrar a Dona Lúcia quase quatro décadas depois, seria uma nova coincidência ou uma incrível continuação da anterior?

O que são as coincidências?

Diante de uma coincidência, a frase mais ouvida é: “Qual a chance disso acontecer”?

Uma coincidência não é apenas algo cuja ocorrência é improvável. A caixinha de surpresas que rotulamos de “coincidência” está cheia de uma incrível variedade de experiências - totalmente diferentes umas das outras. Mesmo assim, algo além da raridade nos compele a agrupa-las numa mesma categoria de eventos.

Elas têm a mesma textura, um sentimento de que aconteceu uma dobra no tecido da vida, uma sensação de conspiração do universo, do espaço e do tempo.

A pergunta é: de onde vem esse sentimento? Por que nos chama a atenção? Por que notamos determinadas maneiras que nossas vidas colidem com os acontecimentos e ignoramos outras?

Alguns diriam que é porque as pessoas não entendem de probabilidade. Num paper de 1989 intitulado Methods to Studying Coincidences, os matemáticos Persi Diaconis e Frederick Mosteller pensaram em definir coincidência como “um evento raro”.

Porém, concluíram que uma definição assim seria demasiadamente ampla para permitir um estudo mais cuidadoso. Então, decidiram definir coincidência como:

“Uma confluência surpreendente de acontecimentos, percebidos como significativamente relacionados, sem conexão causal aparente"


A matemática das coincidências

Sob o ponto de vista puramente matemático, os eventos de uma coincidência são aleatórios, sem nenhuma relação significativa e não deveriam causar tanta surpresa porque acontecem o tempo todo.

Eventos extremamente improváveis são comuns, explica o estatístico David Hand em seu livro “The Improbability Principle”. O que acontece, de forma geral, é que os seres humanos no dia a dia não são muito bons em raciocinar sobre probabilidade de forma objetiva.

Por um lado, as pessoas são bastante liberais em rotular uma situação como coincidência. Quando você conhece alguém que faz aniversário no mesmo dia que você, isso é considerado uma coincidência divertida. O mesmo vale se for o dia do aniversário da sua mãe ou de um irmão e não faz muita diferença se isso acontecer um dia antes ou depois do aniversário.

Há diversas datas de aniversário que podem chamar nossa atenção pela coincidência. No entanto, somos 7 bilhões de bípedes pensantes no planeta e de acordo com a Lei dois Grandes Números, com uma amostra grande o suficiente a chance de encontrar na Terra pessoas com datas de aniversário iguais não deveria ser nada surpreendente

Se uma grande quantidade de pessoas joga na Mega-Sena, haverá um vencedor. Para quem ganha é algo inusitado, um milagre, mas o fato de alguém ter ganhado não surpreende o resto, que não ganhou.

Mesmo dentro do limitado ambiente que circunda nossas vidas, há toda uma gama de oportunidades para as coincidências acontecerem. Considerando todas as pessoas que você conhece e todos os lugares que você frequenta e que elas frequentam, existe uma boa chance de você esbarrar em algum momento com alguém conhecido.

Ainda assim, parece uma coincidência quando acontece. Quando uma surpresa dessas ocorre, não pensamos em todas as vezes que poderia ter acontecido, mas não aconteceu. Se incluirmos, então, as vezes em que quase aconteceu – você e um amigo estiveram no mesmo lugar, no mesmo dia, mas em horários diferentes – o número de possíveis coincidências fica bem maior.

A coincidência está nos olhos de quem as vê

Para provar como os eventos improváveis são comuns, os matemáticos costumam usar o chamado problema dos aniversários.

Quantas pessoas precisa haver num quarto para que a chance de duas delas fazerem aniversário no mesmo dia ser maior que 50%? A resposta é: 23 pessoas.

Mas as pessoas não pensam nesses termos. Elas não pensam na chance dessa coincidência acontecer com qualquer um no quarto. As pessoas pensam: “... qual a chance disso acontecer comigo, aqui e agora?”, diz Bernard Beitman, um psiquiatra autor do livro Connecting With Coincidence.

Torna-se, então, praticamente impossível calcular a probabilidade de acontecerem coincidências mais complicadas do que datas de aniversário.

“Uma coincidência em si está nos olhos de quem a vivencia”, diz o professor de riscos da Universidade de Cambridge, David Spiegelhalter. Se um evento raro acontecer numa floresta e ninguém notar, ninguém se importar, não será de fato uma coincidência.

Há algo além da matemática nas coincidências?

O Prof. Spiegelhalter coleciona coincidências desde 2011, já catalogou mais de 5.000 histórias reais. As histórias foram separadas por categoria (gráfico abaixo), mas seria preciso uma mineração de dados (textos) para uma análise mais detalhada.

Minha história cai na categoria “encontrar uma ligação com alguém que você conheceu”. Mas se trata de um tipo diferente de conexão, diferente de ter vivido na mesma casa que alguém ou algo assim. É uma conexão muito forte, não é tipo: os dois estiveram na Amazônia Peruana na mesma época e lembram disso depois de tanto tempo.

O mais doido não é ter estado no mesmo avião militar que alguém e depois de 40 anos trabalhar no mesmo lugar que a pessoa, mas sim de ter descoberto isso.

E se eu não tivesse contado a história das minhas férias em Machu Piccho? E se a mesa da Lúcia fosse do outro lado do andar? Ainda assim a coincidência estaria presente ali, mas oculta. Sem saber, eu estaria separado por alguns metros da pessoa que esteve comigo na aventura da Amazônia.

A coincidência teria ocorrido fisicamente, sem ninguém notar. O surpreendente não é que essas coisas aconteçam, é que as notamos. A Teoria das Coincidências do Prof. Spiegelhalter é que as coincidências acontecem com determinadas pessoas.

Em seu estudo, o psicanalista da Universidade de Virginia, Bernanrd Beitman, descobriu que certas personalidades são mais propensas a experimentar coincidências: pessoas que se consideram religiosas ou espirituais, pessoas mais sensíveis na busca de significado e pessoas que costumam relacionar informações do mundo exterior à suas próprias experiências.

Pessoas mais reservadas não costumam notar as coincidências. Diferente daquelas que costumam falar com todo mundo (“euzinho” aqui) no ônibus, no elevador, com o caixa do supermercado, para as quais as conexões surgem mais frequentemente.

Beitman que é inglês, portanto reservado, diz que as coincidências acontecem o tempo todo, mas é preciso nota-las. Ele conta que aos 8 ou 9 anos de idade perdeu seu cãozinho, foi a delegacia de polícia perguntar se alguém encontrou, mas ninguém havia visto o animal. Chorando muito, pegou o caminho errado na volta para casa e ... lá estava seu cachorrinho. Foi assim que se interessou por coincidências.

Para Beitman, probabilidade não é o bastante para explicar as coincidências. A estatística, diz ele, pode descrever a chance de acontecer, mas não vai muito além disso. Aleatoriedade, completa Beitman, não é suficiente para explicar as coincidências, há algo mais nisso do que percebemos.

O Psicanalista Suíço, Carl Jung, também pensava assim. Jung surgiu com uma explicação alternativa. Para ele as coincidências eram eventos cujo significado não podiam ser explicados apenas por causa e efeito. Deveria haver outra força fora da causalidade para explica-las, a que ele chamou de “sincronicidade” e descreveu no livroSynchronizität als ein Prinzip akausaler Zusammenhänge, de 1952 como “Princípio da Conexão Acausal”.

Para Jung as coincidências são produzidas pela força da sincronicidade e podem ser consideradas um vislumbre de outra de suas ideias – o unus mundus ou “um mundo único”. O unus mundus de Jung é a teoria de que existe uma ordem subjacente e uma estrutura unificada da realidade, uma rede que conecta tudo e todos a partir da qual tudo emerge e para a qual tudo retorna.

A sincronicidade não explicaria apenas as coincidências, mas também a telepatia e fantasmas. Os estudos mostram que as pessoas mais propensas a acreditar em coincidências são também as mais propensas a acreditar em forças ocultas. Esse é o problema em tentar encontrar uma explicação mais profunda para as coincidências que vá além da aleatoriedade – pode rapidamente descambar para paranormalidade.

Fora do domínio da ciência

Beitman, assim como Spiegelhalter, classificou as coincidências, mas criou categorias mais amplas indo além dos eventos que tem origem no mundo exterior e incluiu aqueles que surgem de sentimentos e pensamentos

A categoria que mais chama a atenção de Beitman é a dos acontecimentos que ocorrem em nossa mente e extravasam para o mundo exterior, que ele chamou de “simultaneopatia”. O termo cunhado por ele descreve um sentimento, dor, reação ou emoção de alguém que está distante.

“Em 2021 meu pai de 88 anos foi internado às pressas no HFAB – Hospital da Força Aérea Brasileira em São Paulo. Ele tinha Parkinson há anos e estava com pneumonia dupla. Quando deu entrada por volta das 18:00 horas do dia 24 de julho na UTI, já estava inconsciente e muito debilitado.

Era uma sexta feira. No dia seguinte, depois da internação, fui para São Jose dos Campos e dormi na chácara onde minha mãe e ele moravam, para dar apoio a ela.

No sábado à noite, por volta das 22:00 horas, estávamos na sala conversando com minha mãe quando de repente ela ficou branca e numa ânsia, vomitou. Limpamos tudo, a colocamos para dormir e junto com minha esposa fomos para o quarto.

Às 22:30 horas do próprio sábado o hospital telefonou para meu celular, era da UTI dando a notícia de que meu pai havia falecido por volta das 22:00 horas.

Muitas pessoas têm experiências assim e é aqui que começamos a deixar o reino da ciência e entrar no reino do sobrenatural. É notável como as coincidências entelaçam esses mundos.

Não seria justo rotular as pessoas que enxergam significado nas coincidências como irracionais. O processo pelo qual percebemos as coincidências fazem “parte de uma ampla arquitetura cognitiva, desenhada para que o mundo a nossa volta faça sentido”, diz Magda Osman, uma professora adjunta de psicologia na Queen Mary University, em Londres.

Gostamos de padrões, procuramos por eles em todo lugar porque através deles podemos entender e de certo modo, controlar o mundo. Se toda vez que você mexe num interruptor uma luz acende, você entende que o interruptor controla a lâmpada.

Quando uma pessoa enxerga um padrão numa coincidência, não podemos contra argumentar afirmando com toda certeza que se trata apenas de um evento aleatório. Da mesma forma, não se pode assegurar que exista um mecanismo de causa e efeito nele porque para afirmar isso, teríamos que ser capazes de conhecer o mundo perfeitamente, diz a Profa Magda Osman.

No final acaba dependendo daquilo em que você acredita. De um lado a aleatoriedade, do outro Deus e na grande zona intermediária as “coincidências suspeitas”. Como diz Thomas Griffiths, Prof. de Psicologia e Ciência Cognitiva na Universidade da Califórnia – Berkeley, descrevendo uma mera coincidência:

“Para mim, uma parte chave do que torna algo uma coincidência é que ela cai entre dois reinos: o da certeza de ser falso e o da certeza de ser verdadeiro”. Se uma coincidência suspeita, de determinada natureza, começa a acontecer com certa frequência algo incerto pode se transformar em certeza.

É assim que surgem as descobertas cientificas – “Humm, todas essas pessoas com cólera parecem estar bebendo agua do mesmo poço” – mas é assim também que surgem as superstições – “Toda vez que uso meias coloridas tenho excelentes reuniões no conselho deliberativo”.

Você pode ficar nessa zona intermediária entre a suspeita e a certeza. Isso não é muito diferente das coincidências que se apresentam como evidencia de que existe algum tipo de princípio oculto de ordenamento da realidade – ainda que desconhecido. As conexões que tem algum significado parecem ter sido criadas de proposito, por alguma razão, mesmo que essa razão não possa ser explicada.

Ou como diz Beitman: “As coincidências nos alertam para os mistérios escondidos à plena vista de todos”.

Ninguém é capaz de provar que existe algo por trás das coincidências, mas é definitivamente impossível provar que não há. Então, não sobre muito mais a dizer.

O lugar que você se posiciona no espectro das tentativas de explicar as coincidências, provavelmente dizem muito mais sobre você do que sobre a realidade.

* * * * * *



Só para constar, eu e Dona Lúcia fizemos uma aposta na Mega-Sena da virada de 2022 – 2023. Se ganharmos o quase meio bilhão $$$ do prêmio acumulado, nossos caminhos terem se cruzado duas vezes terá sido mais do que mera coincidência, mas isso eu conto para vocês outro dia ...

 

Grande abraço,

Eder.

 


Fonte: Coincidences and the Meaning of Life, escrito por Julie Beck

 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

TE CONTEI? PERGUNTAS PARA A GENZ FAZER NUMA ENTREVISTA DE EMPREGO EM 2023 PARA SABER SE A EMPRESA MERECE TE CONTRATAR

 



De São Paulo, SP.


 

O QUE ESTÁ ACONTECENDO:

De acordo com o "Department of Labor Statistics" do Ministério do Trabalho dos EUA, os americanos tem hoje em média 12 empregos ao longo da vida. Entrevistas de emprego são avaliações de mão dupla, mas 99% dos candidatos não aproveitam a oportunidade, só respondem e não fazem perguntas. Geralmente os entrevistadores te dão 5 – 10 minutos para perguntas. Antes da sua próxima entrevista, escolha 3 perguntas que você “não pode deixar de fazer” e 2-3 que você pode fazer se tiver tempo, dentre aquelas abaixo. Te garanto que você vai pegar de surpresa o entrevistador.


 

POR QUE ISSO É IMPORTANTE:

Pergunte ao entrevistador: 1) Avance o filme um ano: olhando para trás nessa contratação, o que a pessoa contratada fez para exceder todas as expectativas?; 2) Qual foi a coisa mais inesperada que você aprendeu trabalhando aqui?; 3) Por que essa posição está aberta?; 4) Quem não seria uma boa escolha para trabalhar nessa empresa?; 5) Quais metas seu gestor definiu para você nos próximos seis meses e como essa contratação pode te ajudar a atingi-las?; 6) Quantas pessoas ocupando a posição que está sendo contratada, foram promovidas para posições mais sêniores?; 7) Você pode me falar de situações em que alguém foi encorajado a atuar fora do job description?; 8) Você pode me guiar pelos objetivos e projeções da empresa para os próximos 12 meses? A entrevista é uma oportunidade para você saber o que é sucesso para a empresa e como você pode se preparar para alcança-lo. Ouvir a experiência profissional do próprio entrevistador pode fornecer insights sobre a equipe e a empresa. Saber se o antigo ocupante da vaga pediu para sair ou foi demitido é crítico para entender a razão da posição estar aberta. Entrevistadores focam no perfil que se encaixe na vaga, inverter o roteiro ajuda você a descobrir aqueles que não se encaixam. Saber as perspectivas de promoção da posição permite antever as chances de crescimento na empresa.


 

CONCLUSÃO:

Vivemos tempos de muitas mudanças e rápidas transformações no ambiente corporativo. Antes de pular numa vaga de emprego você precisa entender onde a empresa está e para onde ela vai. Se a entrevista não puder te fornecer projeções nem te dar uma boa visão de futuro, não contrate a empresa ... mesmo que ela queira te contratar.


Grande abraço,

Eder.

 

Fonte: 9 unique questions that will help you land more job offers, escrito por Austin Belcak

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

TE CONTEI? PERGUNTEI PARA O CHATGPT COMO A ECONOMIA DIGITAL IMPACTARÁ OS FUNDOS DE PENSÃO

 



De São Paulo, SP.

 

O QUE ESTÁ ACONTECENDO:

ChatGPT é um programa de computador baseado em Inteligência Artificial. Tenta simular um ser humano nas conversas com pessoas de verdade sendo capaz de escrever músicas, posts, scripts de televisão e até elaborar softwares. Criado pela firma OpenAI, a versão demo atraiu mais de 1 milhão de usuários só na 1ª semana em que foi disponibilizado ao público. O ChatGPT admite seus próprios erros, desafia premissas incorretas e rejeita perguntas inapropriadas.

 

POR QUE ISSO É IMPORTANTE:

Memorandos internos e gravações obtidas pelo New York Times mostram que acendeu uma luz vermelha na Alphabet, pois o ChatGPT representa uma enorme ameaça ao futuro de mecanismos de busca como o Google. O Business Insider reporta que o ChatGPT pode evitar que os usuários cliquem em links com anúncios do Google, que geram atualmente US$ 208 bilhões por ano, o equivalente a 81% da receita total da Alphabet (dona do Google). Perguntei para o ChatGPT se a economia digital vai impactar os fundos de pensão. Veja acima (em inglês) o que ele respondeu. Se você quiser bater um papinho com o ChatGPT, use esse link aqui: https://openai.com/blog/chatgpt/

 

CONCLUSÃO:

Pois é, se até o Google – O GOOGLE!!! - está à beira da disruptura pelas inovações trazidas por novas tecnologias, me diz aqui nos comentários: na sua opinião, qual vai ser o futuro dos fundos de pensão?


Grande abraço,

Eder.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

“NÃO SE PODE RESOLVER PROBLEMAS USANDO O MESMO TIPO DE PENSAMENTO QUE USAVAMOS QUANDO ELES FORAM CRIADOS”





De São Paulo, SP.


A frase do título, atribuída a Albert Einstein, se torna de extrema relevância num mundo em rápida transformação.


Raymond Kurzweil - Diretor de Engenharia do Google - previu que no Século XXI experimentaremos em 100 anos uma evolução equivalente a 20 mil anos!

Se Ray estiver certo, os fundos de pensão - da forma que os conhecemos - serão varridos do mapa, porque em milhares de anos nada se mantem igual.

Mas afinal, qual ou quais mudanças em curso são indícios de que os fundos de pensão se tornarão obsoletos como mecanismo para garantir um futuro financeiro mais seguro?


A despeito de não haver uma resposta única para essa questão, inegavelmente, qualquer mudança no futuro do trabalho tem potencial para afetar os planos de previdência complementar corporativos.


Escritório: um local para fazer coisas que não importam

E-mail, laptops, smartphones, intranets, computadores, enfim, a era digital está em todo lugar. Olhando as estatísticas, seja no curto ou no longo prazo, nota-se que o resultado por funcionário aumenta a cada ano, mas o ritmo da mudança não vem se alterando favoravelmente.


A tecnologia tem causado revoluções, mas nada tem feito para mudar o gradiente da produtividade no local de trabalho. A produtividade nos escritórios vem crescendo vagarosamente, mas a velocidade vem desacelerando ano após ano. (gráfico abaixo).




Quanto mais coisas temos capacidade de fazer nos escritórios, mais fazemos coisas que não precisam ser feitas.


Investimos tempo otimizando coisas sem importância, atingimos KPIs que não contribuem para nada, usamos a tecnologia para expandir o trabalho e faze-lo caber no tempo que temos disponível. Quem já não:

  • Participou de reuniões ruins, com um monte de gente na sala, que não produzem resultado algum;

  • Gastou horas aperfeiçoando um deck de slides em PowerPoint que nunca foi apresentado;

  • Trabalhou numa ideia que ninguém gostava muito, mas todo mundo disse “ok” por causa do Paradoxo de Abilene (ver texto final do artigo);

  • Compilou dados infindáveis para preparar relatórios semanais que ninguém lê.


A tecnologia mudou tanta coisa que fazemos, que pensamos que estaríamos trabalhando hoje apenas um punhado de horas por semana, quando na verdade estamos trabalhando mais arduamente do que jamais trabalhamos.


As revelações do COVID-19 vão muito além do trabalho remoto

Passada a pandemia e com uma recessão chegando, pensaram as empresas, vamos fazer as pessoas voltarem para os escritórios.


Não é o que mostram as estatísticas. O gráfico abaixo, produzido pelo The Economist em parceria com a CBRE, sinaliza que as coisas só estão piorando.




Diferente de um copo que pode estar meio cheio ou meio vazio e mesmo assim ter valor, um edifício comercial com espaços de escritório não pode.


Mas o ponto nem é esse. O lockdown de 2020 não apenas mostrou que a maioria dos trabalhos dos escritórios poderia ser feito remotamente, mas expôs que muitos trabalhos não eram necessários.


Seja lá o que Elon Musk esteja querendo provar, a experiência no Twitter mostra que a empresa pode ser administrada com uma força de trabalho significativamente menor.


Assim que assumiu o controle, Elon começo a demitir empregados. Em pouco tempo 70% dos empregados do Twitter tinham sido mandados embora. Muitos previram que o Twitter não sobreviveria, mas sobreviveu.


A decisão de Elon Musk está causando ondas de impacto através das empresas de tecnologia, com investidores forçando tanto pequenas como grandes empresas a cortar mais e mais posições de trabalho.


Será que esses investidores e o próprio Elon vão se arrepender? Talvez, mas somente depois de terem demitido um montão de empregados e ver quantos deles são realmente necessários.


Para onde vão os escritórios? Para lugar nenhum, escritórios não podem ser mudados de lugar, mas podem ficar mais vazios.


O efeito de primeira ordem do trabalho remoto são escritórios mais vazios. O efeito de segunda ordem são empresas enxutas. O efeito de terceira ordem é uma explosão de desigualdade e de oportunidades, mas isso é outra história.


O Paradoxo de Abilene

Numa tarde quente, em visita à cidade de Coleman, no Texas - EUA, uma família está confortavelmente jogando dominó na varanda da casa. Então, o sogro do dono da casa sugere um passeio à cidade de Abilene que fica a 85 km de distância, para jantar.


A esposa diz, "parece uma boa ideia". O marido, apesar de ter algumas reservas quanto ao calor e a distância, imagina que sua opinião pode estar em desacordo com o sogro e diz: "por mim tudo bem", vira para a esposa e complementa: "apenas espero que sua mãe queira ir".


A sogra então diz "claro que eu quero ir. Há muito tempo que não vou a Abilene". A viagem é longa, empoeirada e quente. Quando chegam no restaurante, a comida é tão ruim quanto a viagem. Eles chegam de volta em casa quatro horas depois, exaustos.


O genro fala desonestamente: "foi uma bela viagem, não foi?" A sogra diz que, na verdade, ela preferia ter ficado em casa, mas concordou em ir já que os outros três estavam tão entusiasmados. No que o marido diz: “não me agradou fazer isso, só fui para agradar vocês."


The Abilene Paradox and other Meditations on Management foi enunciado por Jerry B. Harvey, professor da George Washington University, especialista em gestão organizacional.


Nesse paradoxo, um indivíduo toma decisão baseando-se na suposição de que o grupo vai agir de uma certa forma. Este indivíduo contrariou a sua vontade em função do grupo, para obter aceitação ou para não sofrer censura.

Não ocorre comunicação alguma, pois o indivíduo tem certeza que avaliou corretamente as intenções dos outros integrantes do grupo. O paradoxo é que esta mesma situação ocorre com todos os indivíduos do grupo.


O Paradoxo de Abilene explica porque os conselhos deliberativos não priorizam a busca urgente pelo futuro dos fundos de pensão. Cada membro do conselho acha que isso não é importante para os demais conselheiros, nem para a patrocinadoras, nem para os participantes, nem para ninguém ...

 

Grande abraço.

Eder.

 

 

Fonte: Zucked and Musked, escrito por Dor Poleg | How can we work better in the digital age, escrito por Tom Goodwin.

 

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

TE CONTEI? A MAIORIA DOS CONSELHEIROS TEM UMA VISÃO ERRADA SOBRE O FUTURO DOS FUNDOS DE PENSÃO

 



De São Paulo, SP.


O QUE ESTÁ ACONTECENDO:

As pessoas não entendem “disruptura”, acham que é sobre tecnologia. Um exemplo clássico de que não, é a rede multinacional Sueca IKEA, que vende moveis residenciais. Eles causaram disruptura ao desafiar a premissa de que as pessoas só compram itens já montados e prontos. Ao dizimar os custos de entrega, a IKEA mudou profundamente a economia do negócio de venda de móveis. Outro exemplo, a Nespresso, desafiou a ideia de que as pessoas não pagariam 10 vezes mais para ter café em casa, desde que fosse muito melhor. O AirBnB desafiou a crença de que as pessoas não dormiriam na casa de estranhos, o Uber de que ninguém entraria no carro de um desconhecido, a Amazon desafiou a ideia de que as pessoas não comprariam algo que não pudessem tocar antes e por aí vai. Disruptura tem a ver com imaginação, criatividade, empatia, saber quais regras podem ser quebradas. A tecnologia, claro, viabiliza a disruptura, mas não as causa por si só. Precisamos imaginar qual disruptura mudará o jogo dos fundos de pensão e qual significa simplesmente o uso de tecnologia moderna.    


POR QUE ISSO É IMPORTANTE:

Quando confrontados com a constante flutuação das prioridades, um foco prolongado e planejamento – dois drivers essenciais para mudança do modelo de negócios dos fundos de pensão – parecem impossíveis. O que era importante as 10:00 a.m. torna-se irrelevante as 2:00 p.m., mas há esperança. Construir o futuro é uma opção, agnóstica do seu ambiente externo. Não importa o quão caótico e mutável é seu dia-a-dia, todo mundo é capaz de construir janelas a cada instante para perseguir seu objetivo. Não há ambiente mais imprevisível e hostil, com mudanças a cada segundo, não em horas ou dias, do que aquele em que operam os US Navy SEALs, força de elite da marinha dos EUA. Eles são treinados para buscar certeza, mesmo que seja uma janela de apenas cinco minutos – para superar o caos e executar sua missão. Quando Marcus Luttrell, ex- Seal, se viu ferido e incapaz de andar - abatido atrás das linhas inimigas – ele optou pela certeza. Ele não sabia se escaparia, mas sabia que se riscasse uma linha na areia na sua frente, conseguiria reunir forças para rastejar além daquela linha. Por quilômetros ele repetiu isso. Riscar uma linha, rastejar, passar a linha, até que eventualmente foi resgatado. Os conselhos dos fundos de pensão podem fazer o mesmo.

 

CONCLUSÃO:

Conforme disse certa vez Thomas Carlyle, matemático e ensaísta Escocês: “Sem pressão, sem diamantes”. Temos que assegurar que os fundos de pensão não serão esmagados pelas pressões do nosso tempo, mas temos que trabalhar para que sejam fortalecidos por elas e venham a emergir mais adiante, reformatados.


Grande abraço,

Eder.


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