De São Paulo, SP.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
Em 1930 o sindicato dos músicos americanos gastou o equivalente a
US$ 10 MM numa campanha para fazer as pessoas assistirem filmes mudos com música ao
vivo, ao invés de filmes falados com trilha sonora. Na época dos filmes mudos os cinemas
empregavam músicos locais para tocar durante as cenas, mas assim que os filmes
ganharam trilha sonora, a música ao vivo tornou-se desnecessária. A implicação econômica
foi enorme. Em 1927 os cinemas americanos e canadenses empregavam em torno de
24 mil músicos. Então, surgiu “The Jazz Singer”, o 1º filme falado. Por volta
de 1930, algo como 7.200 músicos tinham perdido o emprego nos EUA, 30% do total
de antes dos filmes falados. Em cidades como Nova York e Cincinnati o
desemprego dos músicos atingiu 50% a 75%.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
Com o tempo, todos os cinemas eliminaram a música ao vivo, mas o advento
do filme com trilha sonora, discos e rádios fez o trabalho de criação musical
ganhar escala e não diminuir. Um século atrás parecia improvável que uma música
reproduzida sinteticamente, tocada sem alma, substituísse “musica real”, tocada
ao vivo. O crítico de música do Chicago Herald Tribune, Edward More, previu que
“os filmes teriam que evoluir muito até replicar a música ao vivo”, mas a
tecnologia disruptiva não procura necessariamente replicar os padrões e processos
anteriores. Discos e filmes falados tornaram a música mais barata e acessível
para mais pessoas, que não se importam com a diferença de qualidade em relação à
música ao vivo.
CONCLUSÃO:
A
história mostra que tendemos a subestimar a força das novas tecnologias para
fazer o trabalho tradicional ganhar escala. Em muitas profissões no campo da
criatividade, um no menor de pessoas é capaz de capturar uma fatia
maior do mercado, só que de um mercado que cresce exponencialmente. Assumimos
que isso não vai acontecer com a maioria das profissões, como atuários, mas há
evidencia em contrário. O futuro do trabalho e tecnologias como IA - que
permitem o tratamento de big-data - vão tirar trabalho dos atuários de fundos
de pensão da mesma forma que o cinema falado tirou dos músicos. Mas esse mundo
está ficando cada vez mais arriscado e a gestão de novos riscos nos planos de previdência e em outros setores vai criar oportunidades para os atuários e não faze-las desaparecer.
Fonte: Dror Poleg
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