segunda-feira, 16 de setembro de 2024

SOLUÇŌES REAIS DA CRYPTOECONOMIA SENDO CONSTRUIDAS NA WEB3. HOJE, UM EXEMPLO DE "DEPIN": SPACECOIN





De Sāo Paulo, SP.


Passaremos a dedicar um espaço do TECONTEI? para colocar os profissionais dos fundos de pensão na mesma página da comunidade mundial de crypto.

Com a ascensão do blockchain, cresce o interesse por soluções descentralizadas e anote aí, todos os segmentos da economia serão afetados por essa tecnologia.

Por isso, profissionais de previdência complementar | fundos de pensão precisam entender o que está acontecendo na economia da cryptografia e na Web3.

Apesar de ainda estar nos estágios iniciais, DePIN tem potencial para causar disruptura nos atuais modelos de infraestrutura em inúmeras áreas.

DePIN vem de Descentralized Physical Infrastructure Network – em português, seria algo tipo Rede de Infraestrutura Física Descentralizada.

As soluções baseadas em DePIN se propõem a alavancar o uso da tecnologia do blockchain para descentralizar o controle e a propriedade das redes de infraestrutura física tradicionais.

Quando nos referimos à redes de infraestrutura física no mundo real, estamos falando de redes de distribuição de eletricidade, transporte publico e transmissão de dados, que tem pertencido e sido controladas por instituições e organizações centralizadas.

Os projetos de DePIN procuram mudar isso, criando redes P2P – Peer to Peer (redes Pessoa-a-Pessoa) nas quais os indivíduos, contribuindo com recursos próprios, passam a compartilhar o controle da rede de modo descentralizado.

Da mesma forma que o Airbnb, múltiplos outros projetos centralizados na Web2 se beneficiaram, de modo bem-sucedido, do poder de comunidades.

Já os projetos de DePIN na Web3, buscam promover a participação ativa em comunidades fornecendo aos usuários autoridade para tomar decisões de modo descentralizado e com o uso de recompensas em cryptomoedas, que aumentam em valor junto com o crescimento do tamanho da rede.

Ser baseados em blockchain permite que os projetos de DePIN sejam mais transparentes, menos dependentes de uma autoridade única e menos vulneráveis a um ponto singular de falha.

Além disso, como os participantes do DePIN são reconhecidos como os tomadores de decisão coletiva, a comunidade é capaz de ser mais flexível e eficiente no gerenciamento da plataforma.

Em poucas palavras: DePIN tem a ver com tornar a infraestrutura mais inteligente e ágil, alinhando incentivos com seus usuários

 

Spacecoin - Internet descentralizada via satélite



Spacecoin é um projeto inovador de DePIN, ou seja, uma Rede de Infraestrutura Física Descentralizada, construída com uma constelação de nano-satélites para fornecer Internet confiável de alta velocidade.

Sua engenharia, alcance e impacto fazem deste o mais ambicioso projeto no blockchain atualmente. Lançado na primeira semana de setembro, durante a “Korea Blockchain Week 2024”, sua equipe inclui um general americano de quatro estrelas, um astronauta da NASA e um especialista em tecnologia lunar e espacial.



Uma constelação de nano-satélites do tamanho de aparelhos de micro-ondas, será lançada a partir do quarto trimestre-2024 na orbita baixa da Terra, criando uma rede global 5G com protocolo padrão aberto. A descentralização física removerá a dependência de autoridades centralizadas (governos e/ou empresas), reduzindo os riscos associados a censura e ordens de interrupção de serviços enquanto assegura cobertura até em regiões remotas.

O custo de manutenção de uma rede formada por satélites é uma fração daquele das redes tradicionais de fibra ótica e cabos”, explica Scott Hasbrouck, CTO - Chief Technology Officer da Spacecoin.

Eles (nano-satélites) são tão baratos, que são descartáveis, são desenhados para durar de três a cinco anos antes de serem completamente destruídos durante a reentrada na atmosfera”, explica Scott.

O que faz a rede de Internet via satélite da Spacecoin ser diferente das demais soluções que existem hoje é que:

  • Sua integração com a tecnologia blockchain utiliza contratos inteligentes para gerenciar a transmissão de dados “on-chain” (no blockchain) o que aumenta a segurança e transparência das operações via satélite; e
  • Por ser descentralizada, diferente por exemplo da Starlink, nenhum governo, organização ou empresa privada controla seu funcionamento.

Os usuários do serviço de Internet global via satélite poderão pagar pelo uso com cryptoativos, eliminando a barreira financeira tradicional – que requer uma conta em banco – permitindo o acesso a Internet em regiões sem infraestrutura bancária.

O impacto da Spacecoin vai muito além de apenas prover acesso à Internet. Ao facilitar o acesso aos serviços financeiros, a rede permitirá que milhões de pessoas sejam incluídas na economia global, em uma escala sem precedentes.

Ao usar a Internet da Spacecoin e pagar com cryptomoedas, os usuários estarão construindo no blockchain um perfil de crédito em nível global, abrindo acessibilidade financeira e oportunidades inimagináveis para o comercio e prestação de serviços no mundo todo.

Vantagens da descentralização

Tae Oh, fundador da rede de blockchain Creditcoin, na qual o projeto Spacecoin vai funcionar, diz que “um governo que controla as empresas de telecomunicação pode censurá-las, decidindo qual informação ou website um usurário poderá acessar”.

Tae continua, “queremos substituir isso por uma constelação de satélites que permita que qualquer pessoa faça parte da rede de infraestrutura”.

Advinha quais países Tae citou como exemplos de censura?  China e ... um país “onde a suprema corte, recentemente, negou acesso a 215 milhões de pessoas a uma plataforma de mídias sociais”.

Pois é!


Grande abraço,

Eder.


Opiniões: Todas minhas | Fonte: “What tis DePIN?”, escrito por Denny Park | “Spacecoin: Bridging the Digital Divide with Decentralized Satellite Internet”, escrito por Shelley Mae | “Spacecoin: A New Frontier for Decentralized Satellite Internet Connectivity”, webpage da Spacecoin


sábado, 14 de setembro de 2024

A VERDADE SOBRE O "BURNOUT" PODE SER TRANSFORMADORA



👉 “O BURNOUT NĀO É CAUSADO POR TRABALHAR LONGAS HORAS. ELE É CAUSADO POR TRABALHAR POR OBJETIVOS QUE VOCÊ NĀO ACREDITA, DEFINIDOS POR PESSOAS DE QUEM VOCÊ NĀO GOSTA"


👉 Assuma o controle da sua vida profissional e mude sua saude para sempre. Eis algumas maneias para você reassumir o controle:


1️⃣ Descubra sua paixāo;

2️⃣ Defina objetivos claros;

3️⃣ Cerque-se de pessoas inspiradoras;

4️⃣ Programe pausas regulares no trabalho;

5️⃣ Reflita com frequencia;


Grande abraço,

Eder.


Fontes: Dr. Martha Boeckenfeld | Blockchain Headhunter


sexta-feira, 13 de setembro de 2024

UMA STARTUP DE US$ 1 BILHĀO ESTÁ CAUSANDO DISRUPTURA NO MERCADO AMERICANO DE PREVIDÊNCIA E SEU FUNDO DE PENSĀO TAMBÉM PODE

 



De Sāo Paulo, SP.


Com mais de 110 milhões de americanos com idades acima de 50 anos – no Brasil são 55 milhões –não é surpresa que um grupo de ex-alunos de Princeton esteja chacoalhando o setor de previdência complementar.

O objetivo de negócio deles?

“Ajudar as pessoas a tomarem decisões financeiras mais inteligentes”

Como eles fazem

O serviço, GRÁTIS, foca em melhorar o benefício de aposentadoria das pessoas. A ferramenta da SmartAsset requer meros cinco minutos do seu tempo e torna mais fácil achar assessores financeiros qualificados na área que você mora.

Basta responder algumas perguntas usando uma interface bem interativa e eles indicam até três profissionais certificados, aprovados por um rigoroso processo proprietário de verificação.

Diferente de gerentes de banco, corretores de bolsa de valores e agentes de seguros, os assessores fiduciários indicados são legalmente obrigados a trabalhar no melhor interesse financeiro do cliente.

Os “assessores financeiros fiduciários” devem divulgar aos clientes quaisquer potenciais conflitos de interesse e são rigorosamente selecionados pela SmartAsset por meio de um processo de due diligence, desenvolvido pela empresa.

Por que conversar com um assessor financeiro?

Os planos de previdência complementar que existem no mercado não ajudam o participante na fase de “desacumulaçāo”, ou sejam a fase de recebimento do beneficio, eles simplesmente delegam para as pessoas a gestão individual de suas rendas de aposentadoria.

Cabe ao aposentado decidir quanto retirar mensalmente da poupança acumulada e em muitos planos, como o saldo remanescente deve ser investido. Isso significa que seu plano pode deixá-lo sem dinheiro suficiente para uma boa parte do período de sua aposentadoria.

As pessoas não são experts em investimentos e se deixam levar pelas emoções. É comum venderem quantidades expressivas de seus investimentos em momentos de baixa do mercado e nunca mais recuperam essas perdas, pois removem a chance de valorização futura.

Os estudos mostram que as pessoas que trabalha com um assessor financeiro se sentem mais confortáveis em gerir suas finanças e chegam a obter até 15% a mais de dinheiro para gastar na aposentadoria.



No exemplo acima a Vanguard - um dos maiores gestores de investimentos nos EUA – descobriu que, em média, um portfolio hipotético de $500 mil aumentaria para $3,4 milhões quando cuidado ao longo de 25 anos por um assessor financeiro, enquanto o valor esperado de uma gestão feita apenas pelo participante seria de $1,69 milhões, ou seja, quase 50% a menos.

Em outras palavras, um portfolio investido com ajuda de um assessor financeiro cresceria 8% anualmente ao longo dos 25 anos, comparado com um crescimento de 5% a.a. sem a ajuda especializada.

Apesar de 71% dos adultos americanos admitir que seu planejamento financeiro precisa melhorar, somente 29% deles trabalha com ajuda de um assessor especializado (estudo de 2020 da Northwestern Mutual).

Antes de surgir a brilhante ideia, fácil de usar e sem custo da SmartAsset, não era fácil comparar de forma rápida e simples propostas de assessores financeiros. Agora ficou fácil achar um com perfil adequado ao seu.

Conhecendo os participantes do fundo de pensão

Nos negócios muito pequenos, o dono conhece cada cliente. Por nome, por preferências, por volume.

Nos negócios enormes, softwares sofisticados, analistas de dados e a busca incessante por margem, empurram a organização para aumentar a receita.

A maioria dos negócios, incluindo organizações sem fins lucrativos, como fundos de pensão, ficam em algum ponto entre esses extremos.

Não vemos nosso cadastro de participantes como uma planilha, mas é isso que ele é. Talvez você saiba os nomes, endereços, e-mails, números de celular – o mais provável é que você preste atenção aos que reclamam mais.

A atenção do fundo de pensão fica distraída, porque os mais barulhentos não são a maioria ou os que tem saldo maior ou os jovens com saldo menor, mas que realmente importam no longo prazo.

Por isso, o surgimento de ferramentas baseadas em IA como caminho para conhecer melhor seus participantes, tipo o numerous.ai era inevitável. Vê-la funcionando, parece um milagre.



Você pode perguntar o seguinte para seu agente de IA:

  • Aqui está uma lista de e-mails. Adivinhe o primeiro nome de cada participante;
  • Aqui está uma lista de aportes adicionais recentes. Faça uma análise dos participantes que parecem projetar a renda de aposentadoria;
  • Aqui está uma lista de CEPs (códigos postais). Construa uma tabela ou gráfico mostrando onde nossos participantes estão agrupados;
  • Aqui esta uma lista de participantes dos nossos programas de educação financeira. Veja quais estão contribuindo pelo mínimo e como podemos contatá-los para ver o que está acontecendo?
  • Aqui está uma lista de participantes que não mudou de perfil de investimentos nos últimos 5 anos. Mostre quais estão no perfil mais conservador e tem idade igual ou menor que 35 anos.

Numa grande empresa como a Amazon, as análises dos clientes são todas usadas contra os clientes. Para identificar padrões voltados para extrair mais dinheiro através da publicidade, denegrindo a experiência do usuário (mas não o suficiente para fazer os clientes irem embora).

Numa empresa pequena ou num fundo de pensão, no entanto, podem ser uma disruptura. O resultado das análises pode ser usado em benefício do participante e dar uma vantagem competitiva para a organização se for usado por humanos. Para melhorar o benefício das pessoas que contam com você para isso.

Vale fazer um esforço e se o seu fundo de pensão não está fazendo isso, pode contratar um analista freelancer para fazê-lo.  

Ferramentas, ideias, caminhos para melhorar, não faltam.


Grande abraço,

Eder.


Opiniōes: Todas minhas | Fonte: SmartAsset | “Knowing your Customers”, escrito por Seth Godin.


quinta-feira, 12 de setembro de 2024

UM RETRATO GLOBAL DOS PROPRIETÁRIOS DE CRYPTO

 



De Sāo Paulo, SP.


A Binance, uma das maiores corretoras de cryptomoedas do mundo, fez uma radiografia dos usuários da Web3.

Para os não iniciados, usuários da Web3 são pessoas que formam a espinha dorsal do futuro das finanças, posto de forma simples, sāo os proprietários de cryptomoedas.

Eu entrei para a comunidade crypto em 2019, comprei alguns ativos digitais para testar e aprender como funciona o dinheiro digital. De lá para cá houve um aumento global dramático no número de pessoas que possuem cryptomoedas.

Os ativos digitais se tornaram parte integrante do ecossistema financeiro, mas ainda estamos nos primeiros dias desse movimento e como qualquer fenômeno global nascente, ainda há muita coisa que não sabemos.

Distribuição geográfica

Com 580 milhões de proprietários no mundo todo, as cryptomoedas deixaram de ser uma tecnologia de nicho e passaram a ser um instrumento financeiro tradicional.

A distribuição dos proprietários de cryptomoedas pelo globo nāo é uniforme, varia por país e região. A Ásia lidera em números absolutos, com 327 milhões de proprietários em 2024, mas é a América do Sul que exibe a maior taxa de crescimento, de 2023 para 2024 houve um aumento de 117% das pessoas que têm crypto em uma carteira digital (na Ásia o aumento foi de 22% e na América do Norte de 39%).

No quadro abaixo, dos 30 países com as maiores taxas de proprietários de cryptomoedas, o Brasil surge em 6º lugar com quase 18% da população.



Quem são as pessoas por trás da tela?

Uns 34% estāo na faixa etária de 25 e 34 anos, 61% são homens, 39% mulheres e 65% dizem que gostariam de usar as cryptomoedas para fazer pagamentos.

Os proprietários de cryptomoedas são mais instruídos, tem mais experiência em tecnologia e geralmente possuem origens socioeconômicas mais altas.

Em geral, são pessoas com nível superior que contam com cursos de graduação em áreas como tecnologia, finanças e engenharia e ocupam funções profissionais e posições gerenciais - principalmente em setores de TI, serviços financeiros e empreendimentos empresariais.

Estudos sugerem que muitos proprietários de cryptomoedas, apesar de mais abertos a assumir riscos, não procuram apenas ganhos financeiros, mas também estão interessados nos aspectos inovadores da tecnologia do blockchain.

Ou seja, são pessoas interessadas tanto nos potenciais retornos monetários para seus investimentos como em apoiar e participar de uma revolução tecnológica desde cedo.

Curiosamente, no contexto dos EUA, estudos mostram uma parcela maior de minorias étnicas do que da parcela de americanos brancos, entre os proprietários de cryptomoedas. Isso pode ser uma evidência de que os ativos digitais têm facilitado o acesso mais equitativo aos serviços financeiros. Eu chutaria que em Terras de Cabral isso tambem acontece.

 Uso das cryptomoedas

Uma pesquisa feita com sete mil pessoas na Argentina, Brasil, México, EUA, Hong Kong, Canadá e Emirados Árabes Unidos, mostrou o uso que os propretarios de cryptomoedas fazem delas.

De acordo com o estudo, as criptomoedas são usadas principalmente como veículos de investimento, com muita gente adotando uma abordagem de longo prazo, mantendo ativos em antecipação à valorização futura​. Alô previdência complementar, vai vendo de onde vem a disruptura …

Pagamentos

Há uma tendência crescente de uso de cryptomoedas para transações do dia a dia. Pesquisas indicam um forte interesse do consumidor em usar moedas digitais para pagamentos cotidianos, interesse esse impulsionado pelas taxas de transação mais baixas, tempos de processamento mais rápido e maior segurança cibernetica. 

Compra de produtos, de bens e serviços, viagens e até itens de alto valor são categorias comuns em que o pagamento com cryptomoedas vêm ganhando espaço.

 A conveniência de usar cryptomoedas para compras diárias é cada vez mais atraente para os consumidores e as empresas estão começando a reconhecer a vantagem competitiva de aceitar moedas digitais. 

Reserva de valor

Em regiões caracterizadas pela instabilidade econômica, as cryptomoedas são cada vez mais vistas como uma reserva de valor.

Na Argentina, onde a moeda é afetada pela hiperinflação, as cryptomoedas podem oferecer uma alternativa estável. O Bitcoin, frequentemente chamado de "ouro digital", é particularmente popular nesses contextos devido à sua natureza deflacionária e oferta limitada​.

Quem quiser ler o relatório completo da Triple-A pode usar esse link: aqui 


quarta-feira, 11 de setembro de 2024

PARECE QUE O ATRASO É A ÚNICA COISA QUE VAI PARA FRENTE EM TERRAS DE CABRAL

 


De Sāo Paulo, SP.


👉 O Ministério da Previdência Social, responsável em última instância pelas politicas publicas de previdência complementar, encaminhou ao Ministério da Fazenda há algumas semanas, sua proposta de regulamentação dos investimentos dos fundos de pensão.

👉 Quem está no setor conhece a legislação, eles querem revisar a Resoluçāo do Conselho Monetário Nacional no 4.994. Consta que o texto original da proposta partiu da PREVIC.

👉 Entre as principais alterações recomendadas pelos nossos tecnocratas de Brasilia, indo na contramão do mundo desenvolvido, está o seguinte:

“Vedaçāo expressa de investimentos em criptoativos de forma direta OU INDIRETA

👉 Isso atinge de morte os ETFs lastreados em ativos digitiais que no mundo inteiro tem sido lançados por gestores de ativos tipo BlackRock, JPMorgan, Goldman Sachs. Aqui no Brasil até o Banco do Brasil tem um fundo de investimentos lastreado em crypto. Mas tudo isso ficará proibido pelos burocratas de plantāo se a proposta deles vingar.

👉 Às vezes fico pensando 🤔 se o objetivo dessa turma nāo é acabar de vez com a previdência complementar corporativa e os fundos de pensão no pais.

👉 Acima uma comparação da evoluçāo da capitalização de mercado do Bitcoin (BTC) e do Ethereum (ETH) comparada às oito açōes de elite das bolsas americanas (fonte: Adil Ashfaq)

👉 Tire suas próprias conclusões e se quiser compartilhar coloque nos comentários. 🤗

Grande abraço,

Eder.

domingo, 8 de setembro de 2024

PORQUE A IA NĀO VAI MELHORAR A CX NEM A HIPER PERSONALIZAÇĀO NOS FUNDOS DE PENSĀO, SE CONTINUAR SENDO TREINADA COMO HOJE

 


De Sāo Paulo, SP.


Quem rodava programas de computador pelos idos de 1981, como eu fiz muito lá no Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ, conhece um velho adágio em tecnologia:

 “Entra lixo, sai lixo”

É uma outra maneira de dizer que se os dados usados para chegar em determinada solução forem ruins, o resultado será igualmente ruim.

A IA é uma ferramenta sofisticada para reconhecer padrões. Os sistemas de IA são capazes de identificar os padrões de comportamento dos consumidores e a partir daí, prever o que eles farão em seguida.

Mas se - e apenas se - tiverem sido treinados corretamente. A qualidade da IA Generativa depende das informações usadas para treiná-la e das pessoas que interpretam as informações que ela produz. 

As descobertas, então, são usadas para desenhar as novas soluções de experiencia do cliente (CX ou Client Experience). O problema é que as organizações não sabem aquilo que elas não sabem.

As organizações e os fundos de pensão, respectivamente, pensam que a experiencia do consumidor, a decisão de poupar para o futuro e a subsequente gestão da poupança, são processos eminentemente racionais. Não são.

As pessoas tomam decisões baseadas em quatro aspectos:

  1. A razão: isso é o que elas fazem: suas ações, o que compram, onde, quando, por que e como.
  2. As emoções: o que a experiencia delas as faz sentir. A emoção específica que elas sentem. Importante: elas não classificam as emoções apenas em positivas ou negativas.
  3. O subconsciente: a mensagem subliminar que elas estão recebendo da empresa. Por exemplo, um sistema automático diz “Sua ligação é importante para nós” e depois as deixa esperando 30 minutos. A experiencia subliminar revela a verdadeira natureza, mostra que o cliente não é tão importante. O cliente recebe essa mensagem subliminar pelo que a empresa faz, não pelo que ela diz.
  4. A ciência do comportamento: significa entender o comportamento das pessoas. Reconhecer que as pessoas/clientes não são lógicas e nem sempre tomam decisões racionais. O ponto chave é que existe uma grande diferença entre o que as pessoas dizem e o que elas fazem. Se você perguntar para as pessoas o que elas gostariam de comer, elas dirão que gostariam de ter salada como opção, mas a Disney sabe que as pessoas não compram salada em parques de diversão, elas compram cachorro-quente e hamburguer.

A maioria das ferramentas de IA é treinada com base em experiencias racionais, poucas incluem emoções nos dados usados para treinamento. Quase nenhuma treina a IA nas sutilezas da experiência subconsciente e na ciência do comportamento, o que é um grande erro”, diz Colin Shaw – CEO da firma de consultoria Beyond Philosophy LLC.

Fazendo um paralelo

No filme intitulado The Hitchhiker’s Guide to the Galaxy, baseado no livro homônimo escrito por Douglas Adams, pessoas em determinado planeta buscam respostas para uma questão existencial: 

Qual a origem da vida, do universo e de todas as coisas?

Para responder a pergunta, constroem um massivo computador chamado ‘Reflexão Profunda’. O computador começa, então, a resolver o problema.

Passados 7,5 milhões de anos, chega o grande dia no qual a resposta seria revelada. A população, em festa, se reúne para celebrar o grande acontecimento.

Reflexão Profunda informa a todos que a resposta sobre a origem da vida, do universo e de todas as coisas é: 42!



Como você pode imaginar, houve uma grande confusão e ninguém entendeu o que aquilo significava. 

O erro deles foi não entender o contexto da resposta”, explica Shaw em um instigante artigo sobre o futuro da experiencia do consumidor. O mesmo se aplica a IA.

A IA é capaz de identificar padrões de comportamento do cliente, mas as organizações não entenderão a resposta se não souberem qual é a experiência subconsciente dele ou como e porque as pessoas se comportam e tomam decisões que nem sempre são lógicas e sim emocionais.

Sem compreender os aspectos que levam as pessoas a tomarem decisões, quando uma organização estiver tentando criar uma nova experiência para o cliente e a IA fornecer 42 como resposta, ninguém vai entender.

A soluçāo?

Primeiro, entender três aspectos da experiencia do cliente: o que é uma experiência subconsciente, como as pessoas se comportam e como elas tomam decisões.

Isso significa entender profundamente sobre Ciência do Comportamento.

Depois, treinar a IA baseada nisso. Portanto, treiná-la usando dados sobre as emoções do cliente e princípios de economia comportamental.

Em 2023 escrevi um artigo - dividido em duas partes - explicando porque a educação financeira é insuficiente para levar as pessoas a poupar.

No artigo, escrevi o seguinte:

“O futuro dos fundos de pensão tem uma infinidade de soluções aparentemente irracionais esperando para serem descobertas, mas ninguém está procurando por elas porque todo mundo está muito preocupado com a lógica, para procurar em qualquer outro lugar”

Aqueles que abraçarem da forma correta as mudanças trazidas pela IA, colherão os benefícios. Aqueles que apenas implementarem IA porque todo mundo está implementando, ficarão pelo meio do caminho.

Qual dessas rotas sua organização, seu fundo de pensão, adotará?


Grande abraço,

Eder.


P.S.: O artigo que mencionei é intitulado “A curiosa ciência capaz de fazer mágia com marcas, negócios e redefinir o modelo de negócios dos fundos de pensāo”. Parte 1: aqui e Parte 2: aqui.


Opiniões: Todas minhas | Fonte: “The Future of AI in Customer Experience”, escrito por Colin Shaw.


ESTAMOS NA ERA DA “1ª REVOLUÇĀO DAS MÁQUINAS” E UM PONTO DE INFLEXĀO FOI ATINGIDO. QUAL A IMPLICAÇĀO PARA FUNDOS DE PENSĀO?

 


De Sāo Paulo, SP.


Vemos economistas e outros “pro” chamando os tempos atuais de 4ª Revolução Industrial. Particularmente, prefiro me referir a essa nova era como sendo a era da “1ª Revolução das Máquinas”.

A cada dia surge uma inovação surpreendente, mostrando que o segundo termo acima é muito mais apropriado do que atrelar as transformações tecnológicas, sociais e econômicas a um tempo em que o mundo caminhava a reboque das indústrias.

Isso já era!

Há cerca de dez dias, em 31 de agosto passado, a Coinbase – uma corretora de moedas digitais – fez um anúncio impressionante.

Pela primeira vez na história da civilização uma transação financeira foi feita entre duas máquinas de forma autônoma, sem interferência humana. Essa relação está sendo chamado de M2M, Machine-to-Machine ou em português: Máquina-para-Máquina.

A transação foi feita por dois agentes de IA usando tokens de IA que, diferente das cryptomoedas tradicionais, são sequências de caracteres alfanuméricos (letras, números e símbolos, em inglês, data strings) que podem ser compreendidos pelos modelos de LLM (Large Language Model).

Esse avanço pavimenta o caminho para a IA transacionar valores diretamente em redes de blockchain, como a Base, usando moedas digitais como a USDC (uma espécie de dólar digital).Veja por que esse é um passo gigante:

  1. Não são necessárias contas bancárias: Agentes de IA não podem abrir as tradicionais contas corrente em bancos e sem um método de pagamento, são incapazes de efetuar transações financeiras, mas, agentes de IA podem ter carteiras digitais (wallets) e moedas digitais | crypto guardadas nelas . Isso abre todo um novo mundo de possibilidades;
  2. Permite Txns instantâneas e globais: Txn é uma abreviação comum usada em vários contextos no setor financeiro. Nos bancos se refere a qualquer “transação” em uma conta corrente – depósitos, retiradas, pagamentos. Cada transação recebe um no único como referência. No mundo do blockchain e da cryptoeconomia se refere a transações de ativos digitais entre duas partes (wallets). Txns IA2IA ou transaçōes entre duas máquinas controladas por inteligência artificial, são infinitamente mais rápidas, sem fronteiras entre países e sem custo (de graça). Imagine o potencial de uma máquina controlada por IA fazendo autonomamente uma reserva de passagens aéreas ou de hotéis, comprando produtos para repor estoques etc;
  3. Evolução do Ecossistema de IA: A partir de uma IA capaz de concluir transações financeiras de modo autônomo e por delegação de humanos, ficamos a um passo de um futuro no qual a IA passa a ter papel significativo na economia. Passam a poder concluir transações financeiras entre duas máquinas, entre uma máquina e um ser humano, entre uma maquina e um site, loja comercial etc.



Integrar IA com moedas digitais é um ponto de inflexão na 1ª Revolução das Máquinas. “As redes de autorização delegada são algo relativamente novo e funcionam como uma camada que permite transações e investimentos financeiros por agentes de IA”, disse Aniket Jindal – Co-Fundador da Biconomy, uma das maiores corretoras de crypto do mundo em transações com Bitcoin.   

Implicações para fundos de pensão? Bem, vem por ai um mundo no qual os participantes delegarão para seus agentes de IA individuais a tarefa de escolher perfis, fazer a gestão dos investimentos, receber a renda mensal, fazer pagamentos, transferir recursos etc, em seu nome.

Assustador? Emocionante?


Grande abraço,

Eder.



Opiniões: Todas minhas | Fonte: “Coinbase just completed the 1st ever Crypto trade using AI“, escrito por Brandon Turp e “Coinbase sees first crypto transaction between AI agents”, escrito por Cyaran Lyons.


OS FUNDOS DE PENSAO NÃO DEVERIAM SER COMPARADOS COM BASE EM “QUANTO CUSTAM”, MAS SIM NO “VALOR QUE AGREGAM AO PARTICIPANTE”

 


De Sāo Paulo, SP.


Na última semana do mês passado, a PREVIC divulgou um relatório detalhado as despesas administrativas dos fundos de pensão brasileiros (capa abaixo).


No prefacio e no sumário executivo, respectivamente, lê-se (grifo meu):

A viabilidade econômica, bem como o gerenciamento eficiente das despesas administrativas são pontos de especial relevância para a qualidade e sustentabilidade da constituição das reservas financeiras e dos pagamentos de benefícios no Regime de Previdência Complementar Fechada (RPCF). 

Cumpre-se primeiramente apresentar dois conceitos abordados neste relatório...primeiramente o de viabilidade econômica ... sob essa ótica busca-se avaliar se o custo relativo à manutenção do plano ... é adequado. O segundo conceito se refere à eficiência operacional. Sob esta visão busca-se avaliar a qualidade da gestão ... 

Ao expor métricas tipo, despesas administrativas, taxas de gestão dos investimentos e custo médio por participante, uma das intenções da PREVIC é fazer com que os fundos de pensão se comparem uns com os outros.

As métricas permitem saber se um fundo de pensão está gastando mais ou menos, do que seus pares - com porte e complexidade semelhantes - para administrar o plano e fazer a gestão dos investimentos.

Coincidentemente, no dia 30 de agosto passado, li um artigo sobre uma das grandes discussões nesse momento no setor de fundos de pensão do Reino Unido.

A preocupação dos ingleses é com respeito ao que eles estão chamando por lá de VfM ou Value for Money. Nas palavras de Nina Blackett, Diretora Executiva Interina de Estratégias, Políticas e Análises do TPR – The Pensions Regulator (a PREVIC deles):

Queremos que o mercado de planos de contribuição definida seja um mercado competitivo e saudável ... queremos que o foco seja em valor genuíno – o retorno dos investimentos e os serviços recebidos, pelo preço pago – não apenas em custo, isoladamente.  



O assunto está em consulta publica e deverá virar lei em breve e valer tanto para os planos comercializados pelo equivalente deles às nossas entidades abertas (seguradoras) – que no Reino Unido eles chamam de “contract based schemes” – como para os planos dos fundos de pensão (“trust-based schemes”).

Nas palavras de Nina:

“Essa é uma das maiores revoluções nas políticas publicas de previdência complementar, desde a adesão automática”.

Tapando os buracos criados pela adesão automática

Graças à adesão automática, 80% dos trabalhadores do Reino Unido poupam para a aposentadoria em planos de previdência complementar corporativos.

São milhões de pessoas que trabalham duro e dependerão, em sua maioria, de planos de contribuição definida (CD) para ter um padrão de vida decente quando se aposentarem.

Grande parte deles não fez uma escolha ativa por poupar e bem mais de 90% desses participantes de planos CD, após incluídos no plano, permanecem na opção de investimentos default (padrão).

Isso significa que essas pessoas dependem das decisões de investimento que os conselheiros de seus fundos de pensão fazem em seu nome.

No entanto, boas decisões só podem ser tomadas pelos conselheiros com base em dados de boa qualidade. Dados que permitam entender como a performance do perfil de investimentos default do plano que supervisionam, se compara com a de outros planos semelhantes. 

Por isso, os órgãos de fiscalização da previdência complementar e do sistema financeiro britânicos, junto com o ministério do trabalho de lá, vem desenvolvendo desde janeiro de 2023 uma estrutura chamada VfM

Uma vez transformada em lei, a VfM vai requerer que os planos CD de previdência complementar:

  • divulguem publicamente - no mesmo formato e periodicidade - a performance de seus investimentos, taxas de administração e métricas sobre a qualidade de seus serviços;
  • usem esses dados para comparar sua performance contra a performance do mercado;
  • façam uma avaliação passo-a-passo seguindo um sistema de semáforo e reportem o VfM ou seja, o valor genuíno do retorno dos investimentos e dos serviços entregues aos participantes, pelo preço pago; e
  • como resultado dessa avaliação, adotem medidas para melhorar aquilo que oferecem aos poupadores.


Diferença da abordagem no Brasil x Reino Unido



Nota-se que a preocupação aqui no Brasil, quando a PREVIC elabora o estudo das despesas administrativas e de gestão dos investimentos, se concentra na viabilidade econômica dos fundos de pensão e de sua eficiência operacional.

Já o governo britânico, entende que o importante é avaliar o valor entregue ao participante pelo preço que custa o serviço. Essa é uma diferença significativa, pois faz o segmento inteiro de previdência complementar se afastar do foco em custo e se mover em direção ao valor entregue aos poupadores.

Ao fazer isso, o governo britânico fomenta uma competição eficaz entre as operadoras de planos de previdência complementar corporativos – seguradoras e fundos de pensão – facilita a escolha pelo empregado, reduz a quantidade de participantes com planos que entregam valor ruim e direciona o mercado de planos corporativos para melhoria contínua.

Mensurar qualidade é algo difícil, então, ainda é cedo para prever como a abordagem britânica vai se desenrolar. Seja como for, ficam várias lições para “nosotros”, a principal delas sobre a adesão automática. 

Isoladamente, a adesão automática coloca o trabalhador dentro de um plano de previdência, complementar corporativo, mas num mundo dominado por planos CD, isso não significa segurança financeira futura para as pessoas. 

Alô @PREVIC e @SUSEP, fica a dica. Se é para ter competição ente o mercado de planos de previdência complementar corporativo das seguradoras e dos fundos de pensão, que seja em benefício das pessoas e para agregar valor (melhor negócio) em prol da formação de poupança delas.

Grande abraço,

Eder.


Opiniōes: Todas minhas. | Fonte: “Calling on trust-based pensions to help shape the value framework which will impact millions”, escrito por Nina Blackett.



quinta-feira, 5 de setembro de 2024

RUIM PARA DEMOCRACIA, RUIM PARA OS NEGOCIOS

 



De Sāo Paulo, SP.


Resumo do artigo publicado hoje no newsletter da Revista Fortune, escrito por Diane Brady, chamando atenção para o bá-fá-fá envolvendo o banimento do X do Brasil 👇 


👉 Sempre houve consequências para mídia tradicional por entender as coisas errado, desde processos judiciais (contra elas), danos à reputação até prisões e cadeia, que podem destruir os negócios. Mas você pode estar certo e mesmo assim ser alvo. 


👉 Agora, as plataformas de mídia social estão enfrentando esses mesmos problemas. O que é diferente e perturbador é como muitos governos estão simplesmente fechando-as.


👉 Enquanto Elon Musk se enfurece com razão (mas cumpre) a decisão do Brasil de (fazer a Starlink) bloquear o X, ele processa um grupo de moderação de Internet nos EUA por difamação ... ele processa e é processado ...


👉 Na França, Pavel Durov, CEO do Telegram, enfrenta processo criminal alegando cumplicidade dele com ilegalidades cometidas em sua plataforma (o Telegram afirma seguir as leis Europeias). Enquanto isso os EUA querem banir o TikTok e o Roblox é banido da Turkia por “causar abuso em crianças”.


👉 Embora existam motivos legítimos contra a forma que essas plataformas funcionam, operam com dados e lidam com abusos por parte dos usuários, a solução (que vem sendo adotada) pode ser dura demais. 


👉 Vejamos o caso do Brasil, que se resume a Musk se recusar a nomear um representante local que possa ser contatado para suspender certas contas (Musk se recusou anteriormente a remover contas supostamente ligadas a pessoas e grupos de extrema direita). Musk respondeu com uma campanha pela liberdade de expressão que retrata o juiz envolvido como alguém com intenção de censurar o discurso político.


👉 Musk acabou dizendo que a Starlink, sua provedora de serviços de Internet que leva sinal para partes remotas do Brasil, como a Amazonia, bloquearia o sinal do X para cumprir decisão judicial. Isso aconteceu depois do juiz congelar as contas da Starlink no Brasil alegando que faz parte do mesmo “grupo econômico” que o X.


👉 Banir uma plataforma inteira de um país é ruim para a democracia, da mesma forma que (é ruim para a democracia) deixá-la se tornar um imã para conteúdo tóxico. Mas a resposta para abusos a liberdade de expressão não pode ser permitir que governos, essencialmente, fechem uma plataforma. Isso cria um precedente do qual todos nos arrependeremos. 


👉 Link para o artigo completo: aqui.


Grande abraço,

Eder.


segunda-feira, 2 de setembro de 2024

CARTEIRAS DIGITAIS E NOVAS TECNOLOGIAS VĀO REDEFINIR A POUPANÇA PARA O FUTURO

 


De Sāo Paulo, SP.

Há um claro chamado à ação sendo feito aos fundos de pensão e seguradoras que operam planos de previdência complementar:

“Façam a revolução digital, não uma série de mudanças incrementais”

Está na hora das instituições de previdência complementar, abertas e fechadas, criarem uma estratégia abrangente de transformação, que integre as avançadas carteiras digitais (digital wallets, em inglês) e abrace os padrões das novas classes de ativos digitais.

Ao fazerem isso, essas instituições não apenas sobreviverão à guinada tecnológica, mas lançarão as bases para atuar numa nova era de inovações financeiras e de engajamento com os clientes.  

As inovações no segmento de serviços financeiros e de investimentos não são meramente uma tendência, são uma guinada que todas as instituições precisam fazer para sobreviver num ambiente cada vez mais regulado e competitivo.

Tecnologias avançadas como carteiras digitais, plugadas em plataformas com modernas funcionalidades e redes de blockchain, representarāo mais do que uma simples atualização tecnológica nos planos de previdência complementar – elas envolvem, fundamentalmente, reimaginar como os serviços de acumulação e desacumulação de poupança podem e devem operar na era digital.

Essas tecnologias colocam a disposição dos operadores de planos de previdência complementar, ferramentas para fornecer serviços mais fluidos, seguros e centrados no cliente.

E mais, elas pavimentarāo o caminho para inclusão de segmentos mais abrangentes da sociedade na previdência complementar, particularmente, aqueles que tem sido deixado de fora dos fundos de pensão e seguradoras. A inclusão financeira trará maior escala para o setor.

Encampar tais tecnologias será chave para responder às mudanças de mercado com custo operacional reduzido. Isso vai separar líderes de seguidores, fornecer vantagem competitiva, criar lealdade e promover a confiança dos clientes.     

O dinheiro do presente e do futuro é digital

Nossa mudança em direção a economia digital apresenta novos tipos de dinheiro (i.e., stablecoins, cryptomoedas, CBDCs) para podermos mover recursos mais facilmente entre diferentes bancos, instituições financeiras, meios de pagamento e carteiras de investimentos.

De maneira geral, na esfera bancária, a conta corrente e sua função de pagamento desempenham um papel crucial, entrelaçada com várias dependências em diferentes facetas da organização, intrinsicamente conectadas a infraestrutura.

Ter uma solução robusta e flexível, capaz de armazenar valor, em termos mais gerais, e permitir a transferência de fundos em tempo real, será um fator crítico de sucesso para instituições de serviços financeiros, não apenas para bancos, mas para empresas de diferentes segmentos, ainda mais operadoras de planos de previdência complementar.

As carteiras digitais podem ser usadas em planos CD, por exemplo, para:

  • Substituir as contas individuais, armazenando o portfolio de investimentos do participante, canalizando o recebimento das contribuições, o pagamento dos benefícios e o crédito dos rendimentos;
  • Gerenciar pontos de programas de recompensas voltados para fidelização do participante, permitindo a conversão dos pontos em $$$ (contribuições);
  • Servir de identidade digital única e senha universal de cada participante;
  • Ser o endereço no blockchain de cada pessoa;
  • Enfim, canalizar as funções de custódia, repositório dos dados do participante, KYC, conta de depósitos e retiradas, gestão dos saldos, registro preciso das transações e respectivos históricos etc.

Carteiras digitais estão no centro da cryptoeconomia


Carteiras digitais: Phantom (esq.) e MetaMask (dir.)


As carteiras digitais são essenciais no atual ecossistema financeiro, pois permitem transações instantâneas, seguras, versáteis e com baixíssimo custo.

Elas simplificam a gestão de diversos tipos de ativo, das moedas tradicionais às formas digitais emergentes como stablecoins, CBDCs, cryptomoedas, NFTs e RWAs (Real World Assets).

Ao oferecer uma interface unificada para armazenar e transacionar varias formas de valor, as carteiras digitais melhoram a conveniência, aumentam a segurança (com a cryptografia), expandem a acessibilidade e permitem a inclusão financeira,

Sua adaptabilidade as torna indispensáveis tanto para as instituições financeiras, como as não-financeiras, que estejam procurando permanecer competitivas num mundo rapidamente digitalizado.

As carteiras digitais possuem diferentes capacidades: elas armazenam dados e identidades digitais, gerenciam acessos seguros, armazenam documentos, cartões digitais (débito e crédito) ativos digitalizados (imóveis, ações, direitos autorais etc.).

Elas podem armazenar diferentes tipos de $$$ e permitem a transferência de fundos, tanto domesticamente como internacionalmente.



As plataformas e contas individuais atuais, sobre as quais os planos CD funcionam, prejudicam o desempenho de um plano de previdência complementar digital, de quatro maneias:



UMA ANÁLISE EVOLUCIONÁRIA EXPLICA POR QUE É PRECISO CONTORNAR AS LIMITAÇŌES DA EDUCAÇĀO FINANCEIRA PARA LEVAR AS PESSOAS A POUPAR



De Sāo Paulo, SP.


Durante a maior parte da evolução humana, nossa sobrevivência dependeu da nossa capacidade de reconstruir, de forma precisa, um mundo essencialmente 3-dimensional, a partir da projeção 2-dimensional desse mundo feita em nossas retinas, em nosso sistema visual.

Esse mecanismo de interpretação evoluiu ao longo do tempo para ser inteiramente automático, autônomo e muito além de nossa influência consciente, independente se o input (a imagem) é o mundo real ou um pedaço de papel plano.

Em contraste, a capacidade humana de representar um objeto 3-dimensional fazendo um desenho 2-dimensional, parece ser relativamente recente. O exemplo mais antigo que se tem conhecimento é a pintura de um porco feita há 45.500 anos numa caverna na Indonésia.


Credito de Imagem: Maxime Aubert


Passaram-se outros 44.000 anos até que o uso da perspectiva – representação do mundo 3-dimensional em superfícies 2-dimensionais – surgisse em pinturas. Um dos exemplos mais antigos remonta à Renascença e é atribuído ao afresco “O Dinheiro do Tributo”, pintado pelo mestre italiano Masaccio nas paredes da Capela Brancacci em Florença, por volta do ano de 1426.


Credito de Imagem: Domínio público - Wikipidia - Quadro "O Dinheiro do Tributo"


Do fundo de cavernas às paredes de igrejas, seguidos da onipresente computação gráfica e agora da realidade virtual, o surgimento da perspectiva serviu para desafiarmos milhões de anos de evolução e contornar nossa predisposição natural de vermos o mundo através dos nossos circuitos visuais de processamento autônomo das imagens.

Ao treinar nosso sistema visual para, em determinadas situações, desafiar o mundo natural e considerar que 2D não é diferente de 3D, usamos os padrões e regras da perspectiva linear, porque profundidade e iluminação são simplesmente atraentes demais para serem ignoradas.

Tudo está em nossas raízes evolucionárias

O comportamento humano, frequentemente perplexo e imprevisível, é profundamente influenciado pelos mecanismos biológicos e evolutivos programados em nosso cérebro.

Um desses mecanismos é nossa resposta às oportunidades e à imprevisibilidade das recompensas, uma característica que remonta aos nossos primeiros ancestrais.

Para entender as limitações do uso da educação financeira é preciso compreender a maneira que aquelas respostas se manifestam diante do fenômeno moderno de poupar para o futuro em planos de previdência complementar.

Nossos ancestrais distantes se baseavam na imprevisibilidade das recompensas para sobreviver. A antecipação de uma recompensa em potencial (como encontrar alimento) desencadeava a liberação de dopamina no cérebro, um neurotransmissor associado a prazer e motivação.

Esse sistema era crucial para sobrevivência em um ambiente onde os recursos eram inconsistentes e imprevisíveis.

O componente “oportunidade” desse sistema é simples: a chance de se obter uma recompensa desperta entusiasmo e motivação. O aspecto da “imprevisibilidade”, no entanto, é que realmente chama nossa atenção. Quando a magnitude da recompensa ou o tempo para encontrá-la são incertos, nosso cérebro fica mais engajado procurando aquele fluxo de dopamina.


Credito de Imagem: www.scitechdaily.com


Como isso se manifesta no homem moderno

Um exemplo clássico são as máquinas caça-níqueis. Elas são desenhadas para explorar esse sistema de recompensa, que temos programado em nosso cérebro. A incerteza de ganhar, combinada com pequenas recompensas ocasionais, mantem o jogador engajado, sempre buscando a sorte grande.

Outro exemplo é encontrado em sistemas por aplicativo, como o Uber, que também se aproveitam disso. Para os motoristas, cada notificação de uma nova corrida é uma oportunidade – uma chance de ganhar. A natureza imprevisível (onde a corrida levará e quanto ele será pago) mantem os motoristas presos, constantemente checando o app para a nova oportunidade.

Essa mesma programação do cérebro está por trás da dificuldade que as pessoas têm de poupar para o futuro. Quando confrontados com duas recompensas similares, os seres humanos preferem aquela que receberão mais cedo, do que aquela que obterão mais tarde.

Diante da imprevisibilidade de receber uma recompensa, a oportunidade de recebê-la hoje influencia inclusive em sua magnitude. Como se as pessoas aplicassem um desconto no valor que receberiam e esse fator de desconto cresce em proporção ao tempo da demora. Quanto mais distante no tempo estiver a recompensa, menor o valor que a pessoa estará disposta a receber hoje, ou seja, maior o desconto.

Essa inconsistência nas escolhas intertemporais, que distorce o valor relativo das opções e leva as pessoas a preferirem pequenas recompensas recebidas no curto prazo em detrimento a recompensas maiores recebidas no longo prazo, é conhecida por desconto hiperbólico. Isso porque o desconto que as pessoas tendem a aplicar nos valores, como função da distância no tempo, segue uma curva hiperbólica, daí o nome desse comportamento. Você quer R$ 5 hoje ou R$ 20 daqui a seis meses?


Credito de Imagem: E.CARVA


Integrando mecanismos evolucionários na educação financeira

A educação financeira é vista pelos fundos de pensão como bala de prata para levar as pessoas a poupar para aposentadoria. Porém, em seu formato atual, conforme amplamente explicado acima, ela é incapaz de superar limitações desenvolvidas ao longo de milhões de anos de evolução humana.

Para torná-la eficaz - alavancando o engajamento e aumentando a experiência de aprendizado - é preciso usar engenhosamente os princípios de oportunidade e imprevisibilidade, repetidos em ciclos rápidos.

Veja como as áreas de comunicação e relacionamento dos fundos de pensão poderiam se unir à desenvolvedores de e-learning para fazer isso:

1.    Recompensas aleatórias pela Participação

Os alunos que participam de palestras, apresentações e cursos online de educação financeira, poderiam ganhar recompensas aleatórias em retribuição a sua participação, tipo, badges digitais, pontos de programas de fidelização (ex.: Livelo e outros) ou vouchers dando acesso a produtos (cofrinhos para os filhos etc.) e serviços (cinema etc.). Por exemplo: contribuir para um fórum de discussões durante um curso, poderia gerar um número imprevisível de pontos, incentivando a participação mais frequente.

2.    O elemento surpresa na experiência do usuário

Embutir elementos surpresa no conteúdo das iniciativas, tipo, esconder chocolates (entregar de verdade), vales-almoço em restaurantes conveniados etc. no conteúdo dos cursos, pode aumentar a curiosidade dos participantes alavancando o engajamento. A imprevisibilidade acrescenta uma camada de excitação ao processo de aprendizado.

Da mesma forma que uma máquina caça-níqueis mantém o jogador em expectativa permanente, embutir os elementos “surpresa” (quando) e “imprevisibilidade” (qual recompensa) no aprendizado, engaja o usuário e o faz querer retornar constantemente para ver o que vem depois.

3.    Abordagem de games no aprendizado

A gamificaçāo envolve incorporar elementos usados no desenho de jogos em contextos não relacionados a jogos, como educação. Introduzir a progressão de níveis no aprendizado, separando-o em módulos, faz os alunos experimentarem uma sensação de realização e progressão. Espelhar o sistema de imprevisibilidade das recompensas no aprendizado, mantem os alunos engajados e motivados.

4.    Ciclos de repetição rápida

Para manter os usuários engajados, o tempo entre as ações e as recompensas, deve ser curto. Os likes e comentários imediatos que os usuários recebem como feedback ao publicarem algo nas mídias sociais, acontecem em ciclos rápidos que reforçam o comportamento e encorajam o usuário a postar com maior frequência.

5.    Considerações éticas

É importante usar essas técnicas de forma responsável, considerando as implicações éticas dessas abordagens. O objetivo deve ser aumentar o engajamento e levar ao aprendizado e não manipular as pessoas. Os objetivos de negócio devem ser equilibrados com uma abordagem responsável que não explore as vulnerabilidades psicológicas das pessoas.

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