De Sāo Paulo, SP.
Lingchi, que em chinês se escreve 凌遲, significa fatiar lentamente. Os americanos preferem traduzir como death by a thousand cuts ou “morte por mil cortes”.
Era uma forma de tortura usada na China entre os Séculos X e XX e foi adotada no Vietnam e na Coreia para execução de prisioneiros. Uma faca era usada metodicamente para remover partes do corpo ao longo de períodos prolongados, eventualmente levando a morte.
Death by a thousand cuts foi popularizado pelos americanos para se referir a uma grande mudança negativa, que aconteça lentamente, em pequenos incrementos, não percebidos objetivamente.
O conceito cai como uma luva para o que vem acontecendo com a dominância global do dólar - usado hoje por todos os países como meio de pagamento - da qual a economia e o sistema financeiro americanos dependem fortemente.
O dólar vem passando por um processo de morte por mil cortes e os BRICS, bem como o Bitcoin, são responsáveis por muitas dessas feridas.
Enquanto o Bitcoin vem sendo acumulado devido ao seu alto potencial de uso como reserva de valor, os BRICS estão fazendo uma lenta transição para as moedas digitais e os CBDCs (o dinheiro digital oficial dos países).
Uma mudança que, embora draconiana, é um dos golpes mais significativos para enfraquecimento do sistema corrente.
Não são apenas as medidas adotadas pelos BRICS que estão contribuindo para a mudança, muitos países estão abandonando o sistema de pagamentos do SWIFT e se juntando às alternativas criadas pelos BRICS, o que desafia ainda mais a dominância do dólar americano.
A lenta adoção do blockchain e a demora na regulamentação das cryptomoedas pelos EUA, tem contribuído igualmente para levar os demais países a se alinhar com sistemas alternativos, sinalizando para um potencial declínio da influencia global do dólar.
Veja alguns postos-chave que suportam essa percepção:
- Os BRIS vêm adotando as CBDCs e a tecnologia do blockchain numa velocidade superior à dos EUA, onde os dois espectros políticos (Republicanos e Democratas) não conseguem chegar a um acordo para propor a adoção de uma politica unificada. Resultado: 159 países já concordaram em usar uma alternativa ao SWIFT, baseada no blockchain, que está sendo construída pelos BRICS. Mais: aqui;
- Alianças econômicas e questões geopolíticas, como o conflito entre Israel e Palestina, estão criando um sentimento antiocidental. Em resposta às amplas sanções econômicas, está emergindo um novo grupo conhecido como o “Eixo do Mal” – Coreia do Norte, China, Rússia e Iran. Esses países começam a sustentar trocas econômicas entre eles, buscando diminuir a dependência do dólar americano. Mais: aqui;
- Os países que formam os BRICS experimentaram um crescimento significativo do PIB em paridade do poder de compra (PPP). Atualmente, os BRICS detêm 35,43% de participação no PIB global em PPP, comparados aos 29,64% dos países do G7. Isso posiciona os BRICS como uma crescente força econômica. Mais: aqui;
- Por fim, a resiliência da Rússia às sanções econômicas permitiu que o país vendesse US$ 2 bilhões em petróleo para o ocidente. Se as pessoas precisam de um produto, elas encontrarão uma maneira de comprá-lo. Na medida em que os BRICS crescerem, esses pagamentos não serão feitos em dólar americano. Mais: aqui.
Esses são apenas alguns exemplos das mudanças sutis acontecendo abaixo do radar. As engrenagens estão funcionando rapidamente e os EUA precisam manter o ritmo para não serem abandonados. Do contrário, os americanos se verão retornando às políticas isolacionistas do começo dos anos 1900.
A tecnologia do blockchain está tracionando as mudanças macroeconômicas que remodelarão o futuro da humanidade.
O conselho deliberativo do seu fundo de pensāo “tá ligado”?
Grande abraço,
Eder.
Opiniōes: Todas minhas | Fonte: “Death by a Thousand Cuts”, escrito pot Mohamed Aliam
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