De Sāo Paulo, SP.
A Nokia está deixando definitivamente o segmento de smartphones, depois de uma longa, lenta e dolorosa batalha.
A face mais visível da mudança é o Twitter handle deles, criado em 2017, foi renomeado agora de @nokiamobile para @HMDglobal (HMD = Human Mobile Devices)
A conta no Twitter continua sendo da Nokia Mobile porque eles não querem perder os cerca de 204K seguidores, velhos e novos, entusiastas da marca Nokia.
Mercedes, BMW, VW, são outros gigantes que nāo conseguem esconder mais a batalha dolorosa que enfrentam. Tem uma frase, atribuída ao famoso escritor americano Mark Twain (1835-1910), que diz:
“A história não apenas se repete, ela também rima”
Para aqueles que estão prestando atenção, essa rima está se tornando cada vez mais familiar.
Vamos começar pela Nokia.
Quando Steve Jobs apresentou o iPhone, a Nokia desdenhou, afirmando se tratar de um produto de nicho. Steve Ballmer, da Microsoft, ficou famoso por ter dito que o iPhone nunca conquistaria uma fatia de mercado significativa.
O que se seguiu foi “o massacre da serra elétrica”. Uma onda com várias empresas de tecnologia tentando matar o iPhone e nenhuma delas conseguindo destronar a inovação da Apple.
Mais de duas décadas depois e o iPhone continua sendo uma potência global.
A Nokia? Foi engolida. Não pela Apple, mas por novas marcas – Samsung, Xiaomi, Huawei, que perceberam a mudança e correram para se adaptar.
A lição? A Nokia não estava lutando contra apenas um telefone; estava lutando contra um ecossistema de soluçōes inteiramente novo, uma nova maneira de pensar em tecnologia.
Industria automobilística alemã
Olhe para a indústria automotiva alemã, Volkswagen, BMW, Mercedes – as maiores potências globais da engenharia de motores a combustão.
Quando a Tesla entrou em cena, as fabricantes alemãs de automóveis cometeram o mesmo erro que a Nokia havia cometido. Eles rotularam a Tesla como um player de nicho, que seria incapaz de capturar uma participação de mercado relevante.
Então, gastaram anos lançando suas versões de “matadores de Teslas”, como se uns poucos veículos elétricos fossem suficientes para interromper uma mudança sísmica.
A Tesla não é mais o maior problema dos alemães. Empresas como BYD e outras marcas chinesas estāo papando o mercado. Marcas que abraçaram a mobilidade elétrica, escalonaram rápido e se posicionaram como concorrentes sérios no mercado automotivo global.
Os fabricantes alemães ficaram em desvantagem, entraram atrasados no jogo e agora estão enfrentando uma nova geração de concorrentes, da mesma forma que a Nokia teve que enfrentar na guerra dos smartphones.
O que esses gigantes têm em comum?
Ficaram apaixonados por seus modelos de negócios. Ignoraram a mudança no cenário. Se apegaram a crenças preconcebidas. Foram cínicos. Foram arrogantes.
Deixaram para lidar com “isso” quando acontecesse, se um dia acontecesse. Descartaram a inovação como sendo um nicho, reagiram devagar demais, acharam que jogar uma tonelada de dinheiro em cima do problema, resolveria.
Enquanto isso, empresas como BYD não esperam ser alcançadas pela competição, elas correm a frente, correm rápido e de modo decisivo.
Diretores executivos, conselheirs e acionistas, quase sempre deixam de detectar esse padrão. Eles podem ser bons em gerenciar o negócio atual, mas poucos estāo equipados para notar o ponto em que “a historia começa a rimar”.
Quando percebem, estāo lutando contra uma nova raça, um bicho diferente, aí já é tarde demais.
Da mesma forma que os alemães estão descobrindo agora que verdadeira ameaça não é a Tesla, os grandes fundos de pensão precisam perceber que a próxima onda disruptiva não virá das fintechs, nem das pensiontechs – ela já está aqui.
O antídoto perfeito para a kryptonita corporativa?
Curiosidade.
Grande abraço,
Eder.
Opiniōes: Todas minhas | Fonte: “Rik VeraRik Vera, autor do livro “Net Curiosity Score”.
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