De Sāo Paulo, SP.
A maior parte das discussões em torno da governança dos fundos de pensão pōe foco em grandes temas – sustentabilidade, regulamentação, futuro do trabalho, atração de talentos, adesão de participantes – principalmente das novas gerações – ESG e inovação das soluções (planos) hoje existentes.
No entanto, a maioria dos membros dos conselhos deliberativos, na linha de frente da organização, luta frequentemente com questões básicas, porém cruciais, sobre seu papel de supervisão e o dever fiduciário que cabe a um conselheiro na defesa do fundo de pensão como um todo e não da parte que o nomeou.
Como pessoas bem-intencionadas, amadoras, trabalhando em tempo parcial em um conselho, podem dirigir e monitorar um negócio de extrema complexidade, operado por profissionais que trabalham na gestão em tempo integral?
Será que estamos exigindo dos conselhos deliberativos mais supervisão tática e visāo estratégica do que eles são capazes, realisticamente, de entregar?
Será que o “Conselho Deliberativo” se tornou um modelo anacrônico e perigoso?
Está na hora de organizarmos uma grande discussão sobre governança e o papel dos conselhos deliberativos nos fundos de pensão. O que já sabemos até aqui:
- O modelo de conselho deliberativo é a pior maneira de monitorar fundos de pensão de qualquer porte, exceto todas as outras possíveis abordagens;
- Pequenos ajustes na estrutura, nos processos e na dinâmicas dos conselhos são capazes de levar a grandes melhorias na governança - mas é precio fazê-los;
- Trabalhar com o Secretário de Governança e seu staff, as “sombras” na engrenagem de governança dos conselhos, melhora em muito sua eficácia;
- Um dos maiores desafios dos conselhos deliberativos dos fundos de pensão é o pensamento em grupo, responsável pelo deserto de novas visões de mundo futuro;
- Pessoas inteligentes sabem o que estão fazendo profissionalmente, mas o modelo de conselho deliberativo as tem tornado fracas. Os colegiados tem dificultado para os conselheiros, individualmente, entender o que está acontecendo e saber o que perguntar;
- Há pouquíssimo treinamento ensinando um profissional a como ser um conselheiro eficaz e nenhum ensinando como ser um líder de conselho eficaz – e isso é perigosíssimo.
O que os aspirantes a conselheiro precisam saber, antes de pular no barco da governança superior de um fundo de pensão:
- Ser conselheiro não é a última bolacha do pacote na carreira de um profissional, não é o topo, não é o limite que pode ser atingido. Antes de aceitar, procure descobrir se você sabe no que está se metendo, se está pronto para realmente assumir o compromisso, os riscos pessoais, as responsabilidades, os perigos legais da regulamentação;
- Assegure-se de que você terá tempo para se dedicar ao conselho. Profissionais que chegam no nível de conselheiro geralmente sabem administrar bem o tempo, mesmo assim, sempre subestimam o esforço envolvido no papel de conselheiro. Estime o que lhe parece ser a quantidade de tempo necessária - e multiplique por dois;
- Mantenha a interação. Por favor, não descuide das reuniões, só deixe de pensar nelas quando estiver pronto para a próxima reunião. Uma vez sentado numa cadeira de conselheiro, considere que esse é mais um emprego que você terá que acomodar na sua já atribulada agenda.
Se você é conselheiro de um fundo de pensão, eu adoraria gravar um podcast com você para ouvi-lo sobre os desafios postos acima. Eu gostaria muito de saber sua experiencia no conselho, suas sugestões para melhorar a governança dos colegiados, sua visão de futuro dos fundos de pensão.
Me bate um fio e combinamos.
Grade abraço,
Eder.
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