terça-feira, 13 de agosto de 2019

A “IoT” e o impacto no mercado de seguros



De São Paulo, SP.

IoT é o acrônimo para Internet of Things– em português, Internet das Coisas (IdC) – termo criado em setembro de 1999 em um laboratório do MIT.

Seu autor foi Kevin Ashton, um pioneiro tecnológico britânico que concebeu um sistema de sensores onipresentes conectando o mundo físico à Internet.

Isso ocorreu enquanto Kevin trabalhava em pesquisas com tecnologia de sensores e identificação por rádio frequência em rede RFID - Radio Frequency Identification.

Se os objetos do cotidiano tivessem incorporadas etiquetas RFDI ("etiquetas inteligentes"), tais objetos poderiam ser identificados e controlados diretamente por outros equipamentos, dispensando a intervenção de seres humanos.

Por exemplo, o que aconteceria se livros, termostatos, refrigeradores, lâmpadas, remédios e autopeças, fossem equipados com dispositivos de identificação e conectados à Internet?

Bem, o resultado é que não haveria (em tese) produtos em falta no estoque ou remédios vencidos, pois saberíamos exatamente a sua localização e a quantidade consumida no tempo. 

Extravio passaria a ser coisa do passado e saberíamos, a todo momento, que lâmpada está acesa e qual está apagada

As estimativas para 2020 apontam para uma quantidade de “coisas” conectadas variando entre 20,4 bilhões e 30,7 bilhões.

Toda essa parafernália deverá gerar, diariamente, mais 5 quintilhões de dados sobre o comportamento das pessoas, saúde, segurança doméstica, uso de veículos e um monte de outras atividades.

O crescimento explosivo na quantidade de dispositivos conectados na Internet tem levado as seguradoras a desenhar estratégias para, também, surfar na onda da IoT.

As seguradoras tradicionalmente atuam na regulação de sinistros fazendo analises ex pos facto, ou seja, depois que o sinistro aconteceu. Todo o esforço é centrado em identificar se houve fraude ou se o detentor da apólice teve culpa no ocorrido e poderia ter evitado a perda.

As novas tecnologias, como a IoT, deverão mudar radicalmente o foco das seguradoras, que passarão a agir ex ante facto, isto é, antes do sinistro ocorrer. Ao se evitar a concretização do sinistro, ganhará a seguradora que não precisara pagar indenizações ou terá que indenizar danos menores, mas também ganhará o segurado.

Veja como a IoT esta ajudando as seguradoras e detectar potenciais perdas evitando em tempo real a concretização ou a mitigação de sinistros.

Seguro Residencial - Água
Mais de um terço dos sinistros registrados nas apólices de seguro residencial nos EUA estão relacionados, de alguma forma, a prejuízos causados pela água. Sinistro que tem um custo medido de quase nove mil dólares. 

Desse total, cerca de 20% dos sinistros não tem nenhuma relação com eventos climáticos, sendo originados, por exemplo, por canos estourados, vazamentos hidráulicos e similares.  

Graças a sensores da IoT esse tipo de dano pode agora ser facilmente evitado. Sensores inteligentes que monitoram o fluxo d’água podem detectar vazamentos na tubulação de uma casa, alertar o proprietário e em alguns casos, até interromper o fluxo nos canos afetados.

Alertas não-emergenciais, como o de uma torneira esquecida aberta também podem ser disparados por alguns sensores.

Esse tipo de monitoramento pode ser critico para reduzir o risco de sinistros. Sensores de umidade baseados na IoT podem ser inestimáveis para detectar e alertar os proprietários sobre inundações relacionadas ou não a eventos climáticos.

Um estudo do Grupo ACE estima que mais de 90% dos danos causados pela água nas residências podem ser evitados através do uso de sistemas automatizados de detecção e mitigação de vazamentos.

Uma seguradora do Reino Unido, chamada Neos, passou a oferecer recentemente um seguro residencial inovador. Faz parte da apólice a conexão da residência com sensores IoT não apenas para detectar vazamentos, umidade e inundações, mas também para combater todo tipo de risco relacionado aos seguros domésticos, como incêndio e outros eventos. Eles tem sido bem sucedidos 

Seguro Residencial - Incêndio 
Nos EUA, onde a maioria das casas é construída com madeira, os sinistros causados por fogo são os que causam maior prejuízo para proprietários e seguradoras. Respondem por quase 25% do custo total dos sinistros residenciais. 

Por isso é bastante comum por lá, a instalação de alarmes contra fumaça que funcionam a base de pilha comum ou bateria (aquela pilha quadradinha).

Ainda assim, três de cada quatro mortes causadas por incêndio em residências resultam de fogo em casas sem alarme contra fumaça (38%) ou que apesar de terem alarme, o mesmo não está funcionando (21%).   

Detectores de fumaça são requerido pela maioria, senão todas, as seguradoras nos EUA. Agora, com a ajuda da IoT, estão surgindo os detectores de fumaça e de monóxido de carbono (gás) inteligentes.

Os detectores inteligentes foram desenvolvidos para resolver os dois principais desafios enfrentados pelos detectores tradicionais: alertas quando não há ninguém em casa; e verificação do status / funcionamento dos alarme.

Funcionam conectados a um aplicativo de celular sendo assim capazes de avisar o dono da casa sobre um problema, esteja ele onde estiver. Essa capacidade de avisar o proprietário ou a seguradora é critica para mitigação de prejuízos já que estes podem acionar serviços de emergência imediatamente ao serem notificados, reduzindo potencialmente a severidade dos danos. 
   
Ainda, a integração direta dos sensores de uma propriedade segurada com as seguradoras permite que elas obtenham informações atualizadas sobre o funcionamento desses sensores.

Liberty Mutual, uma seguradora americana, comercializa um seguro residencial inteligente para condomínios, proprietários ou inquilinos. Oferece um desconto e a instalação grátis de detectores de fumaça da marca “Nest Protect” que embutem a tecnologia IoT.

Para isso o segurado precisa concordar em partilhar com a seguradora, para fins de verificação, apenas os dados sobre o status do sinal de sua conexão residencial de WiFi e do nível de carga das pilhas dos sensores.

Estimativas da Revista Business Insurance Inteligenceindicam que uma residência equipada com detectores de fumaça conectados aos bombeiros, que automaticamente alertem sobre incêndios, pode cortar os prêmios anuais em cerca de US$ 35 mil, em media.

Seguro Residencial – Furtos e Roubos
Uma casa sem sistema de segurança aumenta em 300% a chance de furto, de acordo com a Safeguard The Worlde os sinistros custam por volta de US$ 2.250. 

A maioria das seguradoras incentiva a instalação de sistemas de segurança monitorados, em troca de descontos nos prêmios. Da mesma forma que acontece com alarmes de incêndio, as seguradoras conhecem pouco ou nada sobre o comportamento dos segurados quanto aos cuidados que tomam com segurança.

Dispositivos conectados por meio de IoT permitem o monitoramento à distancia das residências e a ativação remota de sistemas de alarme, tranca de portas e janelas, ligação da iluminação interna/externa e até de campainhas.

Em caso de invasão da residência, sistemas de monitoramento por câmaras podem ser usados para regulação do sinistro, identificando prejuízos e combatendo fraudes.

Seguro de Vida e Seguro Saúde

Sistemas inteligentes são capazes tanto de detectar, através de indicadores-chave, um evento medico antes que aconteça como também de mitigar sua severidade quando sua ocorrência é inevitável.

Por exemplo, um dispositivo “vestível”, com sensores monitorando constantemente parâmetros de saúde como pressão arterial, nível de glicose e batimento cardíaco, podem notificar médicos em caso de desvios.

Seguradoras podem usar o comportamento desses dados para ajudar a entender como o seu segurado esta gerenciando sua diabetes, controle de pressão etc.. 

Através da gestão em tempo real, as seguradoras podem ser alertadas e identificar, por exemplo, ataques cardíacos em andamento, stress, emergências diabéticas, crises de asma e hipertensão, acionando os serviços de emergência para atenderem o segurado no mesmo instante.  

IoT está bem posicionada para ajudar a combater fraudes no seguro saúde. Dados de localização e estatísticas dos parâmetro de saúde podem fornecer indícios sobre o que aconteceu antes de uma emergência, o que levou a emergência a ocorrer e aquilo que aconteceu despois da ocorrência.

É difícil prever todos os benefícios que a tecnologia da IoT vai nos trazer. No ramo de seguros, porém, tudo indica que terá um papel ativo e nos ajudará a ter menos dores de cabeça em nossas vidas.

Grade abraço,
Eder.

Fonte: Adaptado do artigo “Using Insurance IoTTo Improve Claims Across Lines of Business“, publicado em Career Management.

Credito de Imagem: Shutterstock

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